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  • 9 de Agosto, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

O desafio à laicidade permanece impune ou é estimulado

Em novembro de 2005 eclodiu uma insurreição nos bairros periféricos de Paris que abrasou a França e contagiou a Europa. Foi um fenómeno assustador. A conjuntura económica, a segregação agravada pelo comunitarismo e o desemprego foram o húmus que alimentou a rebelião. Surpreende como, tão depressa, se esqueceu a insurreição.

Foi nesse caldo de cultura que explodiu a violência e o ímpeto destruidor que espantou os franceses e assustou a Europa, há quase oito anos.

As causas permaneceram e agravaram-se sem que uma resposta se vislumbre em França ou no resto da Europa. Enquanto as soluções tardam, os pescadores de águas turvas não deixaram de aproveitar-se do sobressalto e explorar o medo, o racismo e a xenofobia.

Curiosamente ninguém pareceu dar-se conta de que nos bairros suburbanos numerosos imãs pregam o ódio aos infiéis, acicatam as jovens a desafiar, com o véu, a escola laica e procuram ganhar influência para substituir a escola pública por madraças.

Um pouco por todo o lado é o ódio à laicidade que desabrocha. Parece que o islão e o catolicismo se concertaram na desforra de que o clero francês parecia ter abdicado.
Por coincidência os tremendos desacatos aconteceram a um mês do centenário da lei da separação da Igreja e do Estado que se comemorou no dia 10 de Dezembro desse ano.

Afirma-se que a paz social se obtém com apoio do clero, cúmplice da onda de violência que insiste em acicatar nas mesquitas, madraças e canais televisivos onde debita o Corão.

A resposta tem de ser policial e nunca, absolutamente nunca, se deve transigir na defesa do Estado de Direito e no carácter laico que preserva o pluralismo e contém os ímpetos prosélitos de uma civilização decadente que procura na fé o lenitivo para o seu estertor.

Não foi o modelo francês de integração que fracassou – como se disse –, foi a tibieza na sua defesa, a hesitação no seu aprofundamento e a insuficiência da sua aplicação.

Desistir do carácter intransigentemente laico do Estado é comprar a paz a curto prazo e fomentar a guerra no futuro. Confiar aos clérigos a defesa da tranquilidade pública é dar aos transgressores os meios para subverter a lei e comprometer a liberdade. Mudar de paradigma é estimular o desafio às instituições e enfraquecer a democracia.

Em Portugal, este Governo aposta em abrir as portas à subvenção do ensino privado. Na sua cegueira ideológica abdica do ensino laico e demite-se da obrigação constitucional de preservar o ensino público e defender a sua neutralidade confessional. É uma razão acrescida para, em nome da República, combatermos a capitulação do Estado que o PR e o PM promovem, abandonando às sotainas a formação cívica dos jovens portugueses.

7 thoughts on “O desafio à laicidade permanece impune ou é estimulado”
  • stefano666

    a Revolução Francesa e o Socialismo foram os ke melhor combateram o lobby religioso.

  • stefano666

    a gente acusa os islamicos de extremismo (de fato existem mesmo)… mas
    por exemplo… nao foram eles que fizeram experiencias macabras com sifilis e bomba de hidrogenio nos povos da Guatemala e Ilhas Marshall.

    • GriloFalante

      Tem razão, Stefano. . Tanto quanto sei, não foram os islâmicos que deram início às duas guerras mundiais.
      Aliás, os islâmicos não fizeram milhões de coisas.
      Boa gente, os islâmicos…

      • stefano666

        nas 2 guerras mundiais houves delitos por parte dos islamicos (embora eles não tenham sido protagonistas)…
        na 1ª guerra houve imperio otomano e seu massacre contra os armenios.
        na 2ª guerra… tivemos SS formadas por islamicos balcanicos.

        • Molochbaal

          Yap.
          Mas, segundo as tuas teorias, parece que, desde 1945, um anjo do senhor desceu sobre os islâmicos e todos eles ficaram santos.
          Todos, menos os que sejam aliados dos americanos.
          Claro.

          • Molochbaal

            Ups.
            Tinha-me esquecido.
            Os que citaste na 1ª e 2ª GM eram aliados da Alemanha.
            Pior, só se fossem aliados dos states.
            Tinha de haver uma boa razão para reconheceres esses casos.
            Claro que todos os outros eram santos.

          • stefano666

            questão de coerencia.. oras. Segundo Sua Santidade.. o Pentagono.. o iran é uma teocracia malvada… mas Qatar,EAU, A.Saudita, Bahrein e “rebeldes” anti-Siria são “bons teocratas”.

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