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  • 16 de Junho, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

A Igreja católica, os demónios e os exorcismos

 

O padre Anselmo Borges defende que não há demónios, que «Os rituais de exorcismos não têm justificação» e que o diabo é apenas «um símbolo personificado de todo o mal» – como afirmou aqui o Ludwig Krippahl.

A vantagem do catolicismo, extinta a Inquisição e perdidos os Estados pontifícios, está na ausência do braço secular, que permite a cada um acreditar no que quer e, conforme a evolução das sociedades, ter uma explicação diferente, por parte do clero, para exóticos versículos bíblicos, sem o risco de acabar incinerado em vida.

O que surpreende é a existência de exorcistas em várias dioceses de Portugal e a recente nomeação de mais oito exorcistas para a diocese de Madrid pois o cardeal Rouco Varela garante que tem aumentado o número de demónios. Aliás, no Vaticano, onde andam à solta, como é do conhecimento público e foi confirmado pelo exorcista-chefe, o padre Gabriele Amorth (na foto), continuam a fazer-se exorcismos.

Surpreende, não a pertinácia do Diabo em atacar as almas, pois a vida está difícil, até no Inferno, mas o facto de os possessos serem sempre os crentes. A única moléstia contra a qual todos os agnósticos, céticos, ateus e livres-pensadores estão eficazmente vacinados, é a possessão demoníaca.

O Demo, na sua fraqueza perante Deus, sabe bem que quem duvida do último também não acredita em si. Apenas inquieta a superstição que continua a ser divulgada por quem tinha obrigação de ser agente do progresso e da libertação dos povos – a Igreja católica.

É difícil perceber o mimetismo que o Islão exerce no imenso exército de padres, bispos, monsenhores e papas que enxameiam vários continentes.

poltexorcist

18 thoughts on “A Igreja católica, os demónios e os exorcismos”
  • orenascido

    Carlos Esperança mostra-se muito pouco conhecedor da real dimensão da Igreja Católica. Vou por partes: a Igreja Católica abrange um universo, muito vasto, de largos milhões de aderentes. E nem sequer estou a referir-me àqueles que foram e se mantêm baptizados. Pois, se o baptismo fosse um critério aferidor da qualidade de católico, então o próprio Carlos Esperança, presumindo que foi baptizado e não emitiu declaração de apostasia, manter-se-ia como católico. Indo ainda mais longe, se esse critério fosse válido, então a larga maioria dos comentadores deste blogue, incluindo ateus, seriam católicos. Ora, pondo de parte este critério de aferição, católicos são aqueles que se identificam com os princípios gerais do catolicismo. E não é o meu caso. Há muito que não acredito no Diabo, na Virgindade Perpétua de Maria, em Nossa Senhora de Fátima, no Inferno, no Purgatório, no Limbo, na Infalibilidade Papal, no Pecado Original, no sentido de remissão do Baptismo. Esta é uma clivagem profunda em princípios basilares do Catolicismo, que respeito, mas com os quais não me identifico. Há muita gente que, no Catolicismo, discorda da cartilha instituída e o próprio Papa Francisco já deu também evidentes sinais dessa discordância quando, enfrentando um princípio estruturante da dogmática católica, afirmou recentemente que a salvação está ao alcance de todos, incluindo os ateus. É evidente que esta posição do Papa Francisco colide frontalmente com Marcos 16-16. Mas há outros teólogos de nomeada, como Hans Kung, Karl Rahner ou Walter Kasper, que são dissidentes em relação a vários pontos da dogmática católica. Karl Rahner, por exemplo, afirmou: “Não faz sentido tomá-lo, o diabo, como pura personificação do mal existente no mundo. E, realmente, o mal não é uma contra-energia ou um fantasma, é sempre fruto de atos livres e pessoais”. Se o Carlos Esperança empregasse mais tempo a cultivar-se sobre a real dimensão da Igreja Católica, perspectivada como alargada comunidade de fiéis, e não como topo da hierarquia eclesiástica, evitaria o erro recorrente de tomar a Nuvem Por Juno. Mas o problema é que ele está mais interessado em destacar os frutos podres da floresta do que em ver a floresta inteira.

    • Carlos Esperança

      Um católico devia saber que Bento XVI impediu que os pedidos de apostasia fossem aceites. «Batizado uma vez, batizado para sempre». É a apoteose da intolerância e do regresso à posição anterior ao vaticano II.

      • orenascido

        Não sou católico, escusa de tentar atribuir-me desonestamente uma filiação religiosa com a qual não me identifico, mas, independentemente dessa circunstância, a declaração de apostasia pode sempre ser apresentada por quem entenda renunciar expressamente a essa condição.

        • David Ferreira

          Uma floresta que nasce de raízes podres nunca pode ser considerada uma verdadeira floresta sã, apesar de continuar a ser uma floresta.

          • orenascido

            Essa sua sectária asserção só na perspectiva de um vesgo. Você deve ser um daqueles que, num prato com várias maçãs boas e uma podre, só consegue ver a podre. Aliás, se o seu mesquinho raciocínio fosse válido, então, pela mesma ” lógica” falaciosa, algumas “maçãs” ateístas podres contaminariam toda a ” floresta” de ateus, apesar de continuar a ser uma floresta…

          • David Ferreira

            Não, meu caro, vesgo é você que renasceu tolhido de razão. Eu não tive precisão disso. Eu consigo ver muito mais do que você alguma vez conseguirá ver, porque não só se permite cegar como contribui para o cegamento voluntário.

            O ateísmo não é nenhuma organização a querer impor-se ao mundo, a querer dominar. Maçãs podres há-as em todas as manifestações e realizações humanas. O maniqueísmo é um mito, uma má interpretação da realidade. Tal como a sua crença e o seu fanatismo.

          • orenascido

            “O ateísmo não é nenhuma organização a querer impor-se ao mundo, a querer dominar”

            David Ferreira

            Não ? Você não conhece nem um pouquinho de história do ateísmo materialista, na versão marxista-leninista-estalinista-polpotista-enverhoxhista ? Nunca ouviu falar do ateísmo de Estado da Albânia ?

            Ouviu e conhece, mas faz de conta desonestamente que não conhece.Ou então deve ser um daqueles sectários que diz que Estaline só era comunista quando metia pessoas no Gulag. Quando dava beijinhos à sua filha Svetlana já era só um ” bom ateu”.

            Se o ridículo pagasse imposto, você era um sério candidato a ganhar o prémio limão.

          • kavkaz

            Confundes e misturas, propositadamente, marxismo-leninismo com ateísmo. É a habitual campanha antola, e zarolha multiniks mal intencionada e mentirosa.

            O ateísmo é independente do marxismo-leninismo. Já havia a ideia da inexistência de deuses muito antes da época de Karl Marx.

            Os ateus da AAP não se identificam com a tua argumentação nem têm que estar constantemente a responder às tuas sempre iguais aldrabices . Eles são defensores da Constituição Portuguesa, dos Direitos Humanos e da Liberdade Religiosa. Fazem bem melhor que as próprias religiões que infringem bastante estas posições chave.

            Ser ateu é dizer que os deuses não existem nem nunca existirem e explicar porquê. Os crentes NÃO conseguem desmentir esta VERDADE dos ateus nem provar ou mostrar a existência dos muitos deuses que inventam!

          • orenascido

            “A nossa propaganda inclui também necessariamente a
            propaganda do ateísmo” ( Lenin)

            “O comunismo começa onde começa o ateísmo”( Karl Marx)

            “O marxismo é o materialismo. Por este título ele é tão implacavelmente hostil à religião”. (Lenin)

            “Devemos combater a religião. Isto é o a-b-c de todo o materialismo e, portanto, do marxismo”. ( Lenin)

            “Deus é o inimigo pessoal da sociedade comunista” ( Lenin)

            “O estado não reconhece nenhuma religião e apoia a propaganda ateísta para o propósito de inculcar a visão de mundo do materialismo cientifico no povo.” ( artigo 37 da Constituição Albanesa de 1976)

            “A criação de qualquer tipo de organização religiosa é proibida( artigo 55 da Constituição Albanesa de 1976)

            Chega ?…

          • kavkaz

            Padreco antolo, multiniks e vigarista:

            – Chega de nos mostrares que és mais burro que os asnos! Tu próprio nos DEMONSTRAS com essas citações o seguinte:
            1) Comunismo e ateísmo são concepções diferentes e independentes.

            2) Que o comunismo impõe o ateísmo à sociedade. Mas o ateísmo não impõe o comunismo.

            Como é bem sabido pelas pessoas normais, o que não é o teu caso de vigarista assumido, o Ateísmo não impõe o Comunismo!

            Conclusão: Só um padre asno é que mistura tudo propositadamente. Tu não és ignorante, és maldoso e vigarista!

          • David Ferreira

            Meu caro, o meu ateísmo está-se perfeitamente nas tintas para o materialismo marxista. Já lhe disse várias vezes que o meu ateísmo não se confunde com ideologias políticas nem com ideologias de espécie alguma. Além do mais você insiste em tentar passar a imagem de que existiram ou existem regimes pura e simplesmente baseados no ateísmo. Um erro enorme. O ateísmo pode ser uma característica de uma ou outra ideologia, mas nada tem a ver com a ideologia política ou económica que esses regimes implementaram.

          • Moloch Baal

            Caro David.
            Aqui o fifi tem razão.
            Toda a gente sabe que ateus como tu não têm nada a ver com o marxismo, até podem ser antimarxistas.
            E claro que o ateísmo em si mesmo nada tem a ver com o marxismo.
            Mas não tendo o ateísmo em si mesmo nada a ver com o marxismo, já este tem tudo a ver com o ateísmo, porque se declarou ateu e prosseguiu objetivos de ateísmo radical – tentar eliminar a religião.
            Não perceber que o facto de vocês nada terem a ver com o marxismo não implica que o marxismo, porque se assumiu como doutrina ateia, tem tudo a ver com o ateísmo é uma falha grave.
            O marxismo não perseguiu a religião por ser comunista, as primeiras experiências comunistas até apareceram em comunidades religiosas ainda na antiguidade clássica.
            Nem perseguiu simplesmente por ser uma ditadura – existem muitas que beneficiam a religião.
            O marxismo perseguiu a religião por opção filosófica-ideológica baseada numa versão de ateísmo radical.
            Enquanto não forem capazes de reconhecer isto estão a colocar-se ao nível dos antolos.

        • Moloch Baal

          Por acaso não terás uma mulher ateia?
          E um melhor amigo ateu?
          E de vez em quando não mudas de sexo?

        • Carlos Esperança

          Poder, pode. Mas não tem efeitos práticos.

          • orenascido

            A declaração formal de apostasia tem efeitos prárticos sim. O apóstata deixa de constar como membro da ICAR.

    • kavkaz

      Tanta conversa da treta para nos dizer que católicos são todos os padres pedófilos que estão no Vaticano!

      – Já sabíamos há muito tempo que há muitos porcos católicos!

  • GriloFalante

    Tenho de reconhecer a capacidade do antolofernandoluisaprovocadortravesti em conseguir nicks originalíssimos!
    Esta do orenascido não lembrava ao maior dos tinhosos. Mas o pulha conseguiu. É pulha e tinhoso.

  • Leonor Fernandes

    Que a Igreja Católica abrange um universo muito vasto, composto por duas constelações: a constelação dos ignorantes e a constelação dos que lucram com a ignorância. E aqui, o Diabo e os exorcismos, pois nada melhor que o medo para fabricar ignorantes e engordar quem deles se aproveita. Mas vamos por partes, antes que o Guest me acuse de ignorância. Claro que não sei tudo, nem tenho tal objectivo, mas sei umas coisas, principalmente na área que tem sido alvo das minhas pesquisas – Filosofia, História/Antropologia/Mitologia – e já agora religião. Sim, religião, que eu não faço propriamente parte dos apregoados ateus, isto porque acredito em Deus, sem o impor a ninguém, mas sendo um Deus próprio, assim: sem filhos nem enteados, e de preferência sem ser o tirano que a Igreja, há séculos, vem a fazer dele. É como escrevia o Bocage: “O homem, quando quer, de Deus faz um tirano” (Epístola a Marília).

    Não me inscrevo no universo dos possíveis católicos, praticantes ou não. Nasci em 1963, mas o meu pai não permitiu que eu fosse baptizada, deixou isso para minha escolha, quando entendesse o que queria. Bom, mas era o meu pai, nascido de uma judia, portanto judeu, sem nunca se ter convertido, como fizeram as suas irmãs, só ele e um irmão permaneceram sempre judeus, ainda que incluídos numa sociedade cristã. Quanto à minha mãe era cristã, mas prevaleceu o acordo que fez com o meu pai: cada um reza ao que acredita, e por isso só casaram pelo civil. Vejam bem que isto foi em 1963… Maravilhosa liberdade de escolha e de respeito mútuo, muito antes de isto ser moda.

    Uma religião, seja ela qual for, não é santa porque Deus quer, mas porque algum ser humano decide, e quando decide, as outras religiões logo se tornam diabólicas, não porque Deus quer, mas porque o homem decide. A Igreja Católica, esse tal grande universo de duas constelações apenas, sempre primou por ser a igreja dos excluídos. É como se dizia na minha terra (Grândola), quando eu era adolescente: a Igreja é para os ricos. É, ainda que vá brincando à caridade, coisa que sempre caiu bem no grande universo cristão de excluídos, de ignorantes e de espertos. Mas pronto, já diziam grandes pensadores católicos do século XVIII, como Hécquert, indecisos (e tementes) entre o Iluminismo e as monarquias por direito divino: Sem pobres não existem ricos, por isso, pobres precisam-se, não vamos acabar com eles.

    Hoje, aos 54 anos, com 3 livros publicados, e mais alguns na forja (politicamente incorrectos, claro, ou pelo menos anticatólicos), continuo por baptizar, ainda que já saiba o que quero, e por causa disso prefiro o Deus extra-ecclesia, ainda que, cá dentro, sonhe com a Sinagoga, mas não sei se me baptizo, ou ainda se vai a minha independência, aquela que me fez escolher um casamento civil, quando resolvi casar com um católico (não praticante graças a Deus, mas santamente baptizado). Que a minha sogra pertencia ao grande universo católico, e era bem ignorante, mas pronto, e foi uma grande ofensa este casamento civil do seu filho para o qual ela até gostava de uma carreira eclesiástica, o filho é que não nasceu para santo (graças a Deus).

    Ficamos aqui sem constelações universais, sem um Deus feito de muros (igrejas, catedrais, sinagogas), mas rezemos para que alguém continue a travar o passo à Igreja Católica que ainda não perdeu a esperança de voltar à Idade Média, qualquer dia, quem sabe, talvez se comecem a queimar bruxas (que judeus já queimaram muitos). Quanto ao Diabo, esse filho de pai incógnito, cuja existência a Bíblia recusa (Isaías 45), e que em Portugal nem conseguiu ser Coisa-Ruim, quando muito um mafarrico folclórico com pouco poder, vai servindo ao sonho dessa Igreja Católica que abrange um universo muito vasto. Nada melhor que o medo para conseguir ignorantes, talvez pobres, ou remediados, mas sempre tementes, vendo o Diabo em todo o lado, menos onde ele está, ou no coração de cada pessoa e já agora, por acréscimo, em qualquer parlamento, na União Europeia, na NATO, na Coreia do Norte, no Vaticano…

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