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Treta da semana (passada): no contexto cultural.

O Anselmo Borges defende que não há demónios, que «Os rituais de exorcismos não têm justificação» e que o diabo é apenas «um símbolo personificado de todo o mal». Concordo. O mafarrico e companhia são apenas personagens inventados para ilustrar alguns conceitos humanos. Eu até iria mais longe nisto. E irei. Mas, primeiro, a parte que me aborrece.

O evangelho de Marcos relata que Jesus se deparou com «um homem dominado pelo demónio», que «Jesus falou ao demónio que existia dentro dele e disse: Sai, espírito mau.[…] Como te chamas?, perguntou Jesus. Exército, porque somos muitos dentro deste homem». Então «os demónios pediram com insistência que não os expulsasse para qualquer terra distante» e Jesus mandou-os ir com os porcos: «Então, os espíritos maus saíram do homem e entraram nos animais. A vara inteira de dois mil porcos lançou-se pela encosta íngreme do monte e caiu lá em baixo no lago, onde se afogou.»(Marcos 5, 1-13). O Anselmo Borges refere esta passagem na Bíblia mas descarta-a alegando que «Se é certo que Jesus, nos Evangelhos, aparece expulsando demónios, isso deve ser compreendido no contexto das crenças da altura. Hoje, sabemos que se tratava de doenças do foro psiquiátrico»(1). Isto é treta.

Na parábola do bom samaritano, um judeu é assaltado e espancado, passa por ele um sacerdote e um levita que o ignoram mas o samaritano ajuda-o e trata-lhe das feridas. Hoje todos conhecemos a expressão “bom samaritano” e, para muita gente, fica desta história a ideia que os samaritanos eram tipos impecáveis. Mas se compreendermos a parábola «no contexto das crenças da altura» a mensagem é bem diferente. Os samaritanos e os judeus davam-se como o cão com o gato e o ponto principal da história, sobre ajudar o próximo, é o judeu ter sido ajudado pelo samaritano, que era a última pessoa de quem se esperaria tal coisa. Compreender o texto «no contexto das crenças da altura» é interpretar o texto de acordo com as expectativas e premissas dos seus autores e contemporâneos. Isto, concordo, faz todo o sentido. Mas o que o Anselmo Borges quer fazer é precisamente o contrário.

Se compreendermos o relato do exorcismo «no contexto das crenças da altura«, a interpretação tem de ser a de que Jesus enfrentou uma carrada de demónios, os expulsou para os porcos e os atirou pela ribanceira abaixo. Era isso que queriam dizer quando escreveram este relato era isso que, na altura, percebiam quando o liam. O problema do Anselmo é que, à luz do que sabemos hoje, isto é um disparate. Como o Anselmo não quer admitir que a Bíblia tem disparates, faz esta finta de dizer que interpreta o texto «no contexto das crenças da altura» para defender que não há lá demónios. É um truque muito usado pelos teólogos. Primeiro dizem que não se pode interpretar o texto literalmente porque é preciso considerar o seu contexto cultural. Isto apesar do contexto cultural ser o da interpretação literal que rejeitam. Depois alegam que o texto defende o contrário do que lá está escrito porque que é alegórico ou metafórico. Finalmente, safam-se de explicar como é que a alegoria ou metáfora que alegam lá estar diz o contrário da letra do texto. Neste caso em particular, não é nada evidente como o relato do exorcismo e da morte de dois mil porcos pode ser uma alegoria ou metáfora para o aconselhamento psicológico ou o tratamento de doença psiquiátrica.

Eu concordo que a interpretação literal do Génesis ou deste exorcismo resulta em relatos que são claramente falsos. Eu concordo que é útil interpretar os textos no seu contexto cultural para perceber o que o autor queria dizer. Mas é desonesto invocar esse contexto cultural para afirmar que o texto deve ter uma interpretação completamente diferente daquela que o próprio autor lhe dava e depois nem sequer adiantar nada acerca dessa interpretação para que se possa, pelo menos, avaliar se faz algum sentido.

Terminado o desabafo, queria voltar à proposta do Anselmo de que o diabo será apenas «um símbolo personificado de todo o mal». Ou seja, apesar do seu protagonismo nalguns relatos bíblicos, é apenas um personagem fictício que dá corpo a anseios e preocupações abstractas dos autores dessas histórias. Estou inteiramente de acordo. Isto faz todo o sentido quando consideramos os muitos exemplos por todas as religiões, como Afrodite, Zeus, Odin, Shiva, Kali e assim por diante. Mas eu vou um pouco mais longe, dando aquele passo pequenino que separa o Anselmo do ateísmo. Também Deus é apenas «um símbolo personificado» das características que lhe atribuem. É um personagem fictício que simboliza coisas boas, como bondade, amor, justiça e afins que, tal como o mal, são mais fáceis de comunicar, pelo menos antes de se começar a tentar compreendê-las, se as imaginarmos como pessoas.

1- Anselmo Borges, O diabo, possessões demoníacas e exorcismos

Em simultâneo no Que Treta!

14 thoughts on “Treta da semana (passada): no contexto cultural.”
  • João Pedro Moura

    1- “O Anselmo Borges defende que não há demónios, que «Os rituais de exorcismos não têm justificação» e que o diabo é apenas «um símbolo personificado de todo o mal». Concordo. O mafarrico e companhia são apenas personagens inventados para ilustrar alguns conceitos humanos.”

    Os teólogos “liberais”, quero dizer, os teólogos que procuram “contextualizar” os atos e ditos bíblicos, e de que o padre Anselmo Borges parece ser o expoente máximo em Portugal, gostam muito de atribuir aos figurões
    bíblicos pretensões metafóricas e alegóricas, com que intentam disfarçar,
    contornar ou, quiçá, anular, as coleções de inépcias, mais ou menos sofísticas ou mais ou menos grosseiras, que infestam a Bíblia.

    E então põem-se a teorizar sobre este ou aquele episódio,
    dando-lhe um sentido que não só não está no livro, como também o contradita, infirmando por completo a substância do mesmo, isto é, anulando o que lá está escrito.

    Ora, não se pode anular o que está escrito num livro sagrado,
    pois que, por sê-lo, foi escrito pelo seu “deus”. Logo, a escrita é intocável!

    Que alguns teólogos tenham evoluído e tenham descoberto disparates na Bíblia, que os faz desligar-se dos mesmos e/ou tentar “explicá-los”,
    é uma empresa completamente diferente…
    … Tão diferente, que lhes deveria levar a pensar se a Bíblia é alguma coisa de jeito para ser seguida e como…
    Problema dos teólogos…
    Adiante…

    Ora, para se ver que o diabo realmente existe… na Bíblia, e
    que não é nenhum “símbolo personificado de todo o mal”, vejamos esta passagem de Mateus:

    Mateus 4:1-11:

    «Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser
    tentado pelo diabo.
    E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
    E, chegando-se a ele o tentador, disse: “se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.”
    Ele, porém, respondendo, disse:”está escrito: nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

    Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo.
    E disse-lhe: “se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está
    escrito: que aos seus anjos dará ordens a teu respeito e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.”
    Disse-lhe Jesus: Também está escrito: “não tentarás o Senhor teu Deus.”

    Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto, e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
    E disse-lhe: “tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.”
    Então disse-lhe Jesus: “vai-te, Satanás, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.”
    Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam.»

    Portanto, vemos a personagem bíblica, Jesus, a encontrar-se com o diabo (!!!…) e a falar com ele; vemos o ectoplasma divinal, Jesus, a acompanhar (!!!…) o diabo ao pináculo do Templo de Jerusalém (!!!…) e a dialogarem; vemos o diabo a “transportar” Jesus (!!!…!!!…) a um monte muito alto e a falar para o “Benigno”, e este para o “Maligno”…
    … E a Bíblia tem cerca de uma centena de referências ao diabo, muitas delas
    compostas de diálogos de Deus com Satanás…
    Como pretender que isto é tudo uma invenção e que o diabo não existe???!!!

    Então, se os teólogos acham que o diabo não existe, também podemos achar, simetricamente, que o deus deles e seu ectoplasma metastático, Jesus, também não existe, e que não passa duma personagem alegórica e metafórica, como “símbolo personificado de todo o bem”…

    2- “Os samaritanos e os judeus davam-se como o cão com o gato.”

    Há cães que se dão bem com os gatos…

    3- “É um truque muito usado pelos teólogos. Primeiro dizem que não se pode
    interpretar o texto literalmente porque é preciso considerar o seu contexto
    cultural. Isto apesar do contexto cultural ser o da interpretação literal que
    rejeitam. Depois alegam que o texto defende o contrário do que lá está escrito porque que é alegórico ou metafórico. Finalmente, safam-se de explicar como é que a alegoria ou metáfora que alegam lá estar diz o contrário da letra do texto. “

    Exato! Mas isso é próprio da evolução da espécie teológica: adaptam-se ou tentam adaptar-se ao meio, para não desaparecerem, à medida que esse meio se torna mais evoluído, inteligente e culto…

    4- “Também Deus é apenas «um símbolo personificado» das características que lhe atribuem. É um personagem fictício que simboliza coisas boas, como bondade, amor, justiça e afins que, tal como o mal, são mais fáceis de comunicar, pelo menos antes de se começar a tentar compreendê-las, se as
    imaginarmos como pessoas.”

    Mirabile dictu!
    Deus e o seu ectoplasma, Jesus…

  • orenascido

    Li o texto do padre Anselmo Borges, de que muito gostei. E, como ele disse, o relato da expulsão de demónios por Jesus deve ser interpretado como linguagem meramente simbólica, à luz do contexto cultural da respectiva época histórica. Claro que o Ludwig, em decorrência da ideologia ateísta que o enforma, em vez da reconhecer a pertinência desse juízo avaliador do padre Anselmo Borges, pôs-se logo a desmerecer da louvável atitude desse sacerdote. Anselmo Borges revela, no entanto, uma enorme superioridade intelectual e ética sobre Ludwik Krippahl: não tem receio de incorrer numa apreciação herética perante a Igreja Católica, de que é sacerdote,pois, de acordo com os §§ 391, 392 e 414 do catecismo da ICAR, o Diabo é uma figura real. Essa é a enorme diferença entre Anselmo Borges e Ludwig Krippahl. Anselmo Borges põe corajosamente em causa um dos dogmas da Igreja Católica. Quanto a Krippahl, nunca o vi insurgir-se contra qualquer tipo de indignidade cometida por ateus, mormente quando representantes do movimento do novo ateísmo, como Sam Harris ou Richard Dawkins, defendem o uso de tortura contra os muçulmanos, como é o caso do Sam Harris, ou afirmam que, para uma criança, é bem pior ser catolicamente catequizada do que ser violada por um pedófilo, como no caso de Dawkins. Ou seja, nessas questões éticas essenciais, sempre que um ateu se pronuncia, nos termos mais vis e indignos, Ludwig Krippahl, metaforicamente falando, comporta-se passivamente nos mesmos termos que muitos ateus normalmente costumam fazer: por mero compadrio ideológico, calam-se como ratos obscenos, cúmplices e submissos.

    • Ludwig

      orenascido,

      Isto parece-me ser uma contradição:

      «o relato da expulsão de demónios por Jesus deve ser interpretado como linguagem meramente simbólica, à luz do contexto cultural da respectiva época histórica.»

      À luz do contexto cultural daquela época nunca se interpretaria tal relato como meramente simbólico. Naquela época levava-se estas coisas a sério. Por isso, ou se interpreta à luz daquele contexto cultural (à letra, portanto), ou se interpreta de forma simbólica.

      Além disso, se interpretarmos de forma simbólica, aquilo simboliza o quê? Qual é o simbolismo dos demónios pedirem para não serem expulsos para terras distantes? Qual o simbolismo de Jesus os mandar para os porcos? Qual o simbolismo de matar dois mil porcos afogando-os no lago, ainda por cima desgraçando os camponeses da região?

      «Essa é a enorme diferença entre Anselmo Borges e Ludwig Krippahl. Anselmo Borges põe corajosamente em causa um dos dogmas da Igreja Católica. Quanto a Krippahl, nunca o vi insurgir-se contra qualquer tipo de indignidade cometida por ateus»

      Já tive muitas divergências de opinião com muitos ateus. No entanto, admito, não é preciso coragem nenhuma para discordar dos ateus, ao contrário do que acontece quando se discorda de alguns religiosos…

      • orenascido

        1-Não jogue com as palavras Ludwig. À luz do contexto cultural da época, não havia explicações para acontecimentos como epilepsia, esquizofrenia ou outras doenças mentais. Por isso, é compreensível que esse tipo de eventos fosse, nesse tempo, interpretado por referência ao conceito de ” demónios”. Depois, já alguma vez se interrogou por que razão o texto a que aludiu fala em ” legião” de demónios, sabendo-se que o número de ” porcos” era equivalente a uma legião de soldados romanos ? Você certamente conhece o que é linguagem cifrada. Leia o Apocalipse e poderá entender o que é um texto escrito nesse tipo de linguagem. O mesmo pode ser igualmente válido para a ” legião” de demónios.

        2-Não seja hipócrita Ludwig. Você sabe perfeitamente que, nas questões éticas que suscitei, nunca ou raramente você se pronuncia em sentido opositor, quando os praticantes das vilanagens são ateus.

        3- Quanto ao padre Anselmo Borges, reafirmo o que disse. Ele merece a consideração de ser alguém que, por várias vezes, afrontou princípios e dogmas, da Igreja Católica, de que ele é sacerdote. E, para isso, não precisa de dar o ” passo pequenino” que, segundo as suas palavras, o separa do ateísmo. Você ainda não deve ter percebido que os livres pensadores são mais aqueles que põem em causa os dogmas dos seus alinhamentos ideológicos do que aqueles que, como você, constantemente silencia os atropelos éticos, cometidos por aquela maralha desbragada e troglodita dos chamados ” novos ateus”.

        • David Ferreira

          Se você julga por um momento que o facto de ter vencido uma doença grave, tendo “renascido” para a crendice, lhe dá o direito a manter esta cruzada absurda e fanática contra quem não se deixar lavar cerebralmente, está bem enganado. Fique-se pelo Portal Anti-Ateu como “Homem Honesto”. A estupidez obtusa é mais a sua praia.

          • kavkaz

            O antolo, o zarolho multiniks, até já manda ler o Apocalipse, o livro rasgado por ele. Insulta o Ludwig quando antes cantava loas de amor aos textos dele. Está cada vez mais inoportuno. Não tem ponta por onde se pegue tanta contradição no discurso dele e na dança dos niks.

            À época, Jesus esse autoproclamado e ignorante filho de “Deus” não tinha “explicações para acontecimentos como epilepsia, esquizofrenia ou outras doenças mentais”.

            Como é possível um deus, chamado Jesus, apelidar de “demónios” às doenças do foro psíquico? E como é possível no século XXI haver religiosos ainda utilizarem o termo “demónios”? Só pode ser por ignorância! Deveriam acrescentar, então, que os “demónios” foram criados por Deus, Todo-Poderoso!

        • Ludwig

          Renascido,

          A legião romana tinha tipicamente seis mil soldados. Quanto ao contexto cultural ser um de ignorância e superstição, concordo. É por isso que este relato da Bíblia não serve para concluir que há demónios a possuir as pessoas. Mas essa é a razão também pela qual a Bíblia não serve para concluir que Jesus era filho de Deus, que Deus existe, que Jesus nasceu de uma virgem, que ressuscitou e mais essa treta toda.

          Quanto à acusação de hipocrisia, o que eu disse foi que já tinha discordado publicamente de vários ateus, e isso é verdade. Não é mentira nem hipocrisia. O facto de não ter discordado publicamente de algum exemplo pontual que desenterres demonstra que eu não tenho tempo infinito para discordar publicamente de tudo, mas pouco mais.

          O argumento de Harris é que se não nos importamos de bombardear inimigos sabemos que também vamos matar crianças inocentes, também não nos devíamos importar de torturar dirigentes da Al Qaeda para descobrir onde planeiam atacar a seguir. Não me parece um bom argumento, mas não é trivial discordar disto.

          O argumento de Dawkins é que há coisas que aceitamos como prática normal numa religião mas que são muito mais abusivas do que outras que condenamos, acertadamente, como abuso sexual. Por exemplo, se o padre apalpa o rabo a uma criança toda a gente o condena, e concordo que isso é abusivo. Mas se o padre passa semanas, meses e anos a dizer às crianças que os seus amigos que não tiverem aquela religião estão condenados a sofrer uma eternidade de torturas no inferno, isso já a maioria acha bem, apesar do efeito disso nas pessoas ser muito pior do que um apalpão no rabo. E o que levou o Dawkins a dizer isto foi o testemunho de uma senhora que passou, pessoalmente, por estas experiências quando era criança. A experiência do padre fazer-lhe uns avanços que qualquer pessoa hoje em dia condenaria, e a experiência do padre a convencer de que a sua amiga que tinha morrido de doença estava no inferno por não ter a religião certa. Tu podes fingir grande indignação e espumar da boca com a fúria pelo que o Dawkins sugere, mas tu não passaste pelas experiências que ele refere, baseando-se em quem as viveu.

          • orenascido

            1- O número das legiões romanas variava, não tinha tipicamente seis mil homens como afirmas. Mas não te suscita nenhuma interrogação o facto de, num país invadido pelos romanos, o relato bíblico referir uma “legião” de demónios? Em nenhum momento te passou pela cabeça que esse relato, sobre a referida ” legião” e sobre os mencionados ” porcos” pudesse ter algo que ver, em linguagem cifrada e metafórica, com os invasores romanos da Galiléia?

            2- Quanto ao Sam Harris, as suas palavras, sobre a tortura, não permitem o branqueamento que lhe queres atribuir. A verdade é que o Sam Harris legitimou a tortura dos muçulmanos e essa afirmação é absolutamente criminosa, vai contra todas as convenções internacionais sobre direitos humanos, incluindo esta:

            http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/dhaj-conv-contra-tortura.html

            3- O Dawkins também disse que uma criança ser catolicamente catequizada é bem pior do que ser violada por um pedofilo. Um homem que diz uma barbaridade dessas só tem um nome: velhaco.

            Mas, como era de esperar, tu torceste-te todo para ver se conseguias justificar o injustificável. É essa a ” superior” expressão do pensamento e da lógica ateísta? Não admira que defendas a hipótese da IA forte. Há homens que mais parecem robôs quando se trata de defender fanaticamente a sua confraria ideológica. E isso também se aplica a certos ateus.

          • Moloch Baal

            Mas não te suscita nenhuma interrogação o facto de, num país invadido pelos romanos, o relato bíblico referir uma “legião” de demónios?

            PRECISAMENTE, num país nessas condições, uma legião significa a unidade militar mais temida, poderosa e numerosa.

            Para dar ideia de um exército poderoso nada mais natural do que invocar uma legião.

            Está no texto, os demónios dizem que são legião PORQUE SÃO MUITOS.

            Não é preciso inventar coisas que NÃO estão lá.

            E que são contraditórias com o próprio contexto.

            Cristo NUNCA apelou à revolta contra Roma.

            Porque raio o iria fazer aqui?

            Isso seria contrário a toda a sua mensagem.

            Cristo NUNCA considerou os romanos demónios, ou nunca teria dito dai a César o que é de César.

            Cristo vinha resgatar o mundo do demónio, não vinha reconhecer a sua soberania. Pelo que, obviamente, não via os Romanos como demónios.

            O NT confirma esta visão com a conversão do centurião, por Pedro.

            Resumindo, não tens NADA de concreto em que basear a tua interpretação.

            Interpretação que, aliás, a maior parte das igrejas negam, com os seus rituais exorcistas.

            Deve haver aí muitos romanos…

          • Ludwig

            renascido,

            Em Mateus 26:55, Jesus alegadamente diz que podia rezar e Deus lhe enviaria mais de doze legiões de anjos. Segundo a minha concordância (tenho a do Strong), é a mesma palavra grega (3003, também podes encontrar aqui: http://biblesuite.com/greek/3003.htm). Parece-me que seria um termo usado para designar um grande numero de combatentes e não especificamente para designar romanos.

            Quanto ao Sam Harris, se a crítica que me diriges é eu nunca ter publicado um texto a discordar desse seu argumento em favor da tortura, digo-te que é mais por falta de tempo do que por hipocrisia. Nem sequer se pode dizer que é falta de coragem, porque não estou a ver o que é que o Sam Harris me possa fazer por discordar dele.

            Concordo que o Anselmo Borges tem de ter alguma coragem para defender o que defende sendo padre. Mas isso diz ainda mais mal da organização a que ele pertence do que diz bem dele. Eu costumo discordar do Carlos Esperança em muitas coisas e sempre nos demos lindamente, não só apesar das nossas discordâncias mas, mas em boa parte, por causa delas.

        • Moloch Baal

          Uma legião do alto império com dois mil soldados?

          O número normal de um legião nesse período seria 5 000, 6000, podia chegar aos 8000, com os auxiliares.
          Claro que, em campanha, as baixas podiam desfalcar as legiões ao ponto de operarem apenas com mil, ou menos. As legiões de Varo devem ter chegado aos 0, visto que foram liquidadas.
          Seja como for, 2000 não é um número típico da época a que se refere.

          É baseado em inverdades crassas dessas que interpretas “metafóricamente” à medida das tuas conveniências?

          Já agora, diz um número grande qualquer, e depois chama-lhe o efetivo de uma legião.

          Só porque te dá jeito.

          Não consegues perceber que a interpretação, metafórica ou não, tem de estar baseada no que está escrito no próprio texto, fazendo a ligação com dados objetivos?

          Interpretar metaforicamente NÃO é distorcer completamente o texto, pondo-o a “dizer” exatamente o contrário do que lá está, baseado em coisa nenhuma, ou em erros de palmatória, só porque dá jeito.

          Isso não é metáfora, é ALDRABICE.

          E o mesmo para o contexto.

          No contexto da época, uma alusão a demónios seria interpretada LITERALMENTE por todos os leitores.
          E 2000 não é o número típico de uma legião.
          E há várias referências a curas de endemoninhados, sem referir números específicos de demónios.
          Andavam todos com legionários romanos dentro do corpo?

    • David Ferreira

      “Li o texto do padre Anselmo Borges, de que muito gostei. E, como ele disse, o relato da expulsão de demónios por Jesus deve ser interpretado como linguagem meramente simbólica.”
      E quem é que define o que é simbólico ou não? Você? A ICAR? As milhentas de variantes do cristianismo?
      Quanto aos muçulmanos radicais, deixe de ser hipócrita, porque você não é mais que isso. A religião está ao mesmo nível da especulação da crendice por parte de qualquer bruxo, por parte de qualquer leitor de cartas do Tarot. As boas ações dos crentes ou descrentes merecem respeito porque são seculares, universais, mas todo o obscurantismo que lhes é adicionado merece escárnio, nada mais.

  • Carlos Esperança

    Surpreendentes são os cursos de exorcismo ministrados no Vaticano e a decisão do cardeal Roco Varela, de Madrid, de nomear 8 exorcistas, dado o aumento da população de demónios.

    Que treta!

    • kavkaz

      No Vaticano uns clericais dizem uma coisa e não é difícil encontrar outros que afirmam o oposto. No entanto, todos serão “católicos apostólicos romanos” e subordinam-se ao Papa.

      Vá lá entender-se qual será mesmo a teologia católica…

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