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Morreu o ditador e torcionáio Jorge Videla

papa argentino acusa de  colaborar com a ditadura

10 thoughts on “Morreu o ditador e torcionáio Jorge Videla”
  • democrata

    “Não sou católico, sou orgulhosamente ateu, e ao longo da minha vida
    tenho conhecido e conheço alguns padres que muito pouco têm a ver com O
    Vaticano & Company. Um deles chamou-se Gaspar García Laviana, um
    padre asturiano que pegou em armas na Nicarágua, deu a sua vida pelos
    pobres e caiu combatendo, com o posto de Comandante Guerrilheiro. Gaspar
    – Comandante Martín na história dos oprimidos – foi dos padres
    consequentes com o cristianismo, mas com um cristianismo que não está,
    que nunca esteve no Vaticano.”

    Luís Sepúlveda, escritor chileno

  • Moloch Baal

    De facto é uma injustiça este blog nunca referir os milhares de padres presos e mortos a lutar pela melhoria da vida do povo.

    O facto das camarilhas conservadoras que pactuaram com as ditaduras deterem o poder nas igrejas devia ser mais uma razão para reconhecer e apoiar as minorias que lutam por uma igreja melhor.

    Mas aí entra a tese infundada dos ateus radicais de que é a religião em si a origem de todos os males do mundo.

    Ora, como todas as teses infundadas, para serem defendidas precisam de se apoiar na omissão – para ser muito suave nas palavras…

    http://morallowground.com/2010/12/02/on-this-day-1980-american-nuns-kidnapped-raped-murdered-by-american-trained-salvadoran-death-squad/

    • Moloch Baal

      Para compensar as omissões deste blog, aqui vai a minha saudação aos heróis estranhamente ausentes destes posts.

      A minha saudação a Óscar Romero, símbolo dos milhares de padres que lutaram pelos seus povos.

      Se todos nós tivéssemos a coragem e a bondade de heróis como ele, o mundo seria um lugar bem melhor.

      Com ou sem religião.

      http://www.nybooks.com/blogs/nyrblog/2010/apr/22/remembering-romero-murder-ruptured-el-salvador/

      romero.jpg

      • stefano666

        concordo… so faltou lembrar que o vaticano foi conivente com a morte de Romero.

      • stefano666

        http://www.radialistas.net/especiales.php?id=1000047

        Diálogo entre Monsenhor Romero e o PAPA João Paulo Segundo

        Desde San Salvador e com o tempo necessário para salvar os
        obstáculos das burocracias eclesiásticas, Monsenhor Romero havia
        solicitado uma audiência pessoal com o Papa João Paulo II.

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        – Compreenda-me, eu necessito ter uma audiência com o Santo Padre…

        – Compreenda você que terá que esperar sua vez, como todo mundo.

        Outra porta vaticana se lhe fecha nas narinas.

        Desde
        San Salvador e com o tempo necessário para salvar os obstáculos das
        burocracias eclesiásticas, Monsenhor Romero havia solicitado uma
        audiência pessoal com o Papa João Paulo II. E viajou a Roma com a
        tranqüilidade de que ao chegar tudo estaria sob controle.

        Agora,
        todas suas precauções parecem desvanecidas como fumaça. Os curiais lhe
        dizem não saber nada daquela solicitação. E ele vai suplicando essa
        audiência por despachos e escritórios.

        – Não pode ser -lhe diz a outro-, eu escrivi faz tempo e aqui tem que estar minha carta…

        – O correio italiano é um desastre!

        – Mas minha carta a mandei em mãos com…

        Outra
        porta fechada. E no dia seguinte outra mais. Os curiais não querem que
        se encontre com o Papa. E o tempo em Roma, a onde foi convidado por umas
        monjas que celebram a beatificação de seu fundador, se lhe acaba.

        Não pode regressar a San Salvador sem ter visto o Papa, sem haver-lhe contado tudo o que está ocorrendo lá.

        – Seguirei mendigando essa audiência -se alenta Monsenhor Romero.

        É
        domingo. Depois da missa, o Papa baixa ao grande salão de capacidade
        superlativa onde lhe esperam multidões na tradicional audiência geral.
        Monsenhor Romero madrugou para conseguir colocar-se na primeira fila. E
        quando o Papa passa saudando, lhe agarra a mão e não a solta.


        Santo Padre -lhe reclama com a autoridade dos mendigos-, sou o Arcebispo
        de San Salvador e lhe suplico que me conceda uma audiência.

        O Papa consente. Finalmente conseguiu: no dia seguinte será.

        É
        a primeira vez que o Arcebispo de San Salvador vai se encontrar com o
        Papa Karol Wojtyla, que faz apenas meio ano que é Sumo Pontífice. Lhe
        traz, cuidadosamente selecionados, informes de tudo o que está se
        passando em El Salvador para que o Papa se intere. E como passam tantas
        coisas, os informes se avolumam.

        Monsenhor Romero os traz guardados numa caixa e se os mostra ansioso ao Papa não mais iniciar a entrevista.


        Santo Padre, aí poderá você ler como toda a campanha de calúnias contra
        a Igreja e contra um servidor se organiza desde a mesma casa
        presidencial.

        Não toca um papel o Papa. Nem roça a pasta. Tampouco pergunta alguma coisa. Só se queixa.

        – Já lhes disse que não venham carregados com tantos papeis! Aqui não temos tempo para estar lendo tanta coisa.

        Monsenhor Romero se estremece, mas trata de encaixar o golpe. E o encaixa: deve haver um mal entendido.

        Em
        um envelope aparte, levou também ao Papa uma foto de Octavio Ortiz, o
        sacerdote o qual a guarda matou faz poucos meses junto a quatro jovens. A
        foto é um enquadre em primeiro plano da cara de Octavio morto. No rosto
        amassado pelo tanque se percebe os traços indígenas e o sangue os borra
        ainda mais. Se percebe bem um corte feito com facão no pescoço.


        Eu o conhecia muito bem a Octavio, Santo Padre, e era um sacerdote
        cabal. Eu o ordenei e sabia de todos os trabalhos que ele fazia. Naquele
        ele estava dando um curso de evangelho aos moços do bairro…

        Lhe conta tudo com detalhes. Sua versão de arcebispo e a versão que deu o governo.

        – Veja como lhe amassaram a cara, Santo Padre.

        O
        Papa olha fixamente a foto e não pergunta mais nada. Olha depois os
        ofuscados olhos do arcebispo Romero e move a mão para trás, como
        querendo-lhe tirar o dramatismo ao sangue relatado.

        – Tão cruelmente como o mataram e dizendo que era um guerrilheiro… – relembro o arcebispo.

        – E acaso não o era? -contesta frio o Pontífice.

        Monsenhor Romero guarda a foto da qual tanta compaixão esperava. Algo lhe treme a mão: deve haver um mal entendido.

        Segue a audiência. Sentados frente a frente, o Papa lhe dá voltas a uma so ideia.

        – VocÊ, senhor arcebispo, deve esforzar-se para conseguir uma melhor relação com o governo de seu país.

        Monsenhor
        Romero o escuta e sua mente vôa para El Salvador recordando o que o
        governo de seu país faz ao povo de seu país. A voz do Papa o traz de
        volta à realidade.

        – Uma harmonia entre você e o governo salvadorenho é o más cristão nestes momentos de crisis.

        Segue
        escutando Monsenhor. São argumentos com os quais já se acostumou a
        ouvir em outras ocasiões, por outras autoridades da Igreja.

        – Se você supera suas diferenças com o governo trabalhará cristãmente pela paz.

        Tanto insiste o Papa que o arcebispo decide deixar de escutar e pede que o escutem. Fala tímido, mas convencido:

        – Mas, Santo Padre, Cristo no evangelho nos disse que ele não veio trazer a paz sinão a espada.

        O Papa crava fixamente seus olhos nos de Romero:

        – Não exagere, senhor arcebispo!

        E se acabam os argumentos e também a audiência.

        Tudo
        isto me contou Monsenhor Romero quasi chorando no dia 11 de maio de
        1979, em Madrid, quando regressava apressadamente a seu país,
        consternado pelas noticias sobre uma matança na Catedral de San
        Salvador.

        Testemunho de María López Vigil, autora do livro PIEZAS PARA UN RETRATO, UCA Editores, San Salvador 1993.

        • Moloch Baal

          JP II não hesitou em entregar os padres progressistas à morte, para manter a igreja nas mãos dos conservadores, como o opus dei.

          • stefano666

            E a opinião publica se comoveu com JP2 quando ele levou tiro de Ali Agca.

            (nao estou justificando o tiro… mas soa hipocrisia se comover com alguem que entregou outros a morte)

          • Moloch Baal

            E agora ainda vai ser canonizado.

            Incrível !

          • stefano666

            normal… o nivel de honestidade no vaticano é alto

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