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  • 13 de Maio, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Fátima

Fátima – o destino de quem teme o futuro

Hoje, em Fátima, consumiu-se mais cera do que mel produziram as abelhas.

Fátima tem a maior área coberta da religião, em Portugal. Foi um centro de propaganda da ditadura depois de ter sido um instrumento de luta contra a República. A guerra fria deu-lhe uma enorme importância e converteu o local num centro de recolha de esmolas onde o dinheiro e o ouro abundaram. Hoje, a crise da fé e da economia tornam o sítio menos rentável, apesar das campanhas papais de marketing.

Também é verdade que os pastorinhos nunca conseguiram fazer um milagre de jeito. São mais os peregrinos que morrem na estrada do que os estropiados que se curam. Os joelhos dos devotos sangram nas maratonas beatas à volta da capelinha das «aparições» e as orações aliviam os crentes mas não produzem efeitos.

Não sei como os laboratórios farmacêuticos não usam a ave-maria como placebo nos ensaios duplo-cegos com que testam os medicamentos.

O paganismo é hoje um detonador da fé que se cultiva na Cova da Iria. Ninguém quer saber de deus, apenas a Virgem é a mascote que recebe oferendas e obriga a sacrifícios a quem se pagam promessas.

Ainda se veem velhos combatentes com a farda da guerra colonial a agradecer o retorno à Pátria. Se foi a virgem Maria que os protegeu deve haver 13 mil defuntos a sofrer em silêncio a desatenção da dita senhora que aparece em locais improváveis para alimentar a superstição e manter o negócio da fé.

Com a fome que grassa e a miséria que se instala não admira que, o desespero se torne propício às maratonas místicas que desaguam na Cova da Iria. Triste sina dos povos que veem a Terra a abandoná-los e se viram para o Céu.

4 thoughts on “Fátima – o destino de quem teme o futuro”
  • José Moreira

    1) – O Jornal de Notícias, diário católico de grande audiência aqui o norte, dizia, na sua edição de ontem, que os crentes rezavam mais por saúde do que por emprego. Note-se, “emprego” e não “trabalho” mas, pelos vistos, nem emprego querem, apenas saúde. O que se compreende, sem saúde não se pode ir levantar o RSI nem o subsídio de desemprego; e com emprego, aqueles dois subsídios desaparecem. Haja saúde!

    2) – Também combati em África, mais exactamente, em Moçambique. O comandante do meu pelotão era um alferes competente, humano, justo e disciplinador. Por qualquer tipo de falha que sempre me escapou, era consumidor de missas e novenas, coisas de que teve de fazer jejum em terras de Cabo Delgado. Um pequeno estilhaço de uma granada-de-mão foi mais forte que as orações a virgens, santos, anjos, arcanjos serafins e querubins, e impediu-me de esclarecer a incongruência acima referida. O nosso alferes deixou viúva e um filho de tenra idade.
    O furriel que vos escreve regressou são e salvo. Era ateu, e Deus não quis conversa com ele, nem sequer para o mandar para o Inferno. Ser ateu sempre tem vantagens, afinal.
    3) – Quando regressei, a então minha namorada queria, à viva força, que eu fosse a pé à “santa” Maria Adelaide, já que tinha feito uma promessa nesse sentido, caso eu regressasse são e salvo – como aconteceu. Com a paciência que os meus verdes anos me permitiam, lá lhe expliquei que se ela tinha feito a promessa, era ela que tinha de ir a pé, e não eu. “Mas eu fiz a promessa em teu nome…” Santa ingenuidade!!! Ou santa estupidez?
    Não sei se a jovem alguma vez foi a pé a “santa” Maria Adelaide.
    Sei que EU não fui.

    • Carlos Esperança

      🙂

    • kavkaz

      Caro José Moreira,

      Fez bem em não ir a pé até Fátima. Cansava-se, gastava energias e dinheiro desnecessariamente. Ainda lhe podia acontecer alguma coisa na estrada. Afinal, você já tinha andado muito (até África, forçosamente…)

      Pode-se viver mais e melhor sem deuses. Basta dar atenção ao que nos rodeia e a quem nos cerca. Os ateus não andam com a cabeça “na lua” ou “no céu”, como lhe quiser chamar!

  • kavkaz

    Belo texto. Parabéns ao estimado Carlos Esperança.

    Os crentes gostam de perder tempo e dinheiro com as ilusões e mentiras de Fátima. Os culpados desta vergonhosa encenação são mesmos descarados!

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