Loading

A Interrupção Voluntária da Gravidez e a violência do preconceito

A legalização não se destina a aprovar a IVG, pretende apenas descriminalizar o ato. A legislação permissiva não incentiva ou promove o recurso à IVG, apenas modifica a lei, a fim de evitar que mulheres sejam empurradas para a clandestinidade do vão de escada, com risco da própria vida e de perseguições policiais.

Ninguém encara levianamente um problema cujas repercussões físicas, e psicológicas são especialmente gravosas para quem vive o desespero de uma gravidez indesejada ou impossível.

São quase sempre mulheres pobres que se sujeitam ao vexame de exames ginecológicos impostos, que veem a sua vida íntima devassada, que suportam a desonra do julgamento e conhecem as agruras do cárcere. As ricas resolvem o problema e os pruridos éticos no intervalo das compras em cidades cosmopolitas.

Em S. Salvador uma mulher encontra-se grávida de um feto anencéfalo e a alternativa joga-se entre a morte de mãe e feto ou 50 anos de cárcere para a mãe.

O que está em causa não é a posição ética sobre a interrupção voluntária da gravidez, é saber quem renuncia, ou não, à perseguição das mulheres, quem quer vê-las na cadeia, quem pretende juntar ao trauma da IVG a punição da enxovia.

Em Portugal também a IVG era proibida na ditadura. Já em democracia, ainda o PSD e o CDS, em maioria, votaram contra, em casos de risco de vida para a mãe, malformação do feto e violação. Salvaram a honra do PSD Jaime Ramos, Helena Roseta e Natália Correia, de quem me recordo, e poucos mais. O CDS foi igual a si mesmo. Implacável.

O divórcio era proibido há trinta anos, Camilo esteve preso por adultério e, no entanto, as sociedades modernas souberam distinguir o crime do pecado, o direito canónico do Código Penal e separar as convicções pessoais do ordenamento jurídico.

Defender o direito à IVG é defender a saúde da mulher. Para que o aborto clandestino deixe de ser a chaga atual em países dominados pelo clericalismo. Para que se resolva um problema que aflige milhares de mulheres. Para que as pobres não sejam ainda mais infelizes. Para que nenhuma mulher seja presa pela incúria dos que se abstêm.

Para não sentirmos vergonha ao sabermos que uma jovem mulher salvadorenha está em risco de vida ou sob ameaça de 50 anos de prisão.

aborto2

19 thoughts on “A Interrupção Voluntária da Gravidez e a violência do preconceito”
  • provocador

    Num conflito de valores éticos, defende-se a parte mais fraca, mas o Carlos Esperança teima em defender uma lei reaccionária,que permite a qualquer mulher decidir pela morte de uma vida humana indefesa, sem nenhuma razão invocável, que não seja a da sua livre decisão. A nossa Constituição proclama, no seu artigo 24º ,que “a vida humana é inviolável”, não diz que é semi-violável. Os médicos e enfermeiros devem tentar salvar vidas humanas, não podem eticamente ser algozes de vidas humanas indefesas. Por isso, a lei portuguesa sobre o aborto cobre de vergonha todos quantos a legitimaram e continuam a defender.

    Por outro lado, o Carlos Esperança teima em continuar a aldrabar, quando volta a insistir que, em El Salvador, uma mulher, que aborte, pode ser condenada a 50 anos de prisão.

    Já mostrei, através da citação integral do Código Penal Salvadorenho que isso é mentira, mas o mentiroso permanece a mentir.

    Ou seja, o Esperança permanece a sbscrever uma tomada de posição eticamente vergonhosa, insensível, desumana e anti-civilizacional.

    A problemática do aborto clandestino tem que ceder perante o valor mais elevado do artigo 24º da Constituição da República Portugies e perante o valor maior da vida de um feto indefeso.

    O Carlos Esperança não emite nem uma palavra àcerca dos fetos abortados, Trata-os como coisas, dentro da sua pequeníssima visão materialista e também não consegue responder a uma questão relevante:

    Depois das 10 semanas, ele já não se preocupa com o aborto clandestino ou com as mulheres que podem ser penalmente sancionadas se abortarem no dia a seguir ao decurso do prazo de 10 semanas ?

    Este miserável texto do Esperança compreende-se bem. Quando acossado, o Esperança costuma dar fugas para a frente. Mas à medida que vai tropeçando nos seus próprios pés, mais vai demonstrando o seu verdadeiro carácter e o seu notório reaccionarismo.

  • Lindinha

    Assim é que se faz, Esperança. Veja isso: Acaba de ser divulgado na internet que os políticos podres no Brasil estão querendo agora aprovar uma lei que obriga a retirada de denúncias do povo contra os deputados no youtube. O “garotinho” pulhítico “evangélico, chefinho de milícias assassinas no RJ, e larápio sem-vergonha (também condenado e SOLTO), é um que já teve essas “benesses”. As mulheres eles querem desgraçar e enterrar nas cadeias, mas os canalhas enganadores da população passam “lavadinhos” no mais podre esgôto na cara da gente, com carrinhos do ano, sem “crise” alguma pra eles. Oferecem “proteção”, pras mulheres, para as “famílias”, mas são mentiroso, covardes. Vejam as notícias no anexo:

  • Lindinha

    Como enganam as mulheres e toda uma população.

  • pedro

    E despenalizar não resulta no mesmo que aprovar?

    Imaginemos que se despenaliza a morte das pessoas de quem não se gosta. Isso não seria o mesmo que incentivar o seu assassinato.

    Ou então, imaginemos que se despenaliza a morte

    de todos os ateus – quem matar um ateu não é criminalizado. Isso não é participar no seu assassinato?.

    Ninguém é “empurrado” para a abortar. NINGUÉM.

    As “pobres mulheres que abortam, coitadas”, é a forma mais imbecil apoiar criminosas e de promover o crime.

    O lugar de uma mulher que mata o filho é, exactamente na cadeia. Ou punimos todos os criminosos ou somos tolerante com todos os criminosos. A isso chama-se igualdade e equidade, Eu quero todos os criminosos a serem julgados e punidos, incluindo todas as mulheres que matam os filhos.

    A não ser que um caso morte, não existe um único motivo que justifique, seriamente, um aborto. Desculpas não faltam, justificações válidas é que nunca vi uma só.

    • stefano666

      mas uma mulher que aborta nao esta matando.

      • provocador

        Pois, entende-se.Para certos ateus materialistas, os fetos com 10 semanas de gestação não são vidas humanas, são coisas.

        Pela mesma linha vai o Assad: as crianças sírias também são coisas, para ele, podem ser massacradas à vontade.

        Já agora, será que todos os ateus são adeptos dos massacres dos inocentes ou ainda há ateus decentes?

        • stefano666

          Assad massacra a todos… sim… sim!! no dia 32 !!!

          os unicos criminosos na Siria sao os “rebeldes”.

          coisas?? os padres e pastores pedofilos veem as vitimas deles como “coisas”…

          pra igreja … as vitima da Mafia e dos narcos sao “coisas” (temos que recordar da parceria economina entre igreja e mafiosos)

      • Cusco

        Então é o quê?
        Não será um estádio de desenvolvimento?

    • Algoz

      Ó fanático, e um padre que enraba uma criança destruindo-lhe os sonhos e o futuro é o quê? E porque não os vemos a ser punidos mas protegidos pela tua santa igreja? O crime para ti tem quantas medidas?

      • Cusco

        Eu julgo assim:
        “enrabar” é crime e dever ser SEMPRE punido. Mas, é muito menos grave do que matar. Portanto, se quem mata não é penalizado, não tenho que reclamar.

        • Provocador.

          Concordo contigo. Não reclames, pois, quando fores enrabado.

          • Carpinteiro

            Eu já fui muitas vezes enrabado e gostei.

          • carpinteiro

            Ó antoniofernando, se o Carlos Esperança diz que és um comentador sério e frontal, quem sou eu para dizer o contrário?!
            Força rapaz!!.. ajavarda-te com o meu nick …

  • Lindinnha

    E continua a lenga-lenga: “vamos ‘protegê’ os jóvis, vamus protegê ais criança” .. desde que não seja uma garota grávida — aliás, passou dos 12 aninhos, eles têm logo outro destino pra elas; vão servir pra outro negócio que eles “adoram”.

    Se puidessem enchiam as igrejas de crianças e deixavam as famílias BEM LONGE.

    Foi assim que um patife lá em Angra dos Reis, RJ, disse pro Haddammann: “Deixe as crianças ficar aqui na ‘oficina de bijouteria. mas as mães não traz pra cá não”.

    A “oficina-bijouteria” era anexa ao posto de gasolina de um SAFADO (ex-vice-reitor ou assessor de diretoria na Estácio do RJ — onde uma garota foi assassinada a sangue frio correndo de estupro dentro da universidade, alvejada por um “protetor-segurança” que atirou da portaria pra dentro); acoluinhado com a patifaria das crenças no local.

    O mesmo CANALHA faz carinhas de “caridoso” distribuindo sacoiinhas de bujingangas e quilinhos de arros e feijão para as mães do morro em frente.

    Certa vez o pústula, acompanhado de um crente nojento, disse ao Haddammann: “Ninguém quer trazer uma garotinha pra mim, só vêm aqui pra me aborrecer com esses projetos de estudos e essas coisas”.

    Junto com os pastutos-patifes, esse é também um dos desgraçados que destroem garotas e garotos escondido por trás dos panos das crenças.

    Mas há umas garotas que vão cobrar CARO pelo que fizeram.

    Não vai ficar assim tão baratinho, com eles riquinhos, enganando e enganando..

  • Shere

    Precisamos dessa imagem da mulher acorrentada por uma rede. Vamos usá-la.

You must be logged in to post a comment.