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  • 7 de Abril, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

A liturgia e a fé – indústrias do Vaticano

Quem é um ateu para se imiscuir na liturgia da Igreja católica? Que tem a inteligência a ver com o Cristo servido às rodelas na língua dos devotos ajoelhados ou passado de mão em mão de um presbítero para o beato?

Não fora a vocação totalitária da religião e os ateus dedicar-se-iam a outras tarefas.

A liturgia é o circo da fé com Cristo a saltar do cálice, com duplo mortal e pirueta sobre a patena, para acertar na língua do devoto e percorrer o tubo digestivo até acabar na rede de saneamento após a descarga do autoclismo.

As religiões vivem de rituais como os ilusionistas da prestidigitação. JP2 e B16 foram avatares dos papas medievais que sofreram a mágoa de não poderem acender fogueiras e de verem ímpios indiferentes ao Inferno e aos castigos divinos.

No regresso à Idade Média, no eterno retorno ao fanatismo e à intransigência, estes papas sentiram a raiva da impotência e o ódio à modernidade. Sob a tiara, pensavam na forma de fazer ajoelhar os homens e pôr de rastos os cidadãos.

Nada foi mais desconfortável para JP2 e B16 do que viverem num mundo que não se persigna, ajoelha ou submete à vontade dos padres e às ordens do seu Deus. O Vaticano é uma ditadura encravada na União Europeia e o último Estado teocrático da Europa, herdeira do Iluminismo e da Revolução Francesa, berço da democracia e reduto da liberdade.

No bairro das sotainas germinam 44 hectares de ódio, cultivados pela legião de padres, monsenhores, cónegos, bispos e cardeais. Fabricam santos, bulas e indulgências, mas é o horror à liberdade que os anima, a conspiração contra a democracia e a aversão à modernidade.

O Vaticano é o Estado criado por Mussolini mas é, sobretudo, o furúnculo infecto num espaço onde o sufrágio universal não conta com o voto de Deus, ausente dos cadernos eleitorais.

2 thoughts on “A liturgia e a fé – indústrias do Vaticano”
  • Luís

    A coisa mais fácil do mundo é ser insolente, malcriado, estupido e incoerente num comentário a alguém. Se a essas qualidades juntarmos uma linguagem patética da mais dissimulada hipocrisia, temos os ateus deste blogue.

    Não vou falar da falta de educação pessoal e de civilidade, porque se um adulto revela tão fraca civilização e socialização, não creio possa evoluir para uma pessoa civilizada e culta, capaz de saber viver em liberdade e numa sociedade moderna. Conviver de forma civilizada, democrática e livremente com quem é diferente, quem pensa diferente ou quem tem princípios ideológicas dos quais não gostamos, implica respeitar, não ofender, não “provocar”, não usar má-fé e uma linguagem rude, propositada e desnecessariamente ofensiva e amesquinhadora, entulhada de vileza e ódio.

    Não é dessa falta de cultura democrática e da aversão às sociedades modernas (democráticas, plurais, civilizadas e livres) que os ateus aqui demonstram, que falarei.

    Antes direi da falta de probidade e de honestidade em algumas afirmações.

    «Que tem a inteligência a ver(…)? » – C. Esperança

    Esta afirmação fundamenta-se na suposta superioridade intelectual dos ateus, auto-apelidados de seguidores da ciência e da verdade demonstrável laboratorialmente, com o rigor da matemática e da física. Mas, a ciência não aceita o ateísmo como parceiro, refuta a ideologização ateísta e nega-se a servir o princípio básico do ateísmo – estabelecer como axioma que “Deus não existe”.

    Em segundo lugar, quando um ateu se considera “mais inteligente do que um crente” (ou simplesmente “mais racional nas suas teorias”), está a desmontar uma inegável falta de inteligência e de capacidade de raciocínio lógico (confirmada com a falta de capacidade de viver em sociedade, supra dinumerada). O mundo, a vida, o Homem, a sociedade e a cultura não são dicotómicos nem binários. Os ateus dificilmente ultrapassam este ponto, fixando-se na discussão infinita da dicotomia “verdadeiro/falso”. Porém, todo o conhecimento do universo é contingente, mutável e conjuntural (e, muitas vezes, conjectural). Poucos ateus chegam a este ponto. Os crentes vão um pouco mais além, buscando e percebendo a existência “primeira”, a razão geradora ou produtora de tudo.

    O que os ateus dizem é (que): “quem fica a meio-caminho é muito mais inteligente”. Talvez seja para quem não consegue passar a estádio do “conhecimento mecânico”, do simples funcionamento e correlação de fenómenos – o “como acontece”. O crente não se contenta. Avança até procurar a razão primeira do “porquê de ser”, a génese, a força ou inteligência “primogénita”.

    • Luís

      «(…) estes papas sentiram a raiva da impotência e o ódio à modernidade…» – C. Esperança.

      Conheci seis Papas. Começando com João XXIII, além de ser uma pessoa muito à frente da sua época (muito mais moderno que os ateus actuais), foi um cultivador do diálogo, da tolerância, da temperança e da paz. Muitos achavam-no (e ele sabia) “um Papa de transição”.

      Paulo VI confirmou e continuou a obra de João XXIII. João Paulo I, demasiado breve no seu pontificado, tornou mais evidente a modernidade, a liberdade, a tolerância e o diálogo. A ignorância de alguns proxenetas das letras (vendedores de teorias e tolices) deu-o como vítima do seu modernismo e integridade.

      João Paulo II, vindo do outro lado da Cortina de Ferro, conhecedor da aspereza e brutalidade do comunismo ateu (de que o seu país se soube resguardar, até certo ponto), foi o maior defensor da modernidade (uma peça chave na derrocada do retrógrado e inumano comunismo), defensor inigualável da liberdade dos povos, da tolerância e da pluralidade sociocultural.

      Bento XVI, um sobrevivente do nazismo, uma testemunha das dificuldades e dos problemas da Europa em Guerra, esteve sempre muito além de todos os modernistas e de todos os cultivadores do ódio e da raiva “ao alvo/adversário”. A experiência ajudou-o a saber condenar as mentes perversas, os matutos defensores de princípios perigosos e adversos à humanidade. Finalmente Francisco I. Destoutro nada sei.

      «O Vaticano é uma ditadura encravada na União Europeia … » – C. Esperança

      Pelo contrário, é o mais livre de todos os Estados do mundo, aquele que tem uma democracia mais alargada (aqui o sufrágio é mesmo universal) e segura, já que nem sequer detêm poder temporal sobre os seus “patrícios”. E, todos os princípios da democracia, da liberdade, do iluminismo e da Revolução Francesa foram plagiados da Igreja Católica e do Cristianismo. A prática com que impuseram esses princípios é que sempre foi diferente da letra com que os enumeram, como ainda hoje acontece.

      «O Vaticano é o Estado criado por Mussolini …» – C. Esperança

      Não é verdade. Foi o rei Vítor Emanuel II que criou o Vaticano, em 1871.

      É exactamente o contrário: o território actual da República Italiana é que foi establecido por Mussolini. O Estado da Igreja é anterior à Itália que hoje milita na (moribundo e desonesta) União Europeia. Evidente que sempre podemos falar da falência de valores e da negação do direitos que a república impos contra a Igreja, roubando-a, oprimindo-a e, inclusive, assassinado crentes e clérigos. Mas, são outras histórias que a república gravou, com ódio e sangue, nas páginas da História.

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