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  • 8 de Março, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Humanismo

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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Não, não preciso de expiar ou envergonhar-me dos séculos de exploração feminina, das humilhações a que os homens sujeitaram a mulher, do sofrimento que lhe impuseram. Não sou culpado do anacronismo das leis, do carácter misógino da tradição judaico-cristã, dos preconceitos do clero e da violência das leis que a discriminaram.

Não defendo os conteúdos misóginos da Tora, da Bíblia ou do Corão que legitimam a violência de que são vítimas e as penas a que são sujeitas, sem esquecer a lapidação e as vergastadas públicas a que o fascismo islâmico ainda submete as mulheres.

Nos primórdios da humanidade a força física foi determinante, a divisão do trabalho e a apropriação dos incipientes meios de produção conferiram ao homem a supremacia que o tempo se encarregaria de perpetuar e os homens de defender.

É impensável que a modernidade tenha sido tão lenta no reconhecimento da igualdade, que os preconceitos permaneçam em homens ditos civilizados e a resignação seja aceite por mulheres que sempre foram vítimas da exploração e da violência.

Não aprecio dias internacionais, celebrações impostas pelo calendário, para condenar atitudes que envergonham e permanecer o resto do ano conivente com a tradição.

Abro hoje uma exceção para recordar, não a Idade Média, mas a ditadura salazarista, os valores e princípios que envergonham o passado resgatado pelo Portugal de Abril.

Cito de memória algumas ignomínias de que a mulher foi vítima. Aqui ficam algumas proibições:

– Casamento das professoras do ensino primário, sem autorização superior e com a exigência ao futuro marido de provar que auferia rendimentos mais elevados;
– Administração de bens próprios após o casamento;
– Divórcio, para o casamento canónico (único caso que abrangia também o homem);
– Magistratura;
– Carreira diplomática;
– Saída para o estrangeiro, sem autorização do marido;
– Justificação de faltas a mães solteiras, por motivo de parto (função pública);
– Casamento para as enfermeiras (a proibição terminou ainda no salazarismo.

Doutros horrores, dos crimes de honra, das sevícias toleradas dentro do matrimónio, das violações, agressões físicas e reiteradas humilhações que, sobretudo, nos meios rurais e analfabetos eram constantes e impunes, permanece um rasto silencioso não erradicado. E já poucos se lembram do direito do marido a violar a correspondência da mulher.

Hoje, da opacidade das burkas salta a inteligência, o afeto e a criatividade, saem para o sortilégio do amor, soltam-se para a aventura da ciência e a criatividade das artes. Só as mulheres conseguem ser mães sem deixarem de ser tudo o que os homens podem.

6 thoughts on “DIA INTERNACIONAL DA MULHER”
  • Sinn-Klyss

    São 03:45 da matina no Brasil, não me sinto “nervoso” por às vezes iniciar a labuta tão cedo, e não saio a enxovalhar as pessoas com xingamentos por ter ficado umas horinhas no batente (fico “fulo” sim quando tiram de nós o direito do labor). Ontem cheguei pra um gerente, legal o cara, e disse: “Ôh! Amanhã é o dia das mulheres, vamos dar aí umas flores pra elas!

    Simpáticas sempre, fecharam a cara porque os “seguranças” agora no Brasil impedem que as mulheres conversem com homens (a não ser quando as usam até como piriguetes no aliciamento para encher igrejas evangélicas).

    Isto são só algumas observações do estado já semi-morto que está o Brasil.

    Mas indico aí, em ótimo dia, para que as mulheres leiam um texto valorizadíssimo na Internet que é A Importância da Femina (sic — Google it) .

    http://sinn-klyss.blogspot.com.br/2012/12/a-importancia-da-femina-e-femina-que.html

    Uma observação conclusiva muito importante, que tive por agora, por isso até comecei o dia mais cedo, é sobre a não-crença e a Fé.

    Considero dispensável o termo “ateísmo” mas vou usá-lo aqui para designar uma opção de vida sem-crenças.

    A aristocracia que tutela o imaginário dos países, ou quase todos ( não sei se os esquimós seriam uma nação — embora já estejam os evangélicos se atirando em cima deles por lá) conta com um consenso de Fé adereçado como crença e imposto como “religião”; MAS o que até a ICAR se despercebeu, é que o Ateísmo é essencial, necessário, para se antepor à especulação individual ou social da Fé.

    Vou recolocar: A não-crença é útil como posição psicológica ante a especulação com adereços de Fé.

    O que não é útil é a multiplicação de alçapões, ou armadilhas de “doutrinamento” como as facções evangélicas ou islâmicas que destroçam a Sociedade. Se um país tivesse uma Fé a contento e o ateísmo, as coisas seriam, ficariam, menos conturbadas, teríamos menos conflitos. Por que o ateu, ou sem-crença, não tá nem aí se uma pessoa fica quietinha especulando sobre si e sobre a vida com seus anseios; como também (por experiência de vida), o católico (que vai ou não à igreja) também pouco liga se você ou outro tá vendo-o andando com um amuleto na mão (de fato, até gosta da sua atenção à mania dele).

    Essas coisa naturais é que desandou na Sociedade. A ICAR se despercebendo disso abriu brechas pra enchurrada de patifarias que a assolou, principalmente porque seus integrantes passaram a ter um cacoete não condizente com a civilidade, que foi a assimilação corrosiva e repulsiva do formato evangélico (com psicopatismo do “controle” absoluto de todos).

    Existe uma lei simples na Natureza: Um ambiente vive e resiste bem se é bem coadunado.

    E uma lição: Os princípios (até eles) se versionam, e por conseguinte os parâmetros mudam; por isso o aferrolhamento protestante-evangélico com o tingimento de Talibã Ocidental, com ganância por controle social, só nos trouxe a crise — uma onda de corrupção e desespêro civil — e partidos políticos insuportavelmente desonestos e sem brios alguns (até o PSC no Brasil – que supostamente seria católico – ficou e foi feito totalmente aliciado pela maquinação evangélica).

    Esse derrape no constitutivo de um povo, ou de povos, levou à balbúrdia política, à usurpações nefastas, muito daninhas, e assistimos o absurdo de governos multiplicarem duas coisas: igrejas com formato putrefacto de antros criminosos e democracias infectadas de um bolsão pútrido de partidos pulhíticos (no Brasil, que a ditadura nazi-evangélico-petista disfarçada de governosinho-de-araque tomou tudo de todos, a verba anual que repassam entre si equivale à construção de 6 Maracanãs — qual povo, qual economia, qual cidadão, suporta isso?).

    • Sinn-Klyss

      Fique bem claro: O constitutivo do ideário de um povo pode ter um consenso sobre Fé (e o governo pode aquiescê-lo) e o povo pode configurá-lo melhor com o tempo. Mas o disparate de, dentro de uma nação haver a ganância de estropiar o povo, o comércio, a educação, com o absolutismo da Fé, fazendo até que uma cria de uma religião coma o pé, a cabeça, e as vísceras de consensos anteriores para vomitá-los como um nazismo sobre o povo, isso não é cabível, e traz-nos ao estado lastimável em que estamos socialmente.

      Vamos nos referir ao que é a súmula dos Mandamentos. De cara o primeiro é o “fisgão” da Fé (como se dependesse desse ditame que o indivíduo assentisse aos outros), os outros, quase todos são de normatização civil que começa a partir do indivíduo, afora qualquer que tenha cunho temporal como apelo a um ou outro dia de uma semana, os outros são praxe de consenso; conquanto o que se refere a “adultério”, hoje, cabe muito mais à etiqueta de produtos fabris.

      Sabemos que a aristocracia que cuida do imaginário se deixou adoçar em excesso por uma rapa-peguesa-de-escória, de péssima qualidade instrutiva, e exacerbada em interesses descoligidos do primor contextual de vida querido por uma nação em sua inteireza.

      Seria satisfatório que a ICAR procedesse seu rumo apercebendo-se desses detalhes gritantes, pois estão às vistas da gente comum e não podem ser menosprezados pelos que estendem, ou procuram estender, a Vida.

      Como já disse: A ICAR tem um fato social prontinho, a ser constatado pelas pessoas, assim que for disponibilizado (e que deixará o engôdo-nazi-pulhítico-talibã-evangélico tingido de populismo em muito maus lençóis,em revelando-se sua faceta deplorável ); é um fato cultural desses dias em que corremos, principalmente ocorrido na década passada; e se ela lançar mão desse fato e expô-lo à Nação Brasileira, ou Portuguesa, ou outra, terá a partir de então uma simpatia muito apreciável pelas pessoas; donde até os ateus se postarão menos severos com o gume de suas razões não dispensáveis.

      Quisera que o Brasil consertasse sua vivência, livrando-se do roldão de mentiras em que foi metido. Há potencial por aqui.

  • stefano666

    Viva Alexandra Kollontai!! Grande feminista russa!! O legado dela é eterno !!!

  • Hona Gene

    Viva Hipácia! Viva Marie Curie! Viva nossas mães, as filhas, nossas irmãs, as netinhas, e nossas amigas, e as amigas de nossa amigas! Ôieeeeeeeeeeeh ..

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