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  • 17 de Fevereiro, 2013
  • Por David Ferreira
  • Ateísmo

DO ARGUMENTO COSMOLÓGICO KALAM

Segundo o muito debatido Argumento Cosmológico Kalam, tudo o que começa a existir tem uma causa. Se tudo o que começa a existir tem uma causa, então a natureza, a realidade concebida no formato que a evolução nos permite apreender, teve uma causa, causa essa que os crentes imputam ao arbítrio de um Deus conceptual.

Mas, se tudo o que começa a existir teve uma causa, como pode alguém filosofar sobre a natureza de um criador absoluto e omnipotente que se consegue teorizar e inferir racionalmente, rejeitando, no mesmo esgar de raciocínio, o conceito análogo e igualmente racional de um criador precedente e gerador deste, ad infinitum, e sem pressupor, ou aceitar sequer, que esse conceito posterior, sendo consequente do que o antecede, ao ser refutado, possa ser reputado filosoficamente como uma irracionalidade desarrazoada?

 

 

52 thoughts on “DO ARGUMENTO COSMOLÓGICO KALAM”
  • José Gonçalves Cravinho

    Pois eu que sou um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velho (quase 89anos),digo simplesmente que admito em meu pensamento que haja quem creia em Deus,mas não posso conceber a ideia de que haja quem se atreva a definir Deus,e pior um pouco,a dizer que êle quer que façamos assim ou assado nem creio no espertalhão do Moisés que disse ter recebido de Deus as Tábuas da Lei ou seja o s Dez Mandamentos dos biblico-judaico-cristãos,tal como mais tarde o espertalhão Maomé que imitando Moisés,disse ter recebido de Deus o Corão.
    Deus foi criado pelo Homem à sua imagem e semelhança e a respectiva Religião segundo os seus interêsses,para que em nome de Deus,os Poderosos possam manter os Povos em submissão e de joelhos.

  • Kalam

    Este texto é um exemplo notório de irracionalidade filosófica bem desarrazoada. Todo o acontecimento relativo tem que ter uma causa, mas o conceito de Deus pressupõe logicamente a origem absoluta de todas as causas, independentemente de se acreditar ou não em Deus. Se Deus tivesse uma causa anterior não seria Deus.Por isso, para Deus ser logicamente concebível como uma dimensão, não relativa, mas absoluta, não pode haver causa anterior a Deus.

    • David Ferreira

      É exatamente por isso que Deus não pode ser logicamente concebível. E é precisamente por isso que o argumento cosmológico não pode ser apresentado como uma justificação para a existência de Deus. E é por ser um argumento tão desarrazoado que só a irracionalidade da fé se permite a arrogância de fundamentar.

      Aqui o Kalam consegue conceber um Deus logicamente concebível numa dimensão não relativa, mas absoluta. Como é que um ser que evoluiu para apreender uma dimensão relativa pode sequer conceber uma dimensão absoluta?

      A fé é realmente a mais irracional convicção humana.

      • Kalam

        Quanto a irracionalidades, reafirmo a minha posição: o seu texto é bem demonstrativo de como a irracionalidade humana não conhece fronteiras ideológicas e como traduz uma clara falta de lógica intrínseca da sua argumentação. Quando se concebe a existência de Deus como origem de todas as causas, essa concepção pressupõe a dimensão do Absoluto. Ora, assim sendo, traduz um erro lógico grosseiro pressupor que o Absoluto possa ser explicado por uma causa anterior. É o erro elementar em que você incorre no seu texto. Pode acreditar-se ou não em Deus. O que não se pode logicamente é equacionar a possibilidade ontológica de Deus ser explicado por uma causa anterior, pois, se o fosse, já não seria Deus. Ora, no plano da estrita lógica proposicional, as suas objecções não fazem o menor sentido, são uma verdadeiro desarrazoado filosófico e traduzindo uma total falta de tino.

        • Perguntador

          Mas, ó António Fernando: como é que tu concebes “o absoluto”? O absoluto é passível de concepções? Se sim, não é absoluto; se não, não pode ser passível de conceitos. Então, onde é que entra o teu “conceito de deus”?
          Ou estamos, apenas, na situação de contradizer porque é essa a tua missão?

          • Kalam

            Se os seres humanos não tivessem capacidade de conceber o Absoluto não acreditariam em Deus. Mas a verdade é que a grande maioria dos seres humanos acredita em Deus como a Causa Originária, só os ateus é que acreditam que um relógio encontrado numa praia deserta se fez a si próprio, sem o respectivo Relojoeiro. Essa é, portanto, a mais irracional das crenças: a ateísta.

          • David Ferreira

            Os seres humanos que acreditam em Deus só o fazem porque para tal foram condicionados culturalmente na infância, ou porque resolveram permitir, a dada altura, que a emoção vencesse a razão.
            Aconselho-o a ler o Relojoeiro Cego de Richard Dawkins. Ficaria um pouco mais elucidado para não dizer asneiras. Esse argumento já está tão batido que nem argumento se pode chamar.
            O Ateísmo NÃO É UMA CRENÇA. É dificil perceber isto? E vem você falar de lógica e de razão e de filosofia?

          • Kalam

            O Dawkins ? Aquele tolo que diz que nós fomos criados pelos extraterrestres ? É portanto muito natural que ele pense que um relógio perdido numa praia deserta é o resultado de uma circunstancial arranjo das suas partes constituintes e que não seja a criação de um relojoeiro. E é muito natural também que você o eleja como seu inspirador. Acho que vocês os dois, em termos de irracionalidade de pensamento, estão muito bem um para o outro. Claro que o ateísmo é apenas uma expressão de uma crença metafísica materialista, completamente arrazoada. Vocês,os ateus, acreditam que a matéria deu origem à vida biológica, mas não conseguem explicar empiricamente como é que essa suposta passagem ocorreu. O Benjamim Franklim é que vos deu a maior das lições:” Achar que o mundo não tem um criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o mesmo que o resultado de uma explosão numa tipografia”. Vocês são uns crentes muito esquisitos e irracionais.

          • David Ferreira

            Você para tem uma apetência para distorcer factos, vou-lhe contar…

            Dawkins deu uma ideia, que pode não ser tão descabida assim. O que é certo é que não sabemos ainda como surgiu concretamente a vida biológica. Como tal não fazemos afirmações absolutas. Apenas refutamos as que não fazem sentido. Mas leia o livro, verá como ele explica muito bem como surgem os relógios. Se não gosta, tem outros autores que abordam o tema, é só escolher.

            Deixe lá o Benjamin em paz. A crença de uma pessoa reveste-se de inutilidade perante o valor da sua obra.

          • Kalam

            Ai sim, eu tenho uma apetência para distorcer factos ? Mas onde estão as razões concretas dessa acusação? Ficaram mais uma vez no tinteiro?

            Dawkins deu uma ideia que pode não ser tão descabida assim? Mas por que é a ideia de os extraterrestres terem criado vida na terra não é descabida? Só porque sim ? Só porque veio do Dawkins? Mas que bases concretas suportam essa ideia do Dawkins? Onde estão os indícios, as pistas que apontassem para essa hipótese? O Dawkins anda cada vez mais divertido, coitado do Darwin.

            Afinal o Dawkins agora deu-lhe para ser criacionista e você dá-lhe abrigo.

            Dawkins e David Ferreira, os Criacionistas. Só que, no vosso caso, os Criadores foram os Extraterrestres. Um Design Inteligente Extraterrestre ?

            Quanto aos relógios e ao Relojoeiro, já percebi que o Dawkins entende que os relógios fazem-se a eles próprios por mero acaso, não é preciso Relojoeiro para nada.

            É esta a vossa crença ateísta? É esta a vossa concepção de racionalidade?

          • David Ferreira

            “Ai sim, eu tenho uma apetência para distorcer factos ? Mas onde estão as razões concretas dessa acusação? Ficaram mais uma vez no tinteiro?”

            Aqui: “O Dawkins ? Aquele tolo que diz que nós fomos criados pelos extraterrestres ?”

            Dawkins não afirmou nada disso. Fez uma suposição, entre o que poderiam ser inúmeras suposições. Já aqui lhe tinha sido explicado isso, mas você recusa-se a admitir o erro e continua a interpretar as coisas conforme lhe dá na veneta e sempre procurando atribuir-se razão.

            O que é que a suposição extraterrestre tem a ver com criacionismo? Quando se fala no aspecto extraterrestre da origem da matéria orgânica não se está a atribuir a causa a uma “plantação” genética por entidades inteligentes. Pode ter chegado à terra por acaso.

            Você, quando lhe interessa, é como um buraco negro na forma como deforma as ideias das pessoas.

          • Kalam

            Você mais uma vez não acertou. É verdade que o Dawkins afirmou admitir o Criacionismo e o Design Inteligente…desde que fosse pelos extraterrestres. Portanto, Dawkins é adepto do Design Inteligente de inteligências superiores. Já faltou mais para vir defender o Design Inteligente da Inteligência Suprema.

            O Dawkins afirmou exactamente isso que eu estou a dizer, não aquilo que você sustenta.Eu não tenho por hábito falar sem conhecimento de causa e mais uma vez vou-lhe mostrar que é você quem levianamente está a tentar deformar o que o Dawkins exactamente disse.

            Pode conferir isso no vídeo que seguidamente cito, a partir dos 4m:

            http://www.youtube.com/watch?v=RTMr6GSYlCo

          • David Ferreira

            Bertrand Russell and Design:

            “Really I am not much impressed with the people who say: “Look at me: I am such a splendid product that there must have been design in the universe.” I am not very much impressed by the splendor of those people. Moreover, if you accept the ordinary laws of science, you have to suppose that human life and life in general on this planet will die out in due course: it is merely a flash in the pan; it is a stage in the decay of the solar system; at a certain stage of decay you get the sort of conditions and temperature and so forth which are suitable to protoplasm, and there is life for a short time in the life of the whole solar system. You see in the moon the sort of thing to which the earth is tending — something dead, cold, and lifeless”.

        • Kalam

          “É exatamente por isso que Deus não pode ser logicamente concebível”

          David Ferreira

          Não é exactamente por isso, não. Deus só seria logicamente inconcebível como Causa Relativa. Mas Deus é apenas concebível como Causa Absoluta. Assim sendo, no plano lógico, pode perfeitamente conceber-se Deus como Causa Absoluta e essa concepção em nada é incompatível com o facto de todas as outras causas, para além dessa Causa Absoluta, serem causas secundárias e relativas.

          Você mostra desconhecer as regras elementares do raciocínio lógico.

          No plano da lógica proposicional são falaciosas as proposições autocontraditórias, como, por exemplo, admitir a existência de um quadrado circular ou de um triângulo com quatro lados.

          Mas admitir a existência de Deus, enquanto Causa Absoluta, em nada é incompatível com o facto de todas as outras causas serem secundárias.

          Incompatível é admitir que uma Causa Absoluta tenha que ficar dependente de outra anterior Causa Relativa.

          • David Ferreira

            “Você mostra desconhecer as regras elementares do raciocínio lógico” – as regras elementares do raciocínio lógico, ou a sua lógica de raciocínio?

            “são falaciosas as proposições autocontraditórias” – nem sempre. Mas o que é o argumento cosmológico senão uma proposição contraditória? Falacioso é o seu malabarismo de palavras constante, pretendendo anular tudo aquilo que o cantradiz, num permanente egocentrismo ideológico. E para falácias, você representa aqui muito bem a sempre fácil Falácia do Espantalho.

            Imcompatível é admitir que uma causa absoluta se socorra de causas relativas para para que o conceito de absoluto lhe possa ser atribuido.

          • Kalam

            Por que é que as proposições autocontraditórias não são sempre falaciosas em sua opinião ? Você concebe um quadrado circular ou um triângulo com quatro lados ?

            Eu sou malabarista por pôr em causa os seus tão fracos argumentos? O que é queria ? Que eu enaltecesse a fragilidade da sua forma de raciocinar? Você anda muito mal habituado.

            “Incompatível é admitir que uma causa absoluta se socorra de causas relativas para que o conceito de absoluto lhe possa ser atribuído” é uma daquelas frases que não diz nada.

            Porque a questão lógica em debate é muito fácil de resolver:

            a) Admitir que podem haver quadrados circulares ou triângulos com quatro lados é logicamente inconcebível e autocontraditório;

            b) Admitir que uma Causa Absoluta seja a Origem de todas as posteriores causas relativas em nada belisca os princípios da lógica proposicional.Essa asserção só seria ilógica se só fossem concebíveis causas relativas. E é aí que você perde este debate, dado que uma Causa Absoluta pode logicamente coexistir com outras causas relativas. Ou seja, o próprio princípio da causalidade não afasta a possibilidade da Causa das causas.

          • David Ferreira

            Você não leu bem o post, pois não? Onde é que está a proposição contraditória? Eu deixo a pergunta no ar. Básicamente o que quero dizer é: como se pode, de acordo com o argumento cosmológico, tirar a conclusão de que tudo o que existe tem uma causa, atribuindo essa causa a Deus, e não colocar também a possibilidade de Deus ter sido causado? É claro que quando se coloca a proposição do absoluto, um conceito demasiado abstrato, tudo esbate contra uma parede filosófica para além da qual nada se pode racionalizar. Agora a questão que se coloca é bastante simples: essa proposição de absoluto está muito além da nossa capacidade de entendimento e não é mais do que um conceito, uma ideia, uma conjetura e uma barreira que se coloca ao próprio entendimento. É desta forma que os teólogos pretendem justificar aquilo que nem conseguem explicar e que nem tem explicação possível. O conceito de absoluto não é mais que um escudo imaterial com que o proselitismo religioso pretende defender a sua causa.
            O princípio da causalidade não afasta a possibilidade da causa das causas, mas também a prova.

          • Kalam

            Não, não pode pegar-se no argumento cosmológico para se supor que Deus também pudesse ter sido causado. Isso não faz o menor sentido, segundo as leis da lógica. Se Deus é Deus não pode ter sido causado por outra Causa, isso é óbvio. O conceito de Deus pressupõe que é Causa Primeira, tal como um quadrado pressupõe que não possa ser circular, ou um triângulo implica que não possa ser quadrilátero, ou a luz emitida por uma vela pressupõe que esta não possa estar não acesa. São conceitos de lógica elementar, que você demonstra uma extrema dificuldade de captar.

          • David Ferreira

            “Não, não pode pegar-se no argumento cosmológico para se supor que Deus também pudesse ter sido causado.” – Ainda bem que concorda. Vá agora dizer isso aos que dizem que sim.

            “Se Deus é Deus não pode ter sido causado por outra Causa, isso é óbvio.” – Porquê? Como pode afirmar tal proposição e baseado em quê? Na fé? E quem lhe garante que não possam existir mais deuses? Ou apenas a sua fé cristã é que é válida?

            “O conceito de Deus pressupõe que é Causa Primeira, tal como um quadrado pressupõe que não possa ser circular, ou um triângulo implica que não possa ser quadrilátero…” – Qual conceito? O seu? Num conceito de absoluto tudo é possível. E como é que se chega a esse raciocínio de uma causa primeira? Apenas por fé ou porque sim? Filosofar ou sonhar podem levar-nos a qualquer conceito. Mas serão esses conceitos todos válidos? Como se valida algo que não se conhece? Apenas pela suposição? Apenas pela matemática falível da lógica? Não me parece.
            Você chama Deus a algo que nem você consegue compreender. Mas até não deixa de ter razão. Deus é o conceito que você quiser. Porque é apenas um conceito. Outros conceberão um conceito de uma origem extraterrestre, por exemplo. Quem lhe diz que a matéria orgânica não chegou à terra cavalgando um meteorito perdido? Quem lhe diz que, um dia, nós proprios não teremos a capacidade de enviar matéria orgânica para um planeta com características semelhantes ao nosso, dando início a uma nova etapa de evolução biológica a qual apenas a espaços teremos possibilidade de controlar? Quem lhe garante que o Universo não se expande e se retrai constantemente renovando-se a cada movimento natural? Porque é que uma causa primeira produziria um mundo numa dimensão completamente oposta e porque faria um Universo tão enorme apenas para proveito de uma espécie que, e apenas por acaso, acabou por evoluir de uma forma inteligente? E se um meteorito não tivesse exterminado os dinossauros, como seria a vida hoje em dia no planeta? E se Deus pretendia criar uma espécie específica com inteligência para o reconhecer, porque não criá-la de raíz? Porque deixou essa vida ter-se criado ao acaso? Porque o que somos hoje é fruto do acaso, podiamos ser algo completamente diferente. O que interessa se ainda não se descobriram e, porventura nunca se virão a descobrir, todas as explicações científicas que respondam a tudo? Pelo menos vai-se trabalhando nesse sentido, não se assumem pressupostos filosóficos e sentimentais que não explicam nada.
            Realmente tenho dificuldade em acompanhar a sua lógica elementar. A dimensão em que você vive não coincide com aquela em que eu chafurdo.

          • Kalam

            O conceito de Deus como Causa Primeira não admite muitas divagações. Causa Primeira é Causa Primeira.

            Quem me diz que os primeiros organismos não chegaram à Terra num meteorito ? Ninguém me diz,mas a questão não é essa. É o facto de o Dawkins se ter transformado subitamente num criacionista e adepto do design inteligente, só que de proveniência extraterrestre. O que Dawkins coloca como hipótese, segundo ele plausível, é que o Criacionismo e o Design Inteligente deve ser considerado, desde que os Criadores sejam os extraterrestres. Portanto já faltou muito mais para o Dawkins se transformar num adepto da Criação por parte de Deus.

            Quanto ao facto de poder haver um bilião de big bangs, mais uma vez esse eventual ciclo de acontecimentos cósmicos em nada contraria a hipótese de a Criação ter surgido a partir de uma Causa Primeira.

            Se a vida surgiu do acaso, isso é você que o diz. O acaso é uma espécie de albergue espanhol, que dá para tudo, mas não explica nada.

            Se Deus, a existir, permitiu que a vida evoluísse, isso só significa que a lei da vida é a Evolução, não nos conferiu nada por terminado.

            A mim, parece-me uma hipótese muito sábia de Deus.

          • David Ferreira

            Poderá uma entidade absoluta ter sapiência? A sapiência é uma caraterística humana que não é mais que uma versão sofisticada e evoluida de todas as particularidades desenvolvidas que nos permitem a sobrevivência.

          • Kalam

            É óbvio que uma entidade absoluta terá necessariamente sapiência. A sapiência é uma característica dos seres sapientes, não de todos os humanos.

          • David Ferreira

            Você ou é demasiado sapiente ou não é humano. Querem ver que temos aqui um descendente da sapiência extraterrestre?

          • Kalam

            Essa disjuntiva é um bocado excessiva. Não mereço tanto.Basta-me a minha condição humana. Você é que se deve rever na descendência dos extraterrestres, tal como o seu ideólogo Richard Dawkins.

          • David Ferreira

            Mas o que está aqui em causa é a validade do argumento cosmológico. Dele não se pode concluir que a causa do Universo foi Deus.

            A premissa de Lavoisier faz muito mais sentido de acordo com o conhecimento que possuimos e nela não existem nem podem existir absolutos: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”.

          • Kalam

            A premissa de Lavoisier diz exclusivamente respeito aos acontecimentos relativos da Natureza, nada diz quanto à hipótese de, na sua Origem, ter havido uma Causa Primeira.

          • David Ferreira

            Aqui você argumenta bem. Nada diz quanto à hipótese de ter havido uma primeira causa. E muito menos que essa causa fosse uma entidade absoluta. O que é certo é que não sabemos se houve uma primeira causa ou se, muito simplesmente, os acontecimentos relativos da natureza apenas se transformam e se reciclam. E refiro-me à Natureza como tudo o que conhecemos que existe, ou seja, tudo o que compõe o Universo.

          • Kalam

            O Lavoisier não se meteu por atalhos da Causa Primeira, é verdade, mas a hipótese da Causa Primeira em nada colide com a lei de Lavoisier. Se, na Natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, é premissa que se aplica à matéria, a partir do momento em que ela existiu. Ou seja, às causas relativas do domínio material. O que não obsta logicamente à existência de uma Causa Primeira como origem de todo o mundo material. Aliás, aqui você também argumenta bem:

            “O que é certo é que não sabemos se houve uma primeira causa ou se, muito simplesmente, os acontecimentos relativos da natureza apenas se transformam e se reciclam”

            Duas hipóteses em aberto. Eu acredito mais na da Causa Primeira.

          • David Ferreira

            Se nós não conseguimos apreender o suposto mundo imaterial, como é que se podem fazer assunções sobre ele?
            Você diz que acredita na Causa Primeira e eu não tenho nada contra isso. Agora só gostava de perceber o que é que o leva a acreditar nesse pressuposto.

          • Kalam

            Você também não consegue apreender o ” mundo material”. Leia um pouco de física quântica para perceber que isso do ” material” conflui para o imaterial, ao nível subatómico das partículas. Aquilo que você chama ” material” decompõe-se em ” energia” e esta em estruturas cada vez menos materiais.

          • David Ferreira

            O ser humano não evoluiu para apreender o nível atómico e subatómico. A sua proposta não é correta nem explica nada.

          • Kalam

            O ser humano não evoluiu para apreender o nível atómico e subatómico? lol…

            Coitados dos físicos quânticos…lol…

          • David Ferreira

            Você percebeu bem o que eu quis dizer.

          • Kalam

            Exacto, percebi, e teve muita piada você dizer que ” o ser humano não evoluiu para apreender o nível atómico e subatómico”.

          • David Ferreira

            A não ser que você seja um caso muito especial… Nunca se sabe. No mundo da crença tudo é possível.
            Quando conseguir definir o seu Deus quântico, apite.

          • Kalam

            Eu não sou especial, você sim. De uma assentada põe em causa todos os físicos quânticos que se dedicam a tentar apreender os níveis atómicos e subatómicos.É obra…

          • David Ferreira

            Os físicos dedicam-se a estudar e a comprovar a mecânica quântica por intermédio de sofisticada maquinaria. Sem essa tecnologia não lhes seria possível “apreender” esses níveis.
            Quando se tenta armadilhar demasiado o terreno, perde-se a noção da localização das armadilhas.

        • David Ferreira

          “a irracionalidade humana não conhece fronteiras ideológicas” – onde está a ideologia na interpretação pessoal de um conceito ou de uma afirmação?

          “falta de lógica intrínseca da sua argumentação” – para si só uma afirmação que corrobore a sua crença tem lógica. Pois lamento muito mas para mim tudo o que envolve a sua crença não tem lógica nenhuma.

          “Quando se concebe a existência de Deus como origem de todas as causas, essa concepção pressupõe a dimensão do Absoluto” – Quem disse? Se esse absoluto existe e criou, então também existe em todas as coisas que não são absolutas. E como é que pode conceber o absoluto?

          “traduz um erro lógico grosseiro pressupor que o Absoluto possa ser explicado por uma causa anterior” – grosseiro é pressupor o absoluto sem evidências credíveis, nem que sejam ao nível filosófico-teórico.

          “no plano da estrita lógica proposicional, as suas objecções não fazem o menor sentido, são uma verdadeiro desarrazoado filosófico e traduzindo uma total falta de tino” – está-me a parecer que foi você que perdeu o tino, ou então anda a abusar do LSD. A sua suposta lógica proposicional levanta mais perguntas e não dá respostas nenhumas.
          O Deus absoluto que descreve, aquele que é tão absoluto que resolveu intervir a espaços para colocar ordem, ou desordem, na sua criação, apenas tem lógica para quem quer à força acreditar nele.
          O argumento cosmológico comete suicídio logo na afirmação inicial. O seu absoluto é apenas a manifestação da incapacidade de demonstrar alguma razoabilidade nas suas afirmações e nas suas crenças obstinadas.

  • Luis Almeida

    E porque é que ao absoluto ao causa primeira havemos de chama deus ? E pior ainda, porquê venerá-lo ? E porque cria religiões a patir do desconhecido ?

    • Kalam

      E por que será que, quando vemos um relógio, haveremos de pensar que foi criado por um relojoeiro? Por que não podemos antes pensar que as peças do relógio se uniram umas às outras por mero acaso? Para que é que precisamos de imaginar que um relógio teve um relojoeiro ?

      • David Ferreira

        Você pensa num relojoeiro cada vez que vê as horas? Claro que não. É um ato natural. E quem lhe garante que o relógio não foi feito por uma máquina? E essa máquina comandada por um computador. E esse computador concebido por um ou vários homens? De várias peças e diversos materiais… e por aí fora.
        Não distorça as questões do Luís Almeida. Elas são bem pertinentes.

        • Kalam

          Você tem a mania que nada do que aqui os ateus dizem pode ser contestado. Mas a mania há-de passar-lhe.

          Sim, quem me garante que um relógio não é o resultado meramente circunstancial de um conjunto de peças que se foram juntando por mero acaso, tal como o universo ? Não é essa a vossa lógica? Então por que se admiram que eu coloque aqui a questão de um relógio necessitar de um Relojoeiro ? Como é óbvio, as palavras ” relógio” e ” Relojoeiro” podem ser tomadas, simultâneamente, em sentido literal e metafórico. Quem diz ” relógio” pode dizer ” universo” e quem diz ” Relojoeiro” pode dizer Deus . Vocês é que imaginam que o Universo não precisou de Criador, mas é uma crença bem ridícula, ilógica e irracional. Seria o mesmo que alguém pensar que um relógio resultou da junção ocasional das suas diversas peças componentes e que o resultado foi um mecanismo a funcionar com a precisão de um relógio suiço. Agora já percebeu o disparate da vossa crença ateísta ou precisa de mais exemplos similares, como aquele de Benjamim Franklim, segundo o qual admitir que o Universo não teve Criador é tão caricato como pensar que uma enciclopédia é o resultado acidental de uma explosão numa tipografia ?

          • Luis Inácio

            Ninguém lhe garante que o “relógio” foi criado pela junção das várias peças aleatóriamente, e também ninguém lhe irá garantir o contrário. O que voçê ainda não percebeu é que o ónus da prova da existência de um “relojoeiro” cabe a quem declara a sua existência. E até hoje, nada. Ainda assim, e seguindo a sua lógica, a questão continua por responder, quem criou o “relojoeiro”? É aqui que a sua tão proclamada lógica cai por terra, de modo a validar o seu argumento voçê necessita de criar uma excepção para o seu “relojoeiro”! Tudo o resto teve um criador excepto o próprio criador.

          • Carlos Augusto

            Nem com as metáforas se safa, meu caro. Porque um relógio, que você compara, metaforicamente, ao universo, tem uma razão para existir. Qual a razão para a existência do universo?

          • David Ferreira

            Eu só tenho “manias” quando você insiste em fugir às grandes questões que são colocadas, tais como- “E porque é que ao absoluto ao causa primeira havemos de chama deus ? E pior ainda, porquê venerá-lo ? E porque cria religiões a patir do desconhecido ?” – e resolve tapar o Sol com a peneira socorrendo-se de argumentos que não explicam e não justificam nada, para além de estarem já batidos e desatualizados.

            Entretenha-se com esta contra-argumentação, para ver se percebe de uma vez as falácias em que incorre sobre as afirmações de dawkins:

            “Even if we grant all the false premises, it does not follow that that god is the one the apologist has in mind, or even that there is only one god involved. It could just as likely be the Flying Spaghetti Monster, purple space pixies, Santa Claus, or invisible pink unicorns, as it could be Yahweh.

            During an interview conducted under false pretenses for the creationist propaganda film Expelled, Ben Stein posed Richard Dawkins with a leading hypothetical question as to what Dawkins thinks about “the possibility that Intelligent Design might turn out to be the answer to some issues in genetics or in Darwinian evolution.”

            Richard Dawkins in Expelled:

            “Well, it could come about in the following way. It could be that at some earlier time, somewhere in the universe, a civilization evolved, probably by some kind of Darwinian means, probably to a very high level of technology, and designed a form of life that they seeded onto perhaps this planet. Um, now that is a possibility, and an intriguing possibility. And I suppose it’s possible that you might find evidence for that if you look at the details of biochemistry, molecular biology, you might find a signature of some sort of designer.”

            This is the point were Stein attempts to use “creative editing” by pausing in the middle of the interview to call “Shock! Horror! Richard Dawkins accepts intelligent design!”

            “And that Designer could well be a higher intelligence from elsewhere in the universe. But that higher intelligence would itself have had to have come about by some explicable, or ultimately explicable process. It couldn’t have just jumped into existence spontaneously. That’s the point.”

            Stein then continues with the tirade that “Richard Dawkins believes in space aliens.” and that “He doesn’t have a problem with intelligent design, just when the designer is called ‘God’.” Not withstanding Dawkins response was a hypothetical based on the premise that we actually had some evidence of design, Stein didn’t actually bother to address the issue that an argument for intelligent design supports space aliens just as well as his God, and without breaking any of the known laws of physics to boot.”

        • Pitonisa

          Ó-Ó-Ó Vidinho, sinceramente;
          juro-lhe pela minha virgindade, o menino deixa-me siderada, valha-me Zeus! E
          pela negativa, o que é pior. Então, eu, que me fartei de gastar grego (há quem
          gaste latim, mas eu prefiro o grego, como compreenderá) a gabar-lhe as capacidades
          intelectuais, e o menino dá-me desgosto tamanho? Onde é que está aquela
          capacidade cognitiva que eu tanto encomiei?

          Vamos lá a ver se nos entendemos:
          o António Fernando, sim, porque o “Kalam” não é mais, nem menos, que o António
          Fernando armado em “travesti”, assim tipo rabo escondido com o gato de fora,
          tem estado, desde o princípio, a explicar-lhe, como se o Vidinho fosse o Ícaro
          Cristão, como foi que os homens inventaram os deuses. Mais tarde, reuniram toda
          aquela catrefada e juntaram numa espécie de “tudo em um”. E o menino não
          percebeu????? Olhe, rico, eu não acredito, juro por Zeus. Então, aquela
          maravilhosa alegoria do relógio, nem essa o menino atingiu? É do mais simples
          que há: se o relógio fosse encontrado numa para ali na Plaka de Atenas, toda a
          gente achava que o seu construtor tinha sido um relojoeiro; mas se fosse
          encontrado numa qualquer selva onde o mundo ainda não chegou, o mais certo era
          os autóctones/aborígenes decidissem que tinha sido um deus qualquer a criar
          aquilo. Percebeu agora? É isso que o Nandinho da minha afeição tem estado a
          tentar explicar, e o menino… népia. Olhe, rico, veja o filme “Os Deuses Devem
          Estar Loucos”. Procure-o na net, que deve por lá andar. Depois, diga-me alguma
          coisa.

          O Nandinho é que sabe! Até criou
          um deus privativo, coisa que nenhum ateu conseguiu.

          Pelo menos, até agora.

          Sua

          Pitonisa

          • David Ferreira

            A garrafa de Coca-Cola que cai do céu no deserto australiano já serviria de prova suficiente da tendência natural que os deuses teem para poluir o ambiente.

            Ao Kalam aconselharia o 2001: Odisseia no Espaço, do Kubrick.

  • Luis Almeida

    Nada é inocente e muito menos as religiões. Tudo serve um propósito. Não conheço nenhuma ( nem mesmo o budismo que não se considera religião e sim filosofia ) que não tivesse do lado das classes dominantes contra as dominadas. Em qualquer latitude ou época…

    • Kalam

      A mim parece-me que, no tempo dos imperadores romanos, aqueles que foram deitados às feras foram os cristãos, não os romanos. E que as classes dominantes estavam do lado do Império Romano, não dos cristãos.

      • Kalim

        E quem morreu às mãos da I(inquisição, não foram os cristãos, foram “os outros”.

    • José Gonçalves

      A Ruth,em vez de usar o raciocínio e argumentação baseada na lógica da Razão contra o meu comentário,afinal limita-se a ofender-me

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