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  • 18 de Janeiro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • AAP

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

História breve de uma longa espera antes de entrar em direto na TV

Chamaram-me de urgência quando almoçava com uns amigos. O padre Borga estava atrasado e ia entrar eu, antes da hora prevista, para preencher a falta. Deus não dorme. Ele chegou primeiro e teve todo o tempo que os tementes merecem. Cruzei-me com ele quando ia entrar na maquilhagem. Antecipou-se e eu fiquei a ver desfilar os «colegas» do “Portugal no Coração”.

Enquanto aguardei os minutos destinados ao réprobo ainda passaram por mim a D. Lili Caneças, a Aura Miguel, certamente com calos nos joelhos, a Alexandra Solnado e a sua assessora privativa, enfim, muitos figurantes e figurões que conheciam os cantos à casa e logo desciam para o estúdio.

Mantive-me na sala que me destinaram, dentro de um fatinho completo, com gravata, a disfarçar o ar pelintra de quem é convidado por favor e pouco apreciado. Eis que chegou uma jovem escassamente vestida, a contrariar o pedido que a Irmã Lúcia fez a Marcelo Caetano para que proibisse a minissaia.

– Sou a Ruth Marlene e estas são as minhas meninas, este é o meu «brother», a acentuar  a vocação poliglota, e aquele é… confesso, não fixei o nome. Oscularam-me em fila, elas, e eles apertaram-me a mão. Abençoadas raparigas cujos corpos são um regalo para a vista e, quiçá, para o tato.

Naquele ar saturado de incenso, num espaço com odor a sacristia, brilharam os corpos de jovens desinibidas cujo pecado é bem mais sagrado do que o dos tartufos e beatos que vendem a fé a retalho e promovem a superstição por atacado.

A partir de hoje prefiro qualquer Ruth Marlene a todos os Borgas, Caneças e Auras que levam deus ao domicílio e a ignorância em ondas hertzianas aos confins de Portugal.

Ámen!

10 thoughts on “Associação Ateísta Portuguesa (AAP)”
  • Bruno Santos

    Porra não pude ver, alguém sabe se esta online?

  • Justiceiro

    Ámen irmão!

  • David Ferreira

    O Carlos Esperança merece aqui um aplauso por ter representado com dignidade os ateus de Portugal. Apesar das constantes interrupções do célebre Testemunha de Jeová e da não menos célebre maluquinha das energias em êxtase permanente, do pouco que lhe foi permitido falar, fê-lo com a confiança e o lustre que só a racionalidade pode conferir e a alucinação desvirtuar.

    Debater assuntos sérios ao lado de alguém que possui a cura do cancro e a oculta em livros herméticamente fechados em embalagens plásticas do resto da humanidade, é uma tarefa que só anos de cultivo de uma mente sã conseguem suportar sem descambar para a ridicularização em direto da reencarnação de Jesus em forma de loira.
    Parabéns

    • Carlos Esperança

      Sinto-me desvanecido com o comentário e com o amável envio da gravação. Um abraço.

  • JoseMoreira

    O Carlos Esperança mostrou-se à altura de representar os ateus portugueses. Fê-lo com firmeza e serenidade e, sobretudo, com humildade e clareza. E foi aqui, na clareza, ou, talvez, na verificação dos pressupostos acima enumerados, que a Testemunha e Jeová começou a sentir medo: porque depois de apresentarem uma excepção à regra da misoginia (ela até anda de avião como papa), um padre que se convenceu de que há-de mudar o mundo e, o que é mais grave, o convenceram de que sabe cantar, uma ex-ateia que acha que fala com Deus e o pilantra do filho, só faltava, para compor o ramalhete, uma loira que, gabe-se-lhe o esforço, se desunha para justificar a sua inutilidade social. O que não é para qualquer um, embora haja demasiada gente igual, alguns até na política. Postas as coisas neste pé, e para dar um ar de democracia religiosa, passe o oxímoro, só faltava convidar um ateu, se possível um daqueles que, depois de preparado o ramalhete religioso, acabasse por dizer algo do género “Bem, eu não acredito em Deus, mas se vocês dizem que ele existe, e a Xanoca até fala com ele, quem sou eu para vos contrariar…”. Falharam! Surgiu-lhes um ateu que sabe o que diz.
    Mas gostei muito do cuidado que o Malato teve, “olhe que a Alexandra está quase a explodir…”. Ainda bem que avisou: se explodisse, só saía merda lá de dentro, de certeza. Mas tenhamos em conta que a rapariga precisa de ganhar a vida. E, para isso, nada como uma boa “religião”, com curas milagrosas à mistura.
    Parabéns, Carlos. Um abraço.

    • Carlos Esperança

      José Moreira:
      Valem-nos os amigos para amenizar a frustração que sentimos em combater com armas desiguais. Abraço.

  • Ruth

    Cá por mim não fiquei convencida que a espertalhona da Alexandra Solnado tenha deixado de ser ateia.O negócio dela é demasiado materialista para ter algo que ver com espiritualidade.

  • Milba

    A “nova lei” de cabresto para curral já está valendo (os comentários em sites e blogs estão sendo boicotados, direto, nas mídias então nem têm mais caixa).

    Nazi-teo-pulhítica:

    Dias atrás o Ministério Público do Rio de Janeiro viu a mais “pura” flor da pulhítica sentar-se espojado a rir-se na “sua” representatividade em cima do povo; e lá em Brasília toda a nação brasileira viu o pulhítico CONDENADO ser premiado como DEPUTADO.

    Os pulhíticos não mais nos representam. Eles formataram um curral para fazerem uso e abuso de tudo na Sociedade, até nossas próprias vidas e liberdade (pois o dinheiro já é todo para eles).

    estado-do-rio-cria-lei-dos-bons-costumes

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