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As religiões, o maniqueísmo e os partidos políticos

A origem persa do maniqueísmo e a sua teorização em aramaico pelo próprio Maniqueu acabou por ser inerente aos três monoteísmos, para quem um defeito nunca vem só. Foi seu admirador Agostinho de Hipona, conhecido pelo epíteto de Santo Agostinho, que o difundiu vigorosamente, embora, mais tarde, tenha vindo a combatê-lo.

Para cada religião só há um deus verdadeiro – o seu –, sendo falsos todos os outros. Por isso, em boa verdade, todos somos ateus, limitando-se, quem se reivindica ateu, a negar apenas mais um e a considerar falsa uma religião mais do que o mais inexorável beato.

As religiões monoteístas têm ainda uma outra tara – o proselitismo –, exceto o judaísmo que, sendo isenta dessa, guardou para si outra: considera-se a detentora de um registo da Conservatória do Registo Predial Celeste (CRPC), que lhe garante a posse da Palestina com a assinatura do conservador Jeová sob o selo branco da estrela de David.

O judaísmo, o cristianismo e o islamismo, este numa fase de exacerbamento fascista, à medida que o falhanço da civilização árabe se agrava, influenciam largamente a política global e transmitem aos partidos políticos o carácter maniqueísta que divide e subverte objetivos que deviam ser comuns.

Na religião, o dissidente é herege e na política é um traidor. Um convertido é venerado numa e noutra e, na religião, facilmente se torna santo. Hereges, renegados e traidores são os que pagavam com a vida a obstinação de serem livres-pensadores. O iluminismo e a Revolução Francesa vieram abalar os alicerces do dualismo maniqueísta e, por isso, devemos-lhes mais do que a todas as religiões juntas. Vale mais uma página de Voltaire do que todo o Pentateuco.

O pluralismo, a rotatividade política e o direito de nos arrependermos do voto errado, e de o corrigirmos pacificamente, são conquistas recentes na história da humanidade. O direito divino era um castigo demasiado cruel para que os homens livres o aceitassem. Preferiram trocá-lo pela vontade popular expressa no sufrágio universal e secreto.

É altura de nos emanciparmos politicamente e deixar para a fé os interditos, os ódios e o proselitismo que são apanágio das religiões. A política precisa da diversidade e exige de todos um esforço para evitar que a riqueza seja apropriada por uma única classe ou por um bando que assalte o poder.

Para isso não podemos ser maniqueístas. Não há verdades absolutas. A não ser para os crentes.

7 thoughts on “As religiões, o maniqueísmo e os partidos políticos”
  • André

    Não há verdades absolutas. A não ser para os crentes. E para os ateus ? Confiram aqui:

    “Compaixão de Cristo por seus carrascos; de Buda pelos maus.

    Esses exemplos nos esmagam? Por sua elevação, sem dúvida, mas é assim que a
    percebemos”

    André Comte- Sponville, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes

  • Hunig

    Corrija; Lavoisier é o nome (voltário é um plagiador como o aristótolo é outro plagiador).

    E quanto às câmeras, deixem que ponham-nas à vontade, pois elas transmitem tudo a quantos quiserem, são uma espátula de duas vias.

    Pitiquinhos num imenso malheiro podem condenar a incompetência à dissolvição.

    Melhor é andar descalço num chão livre da Natureza do que escravizado num mausoléu de corruptos, desonestos, soberbos, mentirosos, vis, sem-escrúpulos.

    Mas vale seres altaneiros em sua autenticidade e sentimentos do que farsantes que engolem-se uns aos outros.

  • joão lima

    Revolução Francesa?? hahahaha!!! Nao tinha maniqueismo…?? Milhares e milhares de franceses foram guilhotinados por serem “inimigos do povo”! Robespierre e outros “grandes revolucionarios” foram verdadeiros protótipos de Stalin…
    o sr. Carlos é um desonesto e hipócrita.
    o gênio Lavoisier foi guilhotinado. O “pecado” de Lavoisier: ser “nobre” !

    • Mateus

      Pois, a Revolução Francesa não foi mesmo nada maniqueísta. Os mandões da dita Revolução executaram-se uns aos outros e isso não foi nada de maniqueísmo. Aliás,o expoente da dita Revolução culminou com a auto-coroação de Napoleão como Imperador. Deve ter sido o primeiro monarca de uma república. Aquilo a que chamam Revolução Francesa teve tanto de grotesco, de surreal, de intolerância, de baixeza de comportamentos, que só mesmo o Carlos Esperança é que seria capaz de vir aqui debitar mais uma das suas habituais asneiras, elogiando essa autêntica loucura do desvario humano. É isto o ateísmo em Portugal ? Uma ridícula evocação de bacocos lugares comuns ?

  • provocador

    “As religiões monoteístas têm ainda uma outra tara – o proselitismo ”

    E que dizer do ateu Richard Dawkins, quando organizou um acampamento com crianças e adolescentes, entre os 8 e os 17 anos, para lhes tentar inculcar a ideia do ateísmo ao som da canção Imagine do John Lennon ? Qual seria a sua tara ?

    http://www.telegraph.co.uk/news/religion/5674934/Richard-Dawkins-launches-childrens-summer-camp-for-atheists.html

    • manny

      O teu grao de instruçao e conheçensa é comparavel com o seu?Grandes escritores Lusitanos assim que poétas,mesmo escritores Portugueses nascidos no estrangeiro,como musicos,doutores,cientistas,economistas de renome mundial sao ateus,vivem discrétamente nos seus paises em se declarando Portugueses!!Envias bolas para fora .O teu primeiro menistro socrates benziase nas inaoguraçoes com com o eclisiastico a receber uma porcentage,o relvas nao é melhor um outro tachista imundo.O teu amigo
      lima esquéce-se de mencionar as chacinas que os catolicos fiséram aos protestantes ,para a época quase comparàvel aos nazis hitlérianos.

  • manny

    Caro Carlos Esperança,existe vàrios indeviduos em que a realidade obestruise,com a sua recusa çéga!!Sao exactamente o que se passa com os islamistas que recusam aceitar que estao a ser maniaveis pelo poder instauràdo por um grupo que so o interése comta,nos vimos como a pide manejava as pessoas idosas para as suas manifestaçoes salasaristas e religiosas.

    Foi so assim que eles se pudéram manter ao poder:mais recentemente depois da independencia justa das antigas colonias, o paulo portas comprou 2 submarinos ,para fazer uns trocos devido à ingenuidade dos Portugueses.

    Complétamente inuteis,os fuseis téléguiados em dois tempos os destroiem,uma despesa enorme que Portugal podia bem se passer…mas a religiao ajuda a manter um mito ao qual se podiam se passar.

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