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  • 14 de Setembro, 2012
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

O agravamento da intolerância religiosa

Oriana Fallaci, escritora e célebre jornalista italiana, foi das poucas pessoas de esquerda que percebeu o perigo que a demência religiosa representa para os direitos e liberdades individuais. Pode dizer-se que quase roçou o racismo na denúncia vigorosa do fascismo islâmico nos dois últimos livros, «Raiva e Orgulho» e «A Força da Razão», tal a raiva e a força da denúncia, mas dificilmente se encontrará aí alguma falsidade.

A comunicação social dos países democráticos ignora o duelo, às vezes sangrento, que se trava em África entre o Islão e o cristianismo evangelista, apoiados respetivamente pela Arábia Saudita e pelas Igrejas evangelistas e os EUA. O genocídio ruandês de 1994 parece ter sido esquecido bem como as implicações religiosas, nomeadamente católicas, na carnificina.

Os atentados de há dois anos, contra os cristãos de Alexandria logo foram esquecidos apesar de serem uma das muitas reincidências (52) dos que desejam islamizar o Egipto. O problema voltou com a «primavera árabe». A Europa só se assusta quando a ameaça chega às suas cidades e, ainda, com tendência para invocar o multiculturalismo como atenuante das atrocidades de que é vítima. E só se forem cristãs as vítimas, como se a vida de um cristão valesse mais do que a de um muçulmano, ateu, budista ou judeu.

No Iraque, onde a horda de cristãos (Bush, Blair, Aznar e Barroso) semeou o caos, morreram milhares de xiitas que o ódio sectário dos sunitas se esforçou por liquidar na esperança de construírem o Estado islâmico sobre os escombros de um país desfeito. Os cristãos e judeus, cuja existência era garantida pelo estado laico de Saddam, desapareceram, mortos, emigrados ou convertidos à força.

A Europa, dilacerada por guerras religiosas, impôs a laicidade com a repressão política sobre o clero e, através da Paz deWestfália (1648), garantiu a liberdade religiosa. Hoje é incapaz de condenar a ingerência política do Vaticano na luta partidária de numerosos países, as pressões políticas da Igreja ortodoxa, as punições a quem renuncia ao Islão e a proibição muçulmana de outros cultos. Como se o dever de reciprocidade face à Europa laica não devesse ser uma exigência ética em terras onde Maomé é imposto!

O islão radical só aceita uma lei – a sharia. E um método para a impor – a jihad. Só a laicidade pode conter o sectarismo e garantir a diversidade religiosa. O Europa tem de ser firme na sua defesa, dentro das fronteiras, e exigente fora delas. Não pode permitir o assassínio de embaixadores nem dos que combatem as crenças através do cinema, dos livros ou da imprensa,

Pio IX considerava a ICAR incompatível com a liberdade, a democracia e o livre-pensamento. A herança do Iluminismo foi mais forte.

4 thoughts on “O agravamento da intolerância religiosa”
  • stefano666

    os chefes dos EUA tewm relações dúbias com os islamicos…é bom recordar

  • João Pedro Moura

    CARLOS
    ESPERANÇA disse:

    “A Europa,
    dilacerada por guerras religiosas, impôs a laicidade com a repressão política
    sobre o clero e, através da Paz de Westfália (1648), garantiu a liberdade
    religiosa.”

    A Europa não
    garantiu a “liberdade religiosa” através da Paz de Westfália.

    O Tratado de
    Westfália determinou, apenas, a dualidade religiosa, no Império Alemão.

    Este tratado pôs
    fim à Guerra dos 30 Anos, que dilacerou a Europa central e do norte e teve como
    centro político e religioso o Sacro Império Romano- Germânico, vulgo, Império
    Alemão.

    Ora, como este
    império estava a ser consumido por uma guerra civil interminável, com implicações
    internacionais, guerra civil essa que também era uma guerra religiosa entre
    Estados alemães católicos e protestantes, aqueles mais a sul e estes mais a
    norte, os contendores resolveram entender-se, em Westfália, sob o patrocínio do
    imperador Fernando III, que aplicou o princípio “cujus regio ejus religio” (“de
    tal região, de tal religião”), pelo qual consagrou a dualidade religiosa, isto é,
    os príncipes alemães, chefes dos seus Estados, seguiriam a igreja que
    entendessem, católica ou protestante, obrigando, concomitantemente, os seus súbditos
    a seguirem a mesma igreja. Ninguém, dentro dum Estado alemão, poderia praticar
    a religião contrária à igreja dominante, nesse Estado.

    A liberdade
    religiosa só começou a irromper, mais a sério, com a Revolução Francesa (1789),
    paulatina e progressivamente…

    … E mesmo
    assim, o estabelecimento e evolução de tal “liberdade” tem muito que se lhe
    diga…

  • Hunig

    Enquanto por aí surgem sofistas a cismar em enrolar os sem-crenas enfiando-os num saco só (com insinuações de criação de ‘doutrinas’ atéias, presidente dus ateu, orgulhu arteu, etc) devemos ter em vista que só o que cabe mesmo à linha de pensamento livre e o viver em cordialidade como proposição vital dos sem-crenças seria no máximo partidos políticos com enganjamento próprio à questões sociais que as posturas individuais dos ateus requerem. Salutarmente os sem-crenças são bastante políticos quando não se enfiam em sacos de submissão ou enrolação.
    Esse tal de lularápio enrolou os “crentes” bonitinho, mas se FERROU quando tentou fazer os ateus de OTÁRIOS (a “novinha” da Cultura já´ entra “dando” bolsa-vale — só inventam isso; dinheiro no bolso pro povo fica com eles, o larápios): http://www.bemparana.com.br/noticia/230386/marcos-valerio-envolve-lula-no-mensalao-diz-revista-veja

  • Hunig

    Esperamos que vocês aí de Portugal dêem uma sacada nos símbolos de chamada para a “festa” no Brasil em 2016. Vejam se aquela “coisinha” não é uma “chupeta”? Não vem com essa de “carnaval”, poderiam meter um pandeiro; mas uma “chupeta”? Será uma mensagem “cultural” para “relaxá” e “gozá” e “estrupá mais num matá”? Acho que os brasileiros vão precisar tirar as crianças das creches nesse período e também deixá-las longe das ‘proteções’ das “firmas de segurança das família” dos pastutos.

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