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Factos & documentos

Enviado pelo leitor MPM

2 thoughts on “Factos & documentos”
  • kavkaz

    O documento histórico é, sem dúvida, curioso.

    O nome da repartição não engana ninguém: “Repartição dos negócios eclesiásticos”! Pelos vistos naqueles tempos “chamavam os bois pelos nomes”. O Rei não teria ilusões da actividade com o clero.

    O Rei mandou dar uns recados ao padre de Sobral de Monte Agraço… Se este não se porta bem arrisca-se a lembrarem-lhe como se deve comportar.

  • João Pedro Moura

    Enquadramento histórico do
    caso:

    A Regeneração foi o período
    da História de Portugal, a partir de 1851, com o golpe de estado do marechal Saldanha,
    pelo qual, se estabeleceu um regime liberal de novo estilo, francamente voltado
    para o desenvolvimento económico e já sem a turbulência política, mais ou menos
    belicista, da primeira metade do séc. XIX.

    Todavia, como se pode ver pelo
    “Ministério dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça”, a Igreja católica era uma
    espécie de departamento de Estado, fortemente imbricada com o regime político e
    também influenciando-o acrescidamente.

    Chama-se a esta dominação e
    influência da religião no sistema político, clericalismo, e vigorou até à queda
    da monarquia, em 5 de outubro de 1910.

    Nessa época, começam a
    aparecer liberais, cada vez mais desafetos à Igreja, ou mesmo hostis à sua
    influência clericalista, e desses liberais também se começam a diferenciar os
    socialistas e republicanos, embora ainda com pouca força.

    Ora, deve ter acontecido que
    alguém, desafeto ao clericalismo, denunciou uma prédica dum padre numa missa,
    em que este aconselhou o voto nuns candidatos, decerto mais afetos à Igreja,
    detraindo outros, menos afetos ou desafetos à mesma.

    E a denúncia deve ter ido
    por ali acima até aos ouvidos do rei, que mandou admoestar o cura metediço.

    É certo que havia “liberdade
    de expressão”, à moda da época, e, então, poder-se-ia replicar com o direito da
    Igreja ou dos seus padres poderem recomendar, aconselhar ou propagandear os “seus”
    candidatos políticos.

    Mas, oficialmente, a Igreja
    não tinha nem nunca teve candidatos “civis” ao parlamento, exceto os nomeados
    vitalícios (alto clero) da Câmara dos Pares, pelo que, nenhum padre poderia fazer
    politiquices particulares…

    Estas ligações entre Igreja
    e Estado, bem denotadas pelo título do ministério epigrafado, só demonstram a
    necessidade imperiosa do Estado laico, isto é, do estado neutral em matéria
    religiosa, em que aquele não subsidia ou sustenta esta.

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