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  • 5 de Agosto, 2012
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

ATEUS, RELIGIOSOS E TASCAS (2.ª parte)

Por lapso meu, de que peço desculpa aos leitores, faltou a parte final deste post que agora completo.

Por

ONOFRE VARELA

Provavelmente mal comparado, direi que ser-se hetero ou homossexual, é com cada um, e ninguém deve ser louvado ou punido pela sua escolha. O importante é que se encontre felicidade e razão de viver naquilo que cada um é, e que, em consciência, escolheu ser. A condição filosófica de se ser religioso ou ateu, é igualmente livre, e os dois pontos de vista são, do mesmo modo, defensáveis, desde que tomados em consciência e em idade adulta, sem imposições em idades tenras.

Não é contra estes “religiosos-militantes-de-base”, consumidores fervorosos de missas, que os ateus se manifestam (embora tentem alertá-los para a inexistência real de Deus, para além da ideia que é); mas sim contra as atitudes prepotentes dos bispos, quando querem impor conceitos religiosos a uma sociedade laica. É aí que os ateus têm de se defender, e muitas vezes o ataque é a melhor defesa. O que é estratégia.

Eu, enquanto ateu, não critico (no sentido agressivo) quem adora Deus, mas estou frontalmente contra quem explora os crentes, servindo-se do
conceito de Deus como arma apontada à consciência dos religiosos continuamente explorados desde há milénios. Entretanto os exploradores
rodeiam-se de mordomias e conquistam importância e estatuto social.

Do mesmo modo também não tenho nada contra quem tem necessidade de vender o seu ouro neste tempo de crise, mas já tenho tudo contra
aqueles que compram ouro ao mais baixo preço, governando-se, como abutres, com a miséria e a necessidade do próximo.

Mas, aqui chegado, também posso fazer um exercício de raciocínio, colocar-me do outro lado, e interrogar-me de um outro modo:
Todos os agentes religiosos devem ser tomados como desonestos só porque acreditam em Deus, o que para mim é uma mentira?
Serão, todos eles, uns refinadíssimos vigaristas vendedores do conceito de Deus (que é burlista) e de espaços paradisíacos no céu?
Ou estarão, muitos deles (se calhar a totalidade), plenamente convencidos do desempenho honestíssimo de missões de elevado valor moral e social nas comunidades onde se estabelecem?

Se estiverem convencidos disso, continuam a ser vigaristas e exploradores? Nos países africanos miseravelmente (des)governados por ditadores, as missões religiosas são a única esperança para os povos despossuídos famintos e doentes. Neste contexto, as acções dos religiosos (católicos e protestantes), sempre executadas em nome de Deus, são desonestas?

Transpondo estas interrogações para a política:
Quem, no Parlamento, tem mais razão? O Governo ou a Oposição? E quando invertidos os papeis? Quem é o detentor da razão? Deixa de a ter quem a tinha e passa a tê-la quem a não tinha?!

Bom… se calhar isto já é assunto para uma tese de doutoramento…

3 thoughts on “ATEUS, RELIGIOSOS E TASCAS (2.ª parte)”
  • cínico

    “Não é contra estes “religiosos-militantes-de- base”, consumidores
    fervorosos de missas, que os ateus se manifestam (embora tentem
    alertá-los para a inexistência real de Deus, para além da ideia que é)”

    Agora chegou o Onofre tutelar, o sabichão das dúzias, aquele que, invocando a sua septuagenária condição e a sua pretensa biblioteca, de mais de 10.000 exemplares, todos anotados a marcador colorido, vem sobranceiramente alertar para a ” inexistência real de Deus”.
    Mas de momento veio mais pífio, já não diz que asseverar a existência de Deus é paranóia, imbecilidade, ou qualquer escarro da mesma baixaria intelectual. Não, agora vem mais mansinho, mais ” low-profile”, já não tanto ao anterior nível de sete furos abaixo de cão. Lindo menino, virou a agulha da sua inicial intervenção, já não escarra que ” os religiosos não pertencem à espécie homo sapiens”, estão dispensados da condição de primatas e do processo evolutivo, porque eles não evoluem. Eles foram feitos em barro como em Barcelos se fazem os galos e nas Caldas os caralhos!Secaram, empederniram, e assim ficaram.” O Varela agora apresenta-se mais fino, mais burilado, mais aparentemente polido, mais ao jeito de pia figura tutelar dos crentes. Mas quem se julga este mediano escriba para vir arvorar-se em curador das convicções alheias ? O detentor da verdade absoluta ? Aquele que tem a a absoluta certeza de que Deus não existe ? Como bem referiu o filósofo ateu André-Comte Sponville, ninguém pode ter a certeza se Deus existe ou não. A crença em Deus não está sujeita a nenhum tipo de prova ontológica e muito menos científica. Há, para aqueles que acreditam no Criador, as suas próprias razões para firmarem a sua crença, como também certamente existem razões para aqueles que descrêem dessa existência. Esta foi e será sempre uma questão inultrapassável. Podem invocar-se argumentos favoráveis ou contrários à existência de Deus. Mas seria uma completa insensatez alguém arvorar-se detentor da verdade absoluta sobre as suas posições teístas ou ateístas. Só cá faltava este Varela sobranceiro e arrogante para mais acentuar o nível de parolice ateísta que o Ricardo Pinho, nos tempos em que ainda não virara o bico ao prego, já em tempos verberou.

    • Joachim

      Deus é uma coisa que trazes na barriga, não é?

    • Provedor

      “A crença em Deus não está sujeita a nenhum tipo de prova ontológica e muito menos científica.”
      Tens toda a razão, cínico/merdoro/josé/antoniofernando. Do mesmo modo, a crença no Superhomem, na Fada sininho, em Gnomos e mulas-sem-cabeça. Mas a crença não faz com que as coisas existam.

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