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Equívocos, parte 15. Fundamental e dramático.

O Alfredo Dinis explicou porque julga ser «Equívoco fundamental» do ateísmo «estar estruturalmente impedido de […] erradicar a religião»(1). Alegando que os ateus escrevem com «uma extrema agressividade», publicam muitos livros, dizem que a religião faz mal e acham que «os crentes são todos uns grandes ignorantes [e] a inteligência está toda do lado dos ateus», o Alfredo conclui que «A missão dos não crentes é só uma: anunciar a boa notícia de que Deus não existe» com o objectivo de «erradicar a religião». Como, segundo o Alfredo, as críticas dos ateus ou são irrelevantes ou são positivas para “a religião”, é um equívoco dos ateus criticar publicamente a religião «porque pensando que estão a destruir a religião com as suas críticas, a sua acção acaba por ter um efeito positivo ou neutro». Isto, acrescenta o Alfredo, é «objectivamente dramático»(2).

Antes de passar às premissas, começo pela confusão principal. “Ateu” designa quem rejeita as alegações sobrenaturais de todas as religiões, para o distinguir do crente, que rejeita as alegações sobrenaturais de todas as religiões menos uma. Isto não tem nada que ver com escrever livros, blogs, ou dizer que a religião faz mal. Se eu deixasse de escrever ou falar sobre religião continuava a ser ateu. Seria um ateu calado, mais ao gosto do Alfredo, mas um ateu à mesma. Portanto, a alegada incapacidade desta contestação “beliscar a religião” não poderia ser um equívoco fundamental do ateísmo. No máximo, seria uma falha de comunicação.

No entanto, a premissa de que os argumentos dos ateus nunca “beliscam” a religião é difícil de aceitar. Desde os posts do Alfredo a alegar que não há nada aqui para ver às homilias do José Policarpo apontando o ateísmo como «o maior drama da humanidade»(3), há muitos indícios de beliscadela. Além disso, “religião” é um termo demasiado vago. Julgo que o Alfredo concorda que muitos argumentos científicos, que não invocam qualquer deus, beliscam dolorosamente as teses religiosas dos criacionistas. Ou as teses de que Atena nasceu da cabeça de Zeus, o deus escaravelho Khepra rebola o Sol pelo céu e Thor causa trovoadas com o Mjolnir. Basta um pingo de cepticismo para pôr também em causa muitas teses centrais da religião do Alfredo, desde a ressurreição de Jesus à assunção de Maria, infalibilidade papal ou a convicção de que só homens, e nunca mulheres, podem deter o poder mágico de benzer, transubstanciar e celebrar missas. A insistência numa vaga “religião”, sem nunca defender dogmas católicos em detalhe, faz-me suspeitar que o próprio Alfredo teme um beliscão.

Segundo o Alfredo, os ateus julgam que «os crentes são todos uns grandes ignorantes [e que] a inteligência está toda do lado dos ateus». Mais do que falso, isto é absurdo. Se fosse essa a minha opinião de todos os crentes não discutiria com nenhum deles. Não valeria a pena. Faria apenas o que faço com alguns criacionistas, que é criticar os seus disparates sem encetar grandes diálogos com eles, visto ser claro que não querem considerar os factos nem ter conversas inteligentes. Com o Alfredo passa-se o contrário; só esta conversa sobre os equívocos já vai no décimo quinto post. Há pessoas com quem é possível ter conversas inteligentes, outras com quem não se consegue, e isso não é função de ser crente ou descrente. É até muito mais uma questão de atitude do que de formação académica ou inteligência.

O Alfredo também está enganado acerca dos objectivos de discutir religião e ateísmo. O que me motiva, principalmente, é gostar de escrever o que penso, seja sobre copyright, astrologia, criacionismo ou catolicismo. O facto de os meus posts, por si só, não levarem a Maya a abandonar o negócio, o Mats a rejeitar o criacionismo ou a RIAA a aceitar a partilha de ficheiros não torna a minha liberdade de expressão num equívoco. Também não fico desmotivado por o Alfredo continuar padre depois de ler isto.

Em geral, os ateus não visam demover os crentes mais ferrenhos ou que tenham muito investido na defesa de alguma crença. É uma tarefa inglória e pouco motivadora. A motivação principal é que a escrita e o diálogo valem por si. Somos uma espécie exímia a comunicar e tiramos grande prazer disso, mesmo quando não traga consequências práticas. Quanto ao esforço de persuasão, esse é dirigido aos outros. Para qualquer crença, além dos defensores acérrimos e dos opositores declarados há uma maioria silenciosa que faz toda a diferença. Escrevo o que escrevo pelo prazer do diálogo, pelo alívio do desabafo e, também, para mostrar aos indiferentes que uma crença falsa não merece respeito só por fé ou insistência. É isto que o Alfredo confunde. Acabar com a fé religiosa não é um objectivo viável, mas é viável diminuir a reverência que a maioria concede a certos disparates só por virem de religiões, tradições ou fanáticos. E isso, parece-me, os ateus têm conseguido. Por exemplo, de Pio XII a Bento XVI, em seis décadas, nota-se uma grande diferença na arrogância com que os dirigentes católicos podem alegar representar o criador do universo e conhecer os seus milagres e mistérios.

A ideia destes textos não é converter o Alfredo. Tampouco me importa o que o Alfredo acredita. O que pretendo com isto, além do gozo que me dá a escrever, é contribuir, por pouco que seja, para que as alegações de bruxos, padres, videntes e afins sejam avaliadas apenas pelo mérito que tiverem em vez de aceites como autoritárias simplesmente por virem de quem vêm. Isto não me parece um equívoco. Parece-me um objectivo meritório, mesmo que não seja possível atingi-lo, porque sem um esforço constante neste sentido só vamos escorregar no sentido oposto. O importante não é que a sociedade acabe com as religiões e demais superstições. O que importa é que a superstição não nos impeça de ter uma sociedade livre, justa e esclarecida.

1- Alfredo Dinis, Grandes equívocos do ateísmo contemporâneo
2- Alfredo Dinis, um dramático equívoco
3- DN, Cardeal diz que maior drama é a negação de Deus

Em simultâneo no Que Treta!

43 thoughts on “Equívocos, parte 15. Fundamental e dramático.”
  • antoniofernando

    Interessante este texto. O Ludwig Krippahl podia juntar a todos os disparates, que quiser seleccionar, este enorme disparate do Dennett:

    Acreditar que existe a chamada Inteligência Artificial e que é possível simular a mente humana a partir de engenharia mecânica de robôs.

    Mas há quem acredite nesses enorme disparates. Entre esse gigantesco disparate e a astrologia, ainda prefiro a astróloga Maya ao disparate do Dennett.

    • Coringablack

      Achar que a possibilidade humana de se construir uma  inteligência artificial é um disparate é se igualar aos antigos geocentristas, à impossibilidade de o homem construir mecanismos que o permitissem voar ou se comunicar através de uma telinha e um teclado com o mundo. É estar em desacordo com todo o desenvolvimento humano. Se prefere a astrologia viva com os benefícios que ela trouxe à humanidade.  

      • antoniofernando

        Achar que a inteligência artificial é possível ou achar que é possível construir uma mente a um robô ou a um termostato é a pior das idiotices, do meu ponto de vista. Quanto ao facto de os homens terem conseguido criar aviões ou máquinas de descascar batatas, isso só significa a capacidade inventiva do ser humano, nada mais. Agora, admitir que um computador ou qualquer máquina mais sofisticada possa ” pensar”, ter uma mente ou consciência é a  mais tonta das loucuras e o maior dos disparates. Basta ler um poucochinho do Damásio, para nos apercebermos de uma noção neurobiológica elementar: não há hipótese de mente ou consciência em seres que não sejam vivos. Aquilo que o filósofo Dennett faz é tentar sobrepor-se aos critérios científicos dos neurocientistas. E eu não conheço NENHUM neurocientista que conceba a hipótese de o ser humano poder criar um robô com mente. Você pôs-se a discursar completamente ao largo do que afirmei. Aquilo que eu, no fundo, quis dizer é que ,quem defende a IA, ou quem nela trabalha, como é o caso do Ludwig, não tem a menor coerência intelectual para criticar a astrologia. Ou seja, quem acredita na hipótese, completamente estapafúrdia, de que um robô possa ser inteligente ou ter consciência, como é o caso do Dennett, não possui a menor credibilidade para criticar qualquer outro tipo de crença. E repito: entre acreditar que alguma vez um robô de metal, com ” cérebro” de silício, possa ser inteligente ou consciente e acreditar na Maya, eu, se tivesse que optar, certamente que escolheria a astrologia e não o maior dos disparates: admitir que um robô possa ser intrinsecamente inteligente e possuir experiência fenomenológica consciente.

        • antoniofernando

          Aliás, gostaria muito que o Ludwig aqui viesse tentar explicar o que é, segundo o seu critério, ” bioinformática” .Mas, como costuma ser seu hábito, quando o Ludwig aqui vem colocar os seus textos, tem por norma ficar calado quando submetido a dialécticas interpelações.

          http://centria.di.fct.unl.pt/~ludi/indexpt.html

           

          • Coringablack

            É asqueroso  pensar que o conceito de “mente” e “inteligência” é do domínio das crenças. Tais conceitos nem são ainda de pleno domínio da ciência. Subestimar os avanços da humanidade é imensa ingratidão para com as gerações passadas e estar alheio ao contemporâneo. Levar elementos reais como o pensamento, mente e consciência ao  universo lúdico sobrenatural é desonesto. Qualquer teoria científica, e isso inclui as de Damásio e as do João da faxina, está longe de ser verdade absoluta. É arrogância e  coerente com o universo religioso impor somente à vida como a conhecemos a possibilidade de evolução. A coerência intelectual das crenças existe apenas para inventar contos de fada e os impor aos fiéis, não agrega valor. As religiões condenam a humanidade à cegueira do  hedonismo. Ao contrário crenças, as ciências confrontam a humanidade com a realidade:  suas  limitações, potenciais, tentativas, erros e acertos.

          • Ateu sim, e dai ?

            Ele não é tão burro quanto tenta se mostrar; o asno crentóide sabe disso.
            O textículo ( = texto + ridículo) dele é só para encher o saco !

          • Ateu sim, e dai ?

            hahahaha

            textículo para encher o saco.

            hahahaha

          • Coringablack

            Acho que a conversa vai ficar enxuta e repetitiva. Eu vou ser obrigado a repetir o que já disse desde o início e ele na batina.

          • antoniofernando

            Você continua a desconversar. Vamos por partes:

            O Dennett é filósofo.E entretém-se a ,andar uns palpites intelectuais que não têm a menor sustentação científica. E aqui eu pergunto: o que vale mais, a perspectiva do Damásio enquanto neurocientista ou a perspectiva do filósofo Dennett sobre neurociência ? O que vale mais, a opinião de um filósofo sobre o funcionamento dos neurónios, do fígado ou do coração, ou os pareceres de cientistas ou médicos  especialistas em neurociência, medicina interna ou cardiologia ?

            É espantoso como você desconversa. O ponto não é saber se a tese do neurocientista António Damásio está longe de ser verdade absoluta. O que é verdade absoluta em neurociência, você sabe ? Sabe mais que o Damásio ? Sabe mais do que todos os neurocientistas ? Sabe algo mais que eles não saibam ? Conhece algum neurocientista que afirme que a consciência ou a mente não são exclusivas dos seres vivos ? Eu não conheço. Se conhece, coloque aqui os seus nomes.

            O Dennett pôs-se a mandar uns palpites sobre uma área que está longe de dominar. E, enquanto os neurocientistas afirmam a impossibilidade de a mente ou a consciência terem outro suporte físico para além do biológico, o que é o filósofo Denett faz ?

            Pôs-se a contrariar tudo aquilo que os neurocientistas afirmam e defende a ontológica possibilidade de os robôs em silício poderem ter mentes e que o suporte biológico não é exclusivo dos processos mentais.

            Mas quem é Sua Excelência para contrariar o que os neurocientistas sustentam ?

            Com base em que postulado científico é que o Dennett afirma a sua idiotice ?

            Ou seja: aquilo que ele diz é afirmado com base na sua própria crença de que os robôs podem ter mente.

            Uma crença, note-se, que vai contra aquilo que é mais elementar em termos de neurociência, ou seja, que só os seres vivos é que podem ter mente ou consciência.

            Por isso volto a perguntar:

            Como é que o Dennett se permite, por exemplo, criticar os criacionistas, por terem a sua própria crença metafísica, quando ele também a crença, igualmente metafísica, de que os robôs podem ter inteligência ou mente ?

            Aliás, não é só o ateu Dennett que está neste descalabro intelectual. O filósofo e ateu David Chalmers até diz mais. Que é perfeitamente admissível conceber-se que, por exemplo, um simples termostato também possa ter consciência.

            O que é que você diz quanto a este conjunto de disparates ? Nada. Desconversa. É muito pouco, como forma de argumentação.

          • Coringablack

            Desconversar, na nossa conversa,  é se nortear na vida de um filósofo, neurocientista ou lixeiro. Ater-se ao conceito de “mente” e suas possibilidades de manipulação é o foco.

            Gincana de conhecimento, comparando pessoas, além de sair do foco é, mais uma vez, vaidade. 

            Uma ideia pode valer muito mais que uma patente. Basta deixar a vassalagem, muito praticada nas religiões e ser mais autêntico.

            Ideias, teorias, independem de crenças. Estas já foram inventadas para depois serem impostas. Por isso o crente tem bloqueio ao considerar outras possibilidades.

            Mais uma vez: crenças são invenções impostas. Teorias científicas são considerações que podem ou não serem pertinentes. 

            Considerados todos os parágrafos, vale considerar o último: pare de vassalar quem  teme a sua religião e de ridicularizar quem não se sente obrigado a concordar com você. Foque-se nas ideias e exercite o bom senso. 

          • antoniofernando

             ” Foque-se nas ideias e exercite o bom senso”

            Mas ainda não foste capaz de perceber que, contrariamente aos teus preconceituosos lugares comuns, foi exactamente isso que fiz ?

            Exercitar o pensamento analítico e mostrar como é uma pegada palermice alguém acreditar que um robô pode ter mente e um termostato estados de consciência ?

            Será assim tão difícil, para ti, entender isto tão elementar:

            Que quem tem a crença sobre estados mentais de robôs ou de consciência não tem a menor coerência intelectual para criticar qualquer outro tipo de crença ?

          • Coringablack

            Em análise, mais uma vez, está em pauta o conceito de “mente”, “inteligência” e sua manipulação.

            Longe do bom senso,  simples entender que você se bloqueou em exemplos sem fundamento.

            Coerência intelectual é lidar com a ciência que temos hoje e suas possibilidades. Sem crenças.

          • antoniofernando

             “Coerência intelectual é lidar com a ciência que temos hoje e suas possibilidades. Sem crenças.”

            Claro. Como o ateu Dennett a sustentar que os robôs podem ter mentes, o ateu Chalmers a admitir que um termostato possa ter consciência e o ateu Ludwig a trabalhar nesta estupidificante crendice da IA.

            Claro, pois claro.

          • HAMONBAAL

            Caro fifi.

            A inteligência artificial é uma eventual possibilidade científica, proposta por cientistas em bases científicas.

            Não é uma “crença”.

            Uma bacorada dessas, ainda por cima vinda de quem acredita em gajos a andar na água e mortos a ressuscitar só porque está escrito em livros religiosos da idade do ferro é de um ridículo atroz.

            Se ainda por cima considerarmos que esse livro religioso é o mesmo que afirma coisas como que as doenças mentais são causadas por “legiões de demónios” curáveis pela transferência dessas legiões para varas de porcos temos um quadro mesmo demencial – a sério e não legionário.

            “Crença” são essas tuas divagações mitológicas sem base científica, não as verdadeiras hipóteses científicas.

            Vê se acordas e aprendes a distinguir a realidade do delírio.

          • antoniofernando

             Andas perdido patarata. Então a IA é ” uma eventual possibilidade científica” ?

            Nesse ” eventual” cabe tanta idiotice, não é ?

            Como alguém supor que um robô possa ter mente ou um termostato consciência ?

            Afinal, ainda consegues ser mais destituído do que aquilo que eu de ti já pensava.

            Olha, explica aí aos teus amigalhaços ateus se já te decidiste quanto à possibilidade de Deus existir ou se continuas a achar que ninguém pode provar a inexistência de Deus.

            Aí é que tu és bom a botar figura de intelectual…

          • Coringablack

            Eis aqui mais um aspecto de sua desconversa: ”
            Como alguém supor que um robô possa ter mente ou um termostato consciência”

            Ninguém está suponto isto. 

            Pela enésima vez:  está em pauta o conceito de “mente”, “inteligência” e sua manipulação.

            Mais uma vez: ” Foque-se nas ideias e exercite o bom senso”.

            Agora está mais fácil conversar porque basta copiar e colar o que já foi dito (risos).

          • antoniofernando

            Já andas perdido:

            O Dennett admitiu que um robô possa ter mente e o Chalmers admitiu que um robô possa ter consciência.

            Se não sabes, informa-te.

          • Coringablack

            Já que impera a repetição, leia os comentários anteriores. Cansei de copiar e colar frases.

          • antoniofernando

            “Eis aqui mais um aspecto de sua desconversa: “Como alguém supor que um robô possa ter mente ou um termostato consciência”

            Ninguém está suponto isto”

            Claro. Como o ateu Dennett a sustentar que os robôs podem ter mentes,
            o ateu Chalmers a admitir que um termostato possa ter consciência e o
            ateu Ludwig a trabalhar nesta estupidificante crendice da IA.

            Claro, pois claro.

          • HAMONBAAL

            Caro  imbecil.

            Neste “eventual” cabe a diferença entre ciência e religião, que é a prova experimental.

            Tu acreditas em tudo o que vem num certo livro pela “brilhante razão” de que vem nesse livro.

            Acreditas porque sim.

            A ciência carece de razões lógicas para formulação de hipóteses e de validação pela experimentação.
            Quem propõs a hipótese da inteligência artificial não foi um ateu, ou não foi por ser ateu.  Foi uma hipótese concebida por cientistas, com bases científicas, que trabalham nesse campo.  De qualquer maneira, um termóstato ter consciência não é mais idiota do que acreditar que a doenças mentais são causadas por legiões de demónios como o teu “deus” de fundo de carpintaria acreditava.Podes continuar a dizer que ciência é o mesmo que religião, só prova a fraude que tu és.Vai falsificar nicks que é o que fazes melhor.

            PS

            Que a validade da IA esteja dependente da opinião deste ou daquele ateu é outra palermice tua que vou fingir que não vejo, porque até tenho medo da bronquice de eventual resposta.

            Uma pessoa pode ser crente e acreditar que a IA é possível.  Mas não te vou tentar esplicar porque primeiro que conseguisses perceber o período de vida do universo já teria chegado ao fim.

            PS II

            Pormenor, a IA é um conceito aceite por todos os cientistas e é usado de forma aplicada em multiplas utilizações.

            A única dúvida está na iA forte.

            Mas com certeza que não é um tipo como tu, sem formação científica e que acredita na multiplicação de pães que vai determinar num simles blog a validade do conceito.

            Ninguém aqui está habilitado para discutir essa validade de forma absoluta, apenas a emitir palpites.

            Pelo que acho que devias deixar de armar em super-intelectual que decide da verdade de todos os problemas científicos em cima do jeolho e que quer os textos no sumério original etc.

            Se aparasses as peneiras só te ficava era bem.

            Até porque toda a gente te apanha constantemente em patadas na poça brutais.

            Quanto mais peneiras maior a saloice.

          • HAMONBAAL

            Claro que para eles toda a realidade é do domínio da crença.

            É por isso que acham que podem mentir à vontade.

            Como para eles a realidade tem de se adaptar à sua crença, acham que é esta que define essa realidade.  

            Logo pensam que tudo é definido pela crença e pior, julgam que os outros procedem da mesma maneira.

            Logo podem dizer, como vemos neste blog, que “milhares de católicos” foram assassinados na primeira república, que Tiso é que foi caluniado porque “todos os historiadores” são comunistas, que os incitamentos ao genocídio do AT têm de ser lidos “ao contrário” para serem interpretados como incitamentos ao amor etc.

            O que lhes interessa que seja mentira ?

            Para salvaguardar a crença deles tudo é justificado.

            Pior, pensam que, por alguém lhes contrapor a realidade, lhes está apenas a propagandear outra crença.  Porque eles já não conseguem distinguir a diferença entre o que é e o que dejejam que seja.

            Daí que a possíbilidade de inteligência artificial, a qual ainda não se sabe se será impossível ou não, para o fifi não há dúvidas.

            Decreta a sua impossibilidade, simplesmente porque não faz parte da sua crença.

            Ele sabe lá se é possível ou não.  

            De qualquer maneira não seria mais estranho do que acreditar num tipo a levitar sobre as águas ou que os mortos vão ressuscitar.  

            Até seria muito menos, porque certos ou errados existem argumentos científicos a favor da inteligência artificial, mas NENHUNS a favor do retorno dos mortos.

            Mas acontece que ressuscitar os mortos faz parte da crença que ELE gosta logo, para ele está acima de qualquer possibilidade científica e não hesita em considerar essa possibilidade, que, por  ter bases científicas, está muito acima das da sua crença, como simplesmente mais outra crença.

            Para eles a realidade é simplesmente aquilo que quiserem que seja.

            Daí terem mandado para a fogueira pessoas por simplesmente acreditarem numa realidade diferente ou simplesmente por lhes chamarem a atenção para o facto de a sua crença não estar de acordo com essa realidade.

            Quando se reduz a ética a simplesmente ao que se quer acreditar, estamos muito mal.

          • antoniofernando

            Patarata:

            Quem admite que um robô possa ter inteligência ou mente, como o Dennet, fá-lo com base numa mera crença, tal como quem admite que um termostato possa ter consciência, como o Chalmers, fá-lo também com base numa mera crença. Ambas do mais estúpido que se possa imaginar.

            Quem acredita na astrologia, por exemplo, também o faz com base numa mera crença.

            Tal como quem acredita em Deus igualmente o faz com suporte numa mera crença.

            O ponto é que alguns daqueles ateus que, como o Dennett ou o Chalmers, se permitem possuir crenças tão disparatadas, como admitir a mente num robô ou a consciência num termostato, julgam-se com plena coerência intelectual para se insurgirem contra qualquer outro tipo de crenças.

            Esse é que é o ponto da minha intervenção.

            Se também admites que a IA possa ser viável estás igualmente a ter uma crença, sem nenhuma base científica de sustentação experimental, contrária a tudo o que os neurocientistas afirmam.

            Mas o que é curioso é isto:

            Aqueles que andam sempre com o critério da racionalidade e do pensamento analítico, como o Dennett e o Chalmers, permitem-se descer ao patamar mais baixo da irracionalidade humana.

            Que legitimidade têm, portanto, para censurar outras crenças ?

            Que coerência intelectual tem também o ateu Ludwig, que deambula pelas bandas da IA, para se permitir criticar outras crenças, quando a infundada e não provada crença na IA mostra ser uma das maiores demonstrações de disparates humanos ?

            Não se sabe se a IA é impossível ou não, dizes tu ?

            Grande argumento, não arranjas outro melhor, patarata ?

            Por exemplo, “não se sabe se amanhã vai chover milhões de notas de euros” ?

          • HAMONBAAL

            Caro imbecil.

            Quem admite que possa haver inteligência artificial são cientistas, com base em argumentos científicos.

            Admitir a possibilidade não é o mesmo que “acreditar”.

            Quem tem crenças infundadas és tu que acreditas em tudo o que dizem que um gajo disse há dois mil anos, só porque o gajo disse.

            Mesmo que tenha dito que as doenças mentais são causadas por legiões de demónios.

            Crença irracional é acreditar na tua mitologia só porque alguém disse que sim e não uma hipótese científica a comprovar – ou não.

            Não conspurques a ciência com o teu fanatismo.

            Ciência NÃO é a mesma coisa que acreditares que fulano é capaz de muliplar uma sardinha em cem só porque alguém diz que sim.

            Ciência NÃO é a tua banha da cobra.

          • antoniofernando

             Tontito:

            Ah agora são cientistas aqueles que admitem que possa haver IA ,mentes nos robôs e consciência nos termostatos ?

            Mas quais cientistas patarata ? E com base em que critérios de aferição ?
            Como é que alguém pode saber se um robô tem mente ou um termostato consciência ?

            Fazendo este tipo de perguntas:

            ” V.Exª, senhor robô, V.Exª , senhor termostato, é capaz de fazer o obséquio de me informar se o tempo não está excessivamente quente para V.Exªs ? ”

            E quais são os supostos cientistas da IA que põem em causa a UNANIMIDADE dos neurocientistas, que afirmam ser impossível mente e consciência fora dos suportes biológicos ?

            O Dennett, que não é cientista, mas filósofo, tem a crença que um robô possa ter mente, até pode pensar o mesmo do seu televisor, do seu telemóvel ou da sua máquina de calcular.

            Pelos vistos, tu também admites o mesmo.

            É por isso mesmo que permaneces o mesmo eterno patarata.

            O ponto é este: o Ludwig não tem a menor coerência intelectual para censurar seja que tipo de crença for quando também circula pelas bandas dessa grosseira mistificação e crendice chamada IA .

          • Coringablack

            Já que impera a repetição, leia os comentários anteriores. Cansei de copiar e colar frases.

          • antoniofernando

            Cansaste ? Logo agora que a conversa estava tão animada ?
            Porquê ? Vais sonhar com robôs inteligentes e com termostatos conscientes ?

          • HAMONBAAL

            Caro imbecil.

            A IA é um conceito científico, criado por cientistas.

            Os filósofos naturalmente analisam o conceito do ponto de vista filosífico.

            Não te vou dizer quais são os cientistas que o criaram, desenvolveram e que trabalham nele.

            Simplesmente porque não é o meu campo e não sou como tu, que gosta de extensas citações sobre assuntos dos quais dá para perceber que não percebes peva, só para te armares em super-intelectual que de uma penada resolve todos os probelmas científicos e filosóficos.

            Tu és o verdadeiro Tony Silva, o grande criador de toda a música ró e da ciência também.

            Se queres saber quem criou o conceito consulta a net.

            Foram cientistas e não uma seita ateia que conspira contra a merda da tua seita.

            Podes continuar a armar-te em parvo.

            Afinal é o costume.

            PS

            Não, infelizmente os textos sobre a IA não estão em demótico.

            Mas um grande cientista como tu 
            e capaz de abrir uma excepção e descer ao nível dos simples mortais lendo textos em tuga.

            http://pt.wikipedia.org/wiki/Inteligência_artificial

          • HAMONBAAL

            Pode ser que eu depois arranje textos em sânscrito das teorias da IA.

            Enfim, não é demótico, mas já está mais ao nível de um gigante da intelectualidade como tu.

            PS

            Deves saber iemnso de demótico. (gargalhadas)

          • HAMONBAAL

            http://pt.wikipedia.org/wiki/Inteligência_artificial

            O link estava errado.

            Pode ser que agora o fifi perceba finalmente que a IA é uma àrea da ciência da computaç
            ão e não uma conspiração ateia contra a seita dele.

            Claro que é tão difícil explicar-lhe isto como explicar a um aborígene de uma tribo recém-descoberta que não, não está um homenzinho dentro do do 
            rádio e que o avião não é um grande pássaro enviado pelos deuses.

            Mas cá vamos tentando espalhar a civilização…

          • antoniofernando

            Já rolas como uma desesperada barata tonta, patarata.
            E se fosses namorar com um robô ?

          • antoniofernando

            Vai dar beijinhos ao teu robô
            patarata

          • Coringablack

            Juro que tinha esquecido o absurdo de ele acreditar em ressurreição e levitação na água (risos).

          • HAMONBAAL

            E é um gajo desses que vem criticar a racionalidade da ciência !

            O mesmo que acredita piamente que alguém é capaz de transformar àgua em vinho !

            Estamos a falar com alguém com o desenvolvimento mental de uma criança de três anos.

            Temos de explicar cuidadosamente que não, o homem aranha não existe.

            E que sim, o senhor polícia existe mesmo, mas que não é a mesma coisa que o homem aranha.

            Primeiro que estes conceitos entrem nas cabecinhas é preciso MUITA paciência.

          • Coringablack

            Vale pelo bom humor. Está divertido arrochar o colega. Principalmente quando ele é prensado por um reles mortal como eu. Acho muita humilhação (risos).

          • HAMONBAAL

            E ainda por cima não sabes demótico !

            Bem.  Ele também não.  Mas como também não percebe os textos mais simples em tuga pode dizer que compreende tão bem demótico como se fosse em tuga !

            E não é que é verdade ?

          • antoniofernando

            vai dar beijinhos ao teu robô patarata 🙂

          • Ludwig

            António,

            Em traços gerais, a bioinformática é a aplicação de técnicas de informática a problemas de biologia e bioquímica.

            Quanto às interpelações, tenho tempo limitado e preciso de ser algo selectivo. Acerca da sua, aproveito apenas para dizer que me parece bem mais disparatado acreditar que a consciência, ao contrário de tudo o resto, só pode surgir por magia ou milagre.

            Não me parece que um CPU com a arquitectura dos que temos hoje possa ser consciente, mas isso não é nada de especial. Um CPU também não consegue digerir uma maçã, bombear sangue ou saltar à corda, e já sabemos que esses processos dispensam milagres. O que me parece é que a consciência, como Searle também defende, é fruto de um processo natural e, se compreendermos esse processo, poderemos reproduzi-lo em máquinas artificiais (em vez de apenas nas máquinas biológicas a que chamamos cérebro). Terão é de ter a arquitectura correcta.

          • antoniofernando

             Ludwig

            Grato pela sua resposta.Como sabe, Searle é totalmente contrário à IA. E o facto de a consciência ser fruto de um processo biológico natural não permite logicamente admitir que poderá ser reproduzida em máquinas artificiais. Essa sua posição é totalmente contrária à tese exclusivamente biológica dos neurocientistas, a começar pelo António Damásio e a neurociência assevera que a consciência está indissoluvelmente ligada aos seres vivos. Você põe em causa a tese da neurociência, com base em que fundamentação científica ? E o que é isso de uma ” arquitectura correcta” para poder afirmar a reprodutibilidade da consciência em meras máquinas, por muito sofisticada que seja a sua construção ? E a partir de que pressuposto hipotético pode você equacionar que os neurónios cerebrais possam ser substituídos por equivalentes em silício, no que respeita à sua função cerebral específica ?
            Nem você, nem o Dennett, nem o Chalmers, nem qualquer outro adepto da IA têm qualquer resposta detalhada para essas questões, desde logo por um aspecto fundamental: não há nem é plausível que venha a haver qualquer máquina a que tenha sido ou venha a ser reconhecida consciência.
            Ou seja: quando você equaciona que num qualquer dia de S. João Nunca à Tarde possa ocorrer o facto ” histórico” de aparecer uma máquina inteligente e consciente, está a especular no domínio da mera e implausível ficção científica, ou seja, no âmbito da mera crença.E de uma crença totalmente absurda. Você nunca conseguiria saber se uma máquina apresentaria consciência e muito menos como Searle a define. Mas não deixa de ser espantoso que você, enquanto crente de uma teoria absolutamente especulativa, se permita criticar outras crenças, achando que a sua é muito boa, por ser sua, e que as outras são muito más, por serem de terceiros.

          • HAMONBAAL

            E continuas a insistir que uma teoria científica é o mesmo que uma crença religiosa.

            Tantas peneiras e tanta ignorância junta.

            Agora até tens a mania que podes disputar a ciência aos cientistas.

            Começas a dar lições na programação de inteligência artifical, qualquer dia estás a dar lições em transplantes de coração a dizer que cristo aplicaria a pinça mais acima ou mais abaixo da aorta etc.

            Não tens mesmo noção do ridículo.

            Queres replicar a intervenção da igreja na ciência medieval, em que os teus “pastores” decidiam o que era certo ou errado em ciência.

            A viabilidade da IA forte vai ser provada, ou não, pelos cientistas que trabalham nesse campo da ciência da computação e não por um frustrado fanático religioso armado juíz da ciência.

            És um triste.Vai condenar outra vez o Galileu.  Vai.

          • HAMONBAAL

             O que está em causa está á vista.

            É o mesmo que o julgamento de Galileu.

            Os fanáticos religiosos pensam que podem perder mais influência nas mentes das massas manipuláveis se se provar que a inteligência pode ser replicada por uma máquina construida por um ser humano.

            Mas estes ignorantes não sabem que o passo principal já foi dado.

            Ainda maior do que a inteligência é o espantoso mistério da própria vida de que a inteligência apenas faz parte.

            Pois já há anos que os cientistas conseguem criar células vivas artificiais em laboratório.

            O passo principal está dado.  Se a IA forte é possível ou não é apenas outro passo do mesmo caminho.

            Quanto a ser impossível apenas pelo Tony, agora também arvorado em grande cientista dos blogs, dizer que é impossível, lembremo-nos apenas de que no passado pessoas bem mais habilitadas do que o pobre tony também diziam que os aviões, os foguetões espaciais etc, também eram impossíveis umas décadas antes desses voos serem efectuados.

            Força tony.

            Continua a acreditar num gajo que por magia multiplica pães e peixes e que cura doentes mentais expulsando as suas “legiões de demónios”.

            Ao mesmo tempo armar-te em dono da ciência.

            Faz-nos rir.

  • UmGajo

    O que pretendo com isto, além do gozo que me dá a escrever, é contribuir, por pouco que seja, para que as alegações de bruxos, padres, videntes e afins sejam avaliadas apenas pelo mérito que tiverem em vez de aceites como autoritárias simplesmente por virem de quem vêm. Isto não me parece um equívoco.

    Acredita Ludwig que o contributo que dás não é pouco. Os teus textos são do melhor e mais esclarecedor que tenho lido.

  • Citadino

    Não me parece uma luta inglória, a dos ateus. Não se pretende desconverter os “sócios” adultos das religiões estabelecidas, mas sim evitar a lavagem ao cérebro das gerações vindouras, e nisto tem havido progresso. 

  • Ateu sim, e dai ?

    Excelente texto. Parabéns.
    A última trincheira dos crentóides não tarda a cair. Sei que é chover no molhado, mas o conceito de inteligência é muito mais simples do que os dementes crentóides desejariam que fosse; todos os animais, de uma forma ou outra, através da evolução e da seleção natural manisfestam o conceito; não é privilégio humano e não foi “criado” pelo et imbecil e taradão dos débeis crentóides.
    Há uma aranha em Madagascar capaz de fazer uso de uma concha oca de caramujo como casa e armadilha para capturar suas presas. Até aí nada de mais. O que é surpreendente é que a aranha suspende a concha e a posiciona de acordo com o vento. Após prender a conha à teia, a aranha tece um funil e fica à espreita.
    Como ela aprendeu isso tudo ? a mamãe aranha deixou um manual ? ha, já sei. Foi o et papai dos crentoídes, esses anormais poluidores do ambiente dos outros, quem passou, de uma galáxia distante, por ondas espirito-magnéticas as informações.
    Crente = animal incapaz de pensamentos objetivos, lógicos e consistentes. Animais que precisam de um pastor para tocá-los, e eles, em uníssono dizem: améééééémm (diga com voz de ovelha, é engraçado)

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