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  • 10 de Janeiro, 2012
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Momento zen de segunda_09_01_2012

João César das Neves (JCN), com vasta erudição no campo da religião e da zoologia, confessou-nos recentemente que ele é um asno e que no céu também há cavalariças, sendo a primeira afirmação fácil de acreditar e a segunda de duvidosa prova.

Na homilia desta segunda-feira o santo asno perorou sobre a morte de um dos grandes intelectuais do nosso tempo e insigne ateu – Christopher Hitchens – , falecido em 15 de Dezembro e que desmascarou as mentiras pias e o perigo das religiões,

Talvez para não perder o direito à estrebaria que julga ter reservada no Paraíso (seja lá isso onde for) JCN escreveu umas tantas asneiras convencido de que elas lhe aplainam o caminho da salvação, uma espécie de prolongamento da vida que um ser hipotético reserva aos que acreditam na sua existência e praticam uns rituais exóticos apelidados de sacramentos.

JCN define ateísmo como « a doutrina religiosa com o dogma de que Deus não existe», comparando a dúvida à irracionalidade da fé e a desconfiança nas afirmações para as quais não existem provas com a crença irrefletida nessas afirmações, no seu caso com algumas tão exóticas como a virgindade de uma mulher parida ou a infalibilidade de um papa obsoleto e rancoroso – Pio IX.

Quanto à existência de deus, JCN esgrime uma sibilina ameaça comparando os dogmas com o ateísmo: «Um dia veremos, mas então será demasiado tarde». Será difícil que algum ateu pense, depois da morte, na possibilidade de zurrar numa cavalariça comum com o devoto escriba no paraíso dos católicos apostólicos romanos.

JCN acusa os ateus, de que Hitchens é o paradigma, por terem como traço principal não o ateísmo, bastante comum, mas o violento e persistente ataque à religião, como se só houvesse uma, ou  as religiões fossem um exemplo de fraternidade entre si, e o ateísmo fosse mais do que uma opção filosófica de quem cultiva a razão e confia na ciência para elaborar os seus modelos de racionalidade.

Quanto aos ataques à religião (JCN sabe que todas são falsas menos a sua) confunde a discussão filosófica e os ataques a crimes, sejam eles cometidos por ateus ou crentes, feitos em nome do humanismo contra ao proselitismo religioso que há milénios comete os mais ignóbeis crimes e os mais sangrentos genocídios.

Para mostrar a dificuldade em dialogar com pessoas com referências diferentes (ateus?), JCN afirma: Imagine-se o embaraço no convívio com promotores do canibalismo, escravatura ou poluição. Nisso tem razão. Basta ler a Bíblia e ver como a escravatura, a tortura, a violência e a morte dos infiéis são referências pias que tornam embaraçoso o diálogo com o humanismo ateu herdado do Iluminismo e da Revolução Francesa.

16 thoughts on “Momento zen de segunda_09_01_2012”
  • zdg

    Deixem o homem ser feliz com as próteses mentais , que lhe implantaram na catequese e
    ficar sempre assim, parado no tempo, com as suas obcessões.

  • Kavkaz

    O Ateísmo NÃO tem qualquer dogma de que Deus não existe. O católico ignorante JCN deveria saber que os ateus sabem fundamentar e explicar porque os deuses não existem. JCN mostra-nos a sua ignorância de cruzado de má fé!

    • André Catelli

      O dogma do ateísmo é que Deus não existe.Boa! Pensei que fosse só uma definição de dicionário.E se o líder mundial dos ateus retirar esse dogma e 10% dos ateus passarem a crer em Deus? Ho ho ho!JCN é um parvo que não vale a alfafa que come!

  • antoniofernando

    Este é um texto que define bem a estaleca de carácter do sr. Esperança. Li os dois artigos de João César das Neves e, neles, não vi nada de ofensivo ou agressivo para com os ateus. Defendeu os seus pontos de vista de forma educada e cordata. Pode-se concordar ou discordar do que ele afirmou, mas daí até catalogá-lo de ” asno” ou de ” santo asno” vai a enorme diferença entre a forma de escrever de JCN e do sr. Esperança. Claro que, para o sr. Esperança, Hitchens é o maior, mesmo que ele tenha dito publicamente numa conhecida entrevista que não queria alienar os muçulmanos, que queria era eliminá-los. Insigne este gabiru do Hitchens ? Um indivíduo que destilava ódio e agressividade por todos os poros e que, por ele, chacinaria todos os muçulmanos, tal como o seu comparsa Sam Harris, que disse exactamente o mesmo do que o Hitchens, por outras palavras? São estes os modelos de referência do sr. Esperança ? É nesse tipo de gentalha que o carácter do sr. Esperança se revê ? Pelos vistos é, Mas o homem, o mesmo tipo que já  disse que ” a crueldade é apanágio dos crentes”, ainda aqui virá novamente jurar que, no ” D.A.”, todos os ateus são gente de bem, que ele respeita inteiramente a Declaração Universal dos Direitos do Homem e os ideais da Revolução Francesa. Só falta saber se não serão apenas os comportamentos mesquinhos e reaccionários que fizeram rolar tantas cabeças na guilhotina e acabaram por coroar de Imperador o ” republicano” Napoleão.

    • Anónimo

      É assim que eu gosto, Tonico. Defender sempre os correligionários.
      Agora, vai treinar o “rolar”, vai.

      • antoniofernando

        Pobre e infeliz ortóptero. Onde ficou a força dos teus argumentos pequeno insecto ? Mas afinal quem é que defende os correlegionários ? Eu, que estou tão ideologicamente distante do católico João César das Neves, enquanto cristão não católico,mas que não me coíbo de escrever o que penso, ou tu que vens aqui defender o teu “patrão” Esperança, sem nenhum tipo de argumentação a acompanhar a tua simples espuma raivosa ?

  • Anónimo

    ataques a religiao?? acaso JCN não ataca o islam… o protestantismo a bruxaria???

  • Kavkaz

    O alemão Ratzinger disse que o matrimónio entre homossexuais é uma ameaça para a Humanidade.

    O velhote tem cada taradice… O celibato é que não é ameaça nenhuma. Coerências católicas…

    http://www.20minutos.es/noticia/1271441/0/papa/matrimonio-gay/amenaza-humanidad/

  • Vaca

    Senhor antonio fernando e senhor Esperança,
    Sou já uma idosa e um pouco tonta, mas vejamos se percebi o artigo de JCN?Conclui que há Céu, Jesus está dentro do burro e JCN carrega um fardo, crê-se uma virgem púdica, porque horrorizada com a descrença dos homens num futuro melhor.JCN  aspira vir a viver alegremente nas cavalariças, nas estrumeiras e nas pocilgas que há no Céu.É isto?Não sei se percebi bem.
    Cumprimentos,

  • HAMONBAAL

    Infelizmente, pela primeira vez, sou obrigado a concordar com o César das Neves, personagem que normalmente me é repelente.

    Acontece que vocês não têm dúvidas sobre se deus existe.  Vocês têm a certeza que ele não existe.  Ora, para estarem a usar a razão e a ciência ao exprimir esta posição, teriam de ter informações sólidas sobre o assunto, coisa que, evidentemente não têm.

    Logo não estão a usar a racionalidade nem a ciência mas a dar um palpite como se fosse uma verdade absoluta.

    Ora, um palpite transformado em verdade absoluta chama-se fé.

    Vocês têm fé em que deus não existe.

    Se estivessem a usar a razão e a ciência teriam de ficar pela DÚVIDA.

    Ora a dúvida é precisamente o oposto da proclamação de verdades absolutas e definitivas.

    • Kavkaz

      Hamonbaal,

      Porque diz que os ateus fazem palpites sobre a inexistência de deuses? Porque assim lhe parece, talvez. Mas olhe que eu tenho a CERTEZA do que digo. De contrário não o afirmaria.

      Já aqui tenho escrito muitos comentários sobre esse tema. As explicações estão dadas e são conhecidas. Como ateu não tenho qualquer dúvida de que os deuses não existem.

      Penso que a dúvida sobre a (in)existência de deuses existe em si, não nos ateus. Mas isso poderá resolver lendo e estudando mais. foi o que eu fiz e continuo a fazer. Por isso cheguei a ateu.

      É precisamente por usar a Razão e a Ciência, conhecer as religiões, suas origens e objetivos, seus pseudo “livros sagrados” que se conclui que o Universo não foi “criado”. Percebo que é difícil chegar a esta conclusão por parte da maioria das pessoas. Mas a situação vai ficando sempre mais clara com os tempos. Agora até os crentes já negam a veracidade das histórias da Bíblia, dizem que não podem ser levadas à letra. Não falaram assim durante séculos… Mudaram de posição!

      Os crentes falam sem saber o que dizem, têm fé naquilo que afirmam possa ser verdade… Os ateus têm a CERTEZA do que afirmam. As dúvidas, essas, não são dos ateus!

      • HAMONBAAL

        Todas as religiões podem ser falsas.  Um dia até poderá não haver crentes a seguir qualquer igreja.

        Mas, mesmo aí nunca poderá haver a CERTEZA de que deus existe ou não.

        Ao teres certeza absoluta num assunto onde não tens quaisquer provas estás no terreno da fé.

        Porque tudo o que tu leste apenas pode demonstrar a origem deste ou daquele mito, a montagem desta ou daquela instituição, pode demonstrar que uma determinada religião, como instituição, é usada para fins menos licitos.

        Mas nunca nenhum estudo poderá responder, sem dúvidas, à questão da existência ou não existência de um criador.  Seja lá o que isso for.  

        Em ultima instância o criador poderia ser tudo o que existe, o universo como consciência.

        Estou a dizer isto e EU não sou crente.  

        EU ponho TUDO em dúvida, a começar pela existência ou não existência, porque não tenho quaisquer dados sobre o assunto.

        O problema é que, precisamente, ninguém tem.

        Apenas, por honestidade intelectual, se critico os crentes teístas por acreditarem em algo sem quaisquer provas, se os crentes ateístas também o fazem, também tenho de os criticar.

    • Devhour

      Chamar-lhe de fé é estúpido.
      Nós temos quase a certeza (no mundo das probabilidades) que não existe nenhum deus. Eu prefiro viver nessa incerteza mínima do que ter a certeza de um ignorante e achar que deus existe. Difícil perceber? Ninguém aqui fala de “verdade absoluta” ao contrário do que o senhor diz e a maioria dos religiosos proclamam.

      Engraçado ver o trocadilho de palavras e frases e apenas nos dão ainda mais razão.

      E este JCN só me faz rir.

      • Kavkaz

        Devhour

        Eu vejo uma questões primária a esclarecer: é o termo “Deus”. Onde os crentes o foram arranjar?

        – Verificamos que eles vão buscar esse nome à Bíblia, ao Antigo Testamento, ao Génesis, o tal livro que relata uma estória não verdadeira e que eles já o reconhecem também. Tal estória de “Deus” é um mito. Até o Vaticano o reconhece. O Universo, como descrito pela Ciência, está longe de ter surgido como foi descrito no Génesis. Logo, o tal “Deus” do Génesis não o poderemos considerar como real e existente. Foi inventado. Temos até comentarista crente que propõe rasgar o AT.

        Mas os crentes, não sabendo ou escamoteando como o Universo chegou aos dias de hoje FORÇAM uma explicação e adaptam a sua teoria religiosa. Se o “Deus” do Génesis não existiu como lá está descrito, então arranjam outro, mas com o mesmo nome. Parece sempre o mesmo: Deus. E os mais “avançados” afirmam-nos, então, que Deus criou o Universo, não da maneira descrita no Génesis, mas com os contornos novos que a Ciência nos revela.

        Assim, repescam o nome “Deus”, do Antigo Testamento (desautorizado), para o introduzir de novo como o criador do Universo com as leis e desenvolvimento identificados pela Ciência. Adaptam a sua Religião desautorizada pelas novas descobertas da Ciência nos tempos modernos.

        • HAMONBAAL

          Todos sabemos as acrobacias morais que os crentes fazem para encaixar as suas teorias.

          Mas isso apenas prova que os crentes e instituições religiosas não são de fiar, não prova nada em relação à existência de deus.

          Quanto à noção da existência divina, ela sempre existiu desde que o homem é homem.   

          A bíblia apenas transmite mais uma religião, até relativamente recente.

          Ela existe em relação a religiões muito mais antigas onde foi buscar os seus componentes, como a religião base cananeia, a religião egípcia, a religião Suméria, a religião neolítica.  Está provado que até já no paleolítico existia religião.

          Claro que a religião em si mesma pode ser uma simples forma de expressão de um instinto vital, como por exemplo, a necessidade de o homem explicar, seja de que maneira for, o que não compreende.  O medo da morte.  A necessidade de projectar a sua existência no infinito, nem que seja de maneira fictícia etc.

          O problema é que, mesmo que seja apenas a expressão de um instinto, nada nos diz que esse instinto não seja baseado em algo que existe mesmo, intuido instintivamente, ou simplesmente numa construção mental.

      • HAMONBAAL

        “mínima”

        A questão é que, num assunto que ultrapassa os limites da realidade tal como a conhecemos, no conceito de “mínimo” cabe todo um universo.  Isto é, não significa nada.

        Eu também sou tendencialmente ateu.  Mas tenho consciência que esse conceito de “mínimo” é essencialmente ditado pelos meus preconceitos e inclinações pessoais.  Pelo que sabemos da ciência também.  

        Porém, como também sabemos que a ciência apenas consegue explicar uma ínfima parte daquilo que existe, mesmo no seu campo da matéria e da energia, tenho de levar em conta que na minha definição como “mínimo” é essencialmente uma fezada pessoal e não a explicação ultima do universo.

        Quanto ao JNC não me faz rir, normalmente faz-me vomitar.  Não só por razões filosóficas mas morais, porque é um dos representantes do capitalismo selvagem que está a destruir o mundo.   

        Mas quando acho que alguém tem razão em algo em concreto sou obrigado a reconhecer, nem que fosse o diabo em pessoa.  E no caso do JNC se calhar é mesmo.

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