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Feriados… (III)

A ICAR ganhou, mais uma vez. Nem era de esperar outra coisa, com um governo beato e um PR ainda mais.

O dia 5 de Outubro, que comemora a implantação da República e a separação entre Estado e Igreja (o negrito é meu) vai ser eliminado. Os saudosistas de Salazar terão mais um motivo de regozijo.

Parabéns.

11 thoughts on “Feriados… (III)”
  • Manuel Arruda

    Há fonte da notícia? Obrigado.

  • Kavkaz

    Caro José Moreira,

    Não partilho a sua opinião. A decisão de acabar com quatro feriados (dois religiosos e dois civis) é uma decisão do governo português. Ele baseia-se na tentativa de minimizar os efeitos da crise económica em que se encontra, obrigando todos a trabalhar mais quatro dias. Tenta, assim, obter mais receitas do trabalho e aumentar a produtividade anual e o PIB.

    O governo poderia escolher outras datas. Verdade. Escolheu estas. Mas tinha de tomar a decisão de cortar em algum lado para diminuir a ociosidade habitual. É uma questão de escolha que pertenceu a quem foi eleito pelos portugueses nas eleições gerais.

    Não me parece correto e direto relacionar-se Salazar com o fim do feriado que comemora a República e a separação do Estado e a Igreja. Entendo que neste caso todos perderam por causa da falta de dinheiro do Estado e das suas gigantes dívidas. Perdeu-se quatro feriados. Todos perderam. Não houve vencedores. A não ser que queiramo dizer que o vencedor seja o Governo que tenta equilibrar as contas públicas à custa do esforço cada vez maior de todos os portugueses. Mas isso é a obrigação de quem faz o que deve fazer na situação económica em que Portugal se encontra.

    • Anónimo

      Caro Kavkaz
      Mais uma vez, abro uma excepção e escrevo na caixa de comentários. Mas você merece.
      O Estado português é laico. Bem sei que é só em teoria, mas é formalmente laico. Porém. podia, perfeitamente, fazer de conta, já não digo sempre mas, pelo menos, de vez em quando.
      Vamos a factos:
      Feriados ou dias festivos religiosos, em Portugal: 9
      Feriados ou dias festivos civis: 5.
      Para estado laico, não está nada mal. E a pergunta que eu faço e que, aliás, está nas entrelinhas do meu artigo, é: não poderia, o governo, ter acabado com quatro feriados religiosos?
      Quanto ao aumento da produtividade, deixe-me que lhe expresse as minha dúvidas. Pode aumentar a produção; a produtividade, duvido. Aliás, se houvesse forma de aumentar a produtividade – e há, só que passa por uma revolução que ainda não foi feita, a das mentalidades – não haveria necessidade de cortar feriados nem aumentar horas de trabalho.
      De qualquer modo, obrigado – sinceramente – pelo seu comentário.

      • Kavkaz

        Caro José Moreira, estarei de acordo que será possivel cortar noutros feriados, tomar outra decisão. Mas pronto, foi o que decidiram e lá se foram uns dias de “férias” por causa da crise do Ministério do Tesouro e Finanças. Dou-lhe razão nas cedências à Igreja em matéria de laicidade. Há um processo histórico que pesa nessas decisões. Esperamos que o Estado português consiga no futuro depender menos dessa pressão religiosa constante. É o país que temos.

        O aumento da produtividade será pela força de mais horas de trabalho não remunerado. O que até se pode considerar ilegal. Veremos é se o pessoal aguenta tanto antes de ficar sem forças para dar mais. Partir a loiça também não resolve, a não ser que se queira comprar tudo de novo e começar do princípio, o que não é boa ideia para quem já andar por cá há muitos anos. Pior está a juventude que tem falta de experiência de vida e conhecimentos para conquistar um lugar adequado num país endividado e sem riquezas naturais suficientes para mais rapidamente dar a volta à situação económica.

        Não vejo como as mentalidades possam mudar depressa e para aonde. Isto é um sistema liberal. Cada um vive como sabe, pode e quer na sua “ilhota livre”. Só tem que aprender a nadar e não se deixar comer pelos tubarões, se conseguir!

        Um abraço!

        • Hunig

          A mentalidade consciente prospecta a Ciência e a transforma em Tecnologia; até areia é riqueza, cascas são riquezas, mas há que haver educação que torne as pessoas hábeis. Portugal já foi drenado pela máfia das crenças, já foi usado, agora é apenas depenado no pouco que resta. As máfias das crenças estão agora vidradas em arregimentar os africanos, e indianos, depois vão jogá-los contra os europeus, etc. Talvez quando não houver mais o que falir e ser usado os parasitas por fim também acabem, como as árvores infestadas de pragas. Mas há uma sorte se apresentando e temos de pegá-la, é a Lógica Espacial; um discernimento que já mostrou potencial para revolucionar não só a Física mas a própria Civilização.

    • João Pedro Moura

      KAVKAZ disse:
       
      “A decisão de acabar com quatro feriados (dois religiosos e dois civis) é uma decisão do governo português. Ele baseia-se na tentativa de minimizar os efeitos da crise económica em que se encontra, obrigando todos a trabalhar mais quatro dias. Tenta, assim, obter mais receitas do trabalho e aumentar a produtividade anual e o PIB.”
       
      Eu acho que o Kavkaz está a perspetivar mal a questão, em termos de laicidade, que é o que nos converge aqui, neste blogue.
       

      1- A decisão do governo, em conúbio com a Igreja, tem todo o aspeto de ter sido algo do género: “se vós, Igreja, aceitardes perder uns feriados, nós, governo, também eliminaremos um número de feriados civis equivalentes.”
      Ora, então, estabeleceu-se uma espécie de confronto dual entre o “civil/político” e o “religioso”.
      Era como se a Igreja dissesse que não queria saber para nada dos feriados civis, como se estes competissem com os religiosos.
      Os feriados civis vinculam toda uma comunidade, Igreja incluída, como celebrações de eventos importantes e marcantes duma sociedade em progresso. São feriados nacionais.
      Os feriados religiosos referem-se a uma coisa – a religião – que é um assunto privado e não público.
      A vivência religiosa é extremamente pluralista e não há ditames injuntivos, da direção duma Igreja, que obriguem os próprios religionários.
      Decorrentemente, a estipulação de feriados religiosos só pode provir duma época em que o Estado tinha uma religião oficial ou queria parecer isso.
      Portanto, inadmissível num Estado que deverá ser laico!
       

                  2- O que o governo fez foi equivaler e indexar os feriados civis aos religiosos, como se tivessem alguma coisa que ver, uns com outros.
                  Aquilo que o governo deveria ter feito, se quisesse abolir feriados, era refletir sobre a importância dos mesmos, um a um, civis e religiosos, e eliminar os que achasse menos importantes, sem estar a equivaler coisas, social e politicamente diferentes.
                  Mas, é claro que um governo subserviente não fará isso…

       
                  3- Na minha opinião, os feriados políticos são importantes e marcantes da vida dum povo e deverão continuar. Os feriados religiosos deveriam ser todos abolidos porque não constituem celebrações de eventos importantes da vida duma comunidade cívica, em vivência pluralista de filosofias de vida, religiosas, sociais, políticas, etc.  
       

                  4- Acresce que, um feriado é, por vezes, um proveito para se fazer uma viagem e beneficiar, concomitantemente, a hotelaria e a restauração, atividades estas, sobretudo a hotelaria, que auferem mais proventos em situações de férias e descansos de feriados. E isso também é proveito para a economia nacional.
                  Com esta abolição de feriados, a hotelaria vai sofrer uma pequena pancada…

       
                  5- Abordando agora um assunto, a suposta melhoria da produtividade, fora do âmbito
      deste blogue, mas porque foi aflorado pelo Kavkaz e eu não queria deixar a abordagem sem crítica, digo que mais ou menos 4 dias, na produção nacional, não vai alterar produtividade nenhuma. Que mal é que isso faz em tantos dias de trabalho?
       
                  a) No comércio, não prejudica ninguém, porque as pessoas compram noutros momentos. Será que uma loja iria vender mais se os trabalhadores laborassem mais meia hora por dia ou com menos feriados?! Claro que não, porque, quem quer comprar, fá-lo-á quando a loja estiver aberta.
       
                  b) Será que uma empresa industrial, deixando de trabalhar 4 dias, irá sofrer quebra de réditos?! Não, porque pode sempre regular a sua produção, com maior ou menor intensidade, empregando mais ou menos trabalhadores.
       
                  c) Acresce que a crise é, frequentemente, de sobreprodução, como bem atesta o desemprego crescente e não uma crise de falta de produção.
                  Não é por trabalhar mais que se resolve a crise. O problema é a falta de dinheiro e de procura.
       
                  d) Aliás, ao aprovar o trabalho gratuito de mais meia hora diária, o governo, além de estipular, assim, uma forma de escravidão (pois que é aos escravos que não se paga nada) dificulta muito a entrada de novos empregados, pois que os patrões, se quiserem aumentar a produção, fá-lo-ão via aumento do horário (e gratuito…) em vez de contratar mais gente.
       
                  e) Franklin Delano Roosevelt, o melhor presidente da história dos EUA, quando ganhou as eleições, em 1932, e enfrentou as consequências da maior crise da história dos EUA e do mundo, a depressão de 1929, diminuiu o horário de trabalho, de 48 para 44 horas, a fim de que o patronato fosse estimulado a contratar trabalhadores, quando as empresas recomeçassem a progredir.
                  Portanto, é diminuindo o horário de trabalho e não aumentando, que se estimula o emprego. E sem empregados não há compradores…
                  Ora, o governo português faz, estupidamente, o contrário…
       

  • Shere W.

    Há uma pergunta patente: Por que isso que chamamos “Governo” é de mando-submissão ao invés de composição de esforços e produção? O que é que as máfias pervertidas de chefetas-parasitas-mandantes-de-crenças produzem?
    Kennedy como presidente de uma Nação num propício momento de consciência em nossa Sociedade (60-80) afirmou que um troço chamado “Somos Um” estava dominando a Sociedade Humana. Estamos afundados num terror teo-pulhítico-medievo-monolítico. O jogo sujo tem esbalde no imaginário forjado pelas mentiras religiosas que arrebenta os menos favorecidos e os mais esclarecidos que não se submetem à patifaria de tocar o desespero civil.

  • Vicsan100

    Caro Kavkaz:

    Permita que o emende: isto não é um governo. É uma associação de criminosos!

  • Skywalker

    E deem-se por satisfeitos caros amigos lusitanos. Aqui no Brasil alem dos 17 feriados religiosos (nacionais e estaduais, ate porque não se sabe dos municipios, pois á uma lei aqui que permite que os municipios institucionalizem até 4 feriados religiosos) e de uma bancada cristã evangélica e católica a limpar o transeiro com nosso constituiçào, direto aqui presenciamos sessões de camaras municipais e estaduias sendo abertas com leitura de versiculos bliblicos e a afronta descarada da manutenção estatal de crucifixos cristõas em todos os paços publicos bem como tambem em escolas e bibliotecas, com pena de multa em caso de descumprimento. Sr José Moreira esta a chorar de barriga cheia hehehe

  • JoaoC

    Obrigado 🙂

  • Abc

    Os saudosistas de Salazar terão mais um motivo de regozijo.

    Como assim?…

    Vejamos, por exemplo em 1943, tempo de Salazar.

    Feriados:

    1 de Janeiro – consagrado à fraternidade universal
    31 de Janeiro – Consagrado aos percursores da República
    3 de Maio – Descobrimento do Brasil
    10 de Junho – Memória de Camões
    5 de Outubro – consagrado aos heróis da República
    1 de Dezembro – comemoração da independência nacional
    25 de Dezembro – Consagrado à família. 

    Ainda falas de Salazar?

    Os feriados são uma conquista do povo que, pelo que se vê, será derrotada pela democracia europeia.
    Quando toda a gente sabe que causa da situação portuguesa (e europeia em geral) é o euro e a União Europeia, cilindrar direitos e conquistas do povo, algumas difíceis de obter, é uma afronta que devia ser paga com a prisão deste género de “democratas” ditadores, bem piores que Salazar.
    São os ditadores que ninguém elegeu (o governo), a combater o povo. Isso ninguém diz. 

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