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Tempestade

Um divertido poema sobre a falta de espírito crítico geralmente associada à rejeição do naturalismo:

33 thoughts on “Tempestade”
  • Jairo

    Boa tarde.

    João Vasco, podes definir naturalismo, por favor?

    Obrigado.

    • João Vasco Gama

      Espreitei a wikipedia ( http://en.wikipedia.org/wiki/Naturalism_(philosophy) ) , e é neste sentido que uso o termo:

      «Naturalism commonly refers to the philosophical belief that the natural universe is a closed system and that only natural laws and forces (as opposed to supernatural ones) operate in the universe, and that either nothing exists beyond the natural universe or, if it does, it does not affect the natural universe. Followers of naturalism (naturalists) assert that natural laws are the rules that govern the structure and behavior of the natural universe, that the universe is a product of these laws and that the goal of science is to discover and publish them systematically.»

      • Jairo

        João Vasco, podes apresentar-me um argumento para acreditarmos que não existe nada para além do universo natural?

        Obrigado.

        • Sergio Ribeiro

          Simples. Não temos provas que exista nada para além do Universo natural. 

          • jmc

            Isto. E outra coisa: o sobrenatural não é sempre sobrenatural. Com um bocado de investigação “torna-se” natural.

          • Jairo

            Petição de príncipio ( “não temos provas” só porque você DIZ que não temos?) como forma de fundamentar um apelo à ignorância :é falso porque não há provas de que seja verdadeiro.

            Muito fraco. Falácia não é argumento.

        • João Vasco Gama

          Não existe «or, if it does, it does not affect the natural universe.».

          Porque se afectasse o Universo natural, então estaria no domínio daquilo que as ciências podem estudar, e seria considerado «natural».

          Um exemplo: imaginemos um universo onde a «Dança da Chuva» funciona. O facto de funcionar implicaria que isso poderia ser observado empiricamente, e estudado. Poderia ser possível saber-se quais os melhores passos, quais as melhores ofertas, qual a disposição e quais os pensamentos ideais para iniciar o ritual. Assim, a interacção entre a dança da chuva e a meteorologia seria considerada «natural», da mesma forma que ninguém acredita que há magia quando certos aviões lançam certos produtos para as nuvens para provocar a chuva.

          Mas num universo onde existem alegações de que a «Dança da Chuva» funciona, mas isso não ocorre de facto, qualquer estudo sério a respeito do funcionamento da Dança da Chuva concluirá que a mesma é ineficaz. Para preservar a crença no funcionamento do ritual, os seus proponentes tenderão a alegar que o mesmo corresponde ao domínio do sobrenatural, e como tal o seu estudo e compreensão é impossível.

          Podem existir fenómenos completamente fora daquilo que é observável directa ou indirectamente, e portanto da nossa capacidade de compreensão. Mas, precisamente por essa razão, nenhuma alegação sobre os mesmos pode ser devidamente sustentada, pelo que não passa de uma especulação sem qualquer valor. Uma vez que podem existir infinitas especulações incompatíveis igualmente (mal) fundamentadas, quem rejeita uma alegação deste tipo terá uma probabilidade muito maior de ter uma crença que corresponde à verdade do que quem a aceita. Pela mesma razão que se justifica acreditar que a terra não é plana (uma probabilidade muito superior de tal crença corresponder à realidade) justifica-se rejeitar qualquer alegação deste tipo em particular.

          • João Vasco Gama

            Outro exemplo: se ir a Fátima queimar velas, pagar promessas e rezar alterasse a probabilidade de sobreviver a um Cancro, esse seria um mistério do domínio da medicina, um mistério a investigar devidamente até existir uma maior compreensão sobre o fenómeno. 
            Mas como nessas condições a probabilidade não se altera, alega-se que estamos no domínio do sobrenatural, e os cientistas devem ficar de fora.

  • Esclarecer Não Ofende

    “Um divertido poema sobre a falta de espírito crítico geralmente associada à rejeição do naturalismo”

    João Vasco Gama

    O JVG, com a frase acima citada, mostra não ser ” naturalista”, no sentido filosófico do termo,

    “Espírito crítico” é uma expressão que claramente remete para uma visão idealista do ser humano.

    As teses fisicalistas, estritamente ” naturalistas” não concebem a existência de qualquer ” espírito” no ser humano, nem sequer qualquer atitude volitiva ou livre-arbítrio.

    É exactamente a tese reducionista de Dennet. Para ele, tudo se resume à matéria, o indivíduo nem tem natureza volitiva nem livre- arbítrio.

    Somos uma espécie de marionetas instigados pelos nossos ” memes” egoístas.

    É a visão filosófica mais estúpida que se possa imaginar.

    Ainda bem que JVG mostra não ser naturalista, pois admite a vertente volitiva do ser humano.

    Pena que tenha trocado os pés pelas mãos:

    Se alguém tem ” espírito crítico” não pode obviamente ser ” naturalista”. É uma contradição nos seus próprios termos.

    Que grande tropeção, JVG. Você tem que afinar os conceitos filosóficos…

    • João Vasco Gama

      «As teses fisicalistas, estritamente ” naturalistas” não concebem a existência de qualquer ” espírito” no ser humano, nem sequer qualquer atitude volitiva ou livre-arbítrio.»

      Dois erros:

      a) A palavra «espírito» em «espírito crítico» é usada metaforicamente. Ninguém acredita que existe mesmo um «espírito» que é «crítico» e que é responsável pela atitude que designamos por «espírito crítico». Nunca pensei ter de explicar isto, mas enfim…

      b) «As teses fisicalistas, estritamente ” naturalistas” não concebem […] qualquer atitude volitiva ou livre-arbítrio.» Isso não é verdade. Umas concebem, outras não, outras considerarão que «livre arbítrio» é um termo problemático de significado incerto. Existem diferentes posições naturalistas a respeito do livre arbítrio.

      • Anónimo

        O problema é continuar a alimentar trolls. O “esclarecer não ofende”, o “perguntar não ofende”, o “responder não ofende”, o 2xpto” são os travestis do antoniofernando.

      • Esclarecer Não Ofende

        Refutando a sua intervenção:

        a) A palavra ” espírito crítico” pode ter sido usada por si metaforicamente, mas a objecção que lhe coloquei permanece pertinente.A rejeição do Naturalismo, enquanto sistema filosófico,decorre de uma atitude eminentemente idealista, que emana do nosso livre acto de pensar. Reduzir,como você fez, a falta de espírito crítico à rejeição do Naturalismo, não é minimamente consistente em termos intelectuais. Você parte do princípio falacioso que, quem rejeitar o Naturalismo, não tem espírito crítico. Eu sustento exactamente o contrário: que uma interpretação analítica inteligente do estupidificante Naturalismo, enquanto mundividência filosófica totalizante, só pode racionalmente conduzir à sua rejeição;

        b) As teses fisicalistas , como a reducionista de Dennet,estritamente naturalistas e materialistas, não concebem qualquer atitude volitiva,sobre a intencionalidade humana, ou a existência do livre-arbítrio, tudo se passa como se a inteligência humana pudesse ser equivalente à inteligência artificial. E foi exactamente o que o Dennet fez, na sustentação, completamente absurda, da equiparação entre IH e IA. Leia o texto cuja referência citei, que aponta nesse exacto sentido.

        • João Vasco Gama

          a) « pode ter sido usada por si metaforicamente» não é por mim, ninguém usa a palavra para designar um «espírito» como sendo «crítico». 
          «Você parte do princípio falacioso que, quem rejeitar o Naturalismo, não tem espírito crítico. » Não escrevi isso, nem acredito nisso.
          «Eu sustento exactamente o contrário» sim, mas sem qualquer argumento sólido que o fundamente.

          b) Não vale a pena discutir tais teses em particular, porque mesmo que as suas alegações sobre as mesmas fossem verdadeiras (não me parece que sejam), isso nada obstaria ao que escrevi.

  • Luís Grave Rodrigues

    Muito bom!
    Uma forma simples mas notável de mostrar aquilo que muita gente não se apercebe que é a principal caraterística daquilo que defende: o RIDÍCULO!

    • Xpto

      Meteste o teu ” maninho” Kavkaz em banho- maria ? Andas muito saído da casca…

      • Kavkaz

        Asno electrónico, estás cheio de saudades minhas? Então já não é o Ludwig Krippahl quem tu esperas e amas? Até deixas a tua religião às moscas para acampares no Diário Ateísta!

        • Xpto

          Mordeste o isco Dr. Luís ? Também não me admira. És burro que nem um calhau.

          • Kavkaz

            Asno electrónico, porque não esperas pelo Jesus Cristo? Já sabes que não vem…

          • Ateu sim, e daí ?

            Ele está nervosinho porque engoliu uma isca que deixei; engoliu-a tanto que deve estar no fígado. Não se incomode com esse pobre diabo…

  • Esclarecer Não Ofende

    Para se demonstrar a inconsequência conceptual do Naturalismo,em relação à questão dos estados mentais, da volição e do livre-arbítrio, sugiro a leitura dos textos, cujas referências seguidamente destaco:

    http://sites.unifebe.edu.br/congressoits2010/artigos/artigos/050_-_DESIGN_E_NATURALISMO.pdf
    http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/dennett3.htm

    Como é que o Naturalismo explica o ” espírito crítico” referido por JVG ?

    Não explica, pois nem sequer admite a existência dessa faculdade. Segundo o Naturalismo, os processos humanos de percepção descendem de funções naturais e Dennet vai ao ponto de não encontrar diferença entre ” inteligência natural” e ” inteligência artificial”.

    Para o Naturalismo, natural pode ser, por exemplo, um pai vir a comer o seu filho se isso for ditado pela necessidade biológica de sobrevivência. Ou um pedófilo cometer os seus actos de abuso sexual porque não possui livre-arbítrio ou ” espírito crítico” para os dominar.

    O Naturalismo conduz necessariamente à amoralidade. Tudo o que for ditado pelas ” leis naturais ” é natural e basta.

    “Espírito crítico” é uma categoria idealista, não natural.

    JVG contradiz-se claramente quando sustenta:

    “Um divertido poema sobre a falta de espírito crítico geralmente associada à rejeição do naturalismo”

    Aliás, se o ser humano é capaz de rejeitar o Naturalismo, isso só prova que a natureza intrínseca do ser humano, no que aos estados de consciência respeita, é predominantemente idealista.

    O Homem foi capaz de vencer o canibalismo. E a justiça dos tribunais existe para julgar aqueles que, sendo imputáveis, não adequem os seus comportamentos às boas regras de convivência social.

    Porque precisamente tem ” espírito crítico”. É capaz de optar entre várias vias possíveis. Não está submetido à imposição absoluta das ” leis naturais” do Naturalismo Filosófico.

    • João Vasco Gama

      «O Naturalismo conduz necessariamente à amoralidade. Tudo o que for ditado pelas ” leis naturais ” é natural e basta.»

      Que enorme confusão entre o que é descritivo e normativo. Todas estas objecções resultam dessa confusão, e nenhuma delas colhe uma vez feita essa distinção.

      E novamente a confusão na interpretação  da expressão «espírito crítico» sem compreender que designa uma atitude e não o nome de um «espírito»…

      • Esclarecer Não Ofende

        Reafirmo o que disse: o Naturalismo condiz necessariamente à amoralidade. Para o Naturalismo, não existem critérios morais de referência, para além das determinantes meramente naturalísticas, que condicionam a existência dos seres vivos Por isso mesmo é amoral. A moralidade, a ética,a cultura,os diversos códigos de conduta, são já o resultado do processo de ideação humana. São construções que não reduzem das supostas ” leis naturais”, mas precisamente da elaboração da actividade mental e reflexiva dos indivíduos. Longe vai o tempo em que Comte ou Durkheim assentaram as suas visões sociológicas por comparação com o método empírico das ciências naturais. Nenhum naturalista aceita que determinados comportamentos humanos possam se vistos como ” imorais”. O conceito de ” imoralidade” foi historicamente produzido ao arrepio de uma visão filosófica exclusivamente naturalista. E ainda bem. Se assim não tivesse sido, ainda hoje estaríamos na Idade da Pedra da Evolução Humana…

        • João Vasco Gama

          Mas reafirmar uma asneira não a torna menos errada. 
          Se for mantida a confusão entre o descritivo e o normativo, o mesmo disparate pode ser explicado de diversas formas diferentes, mas continuará sempre a ser um disparate.

        • jmc

          Se bem percebo Naturalismo é apenas a rejeição do sobrenatural.

          De que forma é que esta rejeição afecta a nossa capacidade de moralidade, quando a moralidade advém da sociedade? Se a sociedade permitir a descrença no sobrenatural, as duas condições (moralidade e naturalismo) não são mutuamente exclusivas.

  • Joaquim Silva

    Grande parte da vida humana ocorreu contra as chamadas ” leis naturais” do Naturalismo, como sucedeu com os códigos morais, religiosos e culturais.

    Basta dar um exemplo para se ver como a perspectiva filosófica naturalista não faz sentido:

    Uma menina com 12 anos de idade pode ser biologicamente fecundada . As  leis naturais permitem.

    Mas o que é sucede nos países que consideramos civilizados quanto ao facto de as meninas de 12 anos engravidarem ? Rejeitamos culturalmente essa possibilidade natural.

    O que é também ocorre nos países civilizados em relação ao incesto ? Rejeitamos também culturalmente essa possibilidade natural. Se um pai tiver relações sexuais com uma filha, as leis naturais permitem que ela venha a engravidar, não é verdade ?

    Isso demonstra a total inconsistência filosófica do Naturalismo.

    Não é por algo ser natural, que os seres humanos devem eticamente seguir as ” leis naturais”.

    A Cultura, amplamente considerada, é um processo substancialmente anti- natural.

    Se nos orientássemos pelas leis ” naturais”, ainda existia canibalismo, escravidão e guerras alargadas em todos os pontos do Globo.

    Portanto, se algo deve merecer elogio, não censura, é exactamente o espírito crítico humano sobre a inane visão do Naturalismo.

    • João Vasco Gama

      «Grande parte da vida humana ocorreu contra as chamadas ” leis naturais” do Naturalismo, como sucedeu com os códigos morais, religiosos e culturais.»

      Que disparate tremendo. 

      Há razões naturais pelas quais o nosso comportamento é diferente do de outros animais. E também diferente entre diferentes culturas. O surgimento e evolução da cultura, da ética, etc. não tem qualquer causa sobrenatural.

      • Joaquim Silva

        JVG

        Você tem tanto de petulante quanto de ignorante.

        1º- Fala em Naturalismo sem saber a sua mais elementar configuração filosófica;

        2º- A cultura, a ética, os padrões axiológicos, só demonstram precisamente a fragilidade do Naturalismo, ao invés do que você postula.

        Isso é de elementar apreensão em qualquer basilar grau de aprendizagem antropológica.

        Você não só ignora o que seja filosoficamente o Naturalismo, como até aligeira o discurso quando afirma que ” há razões naturais pelas quais o nosso comportamento é diferente do de outros animais”, sem minimamente as explicitar.

        Na verdade, o processo histórico humano mostra que foram factores eminentemente ideológicos ,que diversificaram os comportamentos dos seres humanos nas mais diversas formas de aquisições culturais.

        Ao invés do que sucede nos animais, em que os padrões comportamentais estão uniformizados segundo formas constantes, repetitivas, uniformes,homogéneas, isso já não sucede com os comportamentos humanos.

        Nas múltiplas sociedades humanas, existem os mais heterogéneos padrões de comportamento, que são determinados, não por razões naturais, nos termos equacionados pelo Naturalismo, mas precisamente por força da variável cultural

        Isto é elementar, meu caro JVG.Aprende-se ao nível do ensino secundário…

        • João Vasco Gama

          Joaquim Silva,
          É o Joaquim quem desconhece a configuração filosófica do naturalismo, como se torna claro pelo seguinte comentário:

          «Nas múltiplas sociedades humanas, existem os mais heterogéneos padrões de comportamento, que são determinados, não por razões naturais, nos termos equacionados pelo Naturalismo, mas precisamente por força da variável cultural»

          A ignorância é sua. A «força da variável cultural» não está fora daquilo que é «equacionado pelo naturalismo». 
          A cultura não surge de forma «sobrenatural». 

  • Huni

    Indico aqui para o “Ateu sim, e daí!” que pode conseguir ler a sinopse de Genética Cósmica. Entre no blog da Shannon Ballanne e insira seu e-mail em formulário lá (para ler faz-se doação de um livro de matemática primária para estudantes que cursam do Fundamental ao Doutorado em qualquer área). Em sequência poderá também acessar, sem despesas, a publicação da definição de O Conceito de Energia, e O Conceito Epistemológico de Massa. Tudo inédito ainda mesmo para o ambiente acadêmico. Quer descacetar qualquer dissimulador, sofista, ou equivocados com suposições obsoletas e/ou crendices, os que armam argumentos daninhos à psique humana? .Fique a par do avanço da mentalidade de nossa espécie agora no Séc. XXI.
    Não basta se dizer ateu, nem basta só imprensar os banqueiros e políticos corruptos como se está fazendo agora no mundo. É preciso dispor o alcance de conceitos evoluídos para reformulação substancial de nossa Sociedade.

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