Loading
  • 11 de Agosto, 2011
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Mutilação genital feminina

Os países democráticos e civilizados mantém uma estranha condescendência para com os crimes cometidos em contextos étnicos ou religiosos. A violência contra as mulheres faz parte de uma velha tradição misógina de que as religiões são herdeiras. Entre as barbaridades de que as mulheres são vítimas conta-se, em algumas comunidades, a mutilação genital feminina, um atentado contra a autodeterminação sexual que, com um sofrimento atroz, lhes rouba a satisfação sexual e, não raro, a vida.

Pode dizer-se que a mutilação genital feminina não é uma aberração do Corão nem um crime de natureza africana mas é em comunidades negras e sempre em contexto familiar islâmico que o crime tem lugar no seio da família.

A tradição é a mais abjecta desculpa para a complacência com a perpetuação de crimes que deviam ser perseguidos com o empenhamento das forças policiais, a vigilância cívica dos cidadãos e o rigor do código penal.

Será difícil erradicar, a curto prazo, a ignóbil tradição nas zonas africanas onde perdura, mas é inaceitável que meninas de famílias oriundas dessas zonas sejam sacrificadas em Vale da Amoreira, na Moita, em Portugal.

Apesar de considerada internacionalmente como grave violação dos direitos humanos, a OMS estima em mais de 140 milhões as vítimas submetidas a tal barbaridade e que cerca de três milhões se encontram todos os anos em risco, como recentemente revelou o Diário de Notícias.

Que tais crimes possam ter lugar em Portugal, que a impunidade os possa perpetuar e as autoridades os ignorem, é uma infâmia que envergonha Portugal e o torna cúmplice, também neste caso, da grosseira violação dos direitos humanos.

3 thoughts on “Mutilação genital feminina”
  • Anónimo

    Não fazia ideia que tal sucedesse também em Portugal. Mas, a verificar-se essa situação, os pais ou responsáveis por essas crianças deviam ser criminalmente responsabilizados. E se as autoridades fecham os olhos a esses casos, deviam também sofrer as consequências. Seria bom que alguém estivesse atento a estas situações.

    É abominável e inadmissível o sofrimento causado a uma criança em nome duma qualquer tradição, seja ela religiosa ou não. As crianças são o nosso futuro, a nossa esperança de um melhor amanha. É fundamental protegê-las.

  • Zeca-portuga

    Vossemecê não tem ideia do que diz, pois não?

     “é em comunidades negras e sempre em contexto familiar islâmico que o crime tem lugar no seio da família”

    Se isto não fosse propositadamente mentira, diria que o sr. Esperança não sabe do que fala. 
    Não é exclusiva de comunidades negras (nem sequer de povos africanos) e muito menos tem alguma coisa a ver com religião (seja islâmica ou não). Há bastante tempo que lideres islâmicos a condenam, por não estar de acordo com o Corão. 
    Por outro lado, pratica-se, também, em “tribos” que não praticam qualquer religião (ateístas tribais).

    Trata-se de uma prática que, não só não tem fundamento mas religiões actuais, como é muito anterior ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo. Há, inclusive, indícios de se ter realizado na civilização egípcia. 

    O sr. Esperança continua igual a ele próprio – um cómico de feira.    

  • João Pedro Moura

    CARLOS ESPERANÇA disse:
     
    “Pode dizer-se que a mutilação genital feminina não é uma aberração do Corão nem um crime de natureza africana mas é em comunidades negras e sempre em contexto familiar islâmico que o crime tem lugar no seio da família.”
     
       1- Nem sempre é em “comunidades negras”, pois que também há no Egipto e na Indonésia. Nestes países, aventa-se a hipótese de a percentagem de mulheres vítimas da clitorectomia – é o nome do desmando – ser de 70 a 90%! É uma coisa impressionante! Tão impressionante como a ausência de estatísticas concretas sobre essa crueldade, pois que deve ser considerada coisa do vulgo e de mulheres, logo, desprezada pelo escol dominante dos países islâmicos, afetados pelo execrável costume.
     
     2- Realmente, parece ser sempre em “contexto familiar islâmico”. Não que haja cobertura dos teólogos islamistas, que, com exceção dum ou doutro mais hediondo, desaprovam (?) tal prática, visto que não está determinada pelo Alcorão.
         Todavia, tais teólogos e tal cultura dominante da hedionda escumalha islâmica também não se importam muito com a atrocidade da clitorectomia, pois que nunca os vi proclamarem “fatwas” ou outras manifestações de repúdio contra os agentes de tal ato opressivo.
         Donde se infere que tais teólogos até contemporizam com a mutilação genital feminina, dado que é uma maneira, consuetudinária, de jugular a mulher…
         Se eles fossem decididamente contra, até fariam, ferozmente, proclamações  e perseguições aos fautores de tal abominação…
     
     3- Penso que é um costume muito antigo, perdido no tempo, pré-islâmico, mas a que a cultura misógina muçulmana continuou a dar consistência.
     
     4- Há 2 ou 3 anos, enviei-te, Carlos Esperança, um pequeno, mas muito elucidativo artigo, sobre a clitorectomia, na Indonésia, que tu te recusaste a publicar, a pretexto de que a minha escrita opinativa não se enquadrava num suposto, mas desconhecido, contexto opinativo do Diário Ateísta…
       … Como se a opinião ou o estilo dum autor tivesse que vincular os demais articulistas do DA…
       … Como se o Diário Ateísta fosse uma fábrica de autores e artigos, “racialmente” homogéneos e eivados de suposta “pureza” opinativa…

You must be logged in to post a comment.