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  • 13 de Janeiro, 2011
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

O Papa, o purgatório e o negócio pio

Bento XVI: Purgatório é «verdade fundamental» da fé

O Purgatório foi uma das mais lucrativas mercadorias da Igreja católica, partilhada por outras Igrejas cristãs. O marketing do Purgatório tem sofrido numerosas flutuações de acordo com as necessidades de exploração pia.

As caixas das alminhas do Purgatório ocupavam outrora um espaço nos templos e nas curvas dos caminhos à espera de esmolas que, convertidas em missas, antecipavam o transporte para o Paraíso. Foram desaparecendo à míngua de benfeitores e com excesso de predadores à cata do pecúlio. Demoram mais as almas carregadas de pecados veniais a fazerem o trajecto celestial.

Quem inventou o Purgatório foi um génio do marketing. O trintário, série de 30 mis­sas celebradas em dias seguidos por alma de um defunto, com promessa de rápido indulto, foi uma fonte de receitas que durou séculos e rendeu fortunas.

Quando os clientes pensavam que, à semelhança do Limbo, o Purgatório fora abolido, veio o Papa Ratzinger, reabri-lo à piedade e á exploração comercial. Disse a santidade de turno que o purgatório é “uma verdade fundamental da fé” que convida os católicos a “rezar pelos defuntos”. E deus, com o caderno de apontamentos, sempre á mão, lá vai registando as orações e fazendo as contas até enviar às almas penadas o transporte para o Céu.

B16 socorreu-se de Santa Catarina de Génova (1447-1510), consagrada especialista em questões de Purgatório, para reabrir o estabelecimento e explorar o negócio. Falta dizer quantos tempo diminui a pena por missa, óbolo ou peregrinação a Fátima.

O Paraíso, o mais refinado produto que as Igrejas abraâmicas comercializam, é difícil, mas não há bem celeste que os bens terrenos não comprem.

9 thoughts on “O Papa, o purgatório e o negócio pio”
  • antoniofernando

    Você esqueceu-se do dogmático Limbo dos Patriarcas e do Limbo Infantil, essas ” pérolas” da mais “refinada” ficção teológica católica…

    • Anónimo

      “Apenas” verdades de fé…

      • Anónimo

        E você conhece o Lumbus? Não é dogma, fui eu que inventei agora. Mas deriva logicamente do pecado do ateísmo, no Lumbus é muito simples você nem tem virgens nem tem diabos, morre e fica dando uma sesta para sempre. É o nosso descanso merecido de aturar os mercadores de ópio.

        • Anónimo

          É o nosso descanso merecido de aturar os mercadores de ópio.

          PARABÉNS. GOSTEI DESSA

  • Anónimo

    TRATA-SE APENAS DE UM APROVEITAMENTO DOS BENS TERRENOS PARA SATISFAÇÃO DA SANTA ICAR E SEUS SEQUAZES

  • José Moreira

    Eu tinha reparado que, ultimamente, as missas tinham deixado de ser “por alma de” e tinham passado a ser “em memória de”. Só que como o povo anda cada vez mais esquecido, as missas “em memória” não estavam, certamente, a dar o resultado financeiro esperado. Vai daí, reinventa-se o Purgatório, para onde as almas voltarão, se não merecerem ir directamente para o Céu e não tiverem sido condenadas ao Inferno. Pelos vistos, rezar pela “salvação” das almas é muito mais lucrativo do que rezar pela memória. Por exemplo, rezar pela minha memória nunca daria qualquer resultado, porque eu sou um esquecido do caraças.
    Mas convenhamos que era uma situação que punha as almas fora de controlo, criando uma espécie de vazio legislativo. Andavam por aí, ao deus-dará, a fazer sabe-se lá o quê… Não tinha jeito nenhum.
    Gostaria, no entanto, de fazer notar que esta coisa do fecha-purgatório-abre-purgatório acaba por ser um exercício de discriminação intolerável. Porque quem morreu durante este espaço de tempo não teve direito a rezas pela alma.
    Mas ainda bem que o Papa resolveu voltar a abrir o Purgatório. Eu nem sabia, mas fico feliz. Assim, as almas sempre estão arrumadinhas, à espera das missas, e quantas mais melhor, embora não se saiba, ao certo, qual a quantidade de missas que são necessárias para transitar para o lugar das virgens.

    • Andreia_i_s

      José Moreira:

      “Assim, as almas sempre estão arrumadinhas, à espera das missas, e quantas mais melhor (…)”
      Não quero imaginar a fila de almas que estão de momento à espera desse dia.

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  • Smbes

    Se houvesse mesmo o purgatório seria muito bom. A pessoa passaria a vida toda cometendo pecados, pois saberia que ao morrer teria a chance de ir para o céu porque os vivos estariam “rezando” por ela.  A pessoa tem que aproveitar a chance de seguir a Jesus e seguir os Seus mandamentos evitando uma vida de pecados  enquanto está vivo, porque depois da morte vem o juízo, assim diz a Bíblia. É por isso que o Católico acredita no purgatório, para poder nesta vida praticar o que quiser porque acredita que terá uma chance depois de morto, espero que eles mudem de idéia enquanto é tempo, ou melhor enquantos estao vivos, pois poderao ter uma grande e triste surpresa quando passarem para o lado de lá. Que Deus nos abencoe. Sonia

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