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  • 12 de Dezembro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

Vaticano – A indústria dos milagres em alta

Há dois mil anos um afável judeu, filho de relações pouco claras entre a mulher de um carpinteiro e uma pomba vadia, dedicou-se à pregação e aos milagres, ramos em voga onde poucos atingiam o estrelato.

Na Galileia e à beira do lago Tiberíades, Jesus e os ajudantes, que o marketing designou por apóstolos, faziam milagres para a assistência. Jesus curava leprosos, estropiados e cegos, fazia da água vinho e multiplicava peixes através de um truque que evitava a clonagem. Terminou a carreira no ramo da ressurreição com o cadáver de Lázaro, que fedia. Estava no apogeu quando o mataram uns romanos selvagens mas foi posto a correr um boato que o deu ressuscitado e em viagem para o Paraíso, primeiro sem o santo Prepúcio, de que apareceriam três, e, depois, declarados falsos porque para o Céu não se vai sem tudo no sítio.

Do apego aos milagres ficou o hábito para os seguidores da seita mas nunca mais houve milagres em directo nem com tanta projecção mediática. Nunca mais as redes vazias dos pescadores se encheram de peixes a um gesto do milagreiro nem os espíritos malignos foram exorcizados através de uma manada de porcos que se afogou no Mar Morto.

Os milagres que, nos dois últimos pontificados, entraram na fase industrial, são todos na área da medicina e, mesmo aí, não há conhecimento de uma prótese ter sido substituída por um membro verdadeiro nem do euromilhões sair por obra de uma novena.

Na roleta dos milagres obrados, calhou agora a vez a uma religiosa lisboeta Mãe Clara, que viveu no século XIX e vai ser beatificada no próximo ano. A bem-aventurada tinha prestígio de santa mas nunca tinha obrado um milagre.

Eis o prodígio que obrou a Irmã Maria Clara do Menino Jesus, milagre que Bento XVI já reconheceu, com a infalibilidade que é apanágio pontifício desde pio IX:

«O milagre atribuído a Mãe Clara, como é conhecida, ocorreu em Baiona, Espanha, em 1998, quando Giorgina Troncoso Monteagudo foi ao seu túmulo pedir a cura de uma doença cutânea que a fez andar “34 anos com o braço preso ao peito” e obrigou a várias cirurgias. A cura terá acontecido a 12 de Novembro de 2003».

Quem sabe se a D. Giorgina não teria evitado 34 anos de sofrimento se tivesse ido mais cedo ao cemitério? Os ateus roem-se de inveja por não saberem diagnosticar um milagre nem descobrirem as campas que obram prodígios.

O deus do papa é muito misericordioso e não ia deixar mal colocada a Irmã Maria Clara que também acreditava no deus do papa e dos cardeais que confirmaram o milagre.

9 thoughts on “Vaticano – A indústria dos milagres em alta”
  • Anónimo

    Então os ateístas pipoqueiros ficaram mudos ?…
    Logo hoje que o CE tanto se esmerou em mostrar os seus dotes estilísticos ?

    http://www.youtube.com/watch?v=l3jEBl_j-HE

  • jmc

    o problema da realização de milagres é que deus parece estar a esforçar-se muito para fazê-los parecer falsos, nem que seja só pelo número limitado de pessoas que participa nele. a contra-argumentação para isto poderá bem ser que é mais um “teste” à crença…

    já agora, vou assumir que a senhora em questão não se converteu recentemente à religião e esteve a rezar pelo fim da doença durante estes 34 anos. na eventualidade de ser este o caso, não vejo como justifica ser um milagre
    lembra-me de uma expressão inglesa engraçada sobre a categorização de deus como uma simples razão para justificar as pequenas coisas que acontecem e cuja explicação não se sabe
    “god of the gaps” – “deus das lacunas”

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  • Anónimo

    SÓ, SÓ, SÓ MAIS UM…

  • Anónimo

    O TOINOFERNANDO É UMA MÁQUINA, É SEMPRE O PRIMEIRO A DEFENDER O SEU DEUS E OS SEUS ACÓLITOS.

    • RafaelM

      Enquanto se está com saude e digamos simplificando “Tudo nos conformes” dá se a alternativa de se dizer ateu,o mais engraçado é quando acontecem coisas normais da vida como perda de ente querido,perda de trabalho,perda de saúde ou tantas outras PERDAS possiveis, é que o mais ateu dos ateus jobra os joelhos (quando ainda tem forças para tal) e pede pela misericórdia de deus e perdão por não ter feito jus ao seu nome,Simplificando caros amigos, ateu ou não ateu,”QUANDO O NEGÓCIO APERTA” todo mundo busca um poder maior.

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