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  • 9 de Novembro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Humor

A solidão do ateísmo

Por

Abraão Loureiro

É isto que imaginam todos os que se dizem crentes em deus. E porquê?
Na verdade eles estão embrenhados no folclore das sessões religiosas. Acham que a música nasceu para dar graças quando afinal ela foi introduzida para dar um ar de graça na monotonia dos cultos.
Músicos foram pagos para comporem peças a introduzir nos entretantos das leituras, sermões, das curvas corporais, do senta, levanta e ajoelha.

A necessidade de criar algo apelativo chamou a música para criar um ambiente diferente do monocórdico coro das palavras ditas. Ficou mais bonitinho quando optaram por instrumentistas tocando juntamente com vozes cristalinas e afinadas. Dois serviços pelo preço de um atrai mais clientes.
A música embala e embalou muitos que talvez dessem mais atenção à música do que às palavras dos sacerdotes.
Sem dúvida que uma musiquinha ambiente melhora o serviço. Eu que o diga.

Essas pessoas pensam que nós somos carrancudos, anti-sociais, que não gostamos de praia e banhos de sol porque nunca viram uma tabuleta anunciando um convívio semanal de descrentes num edifício construído especificamente para o efeito.
Assim os leva a pensar que somos uns bichinhos do mato e só servimos para chatear os coitados.
Tirem isso da cabeça. Somos alegres, bem dispostos, sem medos de represálias celestiais. Nada melhor que viver sem grilhões e obediências a leis estúpidas e maléficas.

Mas em abono da verdade vos digo, o DA seria um marasmo se os crentes não aparecessem com os seus comentários. É que faz parte do nosso gozo acirrar as vossas mentes. Se não fosse verdade, só os ateus comentariam. Vejam bem a vantagem da liberdade de expressão! Pelo contrário, nos sites religiosos onde essa liberdade não existe não há alegria porque falta o troca-troca (não confundir com o truca-truca).
Pensem quantos momentos lindos de gargalhadas já tiveram ao ouvirem os nossos actores humorísticos. Nesses momentos vocês esquecem que os gajos são ateus, né?
Um padre, um pastor e um rabino numa determinada hora conversam sobre dízimos.

E o padre comenta: Eu faço um círculo no chão, jogo o dinheiro para cima, o que cai dentro do círculo é da igreja, o que cai fora é meu.

O pastor: Uso o mesmo método, porém o que cai dentro é meu.

O rabino: Eu jogo o dinheiro para cima, o que Deus apanhar é dele…

Vejam como somos divertidos.

18 thoughts on “A solidão do ateísmo”
  • antoniofernando

    “É isto que imaginam todos os que se dizem crentes em deus. E porquê?”

    “Na verdade eles estão embrenhados no folclore das sessões religiosas.”

    “Essas pessoas pensam que nós somos carrancudos, anti-sociais, que não gostamos de praia e banhos de sol porque nunca viram uma tabuleta anunciando um convívio semanal de descrentes num edifício construído especificamente para o efeito.”

    “Assim os leva a pensar que somos uns bichinhos do mato e só servimos para chatear os coitados.”

    “Mas em abono da verdade vos digo, o DA seria um marasmo se os crentes não aparecessem com os seus comentários. É que faz parte do nosso gozo acirrar as vossas mentes. ”

    Abraão Loureiro

    Bertrand Russel, se fosse vivo, certamente que ficaria horrorizado com estes dislastes, com esta menoridade e pobreza intelectual do Abraão.

    É um texto que define a pequenez de carácter do seu autor e que qualquer pessoa eticamente bem formada deveria verberar.

    Mas eu já sei do que ” a casa gasta” : muito pouco de Jovem 1983 e assaz de mais das javardices de Luís Grave Rodrigues quando insultou Bento XVI de facínora e agora desta prosa nojenta do dito Abraão.

    Claro que, quanto aos meus companheiros ateus de debate, pelos antecedecentes, também já antevejo o seu silêncio cúmplice com esta abraâmica boçalidade grotesca .

    Nem mesmo Jovem 1983 será capaz, segundo penso, de censurar este texto tão mesquinho e miserável…

    • antoniofernando

      Ao longo da minha presença no ” D.A.”, escassos foram os textos superiores. Conto-os pelos dedos de uma mão:

      a) O melhor de todos os textos, de que foi autor Rui Cascão. Um artigo notável, primorosamente escrito, inteligente, com ideias muito bem arrumadas e ideologicamente muito consistente. Eu digo: brilhante;

      b ) A seguir, o texto mais recente de Carlos Esperança. De todos o que mais gostei. Digo com a mesma clareza e frontalidade com que afirmo quando não gosto: um texto notável, do ponto de vista literário, da cadência harmoniosa do estilo adoptado, humanamente tocante. O melhor elogio que posso fazer é que se trata de um texto só alcance de um verdadeiro escritor;

      c) A maioria dos textos de Ludwig Krippahl que se afastaram desta sua mais recente propensão panfletária e a quem sempre reconheci simbiose de inteligência e coerência discursiva, harmoniosamente combinadas. Custa-me ver um homem com a inteligência de LK enveredar por caminhos intelectualmente ínvios, de que o seu último texto é um infeliz exemplo.O ateísmo militante merece certamente um Ludwig Krippahl à dimensão de Ludwig Krippahl, não à de mais um menor panfletário de serviço;

      d) Quanto ao mais recente texto de Abraão Loureiro, uma só palavra para o definir: um asco…

      • antoniofernando

        Os verdadeiros ateus que eu conheço pessoalmente são pessoas agradáveis,generosas e eticamente elevadas: minha mulher ateia e o meu melhor amigo, ateu, de quem gosto como irmão. Com eles debato todas as questões relativas a Deus e nunca a conversa descamba para a agressividade. Falamos do que temos a falar e acabamos sempre em amena divergência. A minha mulher gostaria de acreditar em Deus mas a existência do Mal tem sido obstáculo intransponível. Quando eu atravessei a minha crise de fé, ela ficou preocupada, por temer que também eu me pudesse tornar ateu. Diz ela que os crentes têm uma força adicional nos momentos mais duros da vida. E que a oração, seja por que razões, transcendentais ou meramente psicológicas forem, ajuda a resistir às adversidades.O meu amigo- irmão ateu é artista. E aprecia sobremaneira as imagens religiosas. Não acredita em Deus mas isso não o inibe de apreciar a arquitectura de um belo claustro, de encantar-se com uma superior música conventual, de admirar o engenho escultórico de algumas imagens. Já o vi referir-se às imagens de Cristo com o maior respeito. E não apenas por ser meu amigo, mas essencialmente por ser boa pessoa, que não gosta de magoar ninguém.Estes são verdadeiros ateus. Não crentes ressabiados. Como não acreditam em Deus não se podem zangar com a Divindade em que não crêem. Já o mesmo não se passa com os crentes ressabiados e falsos ateus. Apresentam- se como ateus mas, no fundo das suas almas, permanecem a acreditar em Deus. Só que, como estão zangados com Deus, fazem de conta que são ateus. Topa-se-lhes bem a pinta: mesquinhos, azedos, boçais, brejeiros. Há alguns desses exemplos por aqui no “. D. A.”. Depois nem se dão conta do caricato em que incorrem quando, arvorados numa ridícula presunção, aparecem a dizer coisa do tipo: “o DA seria um marasmo se os crentes não aparecessem com os seus comentários. É que faz parte do nosso gozo acirrar as vossas mentes”. Claro que este estilo de personagem me irrita, confesso. Já não tenho pachorra para aturar birras de adultos-meninos. É certo que a vida nos traz muitas amarguras. Mas eu não cuspo em terceiros o azedume dos meus dias mais pesados. Que culpa tem o mundo que, por vezes, as minhas expectativas sejam frustradas ? Vou disfarçar-me de ateu de última hora para vir ao “D.A.” acirrar os neurónios daqueles que estão ali mais à mão de semear ? Superiores ateus, com grandeza ética e intelectual, aponto dois: Carl Sagan e Bertrand Russel. Mas esses foram verdadeiros ateus, não ateus a fingir. Com Carl Sagan, esse homem afável e intelectualmente brilhante, aprendi as primeiras letras da fascinante indagação cosmológica. Com Bertrand Russel, aprendi a respeitar a geometria de uma inteligência rigorosa e brilhante.Que diferença meu Deus entre a minha amada mulher ateia, o meu querido amigo – irmão ateu, a grandeza humana, científica e ética dos ateus Carl Sagan e de Bertrand Russel, quando comparados com os falsos ateus, ressabiados e mesquinhos que andam a tentar acirrar as mentes daqueles que não têm culpa das suas frustrações existenciais…

        • Abraão

          Vamos aligeirar o trato entre nós para facilitar o diálogo, ok?
          Continuo convencido que você é uma pessoa atormentada e confusa.
          Não sei o que são falsos ateus, sei que uns são mais radicais na confrontação das ideias do que outros. Eu faço parte da lista mais radical, talvez.
          Os verdadeiros ateus são aqueles que não acreditam em deuses. O resto é fantasia.
          É tal e qual como lhe respondi e se lhe respondi dessa forma foi pq vc usou termos ofensivos que me indignaram. No início ainda pensei e reli para ver se seria realmente o antoniofernando a ditar aquelas palavras rebaixando-me à mais pura insignificância.
          Crentes costumam insultá-lo chamando-lhe ateu mascarado e vc nunca subiu o tom na réplica como usou no seu comentário sobre o meu texto. Aninha-se.
          Os seus problemas existenciais são apenas seus. Querer demonstrar que fé, orações e outras coisas q tais podem fazer bem a alguém ajudando a superar situações críticas na vida, não faz sentido para mim. Quando estou doente recorro aos médicos e nunca aos sacerdotes. O alcoólatra vive um pesadelo permanente, sabe que a bebida o prejudica e quer largá-la mas… acaba dizendo que o alivia.
          Nunca precisei de ninguém para incucar a descrença. Foi a minha cabeça que pensou e me disse que essa coisa de deus era pura fantasia. Você pensa que sou ateu por retaliação a algum esquecimento do seu deus para comigo. Engana-se. Sou ateu por conta própria.

          (“Quem quiser crer, crê e acabou-se.” Saramago)

          Para não perder tempo com explicações minhas, vou-lhe transcrever algo interessante que li, certo? Aqui vai e aguente-se:

          Como entender um ateu?

          (1) Por que eles não acreditam em Deus? E por que eles não acreditam numa mente superior?

          Eles não acreditam porque não existem evidências que os convençam de que exista uma força não natural agindo sobre o Universo. Se existisse uma evidência convincente para os ateus, ela seria forte o suficiente para todo o mundo ter uma religião só ou acreditar no mesmo ou nos mesmos deuses.

          As evidências das pessoas que creem são tão variadas em seus significados, que geram milhões de entendimentos mundo afora, porque elas não são fatos e sim sensações que as pessoas interpretam à sua maneira.

          Da mesma forma que os religiosos merecem respeito pelo valor que dão a essas sensações, os ateus merecem respeito pelo valor que dão ao peso das evidências.

          As Leis da Física, a Biologia e as Ciências de uma maneira geral conferem respostas naturais para fenômenos que são tido como sobrenaturais ou miraculosos para muitas pessoas. Quando existem lacunas e ausência de respostas, os ateus não a preenchem com forças fora da natureza: esta é uma das principais diferenças entre ateus e crentes.

          Da mesma forma que você está no direito de não crer no deus dos outros, os ateus também tem o mesmo direito. Como você, eles também não compartilham a fé dos outros.

          (2) Se Deus não existe, tudo é permitido para os ateus?

          Não, da mesma forma que tudo não é permitido para quaisquer outras pessoas.

          Se você não rouba, não mata e não estupra só porque tem medo de ir para o inferno, isto não acontece com a maior parte das pessoas, sejam elas ateias ou crentes.

          Os atos do homem são passíveis de duas sentenças: os ditames de sua consciência e as normas legais de seu país. Estes dois juízes são universais e existem tenha a pessoa ou não fé em um Deus em particular.

          As pessoas em geral não matam, roubam ou estupram porque o homem é um ser adaptado à vida gregária e tem freios morais devidamente selecionados ao longo da evolução da nossa espécie. A consciência é uma ‘ferramenta’ vantajosa para a vida em sociedade presente em pessoas de todas as etnias e culturas.

          Pessoas destituídas de consciência, empatia ou arrependimento são os Sociopatas ou Psicopatas, que constituem, para nossa felicidade, parcela menor da população.

          Os psicopatas não são apenas os serial killers, são desde pessoas que buscam ganhos ilegítimos, como alguns líderes religiosos e políticos, como aquele ‘amigo’ ou parceiro sexual aproveitador que provoca danos em terceiros e não respeita os sentimentos de ninguém.

          Pode existir algum psicopata ateu? Claro que pode, ateus são pessoas como outras quaisquer.

          (3) Os ateus são a favor do aborto?

          Ateus não são pessoas feitas em série e que concordam entre si em todos os aspectos. Por definição, ateu é todo aquele que não acredita em um ou mais deuses.

          Os ateus podem discordar entre si em outros assuntos tanto quanto um crente de uma igreja discorda de outro crente da mesma igreja.

          Há ateus favoráveis à legalização do aborto, ateus contrários e ateus sem opinião formada. E o mesmo ocorre com religiosos. Muitos religiosos são favoráveis à legalização do aborto por questões de saúde pública.

          (4) Os ateus cultuam o’ satã’?

          Não.

          O Satanás, conforme os crentes, foi criado pelo Deus cristão e seria um anjo caído. Só é possível para alguém cultuar o Satanás se acredita na existência de Deus, portanto, tal culto é um ato antirreligioso ou herege realizado por uma pessoa crente.

          (5) Como os ateus enfrentam momentos de dificuldade e tristeza?

          Como quaisquer outras pessoas, buscando o que lhes forneça conforto, como o apoio da família, ou de um ombro amigo. Todas as pessoas precisam de um conforto, a diferença é que ateus não buscam um conforto sobrenatural.

          Da mesma forma que uma pessoa que crê em Krishna não busca Allah nos momentos difíceis, uma pessoa que crê em Alah não busca conforto em Jesus Cristo ou você, cristão, não busca conforto na Cientologia, o ateu faz o mesmo. Não busca conforto em Krishna, em Allah, em Jesus Cristo ou na Cientologia.

          (6) Como a pessoa se torna ateia?

          Como a formalização da crença depende primordialmente de onde a pessoa nasce, do que lhe foi ensinado na infância, das experiências que acumulou ao longo da vida, do que ouviu, viu, estudou etc, com a falta de uma crença pode ocorrer coisa similar. Mas no geral o processamento mental de não crer é mais complexo, porque nosso cérebro é predisposto a crer.

          Um exercício para entender: suponhamos que você seja brasileiro e seus pais católicos e que você seja católico praticante. Se você tivesse nascido em Israel e fosse filho de Judeus ortodoxos, acha que mesmo assim seria cristão? Na infância e adolescência precoce certamente não. Mas poderia vir a ser cristão, ateu ou budista no futuro, com base em outras experiências na adultícia e seus questionamentos, ou permanecer muçulmano o resto de sua vida.

          Se a pessoa já nasce num lar ateu ou agnóstico e não é ensinada a seguir um credo em particular, poderá ser ateia para o resto da vida, como poderá, em algum momento, passar a crer por influência do meio.

          As pessoas adultas se julgam ateias ou crentes através de um questionamento, o que varia entre elas é o grau de satisfação das respostas que obtem. Como há pessoas com pouca ou com muita confiança em Deus, há ateus mais ou menos convictos. A fé de uma pessoa pode sofrer altos e baixos e nada impede que a convicção de um ateu em particular sofra o mesmo.

          O que torna mais difícil uma pessoa tipicamente ateia se converter a algum credo em particular, é que na trajetória do ateísmo é comum a pessoa já ter sido crente antes e ter estudado ou observado diversas religiões. É possível que a mente do ateu tenha um processamento lógico diferente da mente do crente, mas isto é tema para outra discussão.

          Há também a possibilidade da pessoa se tornar ateia porque perdeu um filho ou se decepcionou com a bondade de Deus. Esse tipo particular de ateísmo, o ateísmo do ‘revoltado’, é basicamente emocional e pode fazer com que a pessoa mude de opinião se sentir abençoada ou for convencida de que os problemas do mundo são provações para o crescimento espiritual do povo de Deus ou algo similar.

          (7) É verdade que na hora da morte muitos ateus se convertem?

          Os ateus veem a morte como algo natural e consequência da vida, mas podem ter angústias no leito de morte como quaisquer outras pessoas venham a ter.

          Basta irmos a um velório para vermos o quanto as pessoas sofrem com a morte, mesmo quando creem em Deus.

          Crer ou não crer não torna a nossa morte mais atraente. Pela lógica, quem acredita em Deus, Paraíso e vida após a morte deveria alegrar-se ao morrer, mas não é isto que se vê em velórios de cristãos. Uma crença autêntica na vida eterna em um mundo paralelo florido e asséptico não é compatível com luto ou medo da morte.

          A morte é a demonstração concreta de nossa finitude. Choramos tanto pelo ente perdido quanto por nossa constatação de que poderemos ser o próximo.

          Mesmo crendo em vida após a morte e creditando a esta o status de passagem para algo melhor, há pessoas que sofrem por anos ou até durante toda a sua vida quando perdem um filho, por exemplo. Alegar que alguém está sofrendo durante um velório exatamente por ser ateu é um vício de confirmação.

          Contrariando o que muitas pessoas pensam, pacientes com longas enfermidades enfrentam a vinda da morte com muita serenidade porque tiveram mais tempo para refletir.

          Defender que uma conversão de um ateu deve ocorrer na hora do sofrimento é advogar contra sua própria fé: é preciso estar desesperado para crer?

          As pessoas que pensam assim esquecem que ateus são pessoas que também passam por problemas em suas vidas, e nem por isto necessariamente voltam-se para algum tipo de crença, da mesma forma que pessoas que creem necessariamente não deixam de crer porque Deus não teria ouvido suas preces.

          Stephen Jay Gould, Carl Sagan e José Saramago, a exemplo de muitos outros ateus, enfrentaram suas moléstias e despediram-se da vida sem conversões religiosas.

          Se você passou a vida inteira cristão convicto não se tornará ateu justamente na hora da morte, da mesma forma que um ateu em geral não abraçará algum credo.

          Estar com medo ou sob ameaça dificulta um raciocínio adequado, portanto, pensar a morte anos antes dela ocorrer é a forma de se preparar ao menos parcialmente para ela, seja a pessoa crente ou ateia.

          A imposição por ameaça – fogo do inferno, por exemplo – ou promessa de cura e prosperidade são formas comumente usadas por muitos líderes religiosos para forçar conversões de pessoas que de fato já são crentes, mas que estavam ‘desviadas’ da Igreja.

          Os mecanismos de conversão muitos ateus conhecem na prática, porque muitos deles já creram em Deus um dia através desses caminhos.

          O momento em que a pessoa está mais fragilizada emocionalmente é o mais fértil para que ela ou perca a sua fé ou se converta e não se constituem situações que especificamente caracterizem uma opção consciente.

          (8) Os ateus são contra Religiões?

          Alguns ateus são contra, outros são indiferentes e outros ainda apostam que a paz entre os povos seja possível mesmo com religiões.

          Como já foi dito antes, o fato de alguém ser ateu não transforma sua opinião idêntica a de outros ateus em assuntos diversos.

          (9) Os ateus são mais inteligentes do que os crentes? Por que há tantos ateus nas universidades e nos meios científicos? E por que praticamente não existem ateus nos presídios?

          Não, ateus não são mais inteligentes do que quaisquer outras pessoas.

          O que ocorre é que entre as pessoas não alfabetizadas ou com pouca instrução há uma parcela pequena de ateus/humanistas seculares, mas isso ocorre por questões sobretudo culturais.

          Entre os ateus há uma parcela importante de pessoas com nível de instrução mais elevado que podem ser tão inteligentes e produtivas quanto são inteligentes e produtivos muitos crentes com o mesmo nível de instrução. Instrução e inteligência não são a mesma coisa.

          O que ocorre de fato é que é mais possível uma pessoa se tornar ateia se tiver acesso à diversidade dos credos, a preceitos filosóficos e científicos, viajar mais e conhecer outras culturas.

          Para ficar bem claro e evitar preconceito dos dois lados: não é preciso ser mais inteligente do que os outros para ser ateu, mas pode ser preciso ter mais instrução. E um maior nível de instrução não torna necessariamente uma pessoa ateia.

          Quando se demonstra estatisticamente que o índice de criminalidade entre ateus é menor que entre crentes, não podemos concluir que ateus seriam menos predispostos ao crime do que crentes.

          Há menos apenados entre os ateus da mesma forma que há menos apenados entre pessoas que creem em Deus e são economicamente favorecidas. Certamente há muitas explicações para isto, como a facilidade de acesso a bons advogados, condições materiais para o pagamento de fiança ou ação criminosa melhor planejada, como sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, estelionato e fraudes de uma maneira geral.

          As pessoas privadas das necessidades básicas – sobretudo aquelas que vivem na periferia de grande centros, já quem em zonas rurícolas há acesso à agricultura de subsistência – perpetram crimes como assalto e furtos em maior proporção quando comparadas a pessoas em menor vulnerabilidade social.

          Não estou afirmando que o ambiente é a única variável, tampouco que em termos individuais a pobreza transforme alguém em criminoso, mas que as condições sociais perversas como a fome e o endividamento são variáveis de peso em termos populacionais.

          Em suma: Ao atribuirmos a uma correlação estatística o mesmo peso que concedemos às verdadeiras relações de causa e efeito, poderíamos concluir que ser crente é fator de risco para ser bandido porque os presídios estão lotados de cristãos ou que o arroz cause tuberculose porque 95% dos portadores de Tuberculose ingeria arroz diariamente.

          (10) Você é ateia porque nunca adoeceu ! Quero ver ser ateia quando estiver num avião caindo! Você é ateia porque nunca teve problemas !

          Esses ‘argumentos’ coroam boa parte das discussões. O fato de parte significativa dos ateus ser favorecida pelo menos culturalmente gera o mito de que o ateísmo resulta da bonança, da falta de problemas.

          Meu pai morreu nos meus braços, foi uma das maiores dores que tive na vida. Passado o choque inicial, permaneci serena e aceitei. Nada similar a algum tipo de conversão aconteceu.

          Em 2006 eu tive suspeita de câncer. Submeti-me a duas cirurgias e em nenhum momento pensei em algum tipo de apoio sobrenatural. De fato, ser ateia me ajudou nas semanas mais difíceis, porque o crente tende a se autoflagelar com questionamentos como: “Meu Deus, por que comigo?” ou “O que eu fiz para merecer?“.

          Em 2007 passei por uma turbulência durante um voo, e permitam-me os pis, mas as únicas palavras que sairam da minha boca foram: eita p****, essa m**** vai cair! E isto virou lenda entre meus amigos porque era a última ‘provação’ que faltava.

          E a inversão vem ai. Depois que rebato as acusações de que sou ateia por ter ‘vida de princesa‘, o crente tende a fechar sua argumentação invertendo-a cem por cento: “Ahhhh ! Você é ateia porque acha que Deus está contra você!”

          ***

          Não há como construirmos tolerância entre ateus e crentes de uma forma que não envolva combate bilateral ao preconceito e debate racional.

          Esta é a nossa Revolução.

          Autor: Meire Gomes
          Origem: Bulevoador

    • Anónimo

      Caríssimo antoniofernando:

      Creio que o uso da palavra censura escapa ao apontamento de liberdade de expressão de posições diferentes conforme surge referido no post.

      Apesar do Autor ter escolhido construir o texto com algumas ideias feitas e apontamentos satíricos – quer sobre crentes, quer sobre descrentes -, creio que facilmente se depreende, quer por esta, quer por outras intervenções, que o mesmo tem a noção que a realidade é complexa, multifacetada, dinâmica, etc. e, por isso mesmo, é impossível captar e reproduzir em palavras, e claramente este texto não ambiciona atingir essa reprodução fiel.

      Pessoalmente, não deixo de atender que esse discernimento existe para além do tipo de texto que aqui foi exposto, e que está apresentado num suporte que permite acolher qualquer comentário, quer seja uma expressão de acordo ou desacordo, de quem assim o queira fazer, tal como o antoniofernando acabou por fazer.

      Compreendo que haja quem não concorde com o que foi escrito e por isso expresse esse desagrado num comentário, bem como haja alguém que reveja em algum ou alguns pontos as suas razões para concordar, e também se expresse a partir de um comentário se assim o quiser, mas de modo algum devemos considerar que quem nada escreve deva ser sublinhado como subscritor, isto sem o fazer.

      Cumprimentos.

    • Abraão

      First of all;
      Esse seu ar de superioridade intelectual a mim não me intimida. Também não cursei psicologia e não vou fazer-lhe o retrato aqui, se bem que denoto os seus sintomas.
      Entendo LIBERDADE = TOLERÂNCIA. Ambas têm limites.
      Todos sabemos o quanto gosta de ser o primeiro a comentar no DA. Poderá haver explicações para o facto: Não tem mais nada para fazer; adora dar nas vistas; acha-se muito culto ou gosta demasiado deste site e não quer dar parte de fraco.
      Como vê, escrevo de forma simples e não preciso de vocabulários adornados para me entenderem. Desta forma também evito errar ao escrever. (Reveja o seu comentário e corrija a palavra).
      Agora vou-lhe responder: Como nunca foi ateu, nunca cruzou palavras com crentes. Apenas as Vossas formas de entenderem o homem invisível divergem entre todos. Para uns, deus é aquilo que memorizaram de uma pintura, para outros é o que ficou retido de um texto. (Mais uma demonstração de que os crentes não são unânimes nas afirmações.)
      Como desde criança sempre me distanciei da religião, as pessoas ficavam boquiabertas com as minhas respostas. Durante a minha vida ouvi os maiores disparates possíveis. Havia quem dissesse que uma pessoa assim não tinha sentido para viver nem objectivos para o futuro. Ou seja, que eu andava neste mundo por ver andar os outros. Não tenho pastor e por isso não pasto.
      Se no meu texto falei sobre música e canto é porque sei alguma coisa do ofício. O mesmo talvez não seja o seu.
      Sou sarcástico? Sou sim senhor. Não tenho jeito para prosa emproada. Sou preguiçoso para ler. Sou um óptimo ouvinte. Sou um bom comunicador. Veja bem que até consigo comunicar através de sons pintados de vários tons. (Duvido que entenda isto.)

      A minha menoridade intelectual leva-me mais longe do que a sua maioridade intelectual. Tenho obra feita. Tenho capacidade para inventar quando preciso. Sou multifacetado para enfrentar a vida. Várias profissões. Ensinei muita gente que pensava que sabia. Mas não sei tudo. Enfim.
      A minha pequenez de carácter já deu a mão a muita gente para sair da lama. Já deu cama, mesa e roupa lavada para depois nem obrigado ouvir. Quem o senhor julga que é para vir aqui insultar-me? Chama a isto liberdade de expressão? Se gosta come, se não gosta não come. Não sou frequentador de tascas porque não gosto e se o senhor não gosta de ateísmo não o frequente.
      O meu caro dá uma no cravo e outra na ferradura. Umas vezes bajula-me (a mim e a outros) pela qualidade dos textos, outras, insulta-nos. Quer que escrevamos especialmente para si? Quer que pensemos ao seu gosto? Esqueça, a nossa mente está desfasada da sua.
      Para terminar: Estou cansado dos seus comentários bacocos onde apenas sobressai a caligrafia francesa.
      Conselho: Sente-se em frente a um espelho e olhe nos olhos, procure saber quem é.

      • Anónimo

        SEI QUE NÃO É PRECISO AFIRMÁ-LO…MAS É SEMPRE AGRADÁVEL ASSISTIR A UMA BOA RESPOSTA.

  • Athan3

    Boçal que comenta, esse ‘abraão’ fez mais por vcs do que pode sua boçalidade imaginar; digo a ele, entretanto: “Queres a eternidade até para um site (e pro termo impróprio a sem-crenças, a-teu)?, Irmãozinho mansinho cheio de ‘gentileza’?
    Olhem bem, agora apareceu na Intenet uma referência Athan3, que nada tem a ver comigo. Como desço o pau nesses pulhas todos, então eles malandramente espalham entre os fiéis que Haddammann ou Athan3 é um muçulmano, e mais o que eles puderem inventar. o negócio é confundir os que lêem para que não prestem atenção no que já é certo em rigor de Justiça.

  • Athan3

    Mas não adianta, quem lê e tem o brio da espécie humana na face, se livra de qualquer pulhice.

  • Anónimo

    A contar anedotas sou uma nódoa Abraão, mas que gosto de rir, gosto, e muito.

    Haja boa disposição e a coisa vai.

    Viva os bem dispostos e abaixo com os carrancudos e cinzentões 🙂

    • Anónimo

      Ainda há pouco passou uma, no meu e-mail.
      Sócrates, Obama e Bento XVI viajavam num avião, quando viram o Demónio a serrar uma das asas. Obama prontificou-se a is falar com o maligno, mas apesar dos seus dotes oratórios não o convenceu. Bento XVI, perante o fracasso, dirigiu-se a Satanás. Sabia que perante o representante de Deus na Terra, o capeta iria fugir. Mas voltou, descoroçoado:
      – Nem me ouviu. Só nos resta rezar.
      Mas Sócrates, teimoso como o conhecemos, retorquiu:
      – Nem pensar! Eu falo com ele.
      E foi. Trocou umas palavras com o cornudo, que imediatamente lançou a serra fora e desapareceu. Regressou vitorioso:
      – Mas… o que foi que lhe disse? – perguntaram os outros dois.
      – Ora. Disse-lhe que se eu morresse iria para o Inferno. E que iria formar lá um governo.

  • carpinteiro

    Caro Abraão.Parabéns pelo texto.Na verdade os líderes religiosos, desde que lhes deixem, tentam controlar de forma doentia, digo eu, toda a vida dos crentes.Tempos houve em que até a arte da composição da música era controlada pelos “maluquinhos dos deuses” chegando ao cúmulo de não permitirem certos e determinados intervalos e acordes.A evolução da técnica de escrita, interpretação e composição da arte musical foi seriamente “castrada” pelos talibãs da altura.Mas não foi castrada apenas a música , estes respeitosos representantes do mito que ainda hoje nos subjuga e explora, deram-se ao luxo, durante séculos, de castrarem putos (não lhes bastava violá-los), só para que a voz não sofresse alteração na passagem pela puberdade, para cantarem nos coros das Igrejas para regalo do mito de que se sustentam.E tudo porquê? Porque no calhamaço dos embustes, um comerciante da fé alucinado por uma queda a cavalo, debitou sob forma escrita esta alarvice:Coríntios 14:34-5: “Que as mulheres se calem nas assembleias, pois não é permitido tomar a palavra como a própria lei o diz”.

  • Andreia_i_s

    Caro Abraão:

    Não só o que diz é verdade como também acrescento que muitos crentes têm a mania de, quando alguém sai da sua igreja e já não acreditam no seu deus simplesmente tomam uma atitude mesmo estúpida. Eu quando disse um dia a duas pessoas que já não acreditava em deus, uma delas(era um homem) começou com perguntas e mais tretas do costume, e teve a LATA de me dizer que iria rezar pela minha conversão. Eu simplesmente me rio com estas atitudes que só mostra que quando alguém está inserido numa religião, tudo bonzinho para ti, mas depois se tomas uma escolha com cabeça troncos e membro ficam logo todos com atitudes completamente diferentes daquilo que tinhas visto antes.

  • Nmhdias
  • Anónimo

    GOSTEI DO TEXTO E DA ANEDOTA.

    SE A ANEDOTA É FICÇÃO, QUANTO AO TEXTO É A PURA VERDADE.

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