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  • 2 de Novembro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

O valor terapêutico da missa

Por

José Moreira

Há, em Portugal (e não só), uma tradição que, em pleno Séc. XXI começa a adquirir contornos de curiosa e… troglodita. Trata-se de, a propósito das efemérides das instituições, mandar rezar missa pelas almas dos respectivos funcionários. Os falecidos, evidentemente.

Desde logo, isso levanta diversas questões, que sei que não vou esgotar neste ‘post’. Nem isso eu pretendo.
Vamos ver:

Desde logo: os funcionários falecidos eram TODOS católicos? Não haveria, no meio deles, alguns islâmicos, mesmo que disfarçados para não serem discriminados? Não haveria hindus, judeus, budistas, por exemplo? Não haveria ateus? E aqui o caso assume alguma gravidade, porque, como é consabido, o ateu não tem alma. Podem correr e saltar; não tem, ponto final. E continuo à espera de alguém que consiga provar-me o contrário. Ninguém pode ter uma coisa que não existe, é das mais elementares leis da física. O que quer dizer que alguém (o padre) esteve a ganhar dinheiro por uma coisa que disse que fez, mas não fez: rezar por uma coisa que, na verdade, não existe. E ainda que existisse, duvido de que o ateu quisesse que lhe rezassem por ela. Pelo menos, sem autorização dele, ateu.

O “rezar missa pela alma” é uma afronta a Deus. Na verdade, toda a família católica que de tal se preza, manda rezar missa pelos respectivos defuntos ao fim de uma semana (missa do 7º dia) ao fim de 30 dias (missa do mês) e ao fim de um ano (missa do ano). Isto para já não falar na “missa de corpo presente”. Algumas vão ao ponto de mandar rezar missa pelo aniversário natalício, pelo aniversário do casamento, pelo aniversário do curso… O mandar rezar tantas missas, implica que não se confia no poder e misericórdia do Criador. Em primeiro lugar, porque Ele sabe perfeitamente que a alma precisa de ser salva, não é preciso ninguém lembrar-Lhe. Estão a passar-Lhe um atestado de incompetente, depois admirem-se se Ele ficar chateado. Mas, partindo do princípio de que o Criador está, em determinada altura distraído, pronto, vá lá, reze-se uma missa. Mas… todos os anos???? A não ser que as missas tenham um prazo de validade curto, o que não é despiciendo.

Outra questão, é que há instituições que mandam rezar missa pelos que morreram em serviço e pelos que morreram ao serviço. Ou seja, pelos que morreram por causa do serviço (em combate, por exemplo) e os que morreram enquanto estavam ao serviço (por exemplo a aguardar o despacho do director-geral com vista à reforma). Esquecem-se dos  que também morreram e já eram aposentados (é um direito que lhes assiste), o que é uma discriminação inqualificável. Felizmente que há grupos de aposentados vivos, que se reúnem e mandam rezar missa por TODOS os falecidos e fica o assunto resolvido. Embora com manifesta desvantagem para os aposentados falecidos, que sempre ficam com uma missa a menos…
Outro aspecto é: reza-se PORQUÊ? Ora, pela alma ou, mais exactamente, pela salvação da alma. Está bem. Mas… salvar a alma, DE QUÊ? É que, da forma como as coisas estão, não há salvação possível.
Eu explico.
Há uns anos, havia um lugar chamado Purgatório. Era para onde iam as almas que tinham de se purificar antes de ir para o Céu. E as pessoas rezavam para que as almas estivessem pouco tempo naquele local, ou para que Deus aliviasse as suas penas – metiam “cunhas”, portanto. João Paulo II declarou, “urbi et orbi”, que o Purgatório não existe. Aliás, nem o Inferno. Então, isso só significa que todas as almas vão para o Céu, direitinhas, já que não há mais para onde ir.

Só que Bento XVI resolveu “abrir”, novamente, o Inferno (que tinha sido declarado extinto pelo antecessor). Então, ficamos com Céu e Inferno. E, neste caso, a situação assume foros de burla (por onde anda a ASAE e/ou a PJ?). É que do Inferno ninguém se safa, por mais missas que se rezem; e quem está no Céu não precisa de missas para nada. Mas a Igreja continua a rezar (o que não é grave) e a cobrar (o que é gravíssimo) por autêntica “banha da cobra”.

Depois, levanta-se outra questão: Não consegui ver, em nenhuma das bíblias que tenho, qualquer referência a “missa”. Nem no Antigo Testamento nem no Novo. O que me leva a crer que as missas são invenção da Igreja tendo em vista o seu fabuloso negócio. Negócio de contornos bem obscuros, acrescento.

Com efeito. Vamos supor que dez famílias pretendem mandar rezar uma missa pelos respectivos defuntos. Vão ao padre, e encomendam. O padre recebe dinheiro das DEZ famílias, marca o dia e a hora da missa e celebra UMA missa, durante a qual vai lendo, num papel, os nomes dos falecidos. Cobrou DEZ, rezou UMA.

O mesmo para casamentos e baptizados. Podem ser dez crianças. O padre faz UM baptizado, e cobra DEZ. Embora eu compreenda que a actual crise deva ter inflacionado o preço da água-benta.

Por isso, aqui vai o meu conselho. As famílias que pretendam mandar rezar missa pelos falecidos, verifiquem, nos locais apropriados, quem morreu no mesmo dia. Reunam-se. Mandem celebrar UMA missa por alma de todos. Fica muito mais barato. Com o dinheiro que sobra podem, perfeitamente, depois da missa, ir comer um bom “cozido à portuguesa”.

Vejamos o que diz o blogue “www.gotquestions.org” acerca do assunto: Para os crentes, o estado pós-morte é estar “ausente do corpo e habitando com o Senhor” (II Coríntios 5:6-8; Filipenses 1:23). Note que não diz “ausente do corpo, no purgatório com fogo purificador”. Não, por causa da perfeição, completude e suficiência do sacrifício de Jesus, nós estamos imediatamente na presença do Senhor após a morte, completamente purificados, livres do pecado, glorificados, perfeitos e finalmente santificados.
Está na Bíblia. Dizer missa, para quê?

Com esta Igreja, não vamos a lado nenhum. Rezem-lhe pela alma.

PS: ultimamente, usa-se o eufemismo de “missa em memória”. EM

21 thoughts on “O valor terapêutico da missa”
  • antoniofernando

    Gostei José Moreira.Bem escrito e inteligente. Levanta questões assaz pertinentes. Gostaria aqui de suscitar uma problemática que julgo interessante: se a alma existir, ela será ou não uma ” prova” da existência de Deus ? Na minha opinião,não. Pode-se ser perfeitamente ateu, do meu ponto de vista, aceitar a existência da alma, a sua imortalidade e continuar a descrer sobre Deus. Se a realidade for mais abrangente do que a vertente meramente material, se a alma, ou a consciência ou o pensamento pré- existirem aos corpos físicos e permanecerem depois da morte da pessoa humana, como elementos imateriais da própria vida, então pode haver ateísmo não exclusivamente materialista. O Budismo, por exemplo, dá uma boa pista de reflexão.Não é teísta nem ateísta. Simplesmente não discute Deus.É certo que os budistas não acreditam na substancialidade nem da alma nem do eu individual, mas isso não obsta a que possa haver adeptos budistas crentes em Deus, eventualmente numa perspectiva mais deísta ou panteísta, e outros ateus. O Budismo não afirma nem a existência de uma Causa Primeira nem postulam o Cego Acaso como origem da vida. E, apesar de não reconhecerem a alma e o eu individual, aludem aos diversos renascimentos individuais.É uma doutrina eticamente belíssima mas conceptualmente confusa. Que, no entanto, numa específica abordagem espiritual, permite congregar simultâneamente adeptos crentes, deístas, e ateus…

  • JoaoC

    Não, não se reza para salvar a alma. A alma no Purgatório já está salva. Reza-se para aliviar os sofrimentos da alma na fase final de purificação, pelos méritos do sofrimento de Cristo na cruz.

    Afinal o que é a Missa senão a renovação do Sacrifício do Calvário e quem apaga as chamas do fogo do Purgatório senão o Sangue de Cristo?

    Sendo a Missa o sacrifício de expiação por excelência e a renovação do Calvário, a Igreja celebra a Vida, na memória dos mortos, e isso no momento mais solene, em que o próprio Cristo está real e verdadeiramente presente sobre o altar em Corpo, Sangue e Alma, tal como esteve há 2.000 anos na Terra.

    A Missa é a melhor, a mais eficaz, a mais rápida maneira de aliviar e libertar as almas dos nossos queridos mortos.

    Obviamente que quem morre não pertencendo à Igreja – pelo menos em desejo, não buscando a Deus de coração sincero até ao último momento – não precisará de Missas pois certamente está condenado. Mas isso só Deus e essa alma saberá, portanto reza-se por TODOS os mortos, confiando na Misericórdia de Deus, para que estando a sofrer, sejam rapidamente aliviados e cheguem quanto antes ao Céu.

    • carpinteiro

      Ó JoaoC, realmente é preciso muita mas mesmo muita fé (ou lá o que lhe quiser chamar) para acreditar no que escreve, ou debita inanidades por devoção?Repare:«…aliviar os sofrimentos da alma na fase final de purificação, pelos méritos do sofrimento de Cristo na cruz.»Explique lá isso por miúdos: – Antes de vinda de Jesus e da cruz, como se purificavam as almas?- Fala da fase final de purificação. Quantas fases de purificação existem antes da “final”? descreva-as por favor.- No terço reza-se: «Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, Livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem»Você diz que «Não, não se reza para salvar a alma(…)Reza-se para aliviar…»2º «…e quem apaga as chamas do fogo do Purgatório senão o Sangue de Cristo?»-Apagar chamas com sangue? Não direi que seria mais prático um extintor, mas, não acha bizarro? – Eu sei eu sei, são mistérios da fé.
      3º O JoaoC escreve: «A Missa é a melhor, a mais eficaz, a mais rápida maneira de aliviar e libertar as almas dos nossos queridos mortos.»- O meu cunhado faleceu num lar tutelado pela igreja. Só após a sua morte fomos informados pela instituição, que tinha deixado três anos de missas diárias pagas. Ficámos admirados quando soubemos pois ao preço a que estavam na altura as missas, representavam quase quinze mil euros! (três mil contos em moeda antiga) entre funeral, missa de corpo presente, missa de saimento, missa de 3º dia, missa de 7º dia e as diárias durante três longos anos, às quais nós não assistimos. Em vida nunca tinha manifestado qualquer intenção do facto, mas aceitámos como verdadeira a versão dos responsáveis da instituição.
      – O JoaoC acha que o meu cunhado já chegou ao céu ou teremos que pagar mais qualquer coisinha?

      • JoaoC

        Fases da purificação?

        Escrevi “fases” como poderia dizer oportunidades.

        Ainda em vida temos muitas fases pelas quais podemos passar para nos purificarmos. Caso cheguemos ao fim da mesma com alguma falta por purificar ou com alguma mancha de pecado mortal já inexistente, teremos de nos livrar delas no Purgatório.

        Assim, o Purgatório foi criado por Deus por AMOR e Justiça pelo Homem, como uma oportunidade final de purificação.

        Quanto à oração que Nossa Senhora ensinou em Fátima, sempre se aplicou essa oração – como Ela o quer e indo de encontro à Sua mensagem de penitência e oração pelos pecadores, às almas em maior perigo de condenação, logo, aos pecadores. Vivos, como é óbvio.

        Só quem ainda vive é que pode estar em perigo de condenação. Quem morre ou se condena ao Inferno ou se salva, indo para o Purgatório ou para o Céu. Assim, as almas do Purgatório estão salvas e não se reza por elas para as salvar mas para aliviar os seus sofrimentos, diminuir a duração da pena e apressar a sua passagem para Deus.

        Essa oração, portanto, é aplicada aos pecadores, para que Cristo as livre do fogo do Inferno, as leve ao Céu – pelo menos ao Purgatório, certeza de salvação – principalmente as que mais precisarem, ou seja, as que estão em maior perigo de condenação.

        Sim, o sangue de Cristo é que alivia os sofrimentos do Purgatório, não o extintor. É o mesmíssimo sangue que Ele derramou na cruz que está no Cálice sobre o Altar após a Consagração e é o mesmo sangue que correu nas veias de Cristo que é oferecido ao Pai em cada Missa, por vivos e defuntos.

  • Anónimo

    Excelente texto José Moreira. Uma exposição com um humor mordaz e inteligente que explora algumas (das muitas) contradições que se podem apontar às praticas religiosas.
    Um olhar ateu sobre assuntos religiosos, que reflecte sobre o que é comunmente aceite, mostrando-nos uma perspectiva céptica sobre assunto.
    Muito bom. Parabéns.

  • JoaoC

    Esclarecimento, que é para criticarem o que é, coisas verdadeiras e não o que se diz por aí:

    “Não, por causa da perfeição, completude e suficiência do sacrifício de Jesus, nós estamos imediatamente na presença do Senhor após a morte, completamente purificados, livres do pecado, glorificados, perfeitos e finalmente santificados.
    Está na Bíblia. Dizer missa, para quê?”

    HERESIA PROTESTANTE.

    “Ausente do corpo e habitando com o Senhor” porque no Purgatório as almas já estão salvas, logo, são santas, são benditas, habitam em Deus, mas ainda não gozam da Sua presença, porque ainda não estão purificadas totalmente dos pecados veniais não confessados, ou das cicatrizes do pecado mortal confessado mas cuja pena ainda não totalmente cumprida.

    E como diz a Escritura “Nenhuma mancha poderá entrar na Jerusalém Celeste”. Aliás, uma alma do Purgatório preferiria condenar-se a apresentar-se com um só pecado venial diante da Majestade de Deus.

    Nenhum Papa “fecha” ou “abre” o Inferno ou o Purgatório, ou o Céu. Ainda que pouco se fale – convenientemente – no Inferno ou no Purgatório (são coisas demasiado chatas e até contrárias a uma sociedade com uma mentalidade moderna hedonista, amiga do prazer e que se julga auto-suficiente, isso de condenações eterna e sofrer e bla bla…) são Dogmas de Fé – ao contrário do Limbo (cuja existência não é dogma de Fé mas é uma certeza lógica por consequência do Pecado Original) – logo, são Verdades absolutas e imutáveis.

    E as almas – um dia destes, as nossas também – continuam a ser julgadas após a morte e cada um de nós a ter o que realmente merece, mediante a administração desta vida, a qual não nos pertence sequer, mas a Ele…

  • João A

    como é consabido, o ateu não tem alma. – trata-se de um simples animal.
    Qual a diferença entre um chimpanzé e um ateu, além dos pelos?

    Assim se explica tanta estupidez escrita em tão poucas linhas: é um escrito de um simples animal.

    O meu cão, um simples animal domesticado, educado, treinado e “socializado com a minha família”, nem sempre ladra ou gane com razão. Ladra por ladrar, ladra por ansiedade, ladra… sempre que lhe dá na mais animalesca e canina gana. O propósito é sempre o mesmo: tenta chamar a atenção.
    O meu cão é ateu. O meu cão não tem alma.
    Acho que estes ateus andam com pulgas. Há por aí algum veterinário voluntário para os ajudar?

    • Anónimo

      O João está a andar para trás?
      Então já ia no “C” e agora volta para o “A”.
      Assim vamos ter dificuldade em perceber quem nos está a insultar!!!!
      É que a malta apega-se… 🙂

      • JoaoC

        O João A não tem nada a ver com o JoaoC.

        Ainda que o JoaoC subscreva inteiramente o que João A escreveu.

        Afinal a alma é o que distingue um ser humano de um animal. Se vocês dizem que não a têm, porque vos haveria de considerar pessoas?… Como queiram 😉

    • Anónimo

      Qual é a diferença entre um crente e um cavalo?

      Re: Um cavalo utiliza umas palas para perder a visão periférica o crente não precisa de palas.

      🙂

  • Anónimo

    Mais uma vez o José Moreira a fazer uma boa análise sobre o mercado do ópio.

    Não sei quanto custa nas restantes paróquias, mas na minha aldeia custa 20€/alma mandar rezar uma missa em memória de alguem. Quem não tiver dinheiro pede crédito à cofidis…

    Pode parecer só 20€, mas se fizer o total de missas rezadas a multiplicar pelas almas pedidas o padre da minha aldeia ganha quase como um engenheiro. Fora os casamentos, batizados, sagrada familia (cofre que passa de vizinho em vizinho para gorjeta), dinheiro acumulado nas romarias, e dinheiro pedido em honra de Nossa Senhora semestralmente.

  • Teresamgoncalves

    Provavelmente, Jesus Cristo teria convidado o Sr. José Moreira para jantar com ele – assim fez com Zaqueu. São atitudes admiráveis, próprias de perfeição divina. Mas eu, confesso a minha limitação, não vejo sequer que valha a pena responder a este Senhor Moreira. Ele è livre; desu criou-nos livres e respeita a nossa liberdade. Ele é auto-suficiente e acha que já sabe tudo e compreende tudo sobre Deus e sobre a sua própria “alma” que, aliás, ele claramente já “sabe” com toda a segurança que não tem. Como é óbvio para a sua “clara inteligência”, há uma cambada de estúpidos que acreditam em coisas estranhas e para as quais, é verdade, não há provas (infelizmente, ele também não é capaz de me dar provas daquilo em que acredita.
    Eu, por exemplo, acredito que Deus criou o Mundo e a todos os que nele habitam; mas não tenho provas. Também não tenho provas de que o Mundo se criou sozinho! Acredito que Deus, a existir como eu acredito, teria de ser infinitamente perfeito – tão perfeito que as suas criaturas teriam de ser livres (ainda que escolhessem todos os males – as guerras, os egoísmos, etc); tão perfeito que não ficaria insensível aos sofrimentos das suas criaturas e até seria capaz de vir activamente em seu socorro, de uma forma inimaginável (para a nossa inteligência e imaginação – necessariamente limitadas)- capaz de imolar-se por nós, por Amor. Porque o máximo da perfeição é a capacidade de amar. Eu acredito que Jesus Cristo veio para realizar este desígnio. No próprio século da sua vinda, muitos foram capazes de seguir-lhe o exemplo e morrer pela afirmação clara desta mesma Fé, em vez de submeter-se aos poderes do mundo então existentes. Muitos continuam a fazê-lo hoje. Tantos capazes de superar os seus egoísmos, ao longo dos séculos… desde Francisco de Assis, a Madre Teresa de Calcutá e… nem vale a pena citar mais. Lendas? Mitos de cabeças frágeis e nal-pensantes? Eu acredito.Eu vejo coerência e lógica em tudo o que lhe descrevi. Tenho as minhas provas e são muitas. Não creio que lhe sirvam ou que seja capaz de as encarar com respeito e seriedade. E o Senhor Moreira tem a certeza daquilo em que acredita? É capaz de me dar provas das suas crenças?

  • Teresamgoncalves

    Provavelmente, Jesus Cristo teria convidado o Sr. José Moreira para jantar com ele – assim fez com Zaqueu. São atitudes admiráveis, próprias de perfeição divina. Mas eu, confesso a minha limitação, não vejo sequer que valha a pena responder a este Senhor Moreira. Ele è livre; desu criou-nos livres e respeita a nossa liberdade. Ele é auto-suficiente e acha que já sabe tudo e compreende tudo sobre Deus e sobre a sua própria “alma” que, aliás, ele claramente já “sabe” com toda a segurança que não tem. Como é óbvio para a sua “clara inteligência”, há uma cambada de estúpidos que acreditam em coisas estranhas e para as quais, é verdade, não há provas (infelizmente, ele também não é capaz de me dar provas daquilo em que acredita.
    Eu, por exemplo, acredito que Deus criou o Mundo e a todos os que nele habitam; mas não tenho provas. Também não tenho provas de que o Mundo se criou sozinho! Acredito que Deus, a existir como eu acredito, teria de ser infinitamente perfeito – tão perfeito que as suas criaturas teriam de ser livres (ainda que escolhessem todos os males – as guerras, os egoísmos, etc); tão perfeito que não ficaria insensível aos sofrimentos das suas criaturas e até seria capaz de vir activamente em seu socorro, de uma forma inimaginável (para a nossa inteligência e imaginação – necessariamente limitadas)- capaz de imolar-se por nós, por Amor. Porque o máximo da perfeição é a capacidade de amar. Eu acredito que Jesus Cristo veio para realizar este desígnio. No próprio século da sua vinda, muitos foram capazes de seguir-lhe o exemplo e morrer pela afirmação clara desta mesma Fé, em vez de submeter-se aos poderes do mundo então existentes. Muitos continuam a fazê-lo hoje. Tantos capazes de superar os seus egoísmos, ao longo dos séculos… desde Francisco de Assis, a Madre Teresa de Calcutá e… nem vale a pena citar mais. Lendas? Mitos de cabeças frágeis e nal-pensantes? Eu acredito.Eu vejo coerência e lógica em tudo o que lhe descrevi. Tenho as minhas provas e são muitas. Não creio que lhe sirvam ou que seja capaz de as encarar com respeito e seriedade. E o Senhor Moreira tem a certeza daquilo em que acredita? É capaz de me dar provas das suas crenças?

    • carpinteiro

      Olá Teresagonçalves.Sabe porque gosto deste espaço? precisamente por isto, todos podemos expor os nossos pontos de vista e discordar de forma elegante como a Teresa o fez.A Teresa acredita, e tem as suas razões para tal, os ateus não acreditam, e têm igualmente os seus motivos. Até aqui nada de novo.Se algo verdadeiramente nos distingue, não é aquilo em que acreditamos mas aquilo que questionamos. Enquanto a Teresa acredita e para si basta, para mim não.Costumo questionar o porquê das coisas. São formas de estar na vida. Você diz que acredita que Deus existe. Eu também já acreditei, só que um dia questionei de onde veio esse Deus. Onde foi ele buscar a matéria com a qual fez tudo o que conhecemos e não conhecemos. Do nada? Em última análise, onde estava Deus antes do nada, e de fazer tudo o que existe?E Deus, quem o fez? fez-se a si próprio? como é que alguém se faz a si mesmo?A Teresa pede a um ateu, provas das suas crenças, eu dou-lhe motivos das minhas descrenças. Se diferenças há entre um crente e um ateu, é que o segundo não promete nada para depois de morto nem cobra dízimo.

      • Teresamgoncalves

        Olá, José Moreira
        Obrigada pela resposta. Peço desculpa pelo meu tom sarcástico do início do meu comentário anterior, mas o José “estava a pedi-las”…
        Creio que fizemos apostas diferentes, para as quais nenhum de nós tem respostas completas. São apostas (como já dizia Pascal) e, como tal, não podemos questionar o raciocínio que a elas nos levou. A Fé é um risco, um salto no escuro. Mas entre saltar para o desconhecido e bater com o nariz numa parede e ficar por aí, qual é a aposta mais louca? Eu (e depois de muito questionar, pode crer) prefiro o salto. E, estranhamente, tenho encontrado muito mais razões convincentes para o salto do que para a conformação à parede que tudo termina e de onde não mais saímos. por isso não pense que pouco me basta e que não me questiono o suficiente. Aliás, creio que passo todo o tempo a questionar. O que não dou por adquirido é que Deus não existe e que tudo o que existe se auto-criou. também não dou por adquirido que a morte seja o fim definitivo. É a tal aposta: e se não for? e se Deus existe? E se é o José que está enganado?
        O José questionou de onde veio esse tal Deus. Eu continuo a questionar de onde veio esse tal Mundo. E onde estava antes de existir. E como é que começou a existir, a partir do nada. pergunta: Como é que alguém se faz a si mesmo? E pergunta muito bem. Eu também pergunto: como é que o mundo se faz a si mesmo?
        Fala da diferença entre um “funcionário de Deus” e um ateu. É um ponto de vista que pode estar certo num ou noutro caso. Mas… acha que Francisco de Assis, Teresa de Calcutá, Maximiliano Kolbe, João Bosco, Padre Américo, Abbé Pierre, Vicente de Paulo, Raoul Follereau, Teilhard de Chardin, Edith Stein, Damião de Molokai… entre tantos outros foram “funcionários de Deus” e viviam para “cobrar o dízimo”? Aliás, eu sou católica, vou à Igreja quando me apetece e nunca ninguém me “cobrou o dízimo”, sabia?
        Mais uma vez obrigada, José Moreira, por este breve diálogo. Desejo-lhe toda a felicidade do mundo. Mas continue a questionar. Ponha também em causa as suas apostas, crenças e descrenças.

        • carpinteiro

          Teresa.Peço desculpa, a si e ao José Moreira.À Teresa, porque se dirigiu ao José Moreira e respondi eu; ao José Moreira, porque abusivamente respondi por ele.Na realidade eu sou o Frederico Carpinteiro.
          Mesmo assim atrevo-me a convidá-la a ficar connosco e participar nas discussões. Cumprimentos.

          • Teresamgoncalves

            Nesse caso, obrigada pela intervenção, Frederico Carpinteiro.
            Gostei deste breve diálogo, por isso, pela minha parte, está desculpado. (Eu também devia ter prestado mais atenção aos nomes dos autores dos comentários)
            Encontrei este site por acaso e sou capaz de vir aqui de vez em quando.
            Saiba que estou convicta de que, crentes ou ateus, somos realmente irmãos e filhos do mesmo Deus. Portanto, a ideia de que a religião pode fomentar guerras parece-me um contra-senso. A má formação das pessoas, sim, e consequentes ideias erradas do que é ser religioso ou laicista. Por isso, quanto mais esclarecidas as nossas convicções, quanto maior o respeito por todas as pessoas e sua liberdade inalienável, mais caminhamos na direcção de um mundo de paz. E acredito que somos tanto mais humanos quanto mais incansavelmente procurarmos a verdade e o bem, de forma humilde e atenta, a nós e aos outros.
            Por isso, boa sorte também para as suas buscas e questionamentos.
            E cumprimentos amigos.

    • Anónimo

      Com algum atraso, até porque há mais vida para além do Diário Ateísta, deixe-me responder-lhe. Começo por lhe confessar a minha distracção, que me impediu de ver, atempadamente, o “qui-pro-quo” entre a Teresa e o Carpinteiro.Não sei se Jesus, dito Cristo, me convidaria para jantar e, caso o fizesse, não sei se aceitaria. Mas não vamos por aí… Entristeceu-me um pouco o facto de a Teresa ter formulado juízos a meu respeito; como se fosse pouco, os juízos foram errados. “Não julgueis, para não serdes julgados”, e juro-lhe que esta frase não é de minha autoria.Eu nunca disse, em nenhuma parte do meu texto que sabia tudo acerca de Deus, nem sei onde é que a Teresa foi colher elementos para chegar a tal conclusão. O que eu disse, embora por outras palavras, é que quando se vende uma coisa que não existe, ou quando se usa um artifício fraudulento para obter um benefício, está-se perante um crime de burla. Quando se pede dinheiro para tirar uma alma do Purgatório, sabendo que esse lugar não existe, está-se perante o tal artifício fraudulento. A Teresa afirma que acredita em Deus e que foi ele que criou tudo isto. É um direito que lhe assiste, e que eu respeito. Da mesma forma que respeito as pessoas que acreditam que uma rodela de pão ázimo se transforma em carne e sangue. Mas não posso respeitar quem anda a distribuir Cristo às rodelas.A Teresa afirma que eu não tenho provas daquilo em que acredito. Precipitou-se um bocadinho, não foi? É que eu nem lhe disse em que é que acredito, logo, não sabe se tenho provas ou não. Mas se a sua ideia é de que eu não tenho provas de que Deus não existe, garanto-lhe que está enganada. Eu posso provar-lhe que Deus não existe, da mesma forma que a Teresa pode, disso não tenho dúvidas, de que NÃO existe um dragão invisível no meu quintal. Consegue provar, não consegue? É como eu…A Teresa diz acreditar que Deus criou o Mundo, embora não tenha provas. Teve sorte por ter nascido nesta época, e onde nasceu. Se tinha nascido uns anos antes, no Egipto, teria acreditado na Trindade Atom, Hórus e Rá; mas se tivesse nascido na Babilónia, certamente acreditaria em Anu, Bel e Éa. Etcoetera. Aliás, se der uma vista de olhos pela mitologia, rapidamente concluirá que o Mundo foi criado por uma série de deuses, todos eles verdadeiros.” tem a certeza daquilo em que acredita? É capaz de me dar provas das suas crenças?” Claro que sim. Daquilo em que acredito, tenho provas. Algumas delas, infelizmente. Mas são provas terrenas, físicas. Algumas, sofridas por mim. Por isso, acredito nelas. Não acredito é em mitos.
      Já agora, deixe-me repetir-lhe as perguntas que já fiz a um outri comentador:
      – O que é a alma, e para que serve?
      – Quem atribui as almas, e em que época da vida?
      Creia que terei muito gosto em continuar este diálogo – sem, naturalmente, pretender excluir o Carpinteiro.

  • Nani1997

    O Autor desse texto é um demente. Não é uma pessoa civilizada do século XXI, caso contrário conheceria o papel a a importancia das religiões no mundo.

    Se não uma criança na crise da juventude, então é uma pessoa completamente estupida e doente.

    Vai dizer que eu insultei.
    E dizer a verdade é insultar?

    O discurso é estupido, é imbecil porque assenta em proposições completamente estupidas.

    É incrivel como existe gente com tanta falta de caracter.

    Moleque da rua costuma falar besteira. Mas este, que não sei se é da rua, não é melhor.

    Neste site, não sei porque, uma estupidez destas é aplaudida por alguém que se diz racionalista. Será que sabem o que é ser racional?

    Que ideias atrasadas! Estão, pelo menos, uns 5 mil anos atrasados, estes ateus. Na Amazônia tem indios tem mais civilizados, cultos e educados do que estes ateus.

    • Anónimo

      Blablabla… demente… blablabla… estúpido… blablabla… imbecil… blablabla… etc…etc…etc…
      Ou seja, o cavalheiro (ou dama, uma vez que vi noutro post o nick Nina1997 em vez de Nani1997, vai daí que já não sei), veio cá enriquecer a discussão com uma mão cheia de insultos numa demonstração inequívoca de “civilização, cultura e educação”.

      Muito bem, acho que podemos dizer que uma vez mais, um crente veio a um blog de ateus dar-lhes uma lição de educação, cultura e civismo.
      Temos sempre muito a aprender com contributos de gente tão “racional”… Livra!!!!!

    • Anónimo

      Caro(a) Nani 1997 (já tem idade para ter juízo…):Confesso que não tenho a sua cultura religiosa. Nem da outra, mas isso é outra conversa.Por isso, e com a humildade que me caracteriza, e de que muito me orgulho, peço-lhe que me ensine: – O que é a alma, e para que serve? – Quem dá a alma às pessoas? E em que altura da vida?Se conseguir dar-me estas explicações, creia que lhe ficarei muito grato.

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