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Equívocos, parte 10. Agora mais radical.

Neste episódio, o Alfredo Dinis dirige a sua crítica ao “ateísmo radical”, mas não explica porque será este mais radical do que das outras nove vezes. O décimo equívoco é «A existência de Deus é uma hipótese cientifica e pode, por conseguinte, ser objecto da investigação dos cientistas, a qual poderá chegar a uma posição conclusiva sobre a existência ou não de Deus.» (1)

Realmente, há aqui vários equívocos. Primeiro, não se trata de uma hipótese acerca da existência de Deus. São muitas. Segundo, nem todas são científicas, porque uma hipótese é científica se, e só se, houver possibilidade de determinar se é verdadeira ou falsa. Muitas nem isso permitem. Terceiro, só uma hipótese que seja científica é que vale a pena considerar porque, se não o for, então não faz diferença se é verdadeira ou falsa. Se fizesse diferença podia ser testada e seria científica. Finalmente, e por isso, os crentes acabam por defender hipóteses científicas acerca dos seus deuses. Porque não interessa ter deuses irrelevantes, têm de propor deuses que façam alguma coisa que se veja.

Para apoiar a sua alegação, o Alfredo cita a Academia Nacional de Ciências dos EUA (NAS). «A ciência nada tem a dizer acerca do sobrenatural. A ciência mantém-se neutra acerca da existência ou não de Deus.» É pouco persuasivo. O financiamento da NAS depende da opinião pública, e 90% dos eleitores nos EUA acredita num deus pessoal. A maioria até acredita que a Terra tem dez mil anos, que foi criada numa semana e que descendemos todos de Adão e Eva. Cá em Portugal podemos dar-nos ao luxo, eu e o Alfredo, de dizer que isso são disparates. Mas num país que elege o Bush (duas vezes!) é preciso muito mais cuidado. Mais revelador do conflito entre ciência e religião é que, nesse país onde só um décimo das pessoas não acredita num deus pessoal, entre os membros da NAS – os cientistas mais conceituados dos EUA – 72% são ateus, 20% agnósticos e apenas 8% acreditam que existe um deus (2). Esta discrepância sugere fortemente que a ciência não é neutra acerca das religiões.

Mas não é preciso apelar à opinião popular para compreender que «A ciência nada tem a dizer acerca do sobrenatural» é um erro. Basta ver que, se assim fosse, a ciência nada poderia dizer acerca da fada Sininho, da astrologia, da cura por regressão às vidas passadas, dos videntes, dos fantasmas e de qualquer outra treta que se rotulasse “sobrenatural”. Esta ideia, obviamente falsa, resulta de um equívoco. Quando se diz que uma hipótese que não seja testável não é científica não se quer dizer que a ciência tem de ficar calada. Quer-se dizer que a ciência não a pode aceitar. Mas pode, e deve, rejeitá-la pelo disparate que é.

Devo mencionar duas objecções que os crentes levantam à rejeição científica das suas hipóteses. Uma é que as suas hipóteses acerca do sobrenatural são excepção, mesmo sendo impossíveis de testar como as outras que o crente rejeita. Parece-me seguro ignorar esta alegação porque, além de nunca ser devidamente justificada, nem os crentes conseguem decidir entre si quais as hipóteses que são excepção e quais a ciência pode rejeitar. Quando o Alfredo Dinis e o Jónatas Machado encontrarem um método para concordar nisto, logo vejo se há aí algo que mereça consideração. A outra é alegar, também do nada, que os objectos da sua crença são diferentes dos objectos de estudo da ciência. É falso. Os objectos em causa são, em todos os casos, as hipóteses. Seja na filosofia, na teologia, na ciência ou na fé, aquilo que se faz é decidir se acreditamos ou não na verdade de hipóteses.

Além disso, muitas das hipóteses que os crentes defendem são testáveis. Este é outro equívoco do Alfredo, assumindo que não é uma omissão propositada. Ele próprio defende, por crença religiosa, hipóteses científicas. Defende que Maria nunca teve relações sexuais, que Jesus esteve morto e ressuscitou, que há partes do nosso ser que sobrevivem à destruição do corpo, que o seu deus criou o universo, cura pessoas, e assim por diante. E como estas hipóteses são contrárias ao que os dados sugerem, o mais razoável é assumir que são falsas enquanto não houver evidências concretas que as apoiem.

O Alfredo gostaria que a ciência não levantasse dificuldades às religiões. Ou, pelo menos, que não as levantasse à sua; se refutar as outras, tanto melhor. Mas a ciência avança pela inferência à melhor explicação. E a melhor explicação para as religiões, incluindo a do Alfredo, é que são fenómenos sociais e psicológicos. Parafraseando Laplace, não precisamos da hipótese de existir algum deus, seja o do Alfredo, seja outro qualquer. É por isso que há uma correlação inversa entre a educação científica e a religiosidade. É por isso que a fracção de ateus é maior entre os cientistas, e tanto maior quanto mais conceituados são. E é por isso que, ao fim de séculos a apregoar a teologia como a rainha das ciências, hoje só querem é separá-las. Não porque a ciência não tenha nada a dizer acerca destas hipóteses mas porque não gostam do que ela diz.

1- Alfredo Dinis, Grandes equívocos do ateísmo radical contemporâneo
2- Wikipedia, Relationship between religion and science
Em simultâneo no Que Treta!

26 thoughts on “Equívocos, parte 10. Agora mais radical.”
  • antoniofernando

    “Achar que o mundo não tem Criador, é pior, incomensuravelmente pior que afirmar que uma Enciclopédia pode ser o resultado de uma explosão numa tipografia”.

    (Benjamin Franklin)

    “O Universo não é obra do acaso. Quero dizer, o universo precisava ‘saber’ com antecedência o que iria a acontecer, antes de ‘saber’ como iniciar a si próprio. Porque de acordo com a teoria do ‘Big Bang’, por exemplo, num instante de 10 elevado a menos 43 parte de segundo, o Universo precisa ‘saber’ quantos tipos de neutrino irão existir no período de um segundo. Só assim pode funcionar a expansão na taxa exacta para adequar-se ao número final de tipos de neutrino”, como afirmou o astrónomo inglês Fred Hoyle.

    Mesmo o anteriormente céptico Voltaire acabou por reconhecer: “O Universo me embaraça. Não consigo imaginar que esse maravilhoso relógio existe e não tenha Relojoeiro”.

    No mesmo sentido apontou Galileu:”A matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o universo”.

    E o racionalista Kant foi ao ponto de afirmar:”O conceito de Deus é o mais inevitável para a razão humana”.

    Mas muitos mais cientistas, de enorme reputação, integraram Deus como a hipótese mais plausível para a existência do Universo e da Vida:

    Descartes: “As verdades matemáticas que vocês chamam de eternas foram estabelecidas por Deus e dependem inteiramente dele “

    Isaac Newton : “Deus criou tudo por número, peso e medida.

    Leopold Kronecker: “Deus criou os números naturais, tudo o resto é obra do homem.”

    Einstein: “Deus não se importa com nossas dificuldades matemáticas. Ele as integra empiricamente.”

    Euclides: “As leis da natureza não são nada mais que os pensamentos matemáticos de Deus”

    Johannes Kepler : “O principal objectivo de todas as investigações do mundo exterior deve ser descobrir a ordem racional e harmonia que tem sido imposta por Deus e que ele nos revelou na linguagem da matemática.”

    James Jeans: “A partir das evidências intrínsecas de sua criação, o Grande Arquitecto do Universo, começa a aparecer como um matemático puro”

    Henri Poincaré : “Se Deus fala ao homem, sem dúvida, ele usa a linguagem da matemática”

    Srinivasa Ramanujan: “Apenas pela Matemática sozinha, alguém pode ter a concreta realização de Deus”

    Einstein: ”Eu não sei como Deus criou este mundo, não estou interessado neste ou naquele fenómeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os Seus pensamentos, o resto são detalhes”.

    Pitágoras: “Necessário é encontrar o infinitamente grande no infinitamente pequeno, para sentir a presença de Deus”

    Louis Pasteur: “Quanto mais eu estudo a natureza, mais ainda eu fico maravilhado com a obra do Criador, a Ciência aproxima o homem de Deus.”

    Paul Dirac:” Deus é um matemático de nível muito elevado que usou a matemática avançada para construir o universo”.

    Charles Darwin:” A razão fala-me da extrema dificuldade, ou mesmo impossibilidade, de conceber este imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem e a sua capacidade de olhar para trás, e para longe para o futuro, como resultado do acaso cego e da necessidade. Quando assim reflicto, sinto-me compelido a pensar numa Primeira Causa possuidora de uma mente inteligente, análoga em certa medida à do homem. Mereço, por isso, ser chamado teísta”.

    Werner Heisenberg:” No decorrer da minha vida vi-me repetidamente compelido a ponderar sobre a relação entre estas duas regiões do pensamento (ciência e religião), pois nunca fui capaz de duvidar da realidade daquilo para que elas apontam

    Erwin Schrodinger:” A imagem científica do mundo que me rodeia é muito deficiente. Dá-me muita informação factual, fornece à nossa experiência uma ordem magnificamente consistente, mas, coisa terrível, nada diz acerca do que de facto nos interessa. Não diz uma palavra sobre a sensação do azul ou do vermelho, do amargo e do doce, sobre os ensinamentos da alegria e da tristeza. Nada conhece do belo e do feio, do bom e do mau, de Deus e da eternidade. A ciência por vezes finge responder a questões nesses domínios, mas as respostas são frequentemente tão tontas que não as podemos levar a sério. A ciência também hesita perante a questão da grande Unidade da qual somos de algum modo parte, à qual pertencemos. No tempo em que vivemos, o nome mais popular para ela é Deus, escrito com um ” D” maiúsculo. A ciência é, muitas vezes, estigmatizada como ateia. Não é de espantar, depois do que dissemos. Se a sua imagem do mundo nem sequer contém beleza, alegria, tristeza, como pode ela conter a ideia mais sublime que se oferece à mente humana?

    Max Planck: ” a religião e as ciências da natureza lutam uma batalha incessante contra o cepticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, portanto, por Deus! ”

    Que mais é preciso para demonstrar que a existência de Deus tem sido postulada pelos maiores e brilhantes cientistas como hipótese racionalmente credível para a existência de Deus?

    Que Ludwig Krippahl dê a sua singela concordância?…

  • antoniofernando

    “Achar que o mundo não tem Criador, é pior, incomensuravelmente pior que afirmar que uma Enciclopédia pode ser o resultado de uma explosão numa tipografia”.

    (Benjamin Franklin)

    “O Universo não é obra do acaso. Quero dizer, o universo precisava ‘saber’ com antecedência o que iria a acontecer, antes de ‘saber’ como iniciar a si próprio. Porque de acordo com a teoria do ‘Big Bang’, por exemplo, num instante de 10 elevado a menos 43 parte de segundo, o Universo precisa ‘saber’ quantos tipos de neutrino irão existir no período de um segundo. Só assim pode funcionar a expansão na taxa exacta para adequar-se ao número final de tipos de neutrino”, como afirmou o astrónomo inglês Fred Hoyle.

    Mesmo o anteriormente céptico Voltaire acabou por reconhecer: “O Universo me embaraça. Não consigo imaginar que esse maravilhoso relógio existe e não tenha Relojoeiro”.

    No mesmo sentido apontou Galileu:”A matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o universo”.

    E o racionalista Kant foi ao ponto de afirmar:”O conceito de Deus é o mais inevitável para a razão humana”.

    Mas muitos mais cientistas, de enorme reputação, integraram Deus como a hipótese mais plausível para a existência do Universo e da Vida:

    Descartes: “As verdades matemáticas que vocês chamam de eternas foram estabelecidas por Deus e dependem inteiramente dele “

    Isaac Newton : “Deus criou tudo por número, peso e medida.

    Leopold Kronecker: “Deus criou os números naturais, tudo o resto é obra do homem.”

    Einstein: “Deus não se importa com nossas dificuldades matemáticas. Ele as integra empiricamente.”

    Euclides: “As leis da natureza não são nada mais que os pensamentos matemáticos de Deus”

    Johannes Kepler : “O principal objectivo de todas as investigações do mundo exterior deve ser descobrir a ordem racional e harmonia que tem sido imposta por Deus e que ele nos revelou na linguagem da matemática.”

    James Jeans: “A partir das evidências intrínsecas de sua criação, o Grande Arquitecto do Universo, começa a aparecer como um matemático puro”

    Henri Poincaré : “Se Deus fala ao homem, sem dúvida, ele usa a linguagem da matemática”

    Srinivasa Ramanujan: “Apenas pela Matemática sozinha, alguém pode ter a concreta realização de Deus”

    Einstein: ”Eu não sei como Deus criou este mundo, não estou interessado neste ou naquele fenómeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os Seus pensamentos, o resto são detalhes”.

    Pitágoras: “Necessário é encontrar o infinitamente grande no infinitamente pequeno, para sentir a presença de Deus”

    Louis Pasteur: “Quanto mais eu estudo a natureza, mais ainda eu fico maravilhado com a obra do Criador, a Ciência aproxima o homem de Deus.”

    Paul Dirac:” Deus é um matemático de nível muito elevado que usou a matemática avançada para construir o universo”.

    Charles Darwin:” A razão fala-me da extrema dificuldade, ou mesmo impossibilidade, de conceber este imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem e a sua capacidade de olhar para trás, e para longe para o futuro, como resultado do acaso cego e da necessidade. Quando assim reflicto, sinto-me compelido a pensar numa Primeira Causa possuidora de uma mente inteligente, análoga em certa medida à do homem. Mereço, por isso, ser chamado teísta”.

    Werner Heisenberg:” No decorrer da minha vida vi-me repetidamente compelido a ponderar sobre a relação entre estas duas regiões do pensamento (ciência e religião), pois nunca fui capaz de duvidar da realidade daquilo para que elas apontam

    Erwin Schrodinger:” A imagem científica do mundo que me rodeia é muito deficiente. Dá-me muita informação factual, fornece à nossa experiência uma ordem magnificamente consistente, mas, coisa terrível, nada diz acerca do que de facto nos interessa. Não diz uma palavra sobre a sensação do azul ou do vermelho, do amargo e do doce, sobre os ensinamentos da alegria e da tristeza. Nada conhece do belo e do feio, do bom e do mau, de Deus e da eternidade. A ciência por vezes finge responder a questões nesses domínios, mas as respostas são frequentemente tão tontas que não as podemos levar a sério. A ciência também hesita perante a questão da grande Unidade da qual somos de algum modo parte, à qual pertencemos. No tempo em que vivemos, o nome mais popular para ela é Deus, escrito com um ” D” maiúsculo. A ciência é, muitas vezes, estigmatizada como ateia. Não é de espantar, depois do que dissemos. Se a sua imagem do mundo nem sequer contém beleza, alegria, tristeza, como pode ela conter a ideia mais sublime que se oferece à mente humana?

    Max Planck: ” a religião e as ciências da natureza lutam uma batalha incessante contra o cepticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, portanto, por Deus! ”

    Que mais é preciso para demonstrar que a existência de Deus tem sido postulada pelos maiores e brilhantes cientistas como hipótese racionalmente credível para a existência de Deus?

    Que Ludwig Krippahl dê a sua singela concordância?…

    • antoniofernando

      Errata: ” Que mais é preciso para demonstrar que a existência de Deus tem sido postulada pelos maiores e brilhantes cientistas como hipótese racionalmente credível para a existência do Universo ?”

      • antoniofernando

        “É por isso que a fracção de ateus é maior entre os cientistas, e tanto maior quanto mais conceituados são. ”

        Ludwig Krippahl

        Depois das citações que fiz ,sobre os cientistas que aderiram à hipótese Deus, a referenciada frase de LK ,se prémio ganhar, será certamente a da maior anedota do século…

        • antoniofernando

          Sondagens e estudos há muitos. Eu gostaria de saber quais,em concreto, os cientistas ” mais conceituados” a que Ludwig Krippal aludiu. Quem são ? Quais os seus méritos, a sua reputação, os seus trabalhos de investigação ? Será que LK pode esclarecer, para além da afirmação vaga que produziu ? Para já subsiste o mistério.

          Em 2009, outro estudo aponta no seguinte sentido:

          a) 33% dos cientistas americanos acreditam em Deus;
          b) 18% acreditam num Espírito Universal;
          c) 41% afirmam-se ateus.

          Ou seja:

          Entre os cientistas americanos, e de acordo com esse outro estudo,51% afirmam-se crentes e 41% ateus.

          Os restantes 8%, nesta fase do campeonato, ainda devem estar a pensar em quem votar… 🙂

          Estudos há muitos…

          http://people-press.org/report/?pageid=1549

          • FilipeR

            Cruzado sem cruzada!

    • antoniofernando

      Errata: ” Que mais é preciso para demonstrar que a existência de Deus tem sido postulada pelos maiores e brilhantes cientistas como hipótese racionalmente credível para a existência do Universo ?”

    • Anónimo

      Eu só gostava de saber é que o facto de uma pessoa, por mais cientista que seja, acreditar em algo, faz com que esse algo exista. Ou prova a existência.

      • antoniofernando

        Eu só gostava é de perceber porque é que não seria possível contestar as afirmações genéricas feitas por LK para tentar fundamentar os seus pressupostos, apegando-se a supostos inquéritos a ignotas personalidades científicas, que nem sequer se deu ao trabalho de referenciar…

      • Anónimo

        Tem toda a razão. Não é o facto de alguém acreditar nalguma coisa que prova que essa coisa exista. E isto vale para qualquer pessoa, cientistas, pastores, pescadores, filósofos, etc…

    • FilipeR

      Estou impressionado antoniofernando…

      mas fiquei com uma dúvida,

      estas citações referem-se a que deus ou deuses?

      “se eu fosse deus!
      se deus não fosse eu!
      como se deus não fosses tu.”

      J.M.Branco

    • Ludwig

      António Fernando,

      Quando tiver oportunidade de ler o meu post até ao fim, verá que menciono precisamente esse seu ponto. E que ilustra o erro de defender que a ciência nada diz acerca da religião. Durante muito tempo, Deus foi uma parte integrante das explicações científicas.

      Hoje é que as coisas são diferentes. Pelas estatísticas que aponta, nos EUA, onde 90% da população é crente num deus pessoal, entre os cientistas 41% declara-se ateu, e entre os cientistas da Academia Nacional de Ciências a percentagem sobe para os 72%. A correlação é muito grande.

      E é por isso que hoje dá tanto jeito aos teólogos defender que a ciência não tem nada que ver com a religião. Mas isso é moda recente, só tendo começado depois de verem que a ciência lhes contradiz as crenças e desistirem de a tentar suprimir.

      • Alfredo Dinis

        Caro Ludwig,

        “nos EUA, onde 90% da população é crente num deus pessoal, entre os cientistas 41% declara-se ateu, e entre os cientistas da Academia Nacional de Ciências a percentagem sobe para os 72%.”

        Mas não afirmaste no teu blogue acerca desta instituição que a posição dos seus membros é uma ‘opinião popular’?

        Saudações,

        Alfredo

      • Alfredo Dinis

        Caro Ludwig,

        “nos EUA, onde 90% da população é crente num deus pessoal, entre os cientistas 41% declara-se ateu, e entre os cientistas da Academia Nacional de Ciências a percentagem sobe para os 72%.”

        Mas não afirmaste no teu blogue acerca desta instituição que a posição dos seus membros é uma ‘opinião popular’?

        Saudações,

        Alfredo

      • Alfredo Dinis

        Caro Ludwig,

        “nos EUA, onde 90% da população é crente num deus pessoal, entre os cientistas 41% declara-se ateu, e entre os cientistas da Academia Nacional de Ciências a percentagem sobe para os 72%.”

        Mas não afirmaste no teu blogue acerca desta instituição que a posição dos seus membros é uma ‘opinião popular’?

        Saudações,

        Alfredo

      • Alfredo Dinis

        Caro Ludwig,

        “nos EUA, onde 90% da população é crente num deus pessoal, entre os cientistas 41% declara-se ateu, e entre os cientistas da Academia Nacional de Ciências a percentagem sobe para os 72%.”

        Mas não afirmaste no teu blogue acerca desta instituição que a posição dos seus membros é uma ‘opinião popular’?

        Saudações,

        Alfredo

    • Ludwig

      António Fernando,

      Quando tiver oportunidade de ler o meu post até ao fim, verá que menciono precisamente esse seu ponto. E que ilustra o erro de defender que a ciência nada diz acerca da religião. Durante muito tempo, Deus foi uma parte integrante das explicações científicas.

      Hoje é que as coisas são diferentes. Pelas estatísticas que aponta, nos EUA, onde 90% da população é crente num deus pessoal, entre os cientistas 41% declara-se ateu, e entre os cientistas da Academia Nacional de Ciências a percentagem sobe para os 72%. A correlação é muito grande.

      E é por isso que hoje dá tanto jeito aos teólogos defender que a ciência não tem nada que ver com a religião. Mas isso é moda recente, só tendo começado depois de verem que a ciência lhes contradiz as crenças e desistirem de a tentar suprimir.

  • Alfredo Dinis

    Caro Ludwig,

    Este não é o primeiro texto ‘equívoco’ em que me refiro aos ateus radicais. Recebi anteriormente alguns comentários de ateus que não se reconhecem em muito do que afirmam outros ateus, como tu, e que eu critico. Pareceu-me ser honesto manter esta distinção.

    Não sou eu quem afirma que a questão da existência de Deus deve ser tratada como uma hipótese científica, mas sim os não crentes. Eu digo exactamente o contrário.

    Acho pouco persuasiva e pouco fundamentada a tua desvalorização da posição da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos. Chamar “opinião popular” à posição desta instituição parece-me falacioso. Se esta posição coincidisse com a tua, citá-la-ias provavelmente como bem fundamentada. Ou não?

    O grande equívoco do Ludwig é o de se manter teimosamente agarrado ao positivismo do século XX, hoje mais que ultrapassado. Já anteriormente dei vários exemplos de aspectos da vida humana sobre os quais a ciência nada tem a dizer. São precisamente os aspectos mais fundamentais e significativos da vida que escapam à ciência. É o que se passa com a religião. Os crentes não exigem nada de especial, não exigem nenhuma excepção, apenas o reconhecimento do óbvio: a religião tem a ver com a busca do sentido, não com explicações sobre as leis e os fenómenos da natureza, algo que pertence à ciência. O mesmo se passa com outros domínios como a ética e a estética. Por se manterem devotadamente agarrados à mentalidade positivista, os neopositivistas da primeira metade do século XX rejeitaram os discursos ético e estético como irrelevantes, precisamente porque não eram analisáveis pelo método científico. Alfred Ayer escreveu a principal obra de divulgação e defesa desta corrente: Linguagem, Verdade e Lógica. O neopositivismo foi entretanto abandonado, e o próprio Ayer passou os últimos anos da sua vida a mostrar que a maior parte do que afirmara na obra citada não tinha qualquer consistência. Em Portugal parece-me haver ainda quem permaneça obstinadamente no século XIX.

    Nenhum dos exemplos religiosos que referes como cientificamente testáveis o são realmente. Como não é cientificamente testável que D. Afonso Henriques odiasse a sua mãe. Como bom cientista que és deves saber que os dados não sugerem por si mesmos todas as conclusões a que chegam os cientistas. Não há dados puros, como não há factos puros, como não há conclusões, deduções ou induções puras. Creio que a obra de Thomas Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas é a este respeito elucidativa.

    Não só não peço à ciência que não levante dificuldades às religiões, particularmente ao cristianismo, como penso que os crentes teriam muito a perder se ignorassem os desafios que as ciências levantam às religiões. O que seria o cristianismo hoje se tivesse ignorado Galileu, Darwin, o Big Bang? As religiões são fenómenos sociais e psicológicos. As ciências também têm muito de social e psicológico. Ou não? É evidente que as ciências têm uma dimensão social e psicológica. O Ludwig dedica sua vida à missão de anunciar ao mundo que a religião nada mais é do que um fenómeno social e psicológico. Vai ter que se esforçar muito mais do que tem feito para me convencer.

    Saudações,

    Alfredo

  • Anónimo

    Mais um excelente texto do Ludwig Krippahl. Consistente e coerente.

    “Basta ver que, se assim fosse, a ciência nada poderia dizer acerca da fada Sininho, da astrologia, da cura por regressão às vidas passadas, dos videntes, dos fantasmas e de qualquer outra treta que se rotulasse “sobrenatural (…) Uma é que as suas hipóteses acerca do sobrenatural são excepção, mesmo sendo impossíveis de testar como as outras que o crente rejeita.”

    – Será que alguma vez vão entender que aquilo em que acreditam não é diferente em nada daquilo que eles próprios consideram fantasia e mito?

    • antoniofernando

      Exacto.É isso mesmo. O meu filho em miúdo acreditava em ” grendelskals”. Que, como é ” óbvio” é exactamente a ” mesma coisa” que acreditar em Deus. Será que alguma vez os ateus adultos vão perceber a enorme diferença entre Deus e a Fada Titania, imaginada por Shakespeare ?…

      • Anónimo

        Parabéns ao seu filho. É sinal que evoluiu cognitivamente. Espero que não se fique por aí.

        Em resposta à sua questão, e falando apenas por mim, já que não tenho procuração dos ateus adultos, sim, percebo a “enorme diferença”:
        Um ser foi fruto da imaginação de um só homem, que facilmente se pode identificar e assumido como tal. O outro, foi fruto da imaginação do ser humano, como forma de explicar aquilo que não se conseguia (e nalguns casos ainda não se consegue) entender nem conceber e, infelizmente, aproveitado por outros como objecto de poder.
        Isto, de forma muito simplificada, mostra a “enorme diferença” entre seres imaginários.

      • carpinteiro

        «Será que alguma vez os ateus adultos vão perceber a enorme diferença entre Deus e a Fada Titania,…»Claro que sim!Ambas são produto da imaginação humana, com uma grande diferença.
        Que eu saiba, nunca se matou ninguém por causa da Fada Tatiana.

  • Anónimo

    JÁ PERCEBI…

    ATEÍSMO SIM, MAS RADICAL NÃO?

    FALEM CONTRA A RELIGIÃO, MAS POUCO.
    PEDÓFILOS SIM, MAS NA SANTA ICAR NÃO.
    FRAUDES SIM, MAS NO BANCO AMBROSIANO NÃO.
    TEOLOGIA SIM, MAS INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA NÃO.

    ENFIM, COM REZAS E MISSINHAS SE ENGANAM OS TOLOS.

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  • Lidydesouza

      Os grandes cientistas que acreditavam em Deus e são reconhecidos como homens brilhantes, de fato não podem provar a existência de Deus , até porque se a existência de Deus pudesse ser provada por um homem, não faz sentido existir a fé. De modo que esses grandes cientistas quanto mais se aprofundavam em seus estudos, cada vez mais percebiam que o acaso não poderia ter criado tudo.  Eu sou uma estudante de geografia, e eu amo a ciência racional, a ciência a favor de respostas sem favorecimentos. Sou teísta, porem enxergo a religião como um buraco que aprisiona as pessoas, até mesmo os ateus, que acabam não enxergando Deus por conta essa lente religiosa posta. Muitos criticam a bíblia, mas ao menos se querer param para lê-la. Criam seus argumentos baseados em pessoas que distorceram o sentido do contexto escrito. A existência de Deus não pode ser provada cientificamente, nem nuca poderá, e a própria ciência também não pode ser justificada pelo método científico a ciência se baseia muitas vezes em suposições, hipóteses,em teorias  (que não podem ser provadas) e mesmo os próprios cientistas acreditam acreditam sem as provas. Então não acreditar em Deus só porque a ciência não pode provar que ele exite é só uma questão de escolha, pois da mesma forma que não  acreditam nele, acreditam nas teorias! 
     A ciência é linda, e ela só me mostra como Deus é verdadeiro. 

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