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Porque sou republicano

Viva a República

Sou republicano porque recuso o carácter divino e hereditário do poder, porque sou cidadão e não vassalo, porque abomino o contubérnio entre o trono e o altar e porque um herdeiro do Iluminismo e da Revolução Francesa é avesso à vénia e ao beija-mão.

Sou republicano por me rever nas instituições que o voto popular sufraga e não nas que a tradição impõe. Aceitar os filhos e netos de uma qualquer família, para lhes confiar o poder do Estado, é abdicar do direito de eleger e ser eleito para as funções que dinastias de predestinados confiscavam.

Ser republicano é recusar o poder a quem não se submete ao sufrágio universal e secreto e negar o respeito a quem aceita funções de Estado sem legitimidade democrática.

Ser republicano é recusar o poder vitalício e exigir a legitimação periódica, para reparar um erro ou substituir um inapto, num horizonte temporal previamente determinado. Não há democracia plena em monarquia nem dignidade nas funções herdadas como se o país fosse uma quinta ou a Pátria uma coutada.

A República é o berço da democracia, o lugar da igualdade de género onde desaparecem privilégios de raça, nascimento ou religião, onde se aceitam todas as crenças, descrenças e anti-crenças, onde o livre-pensamento, a laicidade e a liberdade de expressão definem a matriz genética do regime.

Ser republicano é servir dedicada e abnegadamente o País sem se servir dos cargos que os eleitores confiam, ser honrado na utilização dos meios, sóbrio no exercício do poder e determinado na defesa do bem comum.

Ser republicano é exigir que homens e mulheres gozem de igualdade plena, que a escola pública seja a via para a equidade, a saúde um direito universal e a liberdade a conquista irreversível.

Ser republicano é, hoje e sempre, um acto de cidadania que tem a ética como baliza e a Liberdade, Igualdade e Fraternidade como divisa, projecto e ambição.

Viva a República.

29 thoughts on “Porque sou republicano”
  • antoniofernando

    Também sou republicano, cidadão e não vassalo e igualmente recuso o carácter divino e hereditário do poder.Não sou herdeiro de nada a não ser da minha própria consciência e é essa matriz que de mim faz um homem livre e livre- pensador. Sobre o Iluminismo e a Revolução Francesa muito haveria para dizer.Napoleão como produto final da Revolução Francesa, coroando-se a si próprio como imperador não poderia ser exemplo mais caricato, contraditório e incoerente, dessa revolução esquizofrénica. A intolerância e a decapitação dos adversários políticos um péssimo exemplo de civilidade e de progresso humano.Ser republicano é insurgir-se contra os comentários, superficiais,e amesquinhadores que abundam em diversas caixas de comentários deste ” D.A.”. Ser republicano é ser capaz de criticar, não apenas as posições eventualmente criticáveis dos crentes, mas também as dos ateus, dando provas reais, e não de mero palavreado retórico ,que é capaz de ser justo e equânime nas suas posições. Mas, para isso, você ainda tem muito caminho para fazer. Os homens verdadeiramente republicanos não são fariseus disfarçados de herdeiros do iluminismo, mas aqueles que são capazes de demonstrar ,em actos concretos,a grandeza ética da sua fundação ideológica. Com nacionais- porreiristas e superficiais este pais não avança. Mas, para isso, é necessário ter os testículos bem no sítio e remar contra a maré. Palavras, essas, leva-as o vento. Não é republicano quem quer. Mas quem, coerentemente, alia as palavras aos actos e faz da coerência cívica uma bandeira intransponível…

  • antoniofernando

    Também sou republicano, cidadão e não vassalo e igualmente recuso o carácter divino e hereditário do poder.Não sou herdeiro de nada a não ser da minha própria consciência e é essa matriz que de mim faz um homem livre e livre- pensador. Sobre o Iluminismo e a Revolução Francesa muito haveria para dizer.Napoleão como produto final da Revolução Francesa, coroando-se a si próprio como imperador não poderia ser exemplo mais caricato, contraditório e incoerente, dessa revolução esquizofrénica. A intolerância e a decapitação dos adversários políticos um péssimo exemplo de civilidade e de progresso humano.Ser republicano é insurgir-se contra os comentários, superficiais,e amesquinhadores que abundam em diversas caixas de comentários deste ” D.A.”. Ser republicano é ser capaz de criticar, não apenas as posições eventualmente criticáveis dos crentes, mas também as dos ateus, dando provas reais, e não de mero palavreado retórico ,que é capaz de ser justo e equânime nas suas posições. Mas, para isso, você ainda tem muito caminho para fazer. Os homens verdadeiramente republicanos não são fariseus disfarçados de herdeiros do iluminismo, mas aqueles que são capazes de demonstrar ,em actos concretos,a grandeza ética da sua fundação ideológica. Com nacionais- porreiristas e superficiais este pais não avança. Mas, para isso, é necessário ter os testículos bem no sítio e remar contra a maré. Palavras, essas, leva-as o vento. Não é republicano quem quer. Mas quem, coerentemente, alia as palavras aos actos e faz da coerência cívica uma bandeira intransponível…

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  • Andreia_i_s

    Bom feriado para todos os membros e responsáveis :).

  • Antonioporto

    Infelizmente na república, como em qualquer regime
    político, impera a corrupção.
    Onde houver o homem e houver o poder, lá estarão
    os corruptos á espera da sua oportunidade.
    Mas é direito de se acreditar no que se quiser.

  • Molochbaal

    Tudo isso é muito bonito, mas os países mais desenvolvidos e mais justos do ponto de vista social são monarquias. Noruega, suécia, Dinamarca, Holanda, são os própios modelos do estado social justo onde a cidadania é a mais plena. Do ponto de vista económico e tecnológico temos exemplos como o Japão.

    Ao mesmo tempo, temos exemplos de republicas que são perfeitos exemplos de profundas desigualdades e injustiças sociais, como os states e a federação Russa.

    Do ponto de vista social a nossa república foi muito mais repressora do que a monarquia, tendo perseguido os sindicatos de forma mais violenta, retirado o direito de voto às mulheres echefes de família e aos analfabetos (a maior parte da população), lesou gravemente a liberdade individual e religiosa ao proibir as ordens religiosas e atacar a religião etc. Aliás, do ponto de vista dos objectivos da república, o ultimo governo monárquico, o da acalmação, foi considerado pelos republicanos com uma tentativa monarquica de esvaziar o movimento republicano porque era contituido por pessoas que defendiam o mesmo modelo de sociedade que os republicanos mas em monarquia.

    Tudo isto prova que no essencial o que conta não é a forma de governo monarquico ou republicano, mas sim o seu conteúdo social.

  • Eduardocostadias

    Excelente texto. Parabens Carlos

  • Anónimo

    VIVA A REPÚBLICA, SIM.
    MAS, VIVA A REPÚBLICA EM CONTRA PONTO RELATIVAMENTE À DITADURA.
    VIVA A REPÚBLICA PORQUE SERVE DE CALDO À DEMOCRACIA E PORQUE ESTA SERVE DE PASSAGEM PARA UM OUTRO REGIME MAIS JUSTO.
    ESTA DEMOCRACIA QUE APENAS SE LEMBRA DO ELEITOR DE QUATRO EM QUATRO ANOS, ESSA ESTÁ ESGOTADA.

  • Zeca-portuga

    Não tenho tempo pra comentar, mas repito o que disse no meu blog:

    “A imagem usada por alguns badalhocos ateístas de hoje – últimos resquícios das verminosas seitas ateístas e mafiosas do início dos século XX, revitalizados pelo nazismo e pelo comunismo (de que foram inspiradores e “proto-modelos”) -, é um testemunho, suficiente sólido e preocupante, das práticas que ainda hoje defendem.
    [Um republicano sério condenaria esta imagem!]

    Na imagem que hoje é usada por inúmeros republicanos, deixei apenas (só!!!) três exemplos daquilo que invocam, comemoram e entronizam como heroísmo.”

    Viva a Monarquia!
    Viva Portugal!
    Abaixo as mafias terroristas/ateistas!

    • Rui

      Zeca-Portuga… Confundir nazismo e comunismo com Republicanismo é próprio de uma mente confusa e pobre em cultura.

      Estude e aprenda, se tiver capacidade para tal…

  • Jcduarte

    Viva a República! Viva a Liberdade!

    Viva o Povo que tem o Poder no seu Voto!

    A República garante a cidadania contra a servidão.

  • Jcduarte

    Viva a República! Viva a Liberdade!

    Viva o Povo que tem o Poder no seu Voto!

    A República garante a cidadania contra a servidão.

  • mario

    Sou republicano com orgulho. Acho inadmissivel que vivamos na “era dos direitos humanos” e ainda assim haja monarquias que são o maior atentado à liberdade. Acho também muita piada ao argumento dos monárquicos de que a República é ilegal porque se impôs pela força. Então digam-me lá, senhores monárquicos (caso estejam a ler isto), como queriam que a República se impusesse? Com eleições? Com referendos? Ahh esquece… ainda não haviam.

    • Anónimo

      Caríssimo mario:Outro aspecto, quando fazem essa alusão não fazem qualquer referência à natureza dos acontecimentos que estiveram na origem do Portugal Monárquico e sua posterior Independência em 1640. Nessa altura da conversa é o sentimento patriótico que se faz ouvir…Cumprimentos.

    • Anónimo

      Caríssimo mario:Outro aspecto, quando fazem essa alusão não fazem qualquer referência à natureza dos acontecimentos que estiveram na origem do Portugal Monárquico e sua posterior Independência em 1640. Nessa altura da conversa é o sentimento patriótico que se faz ouvir…Cumprimentos.

    • Zeca-portuga

      Então digam-me lá, senhores monárquicos (caso estejam a ler isto), como queriam que a República se impusesse? Com eleições? Com referendos? Ahh esquece… ainda não haviam.

      Não havia eleições???
      Em Portugal de 1910 vivia-se numa monarquia constitucional parlamentar.
      As diferenças em relação à actualidade era muito poucas, embora vosse,mecê não saiba.

      O partido republicano conseguiu eleger, democraticamente, alguns deputados que tiveram toda a liberdade – coisa que era impensável após 1910.

      Os “direitos humanos” estão tanto ou mais salvaguardados nas Monarquias de hoje do que nas republicas actuais.

      A desculpa da eleição é uma mera estupidez. Na verdade que dirige a politica do pais não é eleito.
      O Governo não é eleito por ninguém, ninguem escolhe ministros, secretários de estado… legalmente nem sequer escolhe o primeiro-ministro.

      Dos quatro orgãos de soberania só dois são eleitos – curiosamente os que menos interessa ao povo controlar.

      “Todos podem ser presidentes da republica” – uma aldrabice, uma miragem… Na prtica é impossível.

      “Como queriam os monárquicos que a república se impusesse?”…
      Bem! Se não for por via referendária… que tal à republicano:
      Ao estilo de Hitler, Stalin, Mao… Samapaio Bruno ou Costa… quiça dos franceces da guilhotina?

  • Anónimo

    já que há um “tuga” sem tempo para comentar o excelente texto sobre a republica ora publicado no DA
    e
    essa falta de tempo o leva a copiar o fel dado a público no seu blogue

    já que até tenho tempo para comentar mas… também tenho um blogue.
    aproveito a oportunidade para – também eu – fazer um copia/cola do que publiquei hoje. aí vai:

    “regicídio não consta no centenário da republica”… era o título de uma edição do jornal público de finais de janeiro de 2010.
    no desenvolvimento da notícia (a 2 colunas) as palavras de uma senhora -FERNANDA ROLLO – que nos informava que a “comissão das comemorações do centenário da republica” não considerava “uma exclusão” (o regicídio) mas antes a celebração do centenário da implantação da republica, ocorrido dois anos depois da morte do rei…
    claro. não se exclui – branqueia-se.
    faz-se a festa e esquece-se a história. não se criam polémicas desnecessárias que podem vir a ofender os senhores partidários do velho regime. ou algumas franjas mais conservadoras.
    resumindo:… “o politicamente correcto” impõe-se e… fazem-se muitas exposições ordeiras e bem ordenadas mas… buiça e costa (os regicidas) estão fora do filme, por incómodos. buiça e costa estão fora do filme, para que ninguém possa vir a descobrir que o novo regime traiu esses dois homens que deram a sua vida por uma causa – pelo novo regime que viria a ser implantado dois anos mais tarde – pela republica.
    é por isso que marcamos o 5 de outubo em pleno. é por isso que a velocipédica fundação grita hoje
    Viva Buiça! Viva Costa!… (assassinados pela guarda real)

    Morte ao rei!… Morte a João Franco!… (Morte aos ditadores!)

    • Anónimo

      Caríssimo jsousa:O Centenário do Regicídio foi assinalado com exposições e, ao contrário do que o dito jornal indicou, e outros meios e pessoas erradamente disseminam, não foi branqueado pelo regime vigente. Maria Fernanda Rollo salientou precisamente o que se celebra neste 5 de Outubro, os 100 anos da implantação da República Portuguesa, respeitando deste modo a cronologia dos eventos, tal e qual se sucederam. Mais centenários ainda virão durante este Século…Cumprimentos.

  • JoaoC

    Viva a “República” ilegitimamente implantada com derramamento de sangue e um regicídio!

    Viva os que defendem a República, implantada sobre a morte!

    Patético…

    • Anónimo

      ó pseudónimo do zeca portuga
      vai-te encher de moscas

      • JoaoC

        A verdade é lixada não é? :p

        E não, não sou nenhum pseudónimo do Zeca Portuga, cujo blogue só tive conhecimento hoje…

        • Anónimo

          não me faças rir…
          verdades?… lixadas? regimes implantados “sobre a morte”?
          qual o regime ou religião não implantados “sobre a morte”?…
          e…
          não foi um regicida
          foram dois (pelo menos os conhecidos)… dados a conhecer.

          • JoaoC

            Comemorar um regicídio… Comemorar uma República ilegitimamente imposta (não implantada!) por um grupo de anarquistas maçónicos…

            Que vergonha, exaltarem 2 assassinos!

            Depois a escumalha marginal não quer passar por cúmplices de crimes, os puros…

            E há quem vá preso por roubar meio pão…

        • Anónimo

          qual o teu problema com anarquistas e maçónicos?
          qual o teu problema com a republica?
          o teu brasão ficou manchado de sangue?
          o teu sangue azul e branco escorre nas valetas?

          e se eu comemorar um regicídio…? é porque estou na republica e em democracia. tenho a liberdade de comemorar o que entender…
          e graças a isso (a estares – tu também – em democracia e na republica) podes dizer os disparates que dizes e, em liberdade – até gritar contra a liberdade que usufruis.

          sabes que mais? és um tonto zeca/joão… um tonto!

          • Anónimo

            e sobre legitimidade?…
            que é legítimo ou ilegítimo na reviravolta de regime?

            o que tu querias era uma cena assim;…
            republica – olha chega para lá um bocadinho, que agora é a minha vez…
            monarquia – só chego se me deres beijinhos…

            beijam-se muito intensamente e, em plena harmonia, governam o pais em anos alternados e de forma mui ordeira e legiiiiiitima.

  • carpinteiro

    «Ser republicano é servir dedicada e abnegadamente o País sem se servir dos cargos que os eleitores confiam, ser honrado na utilização dos meios, sóbrio no exercício do poder e determinado na defesa do bem comum.»

    Esta frase sarou as minhas dúvidas.
    Tem razão o gazolineiro quando diz: – Se não fosse a república, o meu filho jamais chegaria a presidente. Eu digo o mesmo.
    Só no país do maior-português-de-sempre é possivel assistir a tal.
    A República dos Marcos Paulos, como a que hoje vivemos, travestida de Tonys Carreras, é um perigoso argumento, para todos os saudosismos monárquicos.
    A república que nos entretem com futeboys enquanto o solzinho dança de contente na Cova da Iria.

  • Anónimo

    O Rei é de certo modo um sacerdote que tem o dever de conduzir o seu Povo no caminho da justiça e do progresso moral e material e para tal invoca a ajuda de Deus.(…)V. Resulta para mim impossível tratar deste tema sem me inspirar e sustentar no melhor livro de filosofia política publicado recentemente, o qual se intitula «Europa, Os seus fundamentos hoje e amanhã». O seu autor foi, para ventura de todos, chamado pelo Divino Espírito Santo para ser onosso Santo Padre. (…)VII. Em todas as épocas os Reis e Rainhas caíram nos pecados próprios da fraqueza humana, mas eram corrigidos pela Igreja, à qual deviam respeito. Este foi o motivo do cisma de Henrique VIII de Inglaterra.Mas o que me causa admiração é que mesmo na nossa época, com todos os seus problemas morais, e as doutrinas muito liberais das Igrejas Separadas da nossa, todos os Soberanos europeus reinantes parecem usufruir da Graça de Estado, que lhes permite desempenhar com amor e qualidade a sua missão.Conheço-os pessoalmente a todos e estou convencido que eles pedem aoEspírito Santo a graça de saberem desempenhar bem a sua missão. Será que ospresidentes das repúblicas também pedem a ajuda de Deus?(…)VIII. Como graça “politicamente incorrecta”, poderíamos dizer que o primeiro republicano foi Lúcifer, o que tentou derrubar o Rei do Céu, provavelmente com a intenção de estabelecer uma república de anjos revolucionários…“- Duarte de Bragança, Conferência no Vaticano, 2009 (http://www.casarealportuguesa.org/dynamicdata/assetmanager/images/pdf%20files/conferencia_no_vaticano.pdf).Palavras para quê…Viva a República!

    • Zeca-portuga

      VIII. Como graça “politicamente incorrecta”, poderíamos dizer que o primeiro republicano foi Lúcifer, o que tentou derrubar o Rei do Céu, provavelmente com a intenção de estabelecer uma república de anjos revolucionários…”

      Em Portugal chamava-se Afonso Costa…

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