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  • 12 de Julho, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

Vaticano – Negócios da fé

“Vaticano funciona como ‘offshore'”

Obra de jornalista italiano revela os esquemas corruptos que se escondem sob a gestão financeira da Santa Sé.

Num cruzamento, perto de uma auto-estrada, do cantão suíço de Ticino, uma camponesa idosa guardava na sua cave duas malas Samsonite cheias de papéis arrumados em pastas de cartolina amarela. Durante quase trinta anos, recebeu aquelas pastas, sem nunca saber que o que guardava eram documentos que abriam a porta para um dos segredos mais bem guardados do mundo: as finanças do Vaticano.

No Verão de 2008, coube a um jornalista italiano da revista Panorama, Gianluigi Nuzzi, ir buscar estas malas que continham o arquivo secreto de monsenhor Renato Dardozzi, que, entre 1974 e o final da década de 90, foi uma das figuras mais importantes do Instituto das Obras Religiosas (IOR), o banco do Vaticano. Dardozzi, falecido em 2003, manifestou no seu testamento a vontade de tornar públicos estes documentos. Foi a partir deles que o jornalista escreveu o livro Vaticano S. A., que veio agora apresentar a Portugal.

Leia mais, aqui, no Diário de Notícias de hoje.

4 thoughts on “Vaticano – Negócios da fé”
  • AS

    Portando…

    Há quem acredite que um “alto cargo” do Vaticano construiu um arquivo secreto na Suiça, para depois oferecer como “mina de ouro” a um jornalista que daí tiraria os necessários dividendos à custa do dito clérigo.
    Qual era o interesse do Padre?
    O que é que ele ganhava com tal atitude?
    Porque o não fez em vida?
    Porquê, e como, escondeu tais dados na Suiça, local que ele não visita regularmente?

    Há gente que acredita em cada coisa!

  • jovem1983

    Caríssimo AS:

    Como tudo na vida, e também neste caso, acho que o busílis das questões não deve recair na crença mas na prova.

    Procuremos obter primeiro mais informações antes de invalidar seja o que for.

    Dou-lhe um exemplo de como estas situações são possíveis, todavia devo necessariamente e obrigatoriamente garantir os respectivos anonimatos e locais onde verificámos essas situações por motivos de segurança.

    Em trabalho, tive oportunidade de verificar pessoalmente a transição indevida de documentos eclesiásticos e alfaias litúrgicas pertencentes a igrejas paroquiais e capelas no nosso país.

    No caso do património documental transitaram do lugar no arquivo da igreja paroquial para residências paroquiais (entenda aqui arquivo não como instituição, mas uma realidade diversa que vai desde um pequeno armário, podendo passar por vezes por um mobiliário mais digno, até um ou mais gavetões de um arcaz), sendo que alguns já deveriam ter sido integrados no Arquivo Diocesano (aqui mais próximo do tipo institucional, mas ainda com sérias insuficiências) pela sua antiguidade e importância, nomeadamente projectos de arquitectura, livros de baptismo dos séculos XVII e XVIII.

    Quando às alfaias, e em particular algumas peças de ourivesaria/argenteria (cálices, custódias, cruzes processionais), um número expressivo continuava a ficar frequentemente à guarda do presidente ou de outro membro das respectivas comissões fabriqueiras.

    Problemas em ambos: na ausência de um inventário (situação que foi na altura felizmente ultrapassada), o que podia acontecer e aconteceu algumas vezes anteriormente, aquando da morte dos fiéis depositários e dos párocos em questão esses elementos eram alienados no património familiar e disputados em herança, resultando em desvios que infelizmente hoje é impossível investigar. Este é um dos muitos problemas que contribuíram para a perda de património artístico de natureza religiosa, que é consensualmente reconhecido como parte integrante do património cultural do nosso país.

    Há muita coisa que não me surpreende na organização das estruturas eclesiásticas, e em particular na atitude perante o património religioso, por isso quando diz que há gente que acredita em cada coisa, sugiro que se mantenha alguma apreensão até à respectiva prova ou prova em contrário.

    Cumprimentos.

  • AS

    Jovem:

    Não sei porque o Jovem se escandaliza com a perda de património histórico (documental e artístico) da Igreja, se foram, precisamente, os ateus que destruíram, dispersaram e “sumiram” uma parte importante do dito património, por exemplo há cem anos atrás.

    O que eu acho incrível é sua comparação entre um arquivo de paróquia e Assuntos de Estado.
    Esta noticia refere-se a assuntos de estado, a documentos relativos à “gestão” de um Estado soberano.

    Trata-se de uma história interessante.

    Até existe uma camponesa que “Durante quase trinta anos, recebeu aquelas pastas…” recebeu como? Guardou-as porquê?
    A dita senhora, recebia-os e guradava-os, sem se preocupar com o que recebia?
    Como pode alguém, nestas circunstancias, falar em autenticidade e seriedade dos documentos?
    É curioso que a História que os ateus constroem tem o rigor de Saramago!

    Até mesmo os ateus já deveriam estar cheios de investigações sérias e bem documentadas como as Dan Brown. Mas, parece que não!

    Na noticia em causa está bem documentada a ignorância do jornalista que a redigiu.
    «só possível porque o Vaticano é um Estado com leis e um estatuto próprios»

    Todos os Estados têm leis próprias e um estatuto de independência único. Curiosamente, os micro-estados europeus são paraísos fiscais, e têm uma orgânica própria. Historicamente têm mais legitimidade do que alguns estados bem maiores, sendo exemplos de soberania – San Marino é a mais antiga república do mundo.

    Ora, quando um ficcionista vem apresentara um romance a Lisboa e um jornalista o confunde com um sério historiador, algo está mal.

    Quando será o dia em que ele dá o mesmo destaque às obras do Zé Rodrigues dos Santos?

    Afinal, a Igreja que sabe calar tudo o que lá se passa até entrega de mãos dadas um arquivo comprometedor, deixado em testamento, a um jornalista qualquer.
    Os ateus são tão crentes… e crentes tão ingénuos!

  • jovem1983

    Caríssimo AS:

    O testemunho que contei tinha como intuito demonstrar-lhe que na realidade o funcionamento na prática é complexo e não linear, muito menos idílico. Aquilo que não esperaria acontecer pode depender apenas de condições, intenção e oportunidade que o possibilitam, isto quer seja numa paróquia, na sede de um bispado e, não me surpreenderia, possivelmente nas ditas altas estruturas.

    A questão séria a colocar deveria ser unicamente a seguinte:
    Qual a autenticidade dessa documentação?

    Se esses documentos forem verídicos apresentam claramente razões para diversas preocupações, entre elas a forma como serão interpretados, caso sejam forjados o fundamento do livro caí por terra. Importa notar, como bem compreende, que a notícia em causa não é o livro em causa.

    Creio que tudo isto é clarividente, e sem dúvida a seriedade passa por essa noção e concernente atitude, não pela inviabilização sem qualquer elemento que o permita fazer senão a sua convicção perante a noção de probabilidade ou improbabilidade de determinado acontecimento.

    Para terminar, o facto de alguém ser descrente não inviabiliza que condene determinadas atitudes, comportamentos ou, naqueles casos, situações criminosas que foram praticadas por crentes, se pensa o contrário isso é ignorância sua.
    Recomendo que volte a ler o último parágrafo do meu comentário anterior, para que não haja confusão relativamente à minha posição.

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