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  • 3 de Julho, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Igreja, fé e tolerância

Quantos dos que se refugiam no anonimato e defendem deus, como se existisse, seriam capazes de permitir aos ateus que escrevessem em espaço seu? Quantos avençados do divino enjeitariam a censura que a Igreja católica praticou até ao Vaticano II e as outras religiões monoteístas ainda mantêm?

Algum clérigo aceitaria que um ateu discutisse as suas homilias na igreja onde celebra a missa ou nas madraças onde apela à guerra santa, e, naturalmente, fazem a apologia do seu deus?

O Diário Ateísta tem permitido que fanáticos, a coberto do anonimato, insultem quem mantém vivo um espaço que assegura a pluralidade num país beato onde a Igreja apoiou uma ditadura de 48 anos, foi miguelista contra os liberais e monárquica contra os republicanos.

São sobretudo os fanáticos quem se indignam quando lhes lembram o anti-semitismo do Novo Testamento e os milhões de judeus que a sua Igreja assou ou expulsou dos países onde o despotismo teve a sua bênção.

Resta-me a consolação de saber que o seu deus não pode espreitar pelo buraco de todas as fechaduras nem ter capacidade para registar num caderno todos os pecados que mais de sete mil milhões de habitantes cometem, de acordo com livros pouco recomendáveis a que chamam santos.

Se o deus que inventaram para amedrontar a humanidade se dedicasse a evitar a fome, os cataclismos e as guerras, talvez merecesse consideração. O deus que aqui defendem os cruzados, nas caixas de comentários, é um delinquente psicótico que deve ser combatido em nome da higiene pública.

4 thoughts on “Igreja, fé e tolerância”
  • jovem1983

    Caríssimo Carlos Esperança:

    Concordo consigo em muitos aspectos no post que redigiu, sobretudo na falta de consciência de alguns que não compreendem ou não querem reconhecer que este é um espaço plural, onde se permite a redacção de opiniões em contrário, mesmo as mais injuriosas e pessoalmente ofensivas, liberdade que raramente se permite em qualquer espaço similar promovido sob o “selo da fé”.

    Quanto à ideia de “combate”, compreendo que terá exprimido essa ideia em prol da responsabilização e capacitação dos indivíduos, de modo a que se sintam progressivamente isentos de subterfúgios baseados em convicções infundadas, contudo, reconhecendo a complexidade e morosidade das mudanças culturais, no sentido da Longa Duração teorizada por Fernand Braudel, creio que a melhor forma de “combate” será certamente pelo exemplo, demonstrando que não é exclusivamente a religião que nos faz melhores pessoas.

    Cumprimentos.

  • Carlos Esperança

    Não lhe respondo, agora como muitas vezes, porque estou de acordo.

    Nota: Não conheço o autor que citou.

    P. S. Notará que não respondo aos que me chamam «besta», estúpido e outros mimos, além de me ameaçarem fisicamente. hà aí um site onde tenho ameaças de morte.

    É a vida.

  • Carpinteiro

    « hà aí um site onde tenho ameaças de morte »

    O amor ao próximo e o dar a outra face são o lema dos crentes. Pelo menos de boca.

  • jovem1983

    Caríssimo Carlos Esperança:

    Fernand Braudel foi um historiador francês que teorizou sobre o tempo históricos, entre outros conceitos, de forma muito sintética, segundo o autor o tempo de Longa Duração relaciona-se com as estruturas, os ciclos e permanência de tendências seculares, no fundo, é o tempo onde se processam as mudanças estruturais culturais.

    Creio que manter a sua postura, afastando-se do trato ignorante que por vezes recebe, é sem dúvida a melhor forma de exemplo, tarda a ser reconhecido por esses comentadores, mas qualquer leitor exterior distinguirá quem apresenta argumentos de quem não respeita a diferença de opinião.

    Cumprimentos.

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