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  • 21 de Junho, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

A intolerância do Vaticano

O selvagem ataque do Osservatore  Romano a José Saramago, no dia seguinte à sua morte, mostra que o Vaticano continua a ter uma leitura puramente ideológica da literatura, esquecendo que Saramago, independentemente  das suas ideias e convicções, é o grande escritor que é pela qualidade da sua escrita, pela mestria da sua linguagem e pela sua criatividade ficcional. E mostra igualmente que o Vaticano continua tão intolerante com os não crentes como sempre foi, como se o humanismo fosse um monopólio religioso. Não podendo já mandá-los para a fogueira da Inquisição, não poupa porém no ódio nem no rancor.

Se o Vaticano julga que desse modo pode apoucar postumamente o escritor, engana-se. Pelo contrário, há ataques que engrandecem.

In Causa Nossaaqui, por Vital Moreira

12 thoughts on “A intolerância do Vaticano”

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  • Eduardo Costa Dias

    Notável este post de Vital Moreira.

    À margem deste post mas dentro do assunto: já repararam que em Portugal os agentes do Vaticano mais expostos ao juízo público andam à rasca para, sem desdizerem o escriba de serviço no Osservatore Romano, fazer passar a mensagem… “apesar de tudo … o Saramago é um grande escritor”.

    A estes senhores aplica-se inteiramente, com uma alteração no fim!, a máxima que durante séculos a ICAR vendeu: “pérfidos como todos os padres”

  • hh

    O Vital (de quem sou amigo) está completamente enganado.
    Saramago era um débil e medíocre escritor. Os prémios atribuídos são mais menções poiticas do que por mérito.
    A cereja em cima do bolo foi o Nobel. Este prémio está demasiado politizado e chega até a ser obsceno. O exemplo de Obama para a Paz é um exemplo de cabo de esquadra. Saramago foi outro exemplo. Temos na CPLP gente com muito mais mérito e com muito mais valor.A politização destes prémios é absurda e acaba por confundir ruido com harmonia.

    A morte de Saramago é o fim do veneno e o principio do fim da sua produção. Se não fosse a forma estúpida como lançou as suas imbecilidades para manter a polémica que lhe servia de publicidade aos livros, ele nunca passaria de um escritor completamente esquecido.
    Mas, ele sabia há duas formas de se dar mas vistas. Uma, a dos bons, dos melhores. A dos grandes Homens que se fazem notar pelas suas capacidades excepcionais, e que, pela genialidade todos conhecem sem ter que se esforçar. Outra, a dos maus, dos piores, dos mais imbecis. Esses ganham o estrelato pelas piores razões, mas são igualmente conhecidos. Apesar dos piores motivos e dos piores exemplos, encontram seguidores em todos os tempos. è o caso de Hitler, de Stalin e de outros imbecis.

    O Vaticano, até hoje, foi demasiado educado com Saramago. No dia do seu deveria ter despejado sobre ele e a sua família os mesmos mimos que em vida esse crápula despejou sobre o Vaticano e toda a a família católica. Aliás, o Vaticano procedeu muito mal por não ter reproduzido as afirmações desse crápula havia feito no dia da morte de João Paulo II.
    A meu ver o Vaticano foi demasiado educado. Mas, por outro lado, percebo que dar algum crédito a uma crápula sem grande aceitação (nem sequer no seu país, como se viu no dia em que o assaram), seria dar importância a quem a não tem.

  • JoaoC.

    E muito educado foi o jornal da Santa Sé… Contentem-se!

    Ó Inquisição, tão falada pelos ateus (será que afinal são eles mesmos que querem que regresse?)! Como farias falta! Toda a “obra” do Saramago numa só fogueira!

  • Eduardo Costa Dias

    Ficamos todos mais descansados. JoaoC. é um troglodita de ideias avançadas: a serem reintroduzidas a fogueiras da inquisição serviriam (sobretudo) para queimar livros. Claro, em Portugal, em primeiro lugar na fila de espera as de José Saramago!

  • Garça

    O prémio está sempre politizado. Fosse um escritor que não fosse extremista de esquerda, que não fosse anti-semita, ant-católico e nunca teria recebido este prémio. Não o Barack Obama quem é (o 1º Presidente dos EUA que milita neste grupo) e nunca teriam atribuido mesmo antes de fazer alguma coisa um prémio da Paz. Estes senhores defensores da tolerância esquecem-se que este senhor saramago fez ocupações selvagens na revolução impondo as suas ideias à força e ostracizando jornalistas. Esqueceram-se? Isso é que é tolerância? A tolerância de Estaline que matou milhões de arménios? É isso tolerância? Falam das fogueiras de há bastantes séculos mas esquecem-se da matança de milhões por estaline no século XX, ouviu bem, Século XX onde supostamente as mentalidades mudaram. Ou será que não? A tentativa ditatorial da esquerda está sempre presente pelos séculos dos séculos.Tenham juizinho!
    O que eu mais gostei desta declaração do Vaticano é que não teve com “politicamente correctos”. Apenas disse a verdade. Ou teremos todos que aderir ao pensamento único da esquerda extremista intolerante?

  • Garça

    Repito o meu comentário porque por lapso apaguei palavras.
    O prémio está sempre politizado. Fosse um escritor que não fosse extremista de esquerda, que não fosse anti-semita, ant-católico e nunca teria recebido este prémio. Não fosse o Barack Obama quem é (o 1º Presidente dos EUA que milita neste grupo) e nunca teriam atribuido mesmo antes de fazer alguma coisa um prémio da Paz. Estes senhores defensores da tolerância esquecem-se que este senhor saramago fez ocupações selvagens na revolução impondo as suas ideias à força e ostracizando jornalistas. Esqueceram-se? Isso é que é tolerância? A tolerância de Estaline que matou milhões de arménios? É isso tolerância? Falam das fogueiras de há bastantes séculos mas esquecem-se da matança de milhões por estaline no século XX, ouviu bem, Século XX onde supostamente as mentalidades mudaram. Ou será que não? A tentativa ditatorial da esquerda está sempre presente pelos séculos dos séculos.Tenham juizinho!
    O que eu mais gostei desta declaração do Vaticano é que não esteve com “politicamente correctos”. Apenas disse a verdade. Ou teremos todos que aderir ao pensamento único da esquerda extremista intolerante?

  • garça

    Os senhores que gostam de falar em fogueiras porque não referem o exterminio de arménios executado no século XX? E sabe é que Saramago fazia parte da ideologia estalinista. Quererá isso dizer alguma coisa? É que no século XX a Igreja já não tinha fogueiras mas no entanto o comunismo e a extrema-esquerda num século de modernidade segundo apregoam liquidaram milhões. Milhões,Millions, billions 000000000000000000000. Entenderam? Não foi só Hitler qu exterminou e isso é preciso que se diga. Foi estaline o Pai da ideologia de Saramago que o fez também semq ue haja uma condenação clara desses crimes. Já agora a Alemanha já veio pedir desculpa pelo que se passou. Para quando exigir à Rússia que faça o mesmo?

  • ecd

    Cada um sabe de si… mas parece-me que o reciproco não deve ocorrer

  • jovem1983

    Caríssima Garça:

    Começa por escrever sobre a influencia política nos prémios atribuídos, prémios esses também atribuídos a figuras de direita certamente por motivos similares aos que foram entregues às figuras que mencionou anteriormente.
    Cada um tem direito à sua interpretação, mas não deixe de ter presente, porque essa ausência não corresponde à verdade, que a produção literária de Saramago já era reconhecida e apreciada por várias pessoas antes da entrega do Nobel, quer nacionais, quer estrangeiros.

    Como distinguiu anteriormente o papel da política, não o deixe de ter presente na observação dessas atrocidades que mencionou e o enquadramento no contexto particular em que ocorreram, com distinções e tensões políticas e sociais vincadas.

    Não se aventure no jogo de criar rótulos para os acontecimentos a partir da crença ou descrença dos seus líderes, da ideologia confessionário ou não de determinado regime, etc.. A realidade é tão mais complexa do que normalmente se procura resumir, e os interesses sempre ultrapassam na prática esses resumos.

    Criticou a esquerda extremista, mas não deixe de criticar a direita fascista…

  • Carlos Esperança

    Prémio Nobel da Literatura a escritores conhecidos por posições políticas de direita:

    – SIR WINSTON CHURCHILL por sua maestria e biográfica descrição histórica, bem como para a oratória brilhante na defesa exaltada valores humanos. (PM inglês conservador)

    – BORIS PASTERNAK para sua realização importante, tanto na poesia lírica contemporânea e no campo da tradição russa grande épico. (Contra a vontade das autoridades comunistas da URSS).

    – ALEKSANDR SOLZHENITSYN para a força ética com a qual ele exerceu as tradições indispensáveis da literatura russa. (exilou-se da URSS)

    – CAMILO JOSE CELA para uma prosa rica e intensa, que conteve com compaixão forma uma visão desafiadora da vulnerabilidade do homem.

    Para conhecimento dos ignorantes e dos de má fé. Aliás, O Diário Ateísta procura não politizar os seus textos. Basta a maldade das religiões para alimentar este espaço.

  • Garça

    Li uma frase brilhante sobre a morte de Saramago: Saramago finalmente encontrou-se com Aquele que tanto ofendeu!

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