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  • 3 de Junho, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Política

Para que serve uma primeira dama?

A existência de uma primeira-dama, numa República, é um anacronismo que diminui a indeclinável igualdade de género e um fenómeno que alimenta as revistas cor-de-rosa onde a ociosidade de princesa prevalece sobre a dignidade profissional da mulher. É um resquício monárquico preservado como adereço de presidentes e primeiros-ministros  em viagens de Estado ou como electrodoméstico para cuidar do marido  nas deslocações internas.

Seja como instrumento de propaganda, ou como hábito, é maior a humilhação do que a glória e o paradigma obsoleto destrói o exemplo de mulher moderna e emancipada de que precisam os povos habituados a hábitos patriarcais e tradições religiosas misóginas.

Mantém-se o espírito bíblico que subordina a mulher ao homem, não faltando mulheres cultas, inteligentes e bem preparadas para exercerem qualquer cargo com dignidade.

A eleição de uma mulher simbolizaria, no exercício da mais alta magistratura da nação, o carácter emblemático da igualdade de género, quando já ninguém duvida da qualidade com que as mulheres exercem cargos de topo na magistratura e na diplomacia, funções que a ditadura lhes negava.

A qualidade da democracia também se avalia pela igualdade entre homens e mulheres. A discriminação é intolerável e a existência de uma primeira-dama só contribui para a perpetuação de uma simbologia em que à mulher está reservado um papel subalterno.

Não importa que os EUA e o Reino Unido, ou mesmo a França, dêem maus exemplos. A emancipação feminina não se compadece com papéis que o progresso e a civilização tornaram anacrónicos.

6 thoughts on “Para que serve uma primeira dama?”
  • ECD

    Primeira dama não serve para nada, ainda que frequentemente, como é actualmente o caso de Maria Cavaco Silva, tenha direito a divulgação de agenda e discursos no site oficial da Presidência da República.
    A 1ª vez que ouvi falar de primeira dama imaginem onde foi: na Guiné-Bissau, por volta de meados dos anos 1980, num discurso oficial onde o orador se dirigiu mais ou menos desta maneira: Sua Excelência o Senhor General João Bernardo Vieira, Sua Excelência Primeira Dama Senhora Dona Isabel Romano Vieira*

    * Na altura fiquei com a duvida se o “titulo” de primeira dama era devido ao facto de ser esposa oficial ou de ser a “1ª esposa”. Enfim maldades de “africanistas”.

  • ECD

    Primeira dama não serve para nada, ainda que frequentemente, como é actualmente o caso de Maria Cavaco Silva, tenha direito a divulgação de agenda e discursos no site oficial da Presidência da República.
    A 1ª vez que ouvi falar de primeira dama imaginem onde foi: na Guiné-Bissau, por volta de meados dos anos 1980, num discurso oficial onde o orador se dirigiu mais ou menos desta maneira: Sua Excelência o Senhor General João Bernardo Vieira, Sua Excelência Primeira Dama Senhora Dona Isabel Romano Vieira*

    * Na altura fiquei com a duvida se o “titulo” de primeira dama era devido ao facto de ser esposa oficial ou de ser a “1ª esposa”. Enfim maldades de “africanistas”.

  • joaoc

    Depois de cederem aos caprichos – que chamam direitos (big LOL) – de um grupo de pessoasm com a “legalização” dos emparelhamentos gays, qualquer dia a pergunta vai ser “Para que serve um Primeiro-Damo?”. Já não faltará muito, depois das depravações todas aprovadas, só falta enterrarmo-nos mesmo fundo da lama em que vivemos. Será que aí, sendo o primeiro-damo um homem, servirá para alguma coisa?

    No fundo, entre os casais e as parelhas homossexuais parece que – teoricamente no papel, só e apenas, faltando à mais básica das verdades – é a mesmíssima coisa.

    Pelo menos para uma há-de servir um futuro primeiro-damo. Talvez para selar definitivamente a depravação e a imoralidade em que nos querem mergulhar. Depois desse e de outros pseudo- triunfos da malta indecente, veremos então Quem triunfará sobre todos nós.

    Continuando as nossas orações, no dia Santíssimo do Corpo e Sangue de Cristo, real em Corpo e Alma e verdadeiramente presente em todos os altares do mundo, por vós e por tantas inteligências básicas.

  • Carlos Esperança

    A primeira dama é o equivalente ao cardeal que acompanha o papa nas viagens de Estado.

  • jovem1983

    A denominação “primeiro-damo” que joaoc utilizou no comentário anterior não existe. O trato respectivo que então procurava era o de primeiro-cavalheiro.

    Independentemente desta correcção, ambos são simplesmente denominações informais que derivam da dependência conjugal. O mais importante, tanto uma como a outra, são designações informais sem qualquer legitimidade eleitoral ou legal, nada mais.

    Sem dúvida comportam resquícios aristocráticos, que também, tal como estes, ainda se mantêm em cargos diplomáticos.

    Consoante a manifestação, caso ultrapassem os limites legais, e haja prejuízo para as representações dos respectivos Estados, podem e devem ser criticados.

  • Baal

    Olá joaoc,

    Não vejo porque tanto ódio aos novos tempos. Essas coisas sempre existiram, só que não institucionalizadas. Nos teus “bonstempos” já houve reis, imperadores e até papas com “primeiros-damos” e não foi por isso que veio o fim do mundo. Os museus estão cheios de estátuas de Antínoo, o “primeiro damo” de Adriano, um dos melhores imperadores do império romano. O grande Júlio César era chamado “marido de todas as mulheres e mulher de todos os maridos”, de Alcibíades, Safo, Sócrates, Platão e Alexandre o Grande estamos conversados. O grande Ricardo coração de Leão, herói dos contos infantis, frederico o grande, o rei Çuís da Baviera, etc etc…

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