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  • 14 de Maio, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Fátima

A multidão de Fátima – Dúvidas de um leitor

Uma questão que me deixou surpreendido… numa medição rápida no Google Earth a Avenida dos Aliados tem pouco mais de 20.000 m2… algumas notícias falam de 200’000 pessoas a ver a missa no Porto o que é, obviamente, impossível.

O mesmo se passa em Lisboa… a Praça do Comércio tem cerca de 30.000 m2, mesmo incluindo áreas circundantes (como a Praça do Município) ficamos com menos de 50.000 m2… onde muito dificilmente se conseguem “empacotar” as 100.000 pessoas que são referidas nas notícias…

Parece-me que há muita confusão na comunicação social entre as pessoas que vão realmente ver as missas do papa e as, potencialmente muitas mais, que o vão ver passar nas ruas…

10 thoughts on “A multidão de Fátima – Dúvidas de um leitor”

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  • JoseMoreira

    Segundo notícias nas TV, e de acordo, quer com a PSP quer com o Vaticano – principalmente este último considero-o insuspeito – estiveram, no Terreiro do Paço, 80.000 pessoas, aproximadamente. As outras vinte serão, provavelmente, as que estiveram ao longo do percurso.
    Relativamente à avenida doa Aliados, não tenho vergonha de dizer que não sei qual a área; estou convencido de que com um mapa, e fazendo contas à escala, conseguiria a área aproximada. Mas duvido das 200.000 pessoas…

  • antoniofernando

    Por mim, não considero relevante quaisqquer averiguações estatísticas sobre o número de pessoas presentes em Fátima ou no Porto.Ficaria admirado se a Avenida dos Aliados não se enchesse ou se Fátima não estivesse repleta de peregrinos. Portugal é dos países mais atrasados da Europa. No Euro 2004 perdemos o título em casa. Cristiano Ronaldo já não é o melhor do mundo. Os impostos aumentam. E, convenhamos, a solidariedade humana efectiva entre nós deixa muito a desejar. Muitos olham para a Senhora de Fátima como último refúgio. Dei uma olhada à procissão das velas e,como sempre, achei belo aquele momento de Paz. Pouco me importa que eu não acredite que Maria de Nazaré lá apareceu.Não é por isso que 13 de Maio, na procissão das velas, nos cânticos ecoados e no olhar sofrido de tanta gente, não me toque,como toca.Alguns vão lá na última esperança de tantos sonhos ? Quem sou eu para lhes retirar esses sonhos ? Limito-me a manifestar a minha opinião. Quero lá saber se a Avenida dos Aliados se vai ou não encher e não vou comprar uma fita métrica para andar a medir as suas dimensões. Por outro lado, recuso-me a aderir a esta fraseologia do ” empacotar”. Quem quer ir vai, quem não quer ir não vai.Aqui fica mais um elemento de reflexão crítica sobre a fenomenologia de Fátima. Que cada um tire as suas próprias conclusões:
    http://ascoisasqueseescrevem.blogspot.com/2005/

  • Carlos Esperança

    Um belo texto, António Fernando. No entanto a espiritualidade não é apanágio dos crentes.

  • antoniofernando

    Carlos Esperança:

    Sem dúvida que a espiritualidade não é apanágio dos crentes. E tenho um caso muito próximo de mim que me apetece confidenciar: a minha mulher ateia é das pessoas mais generosas que conheci.Não acredita em Deus porque não consegue ultrapassar as objecções lógicas que coloca à sua existência.Aqui há tempos surpreendeu-me com a afirmação de que, não reconhecendo a Divindade de Cristo, se considerava cristã, por considerar que Jesus de Nazaré teve uma conduta eticamente exemplar..Eu fiquei estupefacto. Quando quero dar um exemplo de verdadeiro cristianismo cito o exemplo de conduta da minha querida mulher ateia. E, sabe que mais ? Os ateus que praticam o Bem por imperativo categórico moral das suas consciências têm uma superioridade moral sobre os crentes que o fazem também a pensar nas suas ” salvações”. A minha mulher acredita que não terá nenhum lugar num Céu, em que não acredita, quando partir. Mas o lema da prática do Bem e da devoção ao Próximo é imanente ao seu generoso carácter.Tem sido uma grande lição para mim. O meu melhor amigo também é ateu. E outra grande personalidade e homem de Bem. Como vê,nada me divide das pessoas de bom carácter, independentemente das suas crenças ou ausência delas…

  • papapaulo

    A questão não é se lá vai muita ou pouca gente. Isso a mim também não me interessa. A questão é que a nossa “isenta” comunicação social pretende empolar os números e com isso dar uma ideia que pode estar errada.
    Poderão afirmar que a comunicação social não tem que ser isenta… Aquela que depende do dinheiro dos contribuintes tem.

  • Carlos Esperança

    Bertrand Russell considerava-se um ateu cristão (in Porque não sou cristão).

    Eu costumo dizer que sou ateu católico, mais intolerante, tendo presente a cumplicidade da ICR com o regime fascista de Salazar e os crimes sinistros de Franco que atingiram a minha família, do outro lado da fronteira.

    Nunca alegarei superioridade moral para os ateus mas nenhuma evidência me convenceu de que deus existe.

  • ricardodabo

    Ontem, quando vi pela televisão a quantidade de devotos que sairam às ruas para apoiar Bento XVI, fiquei com vergonha de vocês, portugueses. Não é nada que vá me tirar o sono, mesmo porque coisa idêntica já tinha acontecido no Brasil anos atrás, quando o papa veio visitar o país. Lá estavam os tontos nas ruas, abanando as mãozinhas, dando tchauzinho e endossando as práticas criminosas da Igreja Católica.

    Parece-me que a reação dos portugueses à visita do papa é um sinal de como serão as coisas daqui para frente. Sentindo a igreja debilitada pelos escândalos de pedofilia, os fiéis se mobilizarão para defender a instituição e demonstrar a sua solidariedade a quem estaria na cadeia se não tivesse as costas largas.

    Não nos esqueçamos de como isso foi possível. Tudo começou com a construção dessa entidade metafísica chamada Igreja Católica. Ouçam o padre dizer: “A Igreja Católica é santa. Culpado são os indivíduos”. É o caso de se perguntar se uma instituição é alguma coisa sem os indivíduos que a compõem. Melhor ainda: é o caso de se perguntar se o caráter de uma instituição não é determinado justamente pelos propósitos e pelas ações dos indivíduos que a compõem. Percebam o ridículo da coisa quando a mesma estratégia é aplicada a outras associações de malfeitores. Imaginem se um membro da Camorra dissesse: “A Camorra é santa. Culpado mesmo são o indivíduos”.

    Para todos os efeitos, os idiotas que saíram as ruas para manifestar apoio ao papa não estão defendendo uma organização criminosa que acobertou pedófilos e encobriu a verdade durante décadas (ou séculos?). Estão, isso sim, protegendo uma instituição santa dos ataques malévolos dos inimigos da igreja.

  • jovem1983

    Caríssimo ricardodabo:

    Aquilo que a comunicação social emitiu não corresponde à totalidade da realidade portuguesa. Certamente compreenderá isso, tal como compreendemos que o que aconteceu de similar anteriormente no Brasil será o reflexo da vontade de todos os brasileiros.
    Houve cidadãos que se opuseram à visita, uns pelos motivos que explicou, outros pela tolerância de ponto proporcionada pelo Estado para o dia 13 por oposição aos esforços solicitados para reverter o contexto económico e financeiro que a união europeia atravessa em geral e o nosso país em particular; outros cidadãos pela preservação da laicidade do Estado perante a Igreja Católica.
    As posições anteriores foram, comparativamente com as emissões que terá visionado, pouco abordadas pela comunicação social, e isso deve-se sobretudo, na minha opinião, em atenção à imagem do país ao nível da sua promoção externa. Não excluo que também se tenham incluído orientações para transmitir a visita conjuntamente com as celebrações em Fátima para os públicos interessados, pois estes e as pessoas que aderiram à iniciativa nos locais também têm os seus interesses e vontades que devem ser respeitados. Nisto não estou a concordar que as coisas deveriam ter acontecido como aconteceram, pois na minha opinião o Estado português interveio para além das suas competências e no sentido oposto a uma orientação de contenção da despesa e de esforço nacional nos tempos que correm.
    Para finalizar, num sentido justo e reconhecimento honesto, devo realçar que existem posições distintas por parte de católicos em relação às acções da estrutura da Igreja Católica no que toca aos escândalos de abuso sexual e supostos encobrimentos. Muitos discordam da reacção da Igreja, outros concordam e há quem ache que a Igreja Católica lidou bem com estas polémicas, na minha opinião, felizmente que estes últimos são residuais.

  • jcfcruz

    A polícia usa 4 pessoas/m2 para contar as multidões.

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