Loading

Da lama e afins.

Os meus posts acerca dos abusos sexuais de crianças na Igreja Católica suscitaram algumas respostas mais emotivas (1). O António Parente disse que era nojento apresentar aquelas estatísticas, o Nuno Gaspar chamou-me charlatão pelas contas e acusaram-me de lançar lama e manchar a reputação do sacerdócio católico. Não concordo que as estatísticas devam ser escondidas. Muito menos disfarçadas como acontece nos jornais. Dizer que 10 padres indiciados é “uma minoria” esconde o facto importante de que 10 em 4000, para um crime destes, não é de desprezar.

E as estatísticas são atributos de amostras de onde se infere médias da população. Não atiram lama a nenhum individuo. Se fosse só por 4% dos padres católicos nos EUA terem abusado de crianças não ficaria manchada a reputação dos restantes. O problema é outro. É por esse outro que os cavalheiros protestam demais.

Em 2001 o cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), enviou uma carta confidencial a todos os bispos da Igreja Católica estipulando os delitos reservados à CDF e que deviam ser mantidos em segredo dentro da Igreja (2). Quase todos são pertinentes apenas para os católicos, como deitar fora a hóstia ou celebrar a missa com sacerdotes de outras religiões. Mas há uma excepção importante: «Um delito contra a moral, nomeadamente: o delito cometido por um sacerdote contra o Sexto Mandamento do Decálogo com um menor de 18 anos»*.

É isto que lança lama na reputação da Igreja Católica. É isto que é nojento. Não só a carta de Ratzinger, que seguia a prática comum na Igreja. Mas também a reacção de todos os bispos a quem foi dirigida e de todos os sacerdotes que dela tomaram conhecimento.

Se isto fosse numa empresa ou universidade tinha morrido à nascença. Imaginem vir da direcção uma carta ordenando que qualquer caso de abuso sexual de menores fosse mantido secreto e remetido à direcção para ser resolvido internamente. A maioria das pessoas certamente se oporia a tal ordem e a denunciaria às autoridades. Mas os cardeais mandaram, os bispos acataram e os padres calaram. Na Igreja Católica ninguém se opôs e todos compactuaram para esconder estes crimes.

É isto que me incomoda mais nas religiões. Não me incomodo por não gostar de rituais, avés e salvés. Tolero bem que os gostos dos outros sejam diferentes dos meus. E nem é tanto por achar que as religiões se baseiam em mentiras. Se as pessoas estiverem informadas e mesmo assim quiserem acreditar, paciência. O pior, e mais preocupante, é o mal que faz às pessoas pertencer a estas organizações religiosas, que são fechadas, doutrinárias e hierarquizadas

Ao contrário do que apregoam, uma religião não torna uma pessoa melhor. As estatísticas neste caso refutam cabalmente a hipótese. E uma religião tem o poder insidioso de obrigar uma pessoa decente a agir de forma condenável. É muito improvável que todos os cardeais, todos os bispos católicos e todos os padres que participaram nestes processos sejam pessoas más. O mais certo é serem pessoas normais, decentes como quaisquer outras. Pessoas que se trabalhassem numa organização diferente e lhes dessem uma ordem destas a teriam denunciado sem hesitação. Uma pessoa normal não aceita que se esconda abusos sexuais de crianças.

Os pedófilos nas igrejas são um problema grave mas não são pessoas normais. Encontrando uma oportunidade, abusariam de crianças tendo ou não tendo batina. Se bem que tenha sido a sua religião que lhes deu a oportunidade, não se pode concluir que foi por causa da religião que se tornaram pedófilos. Mas o mesmo não se pode dizer dos outros todos. Dos outros que esconderam, disfarçaram, mandaram guardar segredo e obedeceram a essas ordens. Esses não o fizeram por serem monstros ou doentes. Esses ajudaram os violadores, sabendo bem o que faziam, unicamente por causa da sua religião.

Se querem saber porque é que os ateus perdem tanto tempo a falar de religião têm aqui um bom exemplo daquilo que nos preocupa.

* Este é o do adultério, não o do homicídio… a numeração varia um pouco conforme as fontes.

1- Fazendo as contas e Adenda ao post anterior.
2- Bishop Accountability, Ad exsequendam ecclesiasticam legem. Via As responsabilidades e a fuga, do Ricardo Alves.

Também no Que Treta!

7 thoughts on “Da lama e afins.”
  • Zeca Portuga

    Há uns tempos que não lia as patetices do LK.
    Aqui está mais um exemplo.

    Desde logo porque apresenta dados desonestos. Nos EUA não há 4% de padres com acusações de molestar crianças. Nos EUA, HÁ ESTADOS em que 4% dos padres foram acusados de abusos sexuais sobre crianças.
    Segunda desonestidade: de todos estes casos, quantos foram provados serem verdadeiros?
    Se eu acusar aqui o LK de violar as crianças do bairro dele, não significa que isso seja verdade, muito menos que ele seja pedófilo.

    Outra desonestidade interessante, diz respeito ao caso português.
    Em Portugal há cerca de 4000 padres a exercer, mas o numero total (incluindo ordens) é muito superior. Além disso, a grande maioria das instituições ligadas à Igreja são geridas por ordens femininas (que ainda não têm sido acusadas de pedofilia, mas lá virá o dia, basta os ateístas arranjarem quem lhes faça o jeito)
    Mas, o que é mais notável é o esforço do KLK para ser aberrantemente absurdo. Compara a taxa de incidência da abusos sexuais por porte dos homens (todo o universo) com a taxa de incidências nos padres, como se os padres não fossem homens (para depois dizer que os padres são homens normais)
    Por essa ordem de ideias, os homens não praticantes de religião, de certeza absoluta que estão em maioria, tal como, provavelmente, os ateus.

    Gostava de ver o LK a desmentir isto:
    Mais de 95% dos abusos sexuais de padres são abusos com crianças do mesmo sexo (aliás, não conheço nenhum caso em que haja acusação de abusos exclusivamente sobre rapariga – logo são todos). Portanto os paneleiros são o problema e a pedofilia nos padres é um problema, quase exclusivamente, de paneleirice.
    Ou será que agora o rigor da matemática já não é credível.

    “E uma religião tem o poder insidioso de obrigar uma pessoa decente a agir de forma condenável.”
    Cá está uma aberração. Uma das mais imbecis desonestidades, que demonstram como o LK é um ente sem honra, sem crédito, sem o mínimo de formação moral e cívica, para além de um completo crápula. É que maioria (mais de 60%) dos casos pedofilia ocorrem dentro da família que dificilmente denuncia tais casos.
    Portanto, aplicando a estupidez peregrina do LK (reprovável e indecente): “E uma FAMILIA tem o poder insidioso de obrigar uma pessoa decente a agir de forma condenável.”
    Como o LK também tem uma família…

    Toda a gente sabe duas coisas:
    1 – uma elevada percentagem de acusações de pedofilia são falsas (em todos os caos e circunstâncias)
    2 – há uma correlação entre os distúrbios da sexualidade (v.g. a peneleirice) e os abusos a crianças;
    3 – há pedofilia em todos os lugares da terra (em alguns nem é crime). Há até associações internacionais que a defendem (algumas são constituídas por ateistas), tal como existe quem lhe dê um estatuto equivalente à peneleirice.

    “Da lama e afins” fala o LK, por que sabe o mundo em que vive.

  • Anti-Portuga

    E aonde está a moralidade de usar um pseudónimo? Afinal não irás para o céu?
    Qual é o objectivo de te esconderes? Não fará Deus a justiça final?!

    Não será usares o teu nome com humildade e amor uma das maiores provas da tua fé?

    Ou será na realidade a demonstração pura e simples de que és um monstro, que se vem quando sente que tem poder sobre os outros com as mentiras da fé?? Não é a demonstração mais plena e pura de que não acreditas num ínfimo do que pões da boca para fora??

    Quantas crianças já comeste, ó monstro??? A igreja não te cobre e continuará a cobrir as tuas costas, não é?!

  • Lena Berardo

    Não percebi quase nada, mas há uma cena no seu comentário (aliás, o senhor diz isso duas vezes) que diz que os padres abusadores de menores são paneleiros. E?… Isto iliba quem e o quê?
    Agradeço desde já a sua resposta.

  • Ludwig

    Zeca,

    Vejo que continua bem informado e cordial como sempre.

    «apresenta dados desonestos. Nos EUA não há 4% de padres com acusações de molestar crianças.»

    Wikipedia
    «After investigating the remaining 7700 allegations, the dioceses were able to substantiate 6,700 accusations against 4,392 priests in the USA, about 4% of all 109,694 priests who served during the time period covered by the study.»

    Estimativas da Santa Sé:

    «The statement, read out by Archbishop Silvano Tomasi, the Vatican's permanent observer to the UN, defended its record by claiming that “available research” showed that only 1.5%-5% of Catholic clergy were involved in child sex abuse.»

    *Só* 5%. Coisa pouca…

    Continua o Zeca:

    «Em Portugal há cerca de 4000 padres a exercer, mas o numero total (incluindo ordens) é muito superior.»

    Não. O número de padres diocesanos, segundo a Agência Ecclesia, é menos de 3000. Depois há mais 1000 em institutos religiosos.

    «Portanto os paneleiros são o problema e a pedofilia nos padres é um problema, quase exclusivamente, de paneleirice.»

    Que os padres sejam homossexuais é lá com eles. O único problema aqui é que violem crianças. E lamento que os seus preconceitos o impeçam de ver a diferença…

    «É que maioria (mais de 60%) dos casos pedofilia ocorrem dentro da família»

    É verdade. Mas enquanto há um ou dois milhões de pais de crianças menores em Portugal, há apenas uns poucos milhares de padres. A percentagem de pais que viola os seus próprios filhos não está entre o 1.5% e os 5%, nem ninguém se atreveria a dizer “só” a esses números se assim fosse.

  • Zeca Portuga

    LK vossa ilustríssima pessoa e a costumadas redundâncias.

    A Wikipédia tem o mesmo valor que este fórum. Uma vasta quantidade de artigos são obra de grupos de pressão ou de grupos fundamentalistas, como (e incluindo) os ateístas.
    Até cristãos entram na jogada. É celebre a discussão sobre a homossexualidade do “Bob Esponja” e as alterações sucessivas de artigos.
    Portanto, não venha com dados da wikipedia, porque nenhuma pessoa séria os apresenta como sendo rigorosos, ou justificativos de algo.
    No caso vertente, o ilustre LK sabe que há vários estados nos EUA onde nunca se pôs a questão dos padres panascas que Violam putos, e que noutros foi uma miséria (verdade ou não, foi assim). O que também é verdade, é que tais acusações aparecem quando Igreja toma um posição de forçar sobre alguns assuntos (v.g o casamento se panascas, ou o referendo sobre a “europa” na Irlanda…) – coincidência ou não, é isso que tem acontecido nos EUA, e um pouco por toda a parte.

    Por cá, O ilustre LK lê apenas o que lhe interessa. É que as padres que referiu (diocesanos mais institutos), ou seja aos que estão ao serviço activo da paróquias, mais os vários serviços da Estrutura da Igreja, somam-se as ordens e igrejas particulares, mais os missionários,( exemplo: os passionistas – que são padres e não frades).
    Para invocar os dados tem que os perceber primeiro.
    È desonesto e completamente imbecil aquele que usa as medidas e indicadores estatísticos com fins que não reflectem a verdadeira natureza dos fenómenos.

    Dou-lhe um, exemplo: pessoas que eu conheça, há três acusados de pedofilia. Dois são ateus (um deles acusa a Igreja de perverter a visão da sexualidade, chamando-lhe “pecado da carne” e levando as pessoas e tomar atitudes impensadas para repor a verdade, e ensinar sexualidade ás crianças de uma forma séria). O terceiro é cristão, embora não católico (o que para aqui tanto faz).

    Os malabarismos que o ilustre LK faz com as estatísticas , levam-no ao ponto de menosprezar o cerne do problema: a grande maioria das crianças molestadas sexualmente ocorre no interior da família.
    Curiosamente, para o LK, é com os padres!

    Aliás, digo-lhe mais: as molestações sexuais dos padres representam muito menos de 0.1% dos maus-tratos a crianças. Mas, as acções da Igreja em prol dos desvalidos representam mais de 50% do total.

    Lendo os vários relatórios, encontramos cosias curiosas. Há pouco tempo, estando eu noutro país e tive oportunidade de ler parte de um relatório com coisas incríveis. Exemplo de um abuso sexual: “deu-me dois açoites, como e lhe parecia forte, dava-me pancadas nos genitais. Essa era uma forma de abuso sexual muito comum (…)”
    Assim até já abusei de alguns!!!

    Um dos maiores problemas do ilustre LK é citar parágrafos fora do contexto. Essa forma de desonestidade e recorrente. Daí vem o caso da citação do Arcebispo Tomasi. De certeza que ele estava a referir-se a um lugar concreto, que o LK toma como o mundo interior. Há imensos países de maioria católica onde o problema nunca foi levando.

    Seja honesto. Uma coisa é não gostar de algo. Outra é ser desonesto para denegrir aquilo de que se não gosta (que e a táctica aqui usada).

    Aliás, já tardou mais a que a pedófila seja vista como uma orientação sexual e não como uma tara. Nessa altura, expurgando o crime, o que fica?

  • Baal

    Olá proxeneta de pedófilos.

    Essa de não aceitares sites que não os da tua seita como fonte de informação é muito conveniente. Portanto a wikki está fora de questão porque não segue uma linha editorial sob a estrita autoridade do vaticano. Apenas fontes ultra-católicas podem ser aceites como informação. Apenas aceitas informação com origem na parte acusada. Grande isenção de pensamento, evidentemente que toda a informação com essa origem vai tentar dourar a pílula ao máximo. Mas tudo bem, é típico de um hipócrita e outra coisa não se poderia esperar de ti.

    No entanto o Luwigh também citou um porta voz da igreja, o representante do Vaticano na ONU, o arcebispo Silvano Tomasi, que deu os dados do total de 1.5 a 5% do total de padres como envolvidos em pedofilia.

    Tu, como naturalmente não podes dizer que o representante do vaticano é um conspirador ateu, fazes o que vocês, como bons aldrabões, costumam fazer nestas ocasiões, finges que não vês.

    Não sei como é que ainda te damos conversa. Deve ser uma curiosidade mórbida de ver até que ponto consegues descer.

    Entretanto faço notar que as vitímas não são ateus, como as vitímas da inquisição com que tu tanto te comprazes com o sofrimento.

    As vitímas são CATÓLICOS, FAMÍLIAS CATÓLICAS E CRANÇAS CATÓLICAS cujas vidas foram destruídas pelos hipócritas que tu defendes.

    Podia ser a tua família, os teus filhos, podias ter sido TU uma vitíma.

    E no entanto continuas a atacar as vitímas e defendes os criminosos.

    Atacas os teus “irmãos” de religião e insultas e rebaixas as vitímas, que podiam ser teus filhos, gozas com o seu sofrimento e colocas-te do lado dos criminosos.

    Isto demonstra bem o que és e o que vales.

    Até contra os teus irmãos de religião te portas como um criminoso sem escrúpulos. Depois venham com tretas acerca do “amor” que reina na igreja. Na realidade dão cabo uns dos outros como cães raivosos.Vocês são é uma boa cambada de filhos da mãe.

  • lenaberardo

    Continuo com muitas dificuldades em perceber o que escreve. Deve ser o meu português que não é igual ao seu – portuga.
    Pelos vistos a sua memória – ou será educação? – também anda em falta. Não me respondeu. Claro que pelo seu discurso até posso imaginá-lo um ser misógino (que até defende a pedofilia – só o faz com meninas?) mas podia ter aproveitado para se soltar (ou isto é um ódio pessoal?).
    Já agora, onde estudou lógica? Percebe o conceito? E queria mesmo escrever tudo o que escreveu ou foi a raiva que o atraiçoou?
    Para tudo o que diz e da forma (mal escrita ainda por cima) como diz, não há explicação nenhuma. O senhor é uma aberração.
    Explica-se assim o seu anonimato.

You must be logged in to post a comment.