Loading

A Taxa Camarae do papa Leão X

Um dos pontos culminantes da corrupção humana

A Taxa Camarae é um tarifário promulgado, em 1517, pelo papa Leão X (1513-1521) destinado a vender indulgências, ou seja, o perdão dos pecados, a todos quantos pudessem pagar umas boas libras ao pontífice. Como veremos na transcrição que se segue, não havia delito, por mais horrível que fosse, que não pudesse ser perdoado a troco de dinheiro. Leão X declarou aberto o céu para todos aqueles, fossem clérigos ou leigos, que tivessem violado crianças e adultos, assassinado  uma ou várias pessoas, abortado… desde que se manifestassem generosos com os cofres papais.

Vejamos o seus trinta e cinco artigos:

1.    O eclesiástico que cometa o pecado da carne, seja com freiras, seja com primas, sobrinhas ou afilhadas suas, seja, por fim, com outra mulher qualquer, será absolvido, mediante o pagamento de 67 libras, 12 soldos.

2.    Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras, 15 soldos. Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com meninos ou com animais e não com mulheres, somente pagará 131 libras, 15 soldos.

3.    O sacerdote que desflorar uma virgem, pagará 2 libras, 8 soldos.

4.    A religiosa que quiser alcançar a dignidade de abadessa depois de se ter entregue a um ou mais homens simultânea ou sucessivamente, quer dentro, quer fora do seu convento, pagará 131 libras, 15 soldos.

5.    Os sacerdotes que quiserem viver maritalmente com parentes, pagarão 76 libras e 1 soldo.

6.    Para todos os pecados de luxúria cometido por um leigo, a absolvição custará 27 libras e 1 soldo; no caso de incesto, acrescentar-se-ão em consciência 4 libras.

7.    A mulher adúltera que queira ser absolvida para estar livre de todo e qualquer processo e obter uma ampla dispensa para prosseguir as suas relações ilícitas, pagará ao Papa 87 libras e 3 soldos. Em idêntica situação, o marido pagará a mesma soma; se tiverem cometido incesto com os seus filhos acrescentarão em consciência 6 libras.

8.    A absolvição e a certeza de não serem perseguidos por crimes de rapina, roubo ou incêndio, custará aos culpados 131 libras e 7 soldos.

9.    A absolvição de um simples assassínio cometido na pessoa de um leigo é fixada em 15 libras, 4 soldos e 3 dinheiros.

10.   Se o assassino tiver morto a dois ou mais homens no mesmo dia, pagará como se tivesse apenas assassinado um.

11.   O marido que tiver dado maus tratos à sua mulher, pagará aos cofres da chancelaria 3 libras e 4 soldos; se a tiver morto, pagará 17 libras, 15 soldos; se o tiver feito com a intenção de casar com outra, pagará um suplemento de 32 libras e 9 soldos. Se o marido tiver tido ajuda para cometer o crime, cada um dos seus ajudantes será absolvido mediante o pagamento de 2 libras.

12.   Quem afogar o seu próprio filho pagará 17 libras e 15 soldos [ou seja, mais duas libras do que por matar um desconhecido (observação do autor do livro)]; caso matem o próprio filho, por mútuo consentimento, o pai e a mãe pagarão 27 libras e 1 soldo pela absolvição.

13.   A mulher que destruir o filho que traz nas entranhas, assim como o pai que tiver contribuído para a perpetração do crime, pagarão cada um 17 libras e 15 soldos. Quem facilitar o aborto de uma criatura que não seja seu filho pagará menos 1 libra.

14.   Pelo assassinato de um irmão, de uma irmã, de uma mãe ou de um pai, pagar-se-á 17 libras e 5 soldos.

15.   Quem matar um bispo ou um prelado de hierarquia superior terá de pagar 131 libras, 14 soldos e y6 dinheiros.

16.   O assassino que tiver morto mais de um sacerdote, sem ser de uma só vez, pagará 137 libras e 6 soldos pelo primeiro, e metade pelos restantes.

17.   O bispo ou abade que cometa homicídio põe emboscada, por acidente ou por necessidade, terá de pagar, para obter a absolvição, 179 libras e 14 soldos.

18.   Quem quiser comprar antecipadamente a absolvição, por todo e qualquer homicídio acidental que venha a cometer no futuro, terá de pagar 168 libras, 15 soldos.

19.   O herege que se converta pagará pela sua absolvição 269 libras. O filho de um herege queimado, enforcado ou de qualquer outro modo justiçado, só poderá reabilitar-se mediante o pagamento de 218 libras, 16 soldos, 9 dinheiros.

20.   O eclesiástico que, não podendo saldar as suas dívidas, não quiser ver-se processado pelos seus credores, entregará ao pontífice 17 libras, 8 soldos e 6 dinheiros, e a dívida ser-lhe-á perdoada.

21.   A licença para instalar pontos de venda de vários géneros, sob o pórtico das igrejas, será concedida mediante o pagamento de 45 libras, 19 soldos e 3 dinheiros.

22.   O delito de contrabando e as fraudes relativas aos direitos do príncipe contarão 87 libras e 3 dinheiros.

23.   A cidade que quiser obter para os seus habitantes ou para os seus sacerdotes, frades  ou monjas autorização de comer carne e lacticínios nas épocas em que está vedado fazê-lo, pagará 781 libras e 10 soldos.

24.   O convento que quiser mudar de regra e viver com menos abstinência do que a que estava prescrita, pagará 146 libras e 5 soldos.

25.   O frade que para sua maior conveniência, ou gosto, quiser passar a vida numa ermida com uma mulher, entregará ao tesouro pontifício 45 libras e 19 soldos.

26.   O apóstata vagabundo que quiser viver sem travas pagará o mesmo montante pela absolvição.

27.   O mesmo montante terá de pagar o religioso, regular ou secular, que pretenda viajar vestido de leigo.

28.   O filho bastardo de um prior que queira herdar a cura de seu pai, terá de pagar 27 libras e 1 soldo.

29.   O bastardo que pretenda receber ordens sacras e usufruir de benefícios pagará 15 libras, 18 soldos e 6 dinheiros.

30.   O filho de pais incógnitos que pretenda entrar nas ordens pagará ao tesouro pontifício 27 libras e 1 soldo.

31.   Os leigos com defeitos físicos ou disformes, que pretendam receber ordens sacras e usufruir de benefícios pagarão à chancelaria apostólica 58 libras e 2 soldos.

32.   Igual soma pagará o cego da vista direita, mas o cego da vista esquerda pagará ao Papa 10 libras e 7 soldos. Os vesgos pagarão 45 libras e 3 soldos.

33.   Os eunucos que quiserem entrar nas ordens, pagarão a quantia de 310 libras e 15 soldos.

34.   Quem por simonia quiser adquirir um ou mais benefícios deve dirigir-se aos tesoureiros do Papa que lhos venderão por um preço moderado.

35.   Quem por ter quebrado um juramento quiser evitar qualquer perseguição e ver-se livre de qualquer marca de infâmia, pagará ao Papa 131 librase15 soldos. Pagará ainda por cada um dos seus fiadores a quantia de 3 libras.

No entanto, para a historiografia católica, o Papa Leão X, autor de um exemplo de corrupção tão grande como o que acabamos de ler, passa por ser o protagonista da «história do pontificado mais brilhante e talvez o mais perigoso da história da Igreja».

(Fonte: Rodríguez, Pepe (1997). Mentiras fundamentais da Igreja católica.
Terramar – Editores, Distribuidores e Livreiros –
(1.ª  edição portuguesa,  Terramar, Outubro de  2001 – Anexo, pp. 345-348)

NOTA: Esta é a primeira vez que a Taxa Camarae do papa Leão X aparece na NET em português.

29 thoughts on “A Taxa Camarae do papa Leão X”
  • Alfredo Dinis

    Caro Carlos,

    O facto de um documento ser depreciativo para a Igreja Católica não constitui argumento para a sua veracidade. Infelizmente tenho por vezes a sensação de que é exactamente o contrário que acontece aqui no Diário Ateísta. O documento citado é uma pura invenção sem qualquer fundamento histórico. Não há nenhum documento credível que fundamente esta 'tradução'. O próprio autor Pepe Rodriguez não faz mais do que citar outros autores, afirmando depois que o documento original se encontra escondido no Arquivo Secreto do Vaticano, a que ele não teve acesso. Com base numa argumentação destas, pode-se dizer o que se quiser, porque se os imaginados documentos estão escondidos, nunca se poderá saber se correspondem ou não aos textos divulgados.

    A existência de uma considerável número de documentos de todo o género que não passam de invenções é bem conhecida dos historiadores. Não basta afirmar que um documento é autêntico. É preciso provar essa afirmação, algo que Pepe Rodriguez não fez. E não fica bem ao Diário Ateísta divulgar acriticamente um pretenso documento que afinal nunca existiu.

    Saudações,

    Alfredo Dinis

  • Carlos Esperança

    Alfredo Dinis:

    1 – Também só há poucos anos se soube da determinação de João Paulo II a impedir que a pedofilia fosse revelada com ameaças de excomunhão relativamente às próprias vítimas;

    2 – A venda de indulgência e o crime de simonia eram frequentes;

    3 – O Papa Leão X era ateu.

  • Bernardo Motta

    Carlos,
    Que tristeza.
    Estou sem passar por este site durante o quê?
    Dois anos sem vir cá?
    Três anos?
    Perdi a conta.
    E quando volto cá, que encontro eu?
    Outra vez a mesma coisa.
    De novo, o aldrabão do Pepe Rodríguez, com de novo a aldrabice da Taxa Camarae. Eu percebo que esta mentira lhe seja muito querida, na sua mitologia anti-católica, mas não tem um pingo de vergonha em enganar os seus leitores?
    Isto por aqui está tudo parado, e na mesma, há anos…

    Cumprimentos,

    Bernardo Motta

  • mandaforte

    Acidentalmente descobri o vosso blogue. Parabens, pois a grande batalha futura será contra o obscurantismo e o fanatismo das religiôes. O grande cancro social que continua a vitimar o nosso País, tem um nome. Igreja católica. Não é que as outras sejam melhores.
    O fenómeno da pedofilia, abusos sexuais, roubo de património, etc, etc, é apenas a ponta do iceberg desta organização medieválica que continua a tentar impor-se á consciência dos mais fracos. Não era por acaso que diziam – felizes os pobres de espírito, pois será deles o reino dos céus -.
    Sobre o comentário do sr.Alfredo Dinis, gostava que me disse-se onde é que estão as provas documentais da existência de Deus, ou da existência de Jesus Cristo e a sua efabulada subida aos céus, ou dos tão propalados e rídiculos milagres uqe por vezes nos querem apresentar, etc.
    Isto são de facto verdadeiras invenções humanas.
    Ou será que esse tal Deus esteve adormecido 15.000 milhôes de anos?
    E desprezou milhôes de almas que foram vivendo até á data da revelação?
    E se por acaso existir, acha que estará muito satisfeito com a escumalha que o diz representar aqui na terra?
    Ou estará satisfeito com a criação desse ser inqualificável face ás outras espécies e que dá pelo nome de homem ?
    Se somos um produto divino, preferia ser cão.

  • mandaforte

    Entretanto apareceu o sr.Bernando Mottta, que qual detentor da verdade, ou pároco de ocasião, emite uma sentença determinante sobre a obra de Pepe Rodrigues.
    Meu caro, falsas são as suas ideias e convicções. Se alguém pretende enganar, é quem funda uma relegião, que só sobreviveu e sobrevive com base nas mentiras e provas forjadas ao logo dos tempos, explorando uma mente humana ainda pouco desenvolvida e com apetência para a credendice. Curiosamente alguns dos maiores malandros, são ferverosos assistentes dominicais da tal celebração eclesiástica. Vão ter no fim a consolação de virem a ser perdoados por todos os pecados cometidos. Basta um simples e sincero arrependimento. Nem é preciso pagar nada. Está a ver como a igreja evoluiu ?

  • João Silveira

    Passaram 3 anos deste post escrito pelo Bernardo Motta: http://espectadores.blogspot.com/2007/02/mentir

  • Joe

    Daki a 7 anos, os protestantes celebrarão os 500 anos da Reforma. Não puderam celebrar direito em 1917 por causa da 1GM.

  • Carlos Esperança

    Bernardo Motta:

    Quem escreve livros convencido da existência de deus não é o melhor crítico da verdade que podemos encontrar.

    Só lhe falta confirmar a cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus por S. Nuno.

  • mandaforte

    DEIXAI VIR A MIM OS PEDÓFILOS

    Veja-se aqui no Blogue de António Maria – http://o-antonio-maria.blogspot.com/

    Sexo, Crimes e Vaticano

    Esta é a verdade e a realidade DOCUMENTADA.

  • Protestante

    É um facto e está documentado que as “Taxa Camarae” existiram e foram utilizadas pela Igreja para extorquir dinheiro ao povo. Se esta em particular é autêntica ou não é um detalhe que não pode esconder a existência destes vergonhosos “tarifários papais”.

  • Bernardo Motta

    Carlos,

    Vamos tentar, por uns breves instantes, suspender o ambiente irracional, e falar de factos.

    O Carlos submeteu agora mesmo, no meu post de 27 de Fevereiro de 2007 (no qual já referia o que toda a gente sabe: a aldrabice da Taxa Camarae), o seguinte comentário:

    “Bernardo Mota:

    Tenho a edição espanhola e a portuguesa de «Mentiras Fundamentais da Igreja Católica».

    De facto, a advertência da edição espanhola não consta da portuguesa, donde retirei o texto.

    Faço notar que Leão X, Papa da ICAR, era ateu, como outros papas,

    Cumprimentos.”

    Já agora, pois o Carlos parece querer ocultar isso dos seus leitores, eis a advertência do PRÓPRIO Pepe Rodríguez acerca da autenticidade da Taxa Camarae:

    «Advertencia al lector: la autenticidad de este documento ha sido cuestionada y debe ser reputado como dudoso hasta que no se documente fehacientemente su posible veracidad o falsedad. De ser una falsificación, quizá sería contemporánea de León X o algo posterior.»
    (fonte: http://www.pepe-rodriguez.com/Mentiras_Iglesia/…)

    Será coincidência? Um “post” meu sem comentários desde 2007, e logo hoje, poucos minutos depois de eu aqui aparecer, o Carlos comenta o meu “post” de 2007 sobre o mesmo tema?

    Tenho apenas três perguntas SIMPLES para si, para as quais eu lhe pedia respostas OBJECTIVAS (e não as suas típicas fugas para outros temas):

    1) Porque razão não quis partilhar com os seus leitores o comentário IMPORTANTE que deixou no meu “post”?

    2) e porque razão, volvidos 3 anos, continua a ocultar dos seus leitores o comentário do Pepe acerca da duvidosa autenticidade da Taxa Camarae?

    2) Porque razão CONTINUA a defender a veracidade da Taxa Camarae sem ter tido ALGUMA VEZ acesso ao documento ou a uma cópia do dito?

    Digo-lhe mais uma coisa: escusa de vir com a conversa de que só agora se teria dado conta de que a edição portuguesa não tinha a nota do Pepe a avisar de que o documento era espúrio. Você leu o meu “post” em 2007, e já na altura, teve mais do que oportunidades para CORRIGIR o seu erro acerca da Taxa Camarae e NUNCA o fez.

    E é preciso um atrevimento inacreditável, e sobretudo, um imenso desrespeito pelos seus leitores, voltar a desenterrar este tema como se fosse um inédito:

    «NOTA: Esta é a primeira vez que a Taxa Camarae do papa Leão X aparece na NET em português.»

    Até parece uma novidade…
    A “Taxa Camarae do papa Leão X” é uma coisa que não existe, porque o Papa Leão X NÃO A ESCREVEU. Escusa de me pedir provas, pois quem tem que provar é quem acusa. Como é que se prova que uma pessoa NÃO ESCREVEU um texto, cujo original nunca ninguém viu?

    Imagine que eu inventava um texto horroroso, no qual colocava a sua assinatura. Gostava?

    Porque razão há-de o Carlos insistir nesta Taxa Camarae, se não há qualquer prova de que o dito texto seja da lavra de Leão X, ou até mesmo de qualquer pessoa dele próximo?

    Eu até ficava feliz se o Carlos me demonstrasse, historicamente, de que arquivo vetusto é que esta Taxa Camarae vem, onde foi encontrado, quem o redigiu. Nem isso você consegue fazer.

    Este seu “post” é, mais uma vez, a repetição de uma mentira que é repetida por toda a Internet há décadas, e antes da Internet, em livros anti-católicos dos séculos XIX e XX. Toda a gente minimamente informada conhece esta burla há séculos (literalmente há séculos) e no entanto, a mentira continua viva, graças aos seus esforços, Carlos, e aos de outros que ajudam a mantê-la viva.

    Leão X era ateu?
    Que tem isso a ver com o caso?
    No entanto, também seria giro pedir-lhe uma prova documental (ou mesmo uma testemunha escrita de um contemporâneo) do ateísmo do Papa Leão X.

    Carlos: você não tem o mínimo de respeito pela verdade.

    Cumprimentos

  • Bernardo Motta

    Investigación bibliográfica que pretende refutar la autoría por parte de León X de la Taxa Camarae y afirma la presunta falsedad de este documento [volver]

    Redacción de Apologetica.org

    La bibliografía consultada

    1. Fuentes para los documentos papales

    – Bullarium, Diplomatum et Privilegiorum Sanctorum Romanorum Pontificum, editada por Gaude, desde 1857 al 1882; treintaicuatro volúmenes, todos los documentos desde San Pedro al 1829; los documentos de León X están en el Volumen V, Turín (1860) pp. 537-775. Aquí están todos los documentos relevantes, en su versión original latina, con fecha, circunstancias y cualquier otro dato de interés. De aquí tomamos la lista que aparece más adelante, y aquí recorrimos documento por documento.

    – Hay una edición más antigua, la Collectio bullarum et constitutionum de Giusto Fontanini, Roma (1752). Trae lo mismo que el anterior sobre León X.

    – Más antigua aún: Compendium Bullarii, de Flavio Cherubini, Roma (1623): lo mismo.

    – Más atrás aún: Bulle diversorum Pontificum incipiente Ioanne XXII usque ad Paulum Papam III, de Luis Gomes, Roma (1542): lo mismo.

    – Hemos visto otras colecciones, antiguas y recientes, que podemos investigar, en la eventualidad de cualquier sugerencia bibliográfica que se nos haga llegar.

    Hacemos notar que son fuentes de primera clase, editadas en los siglos XVI, XVII, XVIII y XIX. No existe nada mejor, salvo los mismos archivos, que fueron estudiados por estas colecciones, y por los autores que se citan más abajo. Por otro lado, los documentos salían en copias, no se trataba de un solo ejemplar. ¿Cómo puede ser que ninguna colección de bulas y documentos realizada por históricos en base a decenas de archivos de decenas de bibliotecas de los siglos XVI, XVII, XVIII y XIX no traiga ninguna mención de ninguna Taxa, ni nada que se le parezca?

    2. Historias de la Iglesia

    – Manual de la Historia de la Iglesia, de Hubert Jedin, Tomo V (Barcelona, 1972). Todo el “manual” son diez volúmenes. Nada sobre un documento semejante.

    – Historia de la Iglesia, de Flichte-Martin, Tomo XVII (el volumen completo está dedicado al tiempo de León X). Toda la obra son treinta volúmenes. Hemos buscado pacientemente sin encontrar ninguna pista.

    – The Oxford Encyclopedia of the Reformation, en cuatro volúmenes, nuestro Papa en el volumen 2. Nada sobre el tal documento.

    Note el lector la envergadura de estas obras. Si alguien nos señala una obra de igual o mayor importancia que las mencionadas, vamos a consultarla inmediatamente.

    3. Obras especializadas

    – Geschichte der Päpste seit dem Ausgang des Mittelalters (1305-1799), de Ludwig Pastor, diesiseis tomos en veintidós volúmenes, Freiburg/Brsg., 1886-1933. Se puede ver una biografía -en alemán- y un resumen de la actividad gigantesca de este historiador en el artículo del Biographish-Bibliographishes Kirchenlexicon. Hemos consultado, además de la versión alemana, varias otras versiones más al alcance del publico en general, que se pueden ver en las bibliotecas importantes: la versión en inglés The History of the Popes, Consortium Books (USA) 1908, volumen VII (son cuarenta en esta versión); la italiana Storia dei Papi, donde todo el volumen IV (Roma, 1960) está dedicado exclusivamente a León X (577 páginas de formato grande); la versión en español Historia de los Papas, los volúmenes VII y VIII (Barcelona, 1911), enteramente dedicados a León X.

    La Columbia Encyclopedia resume así la obra historiográfica de Ludwig Pastor:

    1854–1928, German historian. The author of the monumental and authoritative History of the Popes from the Close of the Middle Ages (40 vol., tr. 1891–1953), he combined a Roman Catholic bias with the most painstaking scholarship and erudition. He was privileged with access to the secret archives of the Vatican, and his history, largely based on hitherto unused documents, supersedes all previous histories of the popes. Pastor’s theme is that the shortcomings of the papacy have reflected flaws of the age. Although not an unqualified defender of Catholicism, he has been criticized for lack of objectivity. He was Austrian minister to the Vatican from 1921.

    Con respecto a la crítica que algunos le hacen por “falta de objetividad” (como en la dicha Enciclopedia), vale la pena notar que esto se podrá referir -en caso de que la acusación tenga motivos, cosa que dudamos con buenos fundamentos- a la interpretación de los hechos que Pastor hace; después de todo, el análisis de los hechos es siempre algo muy subjetivo; pero esto de ningún modo significa que llegase por ejemplo a callar la existencia de un documento semejante, lo cual iría contra su misma naturaleza. Pastor era un historiador nato. Nadie puede dudar de la veracidad de sus estudios: estuvo dieciséis años investigando en los archivos secretos del Vaticano y del Laterano, y recorrió más de doscientas ciudades de Europa y sus más importantes archivos (puede verse por ejemplo el The Oxford Dictionary of the Christian Church, 1997, al voz “Pastor Ludwig von”, p. 1229). The Oxford Encyclopedia of the Reformation que citamos más arriba dice en la bibliografía de las páginas 418-419 que la obra de Pastor sobre los Papas es “la mejor historia del Pontificado de León X” (“the best account of Leo's Pontificate”).

    El Grande Dizionario Enciclopedico UTET (obra de veintisiete volúmenes), volumen XV, Turín (1989) p. 557 dice de Pastor (traducimos del italiano, resaltado nuestro):

    La obra de Pastor representa una mole de estudio muy notable; la tesis católica del autor no le impide de exponer y criticar con toda libertad lo obrado por algunos Papas del Renacimiento, mientras que la riqueza de documentación le permite corregir muchos de los prejuicios más comunes, sobretodo de parte de los protestantes.

    En su obra, Pastor trata las finanzas, las indulgencias, la reforma, la vida de la curia, los documentos, la política, el clero, etc. bajo el pontificado de León X. No hay aspecto que no haya sido tratado, en base exclusivamente a documentos.

    Pues bien, Pastor desconoce absolutamente la supuesta Taxa Camarae y no da indicios de ningún otro documento que se le parezca siquiera remotamente. No solo eso. En su obra encontramos estas conclusiones:

    Las bulas pontificias [de León X] expusieron la doctrina de las indulgencias con absoluta exactitud dogmática (volumen VI, p. 304). Las bulas pontificias acerca de la indulgencia, no ofrecían fundamento ninguno para estas tesis [los abusos del predicador Tetzel]. (idem, p. 315).

    – Vita e Pontificato di Leone X, de Guglielmo Roscoe, Milán (1817), una obra de doce volúmenes exclusivamente dedicada a León X. El tema de las indulgencias y la reforma en el volumen V. Ninguna alusión a ningún documento del estilo de la Taxa.

    – Geschichte der Päpste de Franz X. Seppelt, en seis volúmenes. León X está en el volumen IV, München (1957). Nada sobre la supuesta Taxa ni sobre ningún documento que se le parezca.

    – Dizionario Storico del Papato, preparado por Ph. Levillain, en dos volúmenes, Milán (1996). Allí en la voz “Leone X” encontramos nada sobre la Taxa.

    – Enciclopedia dei Papi, editada por el Istituto della Enciclopedia Italiana (2000, tres volúmenes). Tomo 3, pp. 42-64: todo sobre León X (la obra no es religiosa sino “laica”). Resultado: ninguna mención a nada que se le parezca.

    – Enciclopedia dei Papi, dirigida por Giuseppe Alberione, dos volúmenes, Catania (1964). Nada.

    – The Medici Popes, de Herbert M. Vaughan, Washington/London (1908, re-impreso en 1971). Lo correspondiente a León X en las pp. 100-284. Aunque es muy franco sobre los elementos de decadencia de la época, ninguna mención a un documento semejante.

    – Hay obras especializadas sobre León X en latín, francés y alemán, de los siglos XVII al XX. De estos hemos revisado los respectivos “índices de documentos citados en la obra”, y no hay ninguna Taxa Camarae.

    4. Otras obras

    – Handbuch der Europäischen Geschichte de Theodor Schieder, ocho volúmenes. Nuestro Papa en volumen III, Stuttgart (1979). Nada.

    – Damos fe que hemos consultado otras obras monumentales sobre la historia de Italia y de Roma, escrita por diversas instituciones, algunas absolutamente a-religiosas. Hemos consultado historias del derecho canónico en sus fuentes. No encontramos ninguna alusión a dicho documento. Las críticas que se hacen sobre el asunto de las indulgencias se dirigen, en todas las obras consultadas, a los abusos en la aplicación de la doctrina que se daban en determinados lugares. Ninguna obra testifica ningún documento de León X que manifieste siquiera algo de la corrupción que muestra la Taxa.

    Las conclusiones de la investigación

    PRIMERA CONCLUSIÓN: La Taxa Camarae no existe, es un fraude.

    León X, Papa desde 1513 a 1521 (se puede ver el artículo sobre su vida -en inglés- en “The Catholic Encyclopedia”) firmó los siguientes documentos (bulas y decretos; los citamos, como es costumbre, con las dos o tres palabras iniciales del documento original, en latín):

    1513
    Dum singularem 19/03
    Etsi a summo 4/07
    Sedis Apostolicae 15/08
    Dum suavissimos 5/11
    Pastorali officii divina 13/12
    Apostolici regiminis 19/12
    1514
    Merentur vestrae 2/01
    Supernae dispositionis 5/05
    Etsi pro cunctarum 28/06
    1515
    Regimini universalis 4/05
    Inter multiplices 4/05
    Inter solicitudines 4/05
    Inter graves 25/05
    Cum sicut nobis 29/05
    Summi bonorum 16/07
    Salvatoris nostri 19/07
    1516
    Temerariorum quorumdam 13/03
    Constituti iuxta 16/03
    Ex debito 29/08
    Romanus Pontifex 1/10
    Inter curas 2/11
    Pastor aeternus 19/12
    Supernae maiestatis 19/12
    Inter alia 19/12
    1517
    Inhaerendo vestigiis 19/02
    Pacificus et aeternus 1/04
    Ite et vos 29/05
    Licet felicis 12/06
    Intelleximus quosdam 13/11
    Licet alias 6/12
    1518
    Nuper in sacro 1/03
    Romani Pontificis 1/09
    Intelleximus quod 14/12
    1519
    In supremo Apostolicae 1/03
    Excelsus Dominus 1/05
    Quam Deo 23/7
    Dudum cum 1/09
    Pastoralis officii debitum 10/09
    Dudum per nos 10/12
    1520
    Cum Sixtus 3/01
    Pastoralis officii debitum quo 18/1
    Omnes quidem 23/01
    Illius qui caritas 28/01
    Salvator noster 19/05
    Exurge Domine 15/06
    Pastoris aeterni 6/10
    1521
    Decet Romanum 20/01
    Honestis petentium 15/02
    Licet per alias 25/03
    In apostolicae dignitatis 22/06
    Ex supernae dispositionis 11/10

    Estos son todas las bulas y decretos importantes que firmó León X.

    Al respecto notemos:

    1.- Las fuentes de este listado se pueden ver en la bibliografía consultada (ver más arriba); son las colecciones que se hacen en base a los documentos de archivo.

    2.- La lista fue confeccionada por gente del EIE, no está tomada de ningún otro lado. Como verá el lector, no hay ningún documento llamado Taxa Camarae. Pero “tal vez se trate de un nombre puesto a posteriori, en consideración del contenido”… Podría ser, por lo cual revisamos todos y cada uno de los documentos de 1517. Resultado: Nada parecido a la Taxa Camarae. Pero tal vez -se podrá pensar- se trata de un documento de otro año”. Concedido. Revisamos todos y cada uno de los documentos del papado de León X. La conclusión es siempre la misma: Nada ni siquiera parecido a la Taxa Camarae.

    3.- Recorriendo el material emanado de León X, encontramos, al contrario, documentos de reforma de la situación eclesial, reformas que – como declaran los históricos (consultar la bibliografía citada) – no fueron llevadas a la práctica debidamente, y eso fue sin duda una de las causas del estallido de la “reforma” protestante. Por ejemplo: en el Supernae dispositionis, en los incisos 16, 34-37, de León X, se lee (lo que va entre [] es nuestro, la traducción es nuestra):

    16.- [está hablando de los cardenales] …quienes, por su mismo estado, deben sobrepasar a los demás cristianos en la limpieza de sus vidas y el esplendor de sus virtudes. Por lo cual no solamente les exhortamos y amonestamos, sino que establecemos y les mandamos […] que según la doctrina de los Apóstoles de tal modo vivan sobria, santa y castamente que se abstengan no sólo del mal, sino hasta de toda apariencia de mal, y así brillen ante los hombres por sus buenas obras y den culto a Dios sobre todas las cosas. Que todos sean vigilantes en el espíritu y atentos a la celebración del oficio divino y de la Santa Misa, y conserven sus capillas e iglesias del modo que pide la naturaleza del lugar, como ha sido la costumbre desde siempre. Que las casas de los cardenales, sus familias y sus mesas no sean un testimonio de fasto y pompa, ni de nada superfluo ni de cualquier manera reprensible, de modo que no den con ello causa alguna de pecado y de exceso, sino que, al contrario y como corresponde a su oficio, puedan convertirse en un verdadero ejemplo de modestia y frugalidad.

    […]

    34.- Para que particularmente los clérigos vivan de modo casto y continente, según lo prescriben los cánones, establecemos que los que obren contrariamente sean castigados estrictamente, según los cánones. [En la supuesta Taxa se lee, por ejemplo: “El fraile que por su mejor conveniencia o gusto quisiere pasar la vida en una ermita con una mujer, entregará al tesoro pontificio 45 libras, 19 sueldos”]

    35.- Si alguno, sea este laico o clérigo, fuera culpable del crimen por el cual viene “la ira de Dios sobre los hijos de la desobediencia” (Ef 5,6) [son las inmoralidades sexuales], sea castigado tanto por los sagrados cánones como por la justicia civil.

    36.- Los concubinos, sean laicos o clérigos, sean penados por los mismos cánones, y que de ningún modo sean excusados de sus pecados ya por la tolerancia de sus superiores, ya por la mala costumbre iniciada -cosas ambas que mejor llamaríamos “depravación”- ya por cualquier otra excusa, sino que sean castigados severamente según lo prevé el derecho […]

    37.- Y para que las manchas y pestes de la nefasta simonía [compra de los cargos eclesiásticos, viene de Simón el mago que quiso comprar a los Apóstoles el poder de hacer milagros; ver Hechos 8, especialmente v. 18] no sólo sean definitivamente expulsadas de la Curia Romana, sino también de toda institución cristiana, renovamos con la presente los decretos de nuestros antecesores y las constituciones de los Concilios que se han declarado todos contra los tales simoníacos y ordenamos que las mismas leyes sean respetadas sin excepción ninguna y sean aplicadas, y los que obren contra dichas leyes queremos que sean debidamente castigados. [Uno de los pasajes de la Taxa decía: “El que por simonía quisiera adquirir uno o muchos beneficios, se dirigirá a los tesoreros del Papa, que le venderán ese derecho a un precio moderado”]

    Baste este ejemplo para ver el tenor de los edictos que firmó León X. Se puede ver aquí la Supernae dispositionis 16, y aquí los incisos 34-36, fotografías tomadas por EIE. Nos consta que todos los decretos son a este tenor. Cabe preguntarse: ¿Podría un mismo Papa escribir estos documentos de reforma y algunos años más tarde otros del tipo de la Taxa?

    Encontramos, curiosamente, un documento de León X (Inhaerendo vestigiis ¡de 1517!) dedicado todo él a delatar y detener a los que falsificaban documentos y los hacían aparecer como provenientes del Papa o de otros oficiales de la curia. Es decir, consta clara e inequívocamente que durante el pontificado de León X (y ya antes, como dice el documento) circulaban documentos falsos… (puede verse aquí el documento papal).

    Agregamos a continuación algunas palabras sobre León X que escribiera nada menos que Martín Lutero, en una carta dirigida al Papa en 1520, tres años después de la supuesta Taxa:

    “Tu fama y la fama de tu vida recta se conocen en todo el mundo. [… Luego de describir sin ambivalencias una corte papal corrupta con la pluma que lo caracteriza, Martín Lutero dice a León X:] Pero tu, Santo Padre, eres como una oveja en medio de lobos, como Daniel en medio a los leones y Ezequiel entre los escorpiones. ¿Cómo harás para oponerte a estos monstruos tu sólo? Concedamos que atraes a ti tres o cuatro cardenales sabios y santos, ¿qué podrán hacer estos en medio a los otros? [Continúa la crítica a la curia, y luego dice:] De esto me he dolido siempre, óptimo León, que has sido hecho Pontífice en estos tiempos, siendo digno de tiempos mejores”

    (Tomado de M. Luther, Werke Volumen VII, Weimar (1897) pp. 3-11 con el texto en alemán, y pp. 42-49 con el texto en latín; la carta está firmada el 6 de septiembre de 1520 en Wittenberg, Alemania; traducción nuestra del texto latino)

    ¿Conocía Lutero la Taxa Camarae? El Sr. Rodríguez dice que “este documento -la Taxa- y otros similares forzaron la comprensible ruptura de Lutero” ¿Cómo puede Lutero escribir a León X del modo como le escribió si León X era el responsable del documento monstruoso que nos presenta Pepe Rodríguez? Alguno podría pensar que las palabras en favor de la rectitud de León X son irónicas. Sin embargo la lectura de la carta en su totalidad excluye esa posibilidad (Lutero no ahorra epítetos contra todo el mundo curial, y le dedica su buena parte también a León X por “no hacer lo que debe” para impedir los escándalos). Tampoco se podría tratar de mera adulación, cosa que el mismo Lutero, en la misma carta, declara una actitud “abominable”.

    ¿Es posible que el documento no esté en estas colecciones de bulas, pero que exista igualmente en alguna otra parte? Ciertamente es posible. Pero … ¿dónde? ¿Dónde podemos encontrar al menos una mínima y aunque sea indirecta referencia al mismo? En la literatura que hemos consultado, los autores han hecho sus trabajos en base a todos los documentos papales de numerosos archivos, y ninguno de estos autores sabe nada de tal documento.

    Además del trabajo de investigación sobre las fuentes que hemos mencionado más arriba, podemos aportar aquí el testimonio de tres personas cualificadas (guardamos el anonimato): el decano de Historia de la Iglesia de una universidad pontificia de Roma; el decano de la facultad de Derecho Canónico de otra universidad de prestigio, que es también titular de la cátedra de Historia de las Fuentes del Derecho Canónico; y el responsable de la sección histórica de la Biblioteca Vaticana; los tres desconocen una bula o disposición semejante.

    Es curioso constatar también que ninguna de las obras históricas citadas más arriba siquiera menciona la existencia de una tal bula o documento, como podría ser si se tratase de un documento controvertido, y se dijese por ejemplo: “La Taxa es tenida por algunos como auténtica, por otros como espuria…” etc. El motivo de esta ausencia es claro: la Taxa carece de toda autenticidad, ninguno de los historiadores encontraron nada parecido a la Taxa. ¿Podría darnos alguien otra explicación sobre este silencio? ¿Será que todos los historiadores citados, enciclopedias, diccionarios, documentos… se han puesto de acuerdo para hacer silencio sobre la Taxa Camarae? ¿O será más bien que es una invención, una leyenda negra?

    No hemos dejado fuera del elenco ninguna obra que revisamos, por traer esta algún dato que vaya contra nuestra postura: en otras palabras, todas las obras que hasta el día de la fecha hemos visto desconocen la Taxa, ninguna la reporta ni reporta documento parecido.

    Cabe preguntarse: ¿porqué poner en boca de León X un decreto falso y aberrante? ¿Cuáles eran las intenciones del verdadero autor? La única respuesta cuerda que nos parece tener algún sentido es esta: León X fue el Papa que condenó las proposiciones de Martín Lutero (Exurge Domine). Para quienes odian a la Iglesia, la Taxa sugeriría claramente la siguiente conclusión: “Vean ustedes, los católicos, cuál fue el Papa que condenó a Lutero: un perfecto delincuente”.

  • Carlos Esperança

    Bernardo Mota:

    1 – A advertência do autor, que o Bernardo considera um aldrabão, como se ele tivesse inventado a «Doação de Constantino» ou o milagre de Fátima, aí fica duplamente através do meu comentário e dos seus;

    2 – A resposta está contida no ponto 1. As dúvidas sobre a autenticidade do documento não foram ocultadas, apenas não aprecem na tradução portuguesa, donde retirei o documento;

    3 – Pergunta-me por que razão continuo a defender este documento: É a primeira vez que o publico.

    Mas quanto a falsificações, sem desfazer no outros monoteísmos, a ICAR leva a palma.

    Quando se descobre o documento (esse indiscutível) do Papa João XXIII a ameaçar quem divulgasse casos de pedofilia na ICAR, INCLUINDO as vítimas, é razão para pensar na moral eclesiástica e no carácter dos homens das tribos patriarcais que inventaram o Antigo Testamento. Mas é ainda mais grave pensar na mentalidade dos papas actuais.

  • Bernardo Motta

    Carlos,

    Como eu previa, esquivou-se às perguntas.
    É desgastante debater consigo.
    Numa analogia, é como se a meio de um combate de esgrima, no qual você estaria a ser sovado, você desistisse da espada e pegasse no seu sapato para me atirar.

    Para si, tudo vale.
    Ora para mim, nem tudo vale.

    Ou os debates são sérios ou não são sérios.
    O Carlos não sabe travar (ou não quer travar) debates sérios.

    Sempre que se quer esquivar das minhas críticas justas e pertinentes, o Carlos foge do assunto. Pisga-se. Ora foge para a pedofilia, ora foge para Fátima, o que lhe interessa é esquivar-se das minhas críticas.

    Pois deixo-o com algumas verdades relacionadas com o seu “post” (e não fugindo do assunto):

    1) Pepe Rodríguez mente (é mesmo um aldrabão): no “link” que aqui deixei, ele diz que ouviu falar da Taxa Camarae de um conhecido que seria jesuíta: nas tretas pseudo-históricas de Pepe, as suas fontes têm sempre duas características:

    a) não têm nome
    b) são membros da Igreja Católica (sacerdotes, teólogos, o que for preciso)
    O Pepe faz isso para dar credibilidade (de fachada) às suas lendas, mas é evidente que se pode meter na boca de “anónimos” tudo o que se quiser, sobretudo quando não se possuem provas.

    2) Sobre este tema, o Pepe não mente apenas, inventando imaginários jesuítas seus conhecidos, ele mente também no que diz respeito à sua fonte; segundo Pepe, o tal “jesuíta” ter-lhe-ia mostrado um livro (não muito antigo, entenda-se, séc. XIX), alegando ele, Pepe, que “não se recordava” do título do livro; ora tal não é muito difícil: trata-se quase certamente de uma tradução para castelhano de uma das obras do italiano Teófilo Gay (belo nome para um anti-católico), de onde o Pepe sacou as tretas sobre a Taxa (note-se que o Gay também não cita fontes)

    3) Com toda esta discussão, NINGUÉM alguma vez produziu uma cópia ou sequer testemunho contemporâneo de que tal documento existiu; para mais, só mesmo desconhecendo completamente o contexto histórico da Reforma, e a profusão de textos anticatólicos emanados dos meios protestantes, é que poderia aceitar “prima facie” documentos protestantes acerca de Roma; trocado por miúdos, um documento pós-Reforma a dizer que os papas cobravam pelo perdão dos pecados NÃO É O MESMO que uma bula papal (ou acha que é, Carlos?)

    No fim de contas, o que move o Carlos é o ódio.
    Não tenho especial interesse em conhecer as histórias pessoais, certamente antigas e recalcadas, que estão por detrás do seu ódio à Igreja.
    Mas o ódio não ajuda à determinação da verdade.

    Eu não tenho culpa do seu ódio à Igreja, e certamente, o seu ódio não chega para tornar a Taxa Camarae num documento histórico genuíno.

    O que nos distingue nestas questões dos debates históricos, Carlos, é que eu tento não deixar o ódio (também tenho os meus) ofuscar a verdade.

    Por exemplo: não nutro especial simpatia por Adolf Hitler, mas a ideia de lhe atribuir uma frase falsa, ou de mentir acerca da sua vida, repugna-me. Pelo simples facto de que a verdade é uma coisa que eu prezo. Acima de tudo.

    O Carlos, pelo contrário, segue a estratégia de que, contra o seu inimigo de estimação, a Igreja Católica, tudo vale. Assim, é complicado debater.

    «1 – A advertência do autor, que o Bernardo considera um aldrabão, como se ele tivesse inventado a «Doação de Constantino» ou o milagre de Fátima, aí fica duplamente através do meu comentário e dos seus;»

    Isto, Carlos, chama-se fuga. Você evade-se a todas as críticas que lhe faço. Como? Mudando de assunto. É tão óbvio que chega a ser confrangedor. Mete dó.

    «2 – A resposta está contida no ponto 1. As dúvidas sobre a autenticidade do documento não foram ocultadas, apenas não aprecem na tradução portuguesa, donde retirei o documento;»

    Bom: então já SÓ falta corrigir o seu “post” para informar os seus leitores de que HÁ dúvidas sobre a autenticidade do documento, não???

    «3 – Pergunta-me por que razão continuo a defender este documento: É a primeira vez que o publico.»

    Está longe de ser a primeira vez que o explora para fins anticatólicos. Não nos faça de parvos.

    «Mas quanto a falsificações, sem desfazer no outros monoteísmos, a ICAR leva a palma.»

    Outra fuga. “Badóing”. É sempre a somar…

    «Quando se descobre o documento (esse indiscutível) do Papa João XXIII a ameaçar quem divulgasse casos de pedofilia na ICAR, INCLUINDO as vítimas, é razão para pensar na moral eclesiástica e no carácter dos homens das tribos patriarcais que inventaram o Antigo Testamento.»

    Presumo que se refere à próxima “tara” dos anticatólicos: o documento “crimen solliciationis”.
    O problema, Carlos, é que:

    a) ou você nunca leu o documento (apesar de estar na Internet); está aqui: http://www.cbsnews.com/htdocs/pdf/crimenlatinfu

    b) ou você não consegue ler o documento (entende-se: está em latim)

    c) ou você conhece o conteúdo do documento e, deliberadamente, opta por distorcê-lo e fazê-lo dizer o que ele não diz.

    Vejamos o que o Carlos afirma sobre o o documento:

    «o documento (esse indiscutível) do Papa João XXIII a ameaçar quem divulgasse casos de pedofilia na ICAR, INCLUINDO as vítimas»

    Por onde começar?
    Talvez por lhe dizer que quem assina o documento (pág. 24 do original, pág. 21 do PDF atrás indicado) é o Cardeal Ottaviani, e NÃO o Papa João XXIII.

    Mas, obviamente, o documento não faz nada as ameaças que o Carlos diz que faz. Claro que o passo seguinte, se isto fosse um debate com uma pessoa interessada na verdade, seria pedir-lhe a si, Carlos, para nos fazer o obséquio de indicar, ESPECIFICAMENTE, a frase (no original em latim) da ameaça que refere.

    Consegue fazer-nos esse simples e mísero favorzinho?

    Cumprimentos

    • jose camargo

      Bom dia caro Bernardo Mota… mão tenho procuração para defender quem quer que seja mas, no seus argumentos parece fazer-nos crer que a “pedofilia” relatada na imprensa escrita e televisiva é uma invenção dos criticos. Se isso lhe parece; pergunto: Porque o papa veio a publico pedir desculpas? Melhor ainda; porque as igrejas nos EUA pagou as indenizações? Bastava contra atacar juridicamente, alegando injustiças cometidas contra os padres, qualquer bom advogado os defenderia.

  • Anderson

    Seria interessante uma conversão desses valores p/ valores atuais equivalentes. Embora n se tenha como obter uma exatidão mto boa.
    Mas nos faria ter uma ideia de quanto realmente valia uma vida p/ essas pessoas

  • Carlos Esperança

    O Bernardo chama aldrabão a quem desmascara as pias mentiras da ICAR. É isso que o leva a dizer que os outros se esquivam às suas perguntas.

    Pepe Rodriguez, a quem chama despudoradamente mentiroso, é citado por Richard Dawkins que não é menos credível que o Bernardo.

    A fé embota a serena análise dos factos. O Bernardo sabe, melhor do que eu, que as indulgências se vendiam e estavam afixadas à porta das igrejas o que indignou Lutero.

    Foram as taxas, Taxa Camarae ou/e outras que desacreditaram a ICAR. Que o Bernardo se bata pela defesa de uma Igreja que se desagrega é um direito, igual ao meu de a censurar. As fogueiras e os progroms pertencem ao passado, não por bondade da ICAR, mas pelo combate dos livres-pensadores que contiveram a violência que é hoje apanágio do fascismo islâmico e para o qual ainda não foi encontrado antídoto.

    A luta contra a ICAR é, no meu caso, um serviço público de quem se lembra da sua cumplicidade com a ditadura de Salazar e com o facínora do Franco. É a mesma Igreja de B16, um intelectual reaccionário ligado ao Opus Dei e ao bando de Monsenhor Marcel Lefebvre.

    Volte no dia 13 de Maio que encontrará no Diário Ateísta a burla do milagre dos pastorinhos de Fátima, com os nomes dos médicos que inventaram a cura da D. Emília.

  • Anti-chupas

    E tu, meu badalhoco, não tens nenhum respeito por ti próprio !! Chupista e oportunista. Subiste na vida a fazer serviçinhos á elite católica!

    Cá se fazem, cá se pagam.

  • Bernardo Motta

    Carlos,

    Nunca, em momento algum, me viu a negar que, por variadas vezes, católicos, padres, bispos e até papas terão cometido erros, uns mais graves que outros.

    Nunca, em momento algum, viu sair da minha boca afirmações temerárias como a de que nunca existiram indulgências mal aplicadas, trocando dinheiro pelo perdão dos pecados.

    Eu até vou mais longe: um Papa poderia ter escrito algo como a Taxa Camarae, por muito horrível que isso tivesse sido, e no entanto, a doutrina de salvação de Nosso Senhor Jesus Cristo continuava válida.

    É isso que torna a sua luta pela mentira tão inglória, Carlos.
    Por muito que se procurem inventar falsos crimes da Igreja, ou realçar os verdadeiros crimes da Igreja (o Carlos poderia escolher crimes REAIS, como os do fundador dos Legionários de Cristo, por exemplo), o que é triste na sua posição é que o Carlos não se dá conta de que essa sua guerra não tem nada de verdadeiramente intelectual e essencial. A doutrina permanece intacta, pois a Igreja é a PRIMEIRA a dizer que o ser humano, pelo Pecado Original, tem uma tendência incessante para o pecado. E claro, a Igreja sempre foi constante no afirmar que todos os homens pecam, até papas.

    O Carlos não tem necessidade de gastar o seu tempo com Taxas Camaraes, nem tem necessidade de distorcer documentos como o “Crimen Sollicitationes”, tornando-os em ordens para ocultar crimes, quando não é esse o seu conteúdo.

    A sua teimosia em não reconhecer os seus erros não ajuda em nada o ateísmo.
    A prova de que a sua estratégia de guerra desonesta é estéril está à vista. Olhando para o histórico de “posts” e comentários do Diário Ateísta, o panorama é desolador. O Carlos perdeu muitos dos seus melhores colegas de blogue, que passaram para a “concorrência” ateísta. Pessoas notáveis como o Ludwig só cá permanecem, julgo eu, por caridade.

    Carlos: quando se opta pela defesa de um ateísmo não filosófico, mas simplesmente anticlerical e desonesto, é isto que se recebe:

    «E tu, meu badalhoco, não tens nenhum respeito por ti próprio !! Chupista e oportunista. Subiste na vida a fazer serviçinhos á elite católica!»

    Quando se faz do Diário Ateísta a alcoviteira do mau ateísmo, como o Carlos tem vindo a fazer desde a fundação deste blogue, é este o tipo de comentadores que se recebe.

    Entende a ineficácia da sua estratégia?
    É verdade: consegue enganar alguns ateus que por cá passam (como se vê pelos senhores que comentaram a seguir a mim, e que não entenderam que a Taxa Camarae era FALSA).
    Mas não acha isso triste? Enganar aqueles que estão do seu lado?

    A mentira passa, Carlos.
    Só a verdade subsiste.
    Pode-se mentir com muita, muita força.
    Pode-se mentir muitas, muitas vezes.

    Mas a verdade vem sempre ao de cima.

    Cumprimentos
    (e até daqui a uns anos, aquando do seu próximo “post”-novidade sobre a Taxa Camarae)

  • José Estorninho

    Não sei se é verdade ou mentira, mas não me admirava nada que fosse verdade.

  • Zeca Portuga

    Ou quem escreve comentários como os seus, com a certeza absoluta da não existência de Deus, se não for dado por eunuco, que credibilidade merece?

    Acha, por acaso, que alguém o leva mais a sério ou o acha mais credível do que Dan Brown, Pepe Rodrigues ou Raul Solnado (com as sua guerras)?

    Acha que alguém dá qualquer aceitação às aberrações e encenações da seita da Tasca Ateísta?

    Está convencido que alguém dá mais apreço do que simples palermices (e não vê como simples delírios e recalcamentos) as baboseiras pueris debitada por pessoas como Dennett ou Dawkins?

    Imaginado a sua resposta, posso dizer que você é mais crente do que 99,8% da humanidade, que não leva nada disso a sério!!!

  • Zeca Portuga

    Sr. Esperança:

    1 – Mostre algo que prove que tal difamação sobre João Paulo IÍ é Verdadeira senão a palavra de alguns “excelentes crentes”.

    2 – O que tem o “crime de simonia” (praticado sobretudo por hereges), a ver com o assunto?

    3 – Leão X era ateu e vossemecê é santo.

    • j.camargo

      Não se pode imputar um crime a uma pessoa especifica, no caso de João Paulo II, afinal errar é humano e colocar a culpa numa pessoa é mais humano ainda. Entretanto a justiça Americana e a INPRENSA ja demonstraram o caso da pedofilia e, ate mesmo o Papa João PAULO II veio a publico pedir perdão ( ato simbolico) aos inocentes garotos que sofreram violencia da pedofilia. Ora se em nosso sculo XXI isso ocorre. Quem garante que na epoca de LEÃO X era mais puro.

  • Marco Almeida

    eu acho isto uma indecencia
    mas da igreja so se pode esperar isto,uma coisa e acreditar em deus e outra e acreditar na igreja.

  • juarez

    ahahahahahahaha…
    vejam quantos tolos acreditam nessa mentira.
    Ô povo burro!

  • Pingback: XADREZISMO : O ESTADO LAICO NÃO PASSA DE UM MITO!?

  • Feanando

    HAHAHA… QUE MENTIROSOS!! Todo mundo sabe (menos vocês deste site…) que a taxa camarae é um MITO da Internet criado pelo ateu espanhol MENTIROSO Pepe Rodriguez só para falar mal da Igreja Católica… Vão estudar mais, e por favor, se tiverem o mínimo – SÓ UM POUQUINHO… – de decência, tirem esse texto de circulação.

  • Lisa Marie

    Que horror. É a nojeira da Inquisição, onde os eclesiásticos eram megalômanos e se achavam deuses…eu acredito sim, é só ler os documentos históricos que estão disponíveis da net, so fazer uma peneira..tem muita coisa que condena a ICAR….

    • José Guimarães

      Visto e lido tudo isto só uma certeza me resta: não é por acaso que este país está como sabemos! Cambada de ignorantes que acreditam em qualquer treta que vá de encontro aos seus sentimentos anti qualquer coisa, no caso vertente, anticlericais! Claro que algumas vozes esclarecidas se levantam mas não chegam para transformar esta cambada de ignorantes descarados pelo menos em ignorantes envergonhados da sua ignorância.
      Então esta de ler “os documentos históricos que estão disponíveis da net” vale o seu peso em estupidez! Qual a sua credibilidade histórica? Quem ou o quê os autêntica?
      Tenho dito

You must be logged in to post a comment.