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  • 10 de Novembro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

A ICAR e a febre do referendo

Por

José Moreira

A Constituição da República Portuguesa diz claramente que a Igreja está separada do Estado – por muitos engulhos que isso possa fazer quer ao Sr. Aníbal Cavaco Silva quer ao actual presidente da República. Eu admito que aprendi a ler há muitos anos e que posso estar um bocado esquecido; mas se bem me lembro, isso quer dizer, em português decente e escorreito, “cada macaco no seu galho”.

Ou seja, tipo “não te metas na minha vida, que eu não me meto na tua”.

Mas a Igreja não se convence. E vai daí, toca a meter o bedelho eu tudo o que não lhe diga respeito. Faz-me lembrar aqueles tipos baixinhos que se colocam em bicos de pés, para serem vistos, ou aqueles parolos que, às vezes, aparecem na televisão com os letreiros “mãe, estou aqui”.

Concorde-se ou não, o Governo pretende legalizar, pelo casamento, as uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo. Para quem ainda não percebeu, e parece que a turba sotainada demora a perceber, o Governo quer permitir casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Sim, eu escrevi casamento civil, porque não me passa pela cabeça que o Governo vá exigir casamento religioso. Era absurdo e completamente estúpido. Tão absurdo e tão estúpido como a Igreja querer forçar o referendo às intenções do Governo. Pela simples razão de que a democracia, palavra que os senhores clérigos desconhecem, implica reciprocidade. E não me recordo de o Governo ter querido referendar a canonização do guerreiro Nuno Álvares Pereira, oportuna e escandalosamente transformado em oftalmologista pela ICAR, por ter curado o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, que se queimou com um salpico de azeite ao fritar peixe.

Que a Igreja queira proibir os casamentos religiosos entre pessoas do mesmo sexo, é um direito que legitimamente lhe assiste. Tal como como é legítimo o direito de o Governo português pretender legalizar contratualmente (há quem lhe chame casamento) essa mesma união.

Haja decoro, se faz favor.

13 thoughts on “A ICAR e a febre do referendo”
  • Carpinteiro

    Penso ser chegada a hora de a comunidade civil exigir ao governo um referendo para saber se concordam-mos com o celibato dos padres? E é um processo de arrumar os “namoros sacerdotais”…

  • Zeca Portuga

    Haja decoro, se faz favor, digo eu, sr. Esperança.

    Então Vossemecê acha que um referendo é algo que vai contra a democracia?
    Mas, não pensou assim aquando do referendo sobre o aborto?

    E, no caso do aborto, estávamos a falar de um “Direito Fundamental” – o Direito à Vida.

    Aqui não se trata de nada disso.
    Afirmam os ateístas e a esquerdalha raivosa que o casamento é um simples contrato entre duas pessoas. Se assim é, o lado afectivo (amoroso) subjacente ao dito contracto, não faz sentido.

    Mas, assim sendo (sendo o casamento um simples contrato, tal como uma compra, um seguro, a partilha de um bem ou uma sociedade), a paneleida não está impedida de celebrar tal contrato desde que o faça na estrita observância da lei . Uma lei que se aplca a todos os portugueses, sem excepção. O casamento a paneleirada é uma excepção à lei, por motivos amoroso.
    Vamos lá ver se não querem excepções a granel por motivos amorosos: um tipo de sociedade diferente para os apaixonados; um contrato de seguro especial para amantes, uma contrato de compra e venda especial quem ama alguém.

    Alias, pergunto:
    Se eu chegar ao registo civil com o meu vizinho e disser: eu sou heterossexual e homofóbico (a homofobia é natural nos heterossexuais), e ele também: Nós queremos firmar um contrato de casamento, porque nos dá jeito. Estarão ao ateístas a afirmar que , caso a lei fosse implementada, deve me dar a possibilidade de casar nessa situação?

    Então, os casamentos verdadeiros tem regras, e ao casamentos da paneleirada não têm?

    Hoje, toda a gente tem liberdade de se casar. Fazendo-o de acordo com lei, todos podemos fazê-lo o que é puramente normal e desejável.
    A lei não deve prever a questão das taras sexuais – isso é assunto particular. Tal como não tem que regular o casamento em função do apetite sexual, ou do tamanho do pénis, ou da experiência sexual dos noivos

    Então, e os que defendem o incesto, não deve ser livres de casar entre pais e filhos?
    E os adeptos da poligamia, não podem fazer um contrato entre várias pessoas, porquê?

    A Igreja, ao contrário do que o sr. Esperança está a dizer de forma desonesta e parola, quer ver respeitadas as regras da democracia directa. Isso não é uma interferência com a governação, é um princípio de honestidade, justiça e legalidade.
    Mas isso, quer quase toda a gente. A maioria dos portugueses clama por referendos. Foi assim na questão europeia, foi assim na questão do aborto, é assim nesta porcaria de “casamento”?

    Enquanto o sr. Esperança defende o privilégio “exclusivista” e segregacionista de uma irrisória minoria, em desacordo com a larguíssima maioria, a Igreja veio juntar-se a um coro enorme de entidades e pessoas que acham que o povo deve ser ouvido no assunto, e não deve um conjunto de pessoas pouco sérias, mal formadas e completamente alheadas da realidade nacional, a decidir de sua livre vontade, por caprichos ou por favores a amigos.

    Muito menos deve ser o governo a decidir, já que é um órgão que não é democraticamente eleito.

    A figura do referendo é a mais nobre figura da democracia e, em valor, sobrepõe-se a todas as legitimidades institucionais dos órgãos e soberania.

    Portanto, o que embaraça ao sr. Esperança é a própria democracia, já que ele só entende como democrática a decisão que lhe seja favorável – esta, claramente, não seria.
    A sua miopia tendenciosa e pró ditatorial, deixa a descoberto uma das piores facetas do ateísmo – a vontade de aniquilar maiorias, destruindo tudo, quiçá, ingressar numa radiosa democracia de uma “república popular” tipo China ou Coreia a do Norte!

    A Igreja representa a voz dos seus crentes, e é, de longe, a maior, mais importante e mais sólida instituição do país.

    Não quer governar, quer ver a democracia respeitada.

    Pelos visto isso incomoda.

  • Carpinteiro

    «Muito menos deve ser o governo a decidir, já que é um órgão que não é democraticamente eleito. »

    Zé, já está com aquele copito que fez a Lúcia ver a Senhora a dançar com o Solzinho. Estás pior rapaz. Olha só o que tu escreves!

  • Carpinteiro

    Type your reply…

  • Zeca Portuga

    Nesse caso, e porque se trta de um assunto privado, pergunte-se também se concordam com a existencia de uma Tasca Ateista composta de suburbanos em Lisboa.

    Ou se concordam com as cores das sedes do Banif, ou se os adminstradores das empreas publicas podem se homens saidos sos aprtidos, ou se os professores podem ter um partidos, … nunca mais acabava.

    Ainda não percebeu a diferença entre as questões internas de uma religião e as questões da sociedade em geral?

    Ainda não percebeu que a Constituição não permite previlégios fundados nas taras sexuais, que é disso que se trata?

    Uma neta e uma avó não podem, casar-se porquê? Isso pode dar-lhe muito jeito, em termos de herança e não só…

    Não seja indecente.
    Estamos a falar de ofenças á sociedade e não à religião.

    O casamento da paneleirada nada tem a ver com religião. O que aocntece é que a igreja entende que deve estar do lado da quase totalidade dos protugueses. Eu, como um dos ofendidos por esta tentativa de institucionalizar as taras e ofender a sociedade, agradeço à Igreja a sua solidariedade.

    Veja que pleo pais aparecem movimentos e plataformas a reivindicar o referendo… onde está a democria destes papalvos do governo.

    O governo não foi democráticmente eleito.
    Quem elegeu os ministros e os secretários de estado?
    No nosso sistema politico, o governo é um orgão de compadres a chular a democracia!!!

  • Carpinteiro

    Zé, você orgulha-se de descender da cultura helenica e romana. Ora, na Grécia antiga a homossexualidade era praticada e aceite.

  • JoseMoreira

    O Zeca portuga não toma o medicamento há vários dias. Ele ainda nem viu que NÃO FOI o C.E. que escreveu o artigo. A ASAI precisa de começar a controlar as hóstias, aquilo deve andar tudo marado.

  • amiltonsilva200809

    E quem garante que o casamento entre um homem e uma mulher é por amor? Você já ouviu falar em “golpe do baú”?
    Na minha opinião, se o casamento/contrato é feito entre duas pessoas adultas ninguém tem nada que se meter.

  • Salazar2009

    À parte alguma palavra desnecessária, concordo na totalidade com o Zeca.

    Venha o referendo!

    Quem tem medo da democracia são os democratas ou os anti-democratas?

    A melhor forma de se legislar em completo respeito pelo povo, pela democracia é perguntar o que o povo quer.
    O que eu não concordo é que se repitam os referendos até dar o resultado que os políticos querem. Nesse caso, o referendo passa a ser algo desvirtuado e instrumentalizado. Já foi assim no caso do aborto (um “não” e um “sim” = a empate, então, repita-se para desempatar); tem sido assim na Europa, uma verdadeira vergonha.

    Faça-se um só referendo e acabe-se a questão para uns 50 ou 100 anos.

    Não sou católico, mas percebo perfeitamente e apoio aquilo que os católicos, neste caso, defendem.
    A Igreja tem razão, e a AAP ou os seus associados não têm um só argumento válido que posto ser posto à discussão.

    Eu também quero um referendo!

  • Baal

    Olá minha besta.

    Bem, embora à partida eu concorde com qualquer referendo, qualquer referendo será uma inutilidade se servir para decidir algo que já foi decidido pelo eleitorado.

    Isto é, se servisse para decidir algo que não estava no programa do governo seria útil. Para decidir algo que sempre esteve, tendo esse programa sido escolhido pelo eleitorado entre todos os outros para ser aplicado, é uma completa estupidez voltar a colocar a questão.

    Por outro lado, mesmo no aspecto táctico, sendo em conjunto os partidos que apoiam o casamento homo, PS, PCP, Bloco e até parte do PSD maioriários na sociedade, tal consulta (reconsulta) seria um esbanjamento de tempo e dinheiro.

    Quanto ao previsível argumento da anterior reconsulta na questão do aborto, lembro que o primeiro referendo, para além de ter sido quase um empate técnico, não sendo a margem ganhadora minimamente expressiva, foi desde o início um processo duvidoso.

    Todo o processo pecava por falta de credibilidade. O partido promotor estava dividido sendo o seu líder guterro, um homem com ligações ao opus dei um verdadeiro sabotador. Tudo foi feito em cima do joelho. Desde os debates, até à forma como a pergunta foi colocada, até à data do referendo em período de férias, tudo foi feito para uma total desmobilização do eleitorado favorável. Mesmo assim o não ganhou por uma mísera margem. Confirmou-se quando o processo foi repetido que foi ganho pelo sim com uma margem muito mais significativa.

  • Baal

    “Ainda não percebeu a diferença entre as questões internas de uma religião e as questões da sociedade em geral?”

    Ah, bem. Então, no que toca a querer mandar na sociedade a igreja pode meter-se em todos os assuntos.

    Mas ninguém se pode meter nos SEUS assuntos.

    A igreja pode proibir milhões de pessoas de ter vida sexual, isso é um assunto interno. Mas ninguém pode constituir família de outra forma senão a autorizada pela igreja. A vida familiar não é um assunto interno da família ? É um assunto da igreja ?

    Mas os padrecas NEM PODEM TER FAMÍLIA !

    Os verdadeiros anormais seriam eles que não podem ter coisas tão naturais como sexo e uma vida familiar.

    Mas nas VOSSAS anormalidades já ninguém se pode meter que é assunto interno.

    As supostas anormalidades dos outros é que já têm de ser decididas por vocês.

    És mesmo um animal.

    O que têm VOCÊS a ver com a forma como as pessoas constituem família ?

    Acaso gostavas que se fizesse um referendo acerca da forma como fornicas a tua mulher ?

    Keres um catálogo homologado pelo ministério do trabalho com posições autorizadas para a tua foda familiar ?

    O que tens tu a ver com avida dos outros meu animal ?

  • Baal

    Olá minha besta.

    Bem, embora à partida eu concorde com qualquer referendo, qualquer referendo será uma inutilidade se servir para decidir algo que já foi decidido pelo eleitorado.

    Isto é, se servisse para decidir algo que não estava no programa do governo seria útil. Para decidir algo que sempre esteve, tendo esse programa sido escolhido pelo eleitorado entre todos os outros para ser aplicado, é uma completa estupidez voltar a colocar a questão.

    Por outro lado, mesmo no aspecto táctico, sendo em conjunto os partidos que apoiam o casamento homo, PS, PCP, Bloco e até parte do PSD maioriários na sociedade, tal consulta (reconsulta) seria um esbanjamento de tempo e dinheiro.

    Quanto ao previsível argumento da anterior reconsulta na questão do aborto, lembro que o primeiro referendo, para além de ter sido quase um empate técnico, não sendo a margem ganhadora minimamente expressiva, foi desde o início um processo duvidoso.

    Todo o processo pecava por falta de credibilidade. O partido promotor estava dividido sendo o seu líder guterro, um homem com ligações ao opus dei um verdadeiro sabotador. Tudo foi feito em cima do joelho. Desde os debates, até à forma como a pergunta foi colocada, até à data do referendo em período de férias, tudo foi feito para uma total desmobilização do eleitorado favorável. Mesmo assim o não ganhou por uma mísera margem. Confirmou-se quando o processo foi repetido que foi ganho pelo sim com uma margem muito mais significativa.

  • Baal

    “Ainda não percebeu a diferença entre as questões internas de uma religião e as questões da sociedade em geral?”

    Ah, bem. Então, no que toca a querer mandar na sociedade a igreja pode meter-se em todos os assuntos.

    Mas ninguém se pode meter nos SEUS assuntos.

    A igreja pode proibir milhões de pessoas de ter vida sexual, isso é um assunto interno. Mas ninguém pode constituir família de outra forma senão a autorizada pela igreja. A vida familiar não é um assunto interno da família ? É um assunto da igreja ?

    Mas os padrecas NEM PODEM TER FAMÍLIA !

    Os verdadeiros anormais seriam eles que não podem ter coisas tão naturais como sexo e uma vida familiar.

    Mas nas VOSSAS anormalidades já ninguém se pode meter que é assunto interno.

    As supostas anormalidades dos outros é que já têm de ser decididas por vocês.

    És mesmo um animal.

    O que têm VOCÊS a ver com a forma como as pessoas constituem família ?

    Acaso gostavas que se fizesse um referendo acerca da forma como fornicas a tua mulher ?

    Keres um catálogo homologado pelo ministério do trabalho com posições autorizadas para a tua foda familiar ?

    O que tens tu a ver com avida dos outros meu animal ?

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