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  • 9 de Agosto, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Extinga-se o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida» (CNECV) é uma instituição cuja utilidade não é clara. É composta por um conjunto de personalidades designadas pelo primeiro-ministro, AR, Governo e outras entidades.

Cabe ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida dar pareceres em matérias tão diversas, como são aquelas em cuja reflexão a bioética se debruça: transplantes de órgãos, reprodução assistida, invenções biotecnológicas, final da vida, distribuição de recursos em saúde, genómica e tantas outras.

Dado o facto de conhecer pessoalmente vários dos seus membros e ser amigo de alguns, há algumas reflexões que a comissão que terminou o mandato me suscitam:

1 – Como é que pessoas tão ocupadas ainda têm tempo para estudar e fundamentar os pareceres que são da sua competência?

2 – Que estranha coincidência faz reunir neste grupo uma significativa percentagem de crentes conhecidos pela seu proselitismo religioso?

3 – Que legitimidade assiste a qualquer deles para reivindicar a prorrogação do mandato à entidade a quem cabe a designação?

4 – Que necessidade têm o Governo e/ou a AR de pedir pareceres em matérias sobre as quais todos os cidadãos devem ter opinião formada e ninguém melhor do que os deputados está em condições de a interpretar e, sobretudo, de legislar com legitimidade?

5 – Finalmente, a extinção da CNEVC parece-me não trazer qualquer prejuízo e tem o benefício suplementar de evitar o tráfico de influências e chantagem sobre as entidades a quem cabe proceder às nomeações.

Extinga-se, pois, a CNEVC. O país fica livre de um foco de tensão com forte odor a incenso.

9 thoughts on “Extinga-se o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida”
  • JoseMoreira

    Carlos, eu não poderia estar mais de acordo, quer com este artigo quer com o publicado em http://www.ateismo.net/2009/08/07/cavaco-o-defe…. No entanto, isso não me impede de lamentar profundamente que as razões que levaram Sócrates y sus muchachos a não renovar a nomeação de Lobo Antunes, não tenham nada a ver com as razões aduzidas pelo Carlos Esperança.
    E é pena.

  • Carlos Esperança

    José Moreira:

    Admito que tenha razão na observação ( e tem quase de certeza) mas eu não posso deixar de me congratular com o acto de higiene que representa a saída de Daniel Serrão e de João Lobo Antunes de qualquer comissão de ética.

    Ainda lá ficam Opus Dei a mais.

  • Rasputine Saloio

    Tem toda a razão, é acabar com aquela treta, em Portugal já existem comissões em excesso que, tal como esta, só servem para empatar.
    E eu não preciso que nenhum iluminado pelo divino me venha dizer o que é certo ou errado.

  • Carpinteiro

    Houvesse por cá a coragem doutros lugares:

    http://panoramacatolico.info/articulo/la-iglesi

  • Carlos Esperança

    Caro Carpinteiro:

    Conheço as malfeitorias de que a ICAR é capaz mas não aceito outro combate que não seja o democrático, outra forma de eliminar o obscurantismo que não seja pela ciência e outra luta contra a religião que não seja a liberdade.

    Confio que é suficiente, pese embora aos profetas como Maomé, JC ou Evo Morales. Se não for, não tenho antídoto.

  • Carpinteiro

    «… abolir la enseñanza de la hasta ahora impartida asignatura de religión en las escuelas públicas …abolir festividades religiosas… sobre las declaraciones y críticas emitidas en Roma por el Papa Benedicto XVI, Morales señaló que el Papa gobierna en el Vatican y no en Bolivia».

    – Também não nutro simpatia pelo personagem, quando me referi à coragem, a isto me referia.

  • aníbal

    Muitas vezes os eleitores votam em partidos devido às questões que consideram mais relevantes, como a economia, as finanças ou outras questões muito afastadas da ética em si (especialmente em questões relacionadas com bio-ciência).

    Todos os elementos em questão da comissão são escolhidos pelo governo ou outras forças políticas legitimamente eleitas pelo povo. Todos eles são profissionais de relevo para o sector em causa (bem mais do que o cidadão comun que habitualmente nada sabe sobre o que opina, embora mereça respeito à mesma pela sua opinião).

    Só vejo vantagens e nenhuma inconstitucionalidade, ilegalidade, etc em que exista uma comissão que relembre determinados pormenores ao governo ou sociedade.

    Quanto a cheirar a incenso ou não? Talvez…no entanto somente pessoas muito limitadas defendem que só coisas pérfidas provêem da religião. Ser-se ateu não é ser-se limitado…Se não fossem certas entidades religiosas muitas pessoas tinham dificuldades em subsistir ou ter alguém que alimentasse/cuidasse dos seus idosos, etc. Falo por experiência própria; Igrejas ajudam onde o Governo falha.

  • amiltonsilva200809

    “Igrejas ajudam onde o Governo falha.”

    Talvez os governos não falhem, apenas deixam de fazer o que consideram que já tem quem faça. Talvez até propositalmente para que as igrejas tenham a quem ajudar e assim se manter como instituições já que a maioria das igrejas só se mantem pela pseudofilantropia. Ou seja, pedem dinheiro para ajudar os outros e se beneficiam também desse dinheiro.

  • amiltonsilva200809

    “Igrejas ajudam onde o Governo falha.”

    Talvez os governos não falhem, apenas deixam de fazer o que consideram que já tem quem faça. Talvez até propositalmente para que as igrejas tenham a quem ajudar e assim se manter como instituições já que a maioria das igrejas só se mantem pela pseudofilantropia. Ou seja, pedem dinheiro para ajudar os outros e se beneficiam também desse dinheiro.

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