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  • 20 de Abril, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • AAP

A canonização de Nuno Álvares

Já se notam os primeiros sinais de pudor. Nem os reis católicos que sobram na Europa, habituados há gerações a ajoelharem-se perante o Papa e a obrigarem os súbditos a viver de rastos, se prestam já a serem figurantes no espectáculo das canonizações em série.

O Presidente da República compreendeu finalmente que as funções que ocupa num país laico são incompatíveis com a exibição pública das suas devoções particulares e vai mandar o chefe da Casa Militar a representá-lo.

O presidente da Assembleia da República far-se-á substituir pelo deputado Guilherme Silva.

Só falta que o CEMGFA delegue também num cabo de cavalaria a representação nas cerimónias religiosas no Vaticano.

Continua a não ser aceitável a presença, em nome do Estado, numa cerimónia religiosa, mas é menor a vergonha.

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) é, neste processo, uma referência ética do Estado laico.

15 thoughts on “A canonização de Nuno Álvares”
  • centauro

    Digo eu: “Só falta que o CEMGFA delegue também num cão vadio e sarnento, daqueles que normalmente vagueiam nas paradas militares, a representação nas cerimónias religiosas no Vaticano”.
    Como se compreende, pretendo apenas evitar que qualquer cabo de cavalaria participe nessa grotesca e humilhante cerimónia.

  • António Parente

    Carlos Esperança:

    Só quem não conhece o protocolo do Estado é que pensaria ser possível a presença na cerimónia do PR e do Presid. da Assembleia da República, segunda e terceira figuras do Estado. Foi o órgão Presidência da República que foi convidado e não Cavaco Silva.

    Nos congressos médicos é vulgar o Presidente da República presidir à comissão de honra mas nunca aparece.

    Pensar que o PR ouviu a opinião da AAP, parece-me um poucochinho excessivo.

    Cordiais Saudações,

  • Olhar Ateu

    Caro António Parente

    1. O PR e o Presidente da AR são, respectivamente, a primeira e a segunda figura do protocolo de Estado.
    2. O órgão Presidência da República é unipessoal. Quem convida o PR está a convidar a pessoa investida no cargo.
    3. Não se está a falar de um congresso médico nem de um congresso de bombeiros, mas antes de uma cerimónia oficial de consagração presidida pelo chefe de estado da Santa Sé.
    4. Nestes termos se o PR fôsse pessoalmente a tal cerimónia estaria a representar Portugal. Enviando um representante apenas fica representado o órgão Presidência da República.
    5. Está portanto a AAP de parabéns por ter sido a única entidade a chamar a atenção sobre o problema.

    Cordialmente

  • Carlos Esperança

    António Parente:
    1 – Espero que aprecie o humor e que não desculpe o que estava adquirido – a presença do PR em Roma;

    2 – Não é inédito o PR e a presidente da AR estarem na mesma cerimónia;

    3 – São respectiva/ a 1.ª e a 2:º figura do Estado (não a 2.ª e a 3.ª);

    4 – O Órgão PR é o próprio PR. É o único órgão uninominal da nossa Constituição;

    5 – Continua a ser ofensivo a presença de individualidades, EM NOME DO ESTADO PORTUGUÊS, nas comemorações da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina.

  • Carlos Esperança

    Olhar Ateu:

    Quando publiquei o meu comentário apareceu-me o seu. Por momentos pensei que houvesse milagres ;-))

  • António Parente

    Carlos Esperança e Olhar Ateu

    Nunca, em momento algum, pensei que as principais figuras do Estado fossem a Roma. Considero correcta a representação pois a ausência não significava neutralidade mas hostilidade. Penso que estão a empolar o assunto.

    Em relação ao milagre em si, não conheço os detalhes. Deixe-me, no entanto, copiar para aqui a resposta que dei hoje ao Ricardo Alves no blogue Jugular:

    “De António Parente a 19 de Abril de 2009 às 11:30
    Caro Ricardo Alves

    A AAP tem provas cientificas definitivas e irrefutáveis de que o milagre não existiu ou é apenas uma questão de opinião ou de fé?

    Cordiais saudações,

    responder a comentário | início da discussão | discussão

    De Ricardo Alves a 20 de Abril de 2009 às 02:14
    Caro António Parente,

    os mortos não curam queimaduras.

    Seu,

    responder a comentário | início da discussão | discussão

    De António Parente a 20 de Abril de 2009 às 09:42
    Caro Ricardo Alves

    Mas os santos parece que o fazem,

    Sempre seu,

    responder a comentário | início da discussão | discussão

    De Ricardo Alves a 20 de Abril de 2009 às 11:03
    Caro António Parente,
    «parece» é um testemunho de fé bastante fraco.

    Cumprimentos,

    responder a comentário | início da discussão | discussão

    De António Parente a 20 de Abril de 2009 às 12:00
    Caro Ricardo Alves

    Finalmente chegou ao cerne da questão: um milagre é sempre um testemunho de fé de quem afirma tê-lo presenciado ou ter beneficiado dele e os testemunhos de fé merecem todo o meu respeito, logo também a D. Guilhermina o merece. Claro que o Ricardo Alves segue a filosofia de David Hume: Diz que é milagre? É mentiroso.

    Os milagres não são necessários para alimentar a minha fé e não costumo recorrer à intercessão dos santos. Mas isso não implica que eu assuma posições elitistas e me recuse a identificar com os meus irmãos que veneram os Santos e lhes pedem favores. Todos somos Igreja.

    Sempre seu,”

    Penso que com este pequeno diálogo fica expressa a minha posição sobre o milagre do beato D. Nuno.

    Cordiais saudações,

  • Carlos Esperança

    António Parente:

    Não é a sua posição que é importante, é a do Vaticano. Foi o Vaticano que confirmou o milagre e é a ele que cabe demonstrá-lo sob pena de ser acusado de promover o obscurantismo e a superstição.

    Não me cabe a mim demonstrar que não existem fadas, v.g..

  • Olhar Ateu

    Caro António Parente

    Se me permite uma sugestão, vamos separar as águas das diferentes questões, a saber :
    1. haver ou não representação oficial do estado português na cerimónia em Roma ;
    2. ter ou não havido alteração de posição de altas figuras de estado sobre o assunto ;
    3. ser ou não Nuno Álvares uma figura histórica.
    4. ter ou não havido milagre.

    Quanto aos pontos 1 e 2 já expressei os meus pontos de vista.

    Quanto ao ponto 3 penso não haver quem não o reconheça, como herói que foi, e não se precisar de uma canonização para manter esse estatuto.

    Quanto ao ponto 4, apenas refereria que quer a beatificação quer a canonização de Escrivá encontra-se devidamente documentada e disponível na internet. Mas quanto ao caso da D. Guilhermina de Jesus não só nada é dito nem explicado, mas também a dita senhora encontra-se em parte incerta e inacessível, o que cria suspeições sobre a verossimilhança da sua estória.

    Acrescentaria que face às normas que regem os procedimentos para a canonização (“Divinus Perfections Magister”, “Normas para observar na instrução diocesana das causas dos santos”, Santorum Master”), parece-me não estarem cumpridas duas condições necessárias para tal : existência de testemunhas oculares do milagre invocado e não pré-existência de culto a Nuno Álvares Pereira.

    Se tiver dúvidas quanto à instrumentalização politica feita pelo Vaticano da figura de Nuno Álvares aquando o seu processo de beatificação sugiro-lhe a leitura de um post no meu blog.

    Cordialmente
    (Carlos Esperança: desculpe-me a publicidade)

  • Olhar Ateu

    Que homem de pouca fé !
    🙂

  • António Parente

    Carlos Esperança:

    Pensei que a minha posição fosse importante para si dado que no post do Olho me perguntou “E, a propósito, acredita que foi D. Nuno que curou o olho esquerdo de D. Guilhermina?” e no post do Bispo D. Carlos Azevedo insistiu “A propósito, acredita no milagre? Continuo a aguardar a sua resposta.”.

    Agora que eu lhe dei a minha posição sobre o milagre o Carlos colocou-me numa posição embaraçosa de falta de humildade cristã ao levar-me a julgar que a minha posição era importante. Que penitência devo cumprir agora é a questão que me perturbará o resto do dia.

    O Vaticano confirmou o milagre depois de uma aturada investigação. Recordo-lhe que este processo começou em 2003. Competirá ao Carlos, se tiver interesse nisso, solicitar ao Vaticano acesso ao processo canónico, analisá-lo e demonstrar a sua falsidade. Na justiça civil republicana quem acusa é que tem o ónus da prova e não é o inocente que tem de provar que está inocente. Sabe muito bem que num julgamento o arguido pode manter-se calado.

    Cordiais saudações,

  • António Parente

    Caro Olhar Ateu

    A senhora não se encontra em parte incerta e inacessível. Segundo um dos jornais que li no passado fim-de-semana (não me pergunte qual porque como leio em média 5 jornais por dia não tenho em memória qual deles foi) a senhora continua a viver em Ourém, passeia na rua e foi abordade por um jornalista num café, quando tranquilamente gozava os prazeres da ociosidade na companhia de uma amiga. A senhora recusa-se a falar sobre o assunto porque, como lhe explicará o Carlos Esperança, a religião é um assunto do foro privado e a nossa Constituição determina que ninguém pode ser incomodado por causa das suas posições ou opiniões religiosas.

    Quanto ao artigo do seu blog, vou investigar a estória. Parece-me demasiado rebuscada.

  • Carpinteiro

    Escrevia eu há uns dias que a canonização do Contestável, passava completamente ao lado dos portugueses, vendo-se a Igreja na necessidade de recorrer a figuras que emprestassem alguma credibilidade ao embuste.
    Não sou o único em pensar assim, o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, considera que os portugueses “estão perfeitamente divorciados” da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, que se realiza domingo no Vaticano, “Eu não posso dizer sim, não ou 'nim'. Eu devo dizer aquilo que se passa”, afirmou D. Januário, “um acontecimento que passa quase à margem de tudo aquilo que nós vivemos”.
    “Das várias coisas que tenho lido sobre o Condestável D. Nuno Álvares Pereira são de tal forma devocionistas, são panegíricos tão fáceis, são expressões de espiritualidade tão serôdia, que eu fico altamente escandalizado”, observou,
    “Não quero ser também monolítico (…) mas “o retrato com que é apresentado D. Nuno Álvares trai a mais elementar das interpretações históricas”, denunciou.
    Carlos Azevedo não tem motivos para se insurgir de forma tão desonesta, contra ateus que diz serem residuais. Digo eu.

  • António Parente

    Carlos Esperança:

    Pensei que a minha posição fosse importante para si dado que no post do Olho me perguntou “E, a propósito, acredita que foi D. Nuno que curou o olho esquerdo de D. Guilhermina?” e no post do Bispo D. Carlos Azevedo insistiu “A propósito, acredita no milagre? Continuo a aguardar a sua resposta.”.

    Agora que eu lhe dei a minha posição sobre o milagre o Carlos colocou-me numa posição embaraçosa de falta de humildade cristã ao levar-me a julgar que a minha posição era importante. Que penitência devo cumprir agora é a questão que me perturbará o resto do dia.

    O Vaticano confirmou o milagre depois de uma aturada investigação. Recordo-lhe que este processo começou em 2003. Competirá ao Carlos, se tiver interesse nisso, solicitar ao Vaticano acesso ao processo canónico, analisá-lo e demonstrar a sua falsidade. Na justiça civil republicana quem acusa é que tem o ónus da prova e não é o inocente que tem de provar que está inocente. Sabe muito bem que num julgamento o arguido pode manter-se calado.

    Cordiais saudações,

  • António Parente

    Caro Olhar Ateu

    A senhora não se encontra em parte incerta e inacessível. Segundo um dos jornais que li no passado fim-de-semana (não me pergunte qual porque como leio em média 5 jornais por dia não tenho em memória qual deles foi) a senhora continua a viver em Ourém, passeia na rua e foi abordade por um jornalista num café, quando tranquilamente gozava os prazeres da ociosidade na companhia de uma amiga. A senhora recusa-se a falar sobre o assunto porque, como lhe explicará o Carlos Esperança, a religião é um assunto do foro privado e a nossa Constituição determina que ninguém pode ser incomodado por causa das suas posições ou opiniões religiosas.

    Quanto ao artigo do seu blog, vou investigar a estória. Parece-me demasiado rebuscada.

  • Carpinteiro

    Escrevia eu há uns dias que a canonização do Contestável, passava completamente ao lado dos portugueses, vendo-se a Igreja na necessidade de recorrer a figuras que emprestassem alguma credibilidade ao embuste.
    Não sou o único em pensar assim, o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, considera que os portugueses “estão perfeitamente divorciados” da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, que se realiza domingo no Vaticano, “Eu não posso dizer sim, não ou 'nim'. Eu devo dizer aquilo que se passa”, afirmou D. Januário, “um acontecimento que passa quase à margem de tudo aquilo que nós vivemos”.
    “Das várias coisas que tenho lido sobre o Condestável D. Nuno Álvares Pereira são de tal forma devocionistas, são panegíricos tão fáceis, são expressões de espiritualidade tão serôdia, que eu fico altamente escandalizado”, observou,
    “Não quero ser também monolítico (…) mas “o retrato com que é apresentado D. Nuno Álvares trai a mais elementar das interpretações históricas”, denunciou.
    Carlos Azevedo não tem motivos para se insurgir de forma tão desonesta, contra ateus que diz serem residuais. Digo eu.

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