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O casamento civil já é maioritário

Num artigo de 2007, arrisquei a previsão de que o casamento civil seria maioritário logo em 2008 ou, no máximo, em 2010. Actualizei a previsão em Janeiro de 2008, arriscando que seria logo em 2008. Só me enganei por excessivo «conservadorismo»: 2007 foi o ano em que, pela primeira vez, o casamento religioso foi minoritário. Efectivamente, segundo dados recentes, em 2007 ter-se-ão celebrado 24 317 casamentos exclusivamente pelo registo civil, e apenas 22 012 religiosos (dos quais são registados, pela primeira vez, 88 casamentos religiosos não católicos). Oficialmente, o casamento católico é, portanto, minoritário em Portugal.

Eu já alertara, numa série de artigos neste blogue, para a secularização da sociedade portuguesa: o crescimento do casamento civil, a elevada taxa de divórcios, e o número de crianças nascidas fora do casamento. Efectivamente, quando um terço das crianças nascem fora do casamento, mais de metade dos novos casamentos são pelo registo civil, e há, anualmente, um divórcio por cada dois casamentos, estamos muito longe do estereótipo da procriação exclusivamente dentro do casamento, necessariamente perpétuo, sacramentado pela ICAR. Nos comportamentos sociais, os portugueses afastam-se, cada vez mais a cada ano que passa, das regras recomendadas pela ICAR.

Portanto, quando ouvirem alguém dizer que «o Estado é laico mas a sociedade é católica», ou então que «o catolicismo é esmagadoramente maioritário» em Portugal, respirem bem e pensem que já deixou de ser assim. A sociedade portuguesa é cada vez mais secular.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

4 thoughts on “O casamento civil já é maioritário”
  • Manuel Arruda

    Infelizmente o meu casamento vai constar da lista dos católicos. No entanto, quero alertar a comunidade ateísta que existe uma alternativa viável para quem não quer casar pela ICAR, mas o noivo ou a noiva querem.

    Embora alguns padres digam que não, a ICAR tem o conceito de casamento com disparidade de culto, em que apenas um dos nubentes tem de ser católico. Na prática continua a existir um casamento católico, mas só o nubente católico é que fica assinalado no “caderninho” como tendo feito parte de um casamento católico. O outro não.

    A ICAR deve ter arranjado este esquema para conseguir arranjar mais casamentos católicos, eliminando as barreiras de entrada, mas isto também pode ser usado por um ateu como escape, permitindo-lhe satisfazer a vontade de um noivo ou noiva católica, sem se chegar a casar realmente pela ICAR.

    Penso que a divulgação da existência dos casamentos com disparidade de culto deve ser feita pela Associação Ateísta Portuguesa, pois demasiada gente casa-se pela ICAR desnecessariamente. Fica a sugestão.

  • MF1

    Não conhecia a sugestão do Manuel Arruda, mas é realmente uma boa opção de fuga. Mas acho que, mesmo assim, continua a ser um casamento católico…

    É verdade que a sociedade está mais secularizada, mas ainda existem bastiões católicos por esse país fora. Olhem, por exemplo, aqui na minha terrinha, um jovem casal que não se case pela igreja é considerado uma aberração e são até considerados pela maioria como se não estivessem casados. É-lhes até atribuída a depreciativa denominação de “ajuntados”.

  • Rasputine Saloio

    giro, giro era acabar com o casamento

  • Rasputine Saloio

    giro, giro era acabar com o casamento

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