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  • 18 de Fevereiro, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

Saraiva Martins e os «anormais». Opinião de um leitor

Por

José Moreira

Ontem à noite 2009/02/17, o cardeal Saraiva Martins declarou, na Figueira da Foz, que a homossexualidade não é normal. Não discuto esse assunto com sua excelência reverendíssima. Estou certo de que sabe, acerca disso, infinitamente mais do que eu. Tem obrigação disso, aliás. De acordo com notícias que têm vindo a lume, estará mais próximo do que eu de casos que envolvem homossexualidade e pedofilia. Mas noto um ligeiro avanço das posições da Igreja: já não disse que ser homossexual é uma opção… Apenas foi dizendo que é uma “anormalidade”. Será…
Mas o cardeal vai mais longe ao dizer que Deus criou homem e mulher e que, portanto, assim é que as coisas serão normais. Lindo. E como todos sabemos que tudo o que a a Bíblia diz está cientificamente comprovado, não há que duvidar. Aliás, de vez em quando encontram-se pessoas com aspecto de terracota, prova inequívoca da sua origem: o barro. Só que o senhor cardeal não criou Adão e Eva defeituosos, com cancro, etc. E todos sabemos de crianças que nascem defeituosas, com tumores cerebrais e com outras doenças. Serão, também, “anormais”? Deveremos discriminá-las?

O cardeal estava particularmente inspirado, ontem. Pois até «defendeu como situação “ideal” uma colaboração sincera entre a Igreja e o Estado “na formulação de certas leis”, como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo.» “na ‘mouche’! Eu acho que esse tipo de saudosismo dum passado ainda muito recente só lhe fica bem. Ai, os bons tempos em que Salazar não legislava sem ouvir o seu particular amigo Cerejeira… Mas olhe, senhor cardeal, esses tempos já lá vão. Talvez um dia voltem, sei lá… Provavelmente essa “colaboração sincera” signifique que os diversos estados também tenham uma palavra a dizer nas decisões da Igreja. Sim, porque a Igreja também faz as suas leis, não é verdade? e os estados são chamados a colaborar? Ou a colaboração entre a Igreja e o Estado é só quando interessa à igreja?

Já agora, eu pergunto: será que a (provável) lei que aceita o casamento homossexual vai obrigar a Igreja a celebrar esses casamentos? Certamente que não! Então, a Igreja tem toda a liberdade para NÃO celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Se o Estado quiser fazê-lo, o que tem a Igreja a ver com isso?

Já agora, uma outra pergunta: será que os/as homossexuais são todos ateus? Olhe que não, senhor cardeal, olhe que não. Há muitos que são católicos.

Isso, senhor cardeal, ser homossexual católico, é que não é normal.

7 thoughts on “Saraiva Martins e os «anormais». Opinião de um leitor”
  • Steve

    “a homossexualidade não é normal.”

    Mas a pedofilia clerical é…. (ironic mode)

  • mathias

    A igreja católica foi o pior golpe qua levei na vida, foram anos de depressão e desespero, quase enlouqueci tentando ser “normal”. E milhões como eu passaram ou vão passar por essa lavagem cerebral que começa no batismo.

  • Carpinteiro

    Tendo em consideração que 37,5% do clero tem práticas homossexuais (os números não são meus mas da própria Igreja). Imaginem o sainete que não dava de hoje para amanhã surgirem notícias nos jornais da paróquia do género: Padre Ambrósio juntou os trapinhos com o cónego Simão abandonando este a paróquia e os paroquianos para ir viver com o que chama de: – Amor da sua vida!
    O cardeal não é tolo e sabe que o melhor não correr riscos…

  • Telmo Vieira

    A Igreja Católica deveria, tal como as outras, meter-se na sua própria vida pois a criminalidade que assola o mundo já toda passou ou está ainda no seio dela cujas páginas históricas são uma vergonha para a humanidade.

  • Telmo Vieira

    A Igreja Católica deveria, tal como as outras, meter-se na sua própria vida pois a criminalidade que assola o mundo já toda passou ou está ainda no seio dela cujas páginas históricas são uma vergonha para a humanidade.

  • Telmo Vieira

    A Igreja Católica deveria, tal como as outras, meter-se na sua própria vida pois a criminalidade que assola o mundo já toda passou ou está ainda no seio dela cujas páginas históricas são uma vergonha para a humanidade.

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