A oração – o anestésico da inteligência
Se acreditassem nas orações, as religiões já teriam encomendado ensaios duplo-cegos para demonstrar a superior eficácia em relação ao placebo pois é a metodologia habitual para testar a eficiência das drogas.
Os pedidos pungentes dos crentes, ao longo dos séculos, jamais levaram o deus de cada religião a intervir nas leis da física ou a alterar condições meteorológicas. Não se trata de surdez divina, apenas de destinatário cuja existência aguarda provas.
Poder-se-á perguntar o que leva os especialistas do marketing da fé a insistir nas velhas e ineficazes receitas. Os subornos através de orações são inúteis e moralmente condenáveis, mas há uma razão plausível para a insistência:
Enquanto rezam, os crentes perdem o espírito crítico e aceitam a propaganda do clero.
Os crentes sabem que as outras religiões são falsas, o que, de facto, é verdade. Mas como não lhes dizem que a sua provavelmente também é, partem de joelhos a pedir ao seu deus – o único verdadeiro – para que converta os crentes da concorrência.
Está em curso na ICAR a «semana de oração», com «apelo à conversão», mas as outra religiões também pedem o mesmo e os deuses, cansados da guerra pela hegemonia no mercado, há muito que não fazem prova de vida.
A oração – diz um bispo – dispõe o coração a acatar o que Deus quer. Na falta de um deus que se pronuncie o clero tem procuração para divulgar a vontade.
Não viria mal ao mundo se as crenças fossem da esfera particular, sem o desejo de conversão e a violência irracional com que alguns crentes querem salvar todos os outros.
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