Timor – Mais uma desgraça

4 thoughts on “Timor – Mais uma desgraça”

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  Ateu comunista bolivariano

  26 de Julho, 2008 at 2:56

  O fascismo suhartista foi trocado pelo católico.

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  Ateu comunista bolivariano

  26 de Julho, 2008 at 3:56

  O fascismo suhartista foi trocado pelo católico.

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  Ateu comunista bolivariano

  26 de Julho, 2008 at 2:59

  Por falar no ganocídio timorense…

  http://infoalternativa.org/autores/pilger/pilger085.htm
  assassino modelo, e os seus amigos em altas posições

  John Pilger

  No meu filme Death of a Nation [Morte de uma nação], há uma sequência filmada a bordo de um avião australiano a voar sobre a ilha de Timor. Está a decorrer uma festa e dois homens de fato brindam­‑se mutuamente com champanhe. «Isto é um momento histórico único», diz um deles, «isto é mesmo único e histórico». Trata-se de Gareth Evans, ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália. O outro homem é Ali Alatas, o principal porta-voz do ditador indonésio, general Suharto. O ano é 1989 e os dois estão a fazer um voo grotescamente simbólico para celebrar a assinatura de um tratado que permitiu à Austrália e às companhias internacionais de petróleo e gás explorarem o fundo marítimo de Timor Leste, então ilegalmente e cruelmente ocupado por Suharto. O prémio, segundo Evans, era «ziliões de dólares».

  Debaixo deles jazia um campo de cruzes: grandes cruzes negras cinzeladas no céu, cruzes sobre picos, cruzes em fileiras nas encostas das colinas. Ao filmar clandestinamente em Timor Leste, andei no mato e ali estavam as cruzes. Elas espalhavam-se sobre a terra e enchiam os olhos. Em 1993, o Comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento australiano relatou que «pelos menos 200.000» tinham morrido sob a ocupação indonésia: quase um terço da população. E contudo, o horror de Timor Leste, o qual foi previsto e alentado pelos EUA, a Grã­‑Bretanha e a Austrália, era na verdade uma sequela. «Nenhuma acção americana no período posterior a 1945», escreveu o historiador Gabriel Kolko, «foi tão sanguinária como o seu papel na Indonésia, pois destinava-se a iniciar o massacre». Ele referia-se à tomada do poder por Suhardo, em 1965-66, que provocou as mortes violentas de mais de um milhão de pessoas.

  Entender o significado de Suharto, que morreu no domingo, é olhar sob a superfície da actual ordem mundial: a chamada economia global e o cinismo implacável daqueles que a comandam. Suharto era o nosso modelo de assassino em massa – “nosso” é aqui utilizado reflectidamente. «Um dos nossos melhores e mais valiosos amigos», chamou-lhe Thatcher ao falar ao Ocidente. Durante três décadas, os governos australiano, estadunidense e britânico trabalharam incansavelmente para minimizar os crimes da gestapo de Suharto, conhecida como Kopassus, a qual foi treinada pela SAS australiana e pelo exército britânico e que abatia pessoas a tiro com metralhadoras Heckler e Koch de veículos Tactica para “controle de tumultos” fornecidos pelos britânicos. Impedidas pelo Congresso de fornecer armas directamente, administrações estadunidenses, desde Gerald Ford até Bill Clinton, proporcionaram apoio logístico através da porta dos fundos e de preferências comerciais.

  Em um ano, o Departamento Britânico de Comércio proporcionou quase mil milhões de libras [1330 milhões de euros] dos chamados empréstimos suaves, os quais permitiram a Suharto comprar caças-bombardeiros Hawk. Os contribuintes britânicos pagaram a conta de aviões que mergulharam em bombas aldeias de Timor Leste, e a indústria de armamento arrecadou os lucros. Contudo, os australianos distinguiram-se como os mais obsequiosos. Num infame telegrama para Canberra, Richard Woolcott, embaixador da Austrália em Jacarta, que fora prevenido da invasão de Timor Leste por Suharto, escreveu: «O que a Indonésia agora procura da Austrália […] é alguma compreensão para a sua atitude e possível acção para ajudar a compreensão da opinião pública na Austrália […]»

  Encobrir os crimes de Suharto tornou-se uma profissão para gente como Woolcott, enquanto a «compreensão» do assassínio em massa jorrava aos baldes. Isto deixou uma mancha indelével no governo reformista de Gough Whitlam depois do assassinato a sangue frio de duas equipes da TV australiana pelas tropas de Suharto durante a invasão de Timor Leste. «Nós sabemos que o seu povo o ama», disse Bob Hawke ao ditador. O seu sucessor, Paul Keating, é famoso por considerar o tirano como uma figura paternal. Quando as tropas indonésias massacraram pelo menos 200 pessoas no cemitério de Santa Cruz em Dili, Timor Leste, e australianos de luto puseram cruzes do lado de fora da embaixada indonésia em Canberra, o ministro dos Negócios Estrangeiros Gareth Evans ordenou que fossem destruídas. Para Evans, sempre efusivo no seu apoio ao regime, o massacre foi uma mera «aberração». Esta foi a visão de grande parte da imprensa australiana, especialmente aquela controlada por Rupert Murdoch, cujo servente local, Paul Kelly, levou a Jacarta um grupo de editores dos principais jornais, em vassalagem perante o ditador.

  Aqui está uma pista da razão porque Suharto, ao contrário de Saddam Hussein, não morreu na forca, mas cercado pela melhor equipa médica que os seus secretos milhares de milhões podiam comprar. Ralph McGehee, um alto responsável de operações da CIA na década de 1960, descreve o terror do golpe de Suharto na Indonésia em 1965-66 como «a operação modelo» para o golpe apoiado pelos EUA que sete anos depois afastou Salvador Allende no Chile. «A CIA forjou um documento pretendendo revelar uma conspiração de esquerda para matar líderes militares chilenos», escreveu ele, «[tal como] o que aconteceu na Indonésia em 1965». A embaixada dos EUA em Jacarta forneceu a Suharto uma lista de membros do Partido Comunista da Indonésia (PKI) e fazia uma cruz sobre os nomes quando eles eram mortos ou presos. Roland Challis, naquele tempo correspondente da BBC no sudeste asiático, contou-me como o governo britânico estava secretamente envolvido nesta carnificina. «Vasos de guerra britânicos escoltaram um navio cheio de tropas indonésias nos Estreitos de Malaca de modo a que elas pudessem tomar parte no terrível holocausto», disse ele. «Eu e outros correspondentes não sabíamos disto naquele momento… Houve um acordo, sabe».

  O acordo era que a Indonésia sob Suharto proporcionaria aquilo a que Richard Nixon chamou «o mais rico tesouro de recursos naturais, o prémio máximo no sudeste da Ásia». Em Novembro de 1967, o prémio máximo foi oferecido numa notável conferência de três dias patrocinada em Genebra pela Time-Life Corporation. Dirigida por David Rockfeller, todos os gigantes corporativos estavam representados: os principais bancos e companhias de petróleo, a General Motors, a Imperial Chemical Industries, a British American Tobacco, a Siemens, a US Steel e muitos outros. Do outro lado da mesa sentavam-se os economistas de Suharto treinados nos EUA que concordaram com a tomada corporativa do seu país, sector a sector. A companhia Freeport obteve uma montanha de cobre na Papua Ocidental. Um consórcio estadunidense-europeu obteve o níquel. A gigantesca companhia Alcoa obteve a fatia maior da bauxita indonésia. Companhias americanas, japonesas e francesas obtiveram as florestas tropicais de Sumatra. Quando a pilhagem terminou, o presidente Lyndon Johnson enviou as suas congratulações pela «magnífica história de oportunidade visioada e esperança despertada». Trinta anos depois, com o genocídio em Timor Leste também terminado, o Banco Mundial descreveu a ditadura de Suharto como um «aluno modelo».

  Pouco antes de ter morrido, entrevistei Alan Clark, que sob Thatcher foi o ministro britânico responsável pelo fornecimento a Suharto da maior parte das suas armas. Perguntei-lhe: «Incomodou-o pessoalmente que estivesse a provocar tamanho dano e sofrimento humano?»

  «Não, nem um pouco», respondeu ele. «Isso nunca entrou na minha cabeça».

  «Faço-lhe a pergunta porque li que você é vegetariano e está seriamente preocupado acerca do modo como são mortos os animais».

  «Sim?»

  «Tal preocupação não se estende aos humanos?»

  «Curiosamente, não.»

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  Ateu comunista bolivariano

  26 de Julho, 2008 at 3:59

  Por falar no ganocídio timorense…

  http://infoalternativa.org/autores/pilger/pilger085.htm
  assassino modelo, e os seus amigos em altas posições

  John Pilger

  No meu filme Death of a Nation [Morte de uma nação], há uma sequência filmada a bordo de um avião australiano a voar sobre a ilha de Timor. Está a decorrer uma festa e dois homens de fato brindam­‑se mutuamente com champanhe. «Isto é um momento histórico único», diz um deles, «isto é mesmo único e histórico». Trata-se de Gareth Evans, ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália. O outro homem é Ali Alatas, o principal porta-voz do ditador indonésio, general Suharto. O ano é 1989 e os dois estão a fazer um voo grotescamente simbólico para celebrar a assinatura de um tratado que permitiu à Austrália e às companhias internacionais de petróleo e gás explorarem o fundo marítimo de Timor Leste, então ilegalmente e cruelmente ocupado por Suharto. O prémio, segundo Evans, era «ziliões de dólares».

  Debaixo deles jazia um campo de cruzes: grandes cruzes negras cinzeladas no céu, cruzes sobre picos, cruzes em fileiras nas encostas das colinas. Ao filmar clandestinamente em Timor Leste, andei no mato e ali estavam as cruzes. Elas espalhavam-se sobre a terra e enchiam os olhos. Em 1993, o Comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento australiano relatou que «pelos menos 200.000» tinham morrido sob a ocupação indonésia: quase um terço da população. E contudo, o horror de Timor Leste, o qual foi previsto e alentado pelos EUA, a Grã­‑Bretanha e a Austrália, era na verdade uma sequela. «Nenhuma acção americana no período posterior a 1945», escreveu o historiador Gabriel Kolko, «foi tão sanguinária como o seu papel na Indonésia, pois destinava-se a iniciar o massacre». Ele referia-se à tomada do poder por Suhardo, em 1965-66, que provocou as mortes violentas de mais de um milhão de pessoas.

  Entender o significado de Suharto, que morreu no domingo, é olhar sob a superfície da actual ordem mundial: a chamada economia global e o cinismo implacável daqueles que a comandam. Suharto era o nosso modelo de assassino em massa – “nosso” é aqui utilizado reflectidamente. «Um dos nossos melhores e mais valiosos amigos», chamou-lhe Thatcher ao falar ao Ocidente. Durante três décadas, os governos australiano, estadunidense e britânico trabalharam incansavelmente para minimizar os crimes da gestapo de Suharto, conhecida como Kopassus, a qual foi treinada pela SAS australiana e pelo exército britânico e que abatia pessoas a tiro com metralhadoras Heckler e Koch de veículos Tactica para “controle de tumultos” fornecidos pelos britânicos. Impedidas pelo Congresso de fornecer armas directamente, administrações estadunidenses, desde Gerald Ford até Bill Clinton, proporcionaram apoio logístico através da porta dos fundos e de preferências comerciais.

  Em um ano, o Departamento Britânico de Comércio proporcionou quase mil milhões de libras [1330 milhões de euros] dos chamados empréstimos suaves, os quais permitiram a Suharto comprar caças-bombardeiros Hawk. Os contribuintes britânicos pagaram a conta de aviões que mergulharam em bombas aldeias de Timor Leste, e a indústria de armamento arrecadou os lucros. Contudo, os australianos distinguiram-se como os mais obsequiosos. Num infame telegrama para Canberra, Richard Woolcott, embaixador da Austrália em Jacarta, que fora prevenido da invasão de Timor Leste por Suharto, escreveu: «O que a Indonésia agora procura da Austrália […] é alguma compreensão para a sua atitude e possível acção para ajudar a compreensão da opinião pública na Austrália […]»

  Encobrir os crimes de Suharto tornou-se uma profissão para gente como Woolcott, enquanto a «compreensão» do assassínio em massa jorrava aos baldes. Isto deixou uma mancha indelével no governo reformista de Gough Whitlam depois do assassinato a sangue frio de duas equipes da TV australiana pelas tropas de Suharto durante a invasão de Timor Leste. «Nós sabemos que o seu povo o ama», disse Bob Hawke ao ditador. O seu sucessor, Paul Keating, é famoso por considerar o tirano como uma figura paternal. Quando as tropas indonésias massacraram pelo menos 200 pessoas no cemitério de Santa Cruz em Dili, Timor Leste, e australianos de luto puseram cruzes do lado de fora da embaixada indonésia em Canberra, o ministro dos Negócios Estrangeiros Gareth Evans ordenou que fossem destruídas. Para Evans, sempre efusivo no seu apoio ao regime, o massacre foi uma mera «aberração». Esta foi a visão de grande parte da imprensa australiana, especialmente aquela controlada por Rupert Murdoch, cujo servente local, Paul Kelly, levou a Jacarta um grupo de editores dos principais jornais, em vassalagem perante o ditador.

  Aqui está uma pista da razão porque Suharto, ao contrário de Saddam Hussein, não morreu na forca, mas cercado pela melhor equipa médica que os seus secretos milhares de milhões podiam comprar. Ralph McGehee, um alto responsável de operações da CIA na década de 1960, descreve o terror do golpe de Suharto na Indonésia em 1965-66 como «a operação modelo» para o golpe apoiado pelos EUA que sete anos depois afastou Salvador Allende no Chile. «A CIA forjou um documento pretendendo revelar uma conspiração de esquerda para matar líderes militares chilenos», escreveu ele, «[tal como] o que aconteceu na Indonésia em 1965». A embaixada dos EUA em Jacarta forneceu a Suharto uma lista de membros do Partido Comunista da Indonésia (PKI) e fazia uma cruz sobre os nomes quando eles eram mortos ou presos. Roland Challis, naquele tempo correspondente da BBC no sudeste asiático, contou-me como o governo britânico estava secretamente envolvido nesta carnificina. «Vasos de guerra britânicos escoltaram um navio cheio de tropas indonésias nos Estreitos de Malaca de modo a que elas pudessem tomar parte no terrível holocausto», disse ele. «Eu e outros correspondentes não sabíamos disto naquele momento… Houve um acordo, sabe».

  O acordo era que a Indonésia sob Suharto proporcionaria aquilo a que Richard Nixon chamou «o mais rico tesouro de recursos naturais, o prémio máximo no sudeste da Ásia». Em Novembro de 1967, o prémio máximo foi oferecido numa notável conferência de três dias patrocinada em Genebra pela Time-Life Corporation. Dirigida por David Rockfeller, todos os gigantes corporativos estavam representados: os principais bancos e companhias de petróleo, a General Motors, a Imperial Chemical Industries, a British American Tobacco, a Siemens, a US Steel e muitos outros. Do outro lado da mesa sentavam-se os economistas de Suharto treinados nos EUA que concordaram com a tomada corporativa do seu país, sector a sector. A companhia Freeport obteve uma montanha de cobre na Papua Ocidental. Um consórcio estadunidense-europeu obteve o níquel. A gigantesca companhia Alcoa obteve a fatia maior da bauxita indonésia. Companhias americanas, japonesas e francesas obtiveram as florestas tropicais de Sumatra. Quando a pilhagem terminou, o presidente Lyndon Johnson enviou as suas congratulações pela «magnífica história de oportunidade visioada e esperança despertada». Trinta anos depois, com o genocídio em Timor Leste também terminado, o Banco Mundial descreveu a ditadura de Suharto como um «aluno modelo».

  Pouco antes de ter morrido, entrevistei Alan Clark, que sob Thatcher foi o ministro britânico responsável pelo fornecimento a Suharto da maior parte das suas armas. Perguntei-lhe: «Incomodou-o pessoalmente que estivesse a provocar tamanho dano e sofrimento humano?»

  «Não, nem um pouco», respondeu ele. «Isso nunca entrou na minha cabeça».

  «Faço-lhe a pergunta porque li que você é vegetariano e está seriamente preocupado acerca do modo como são mortos os animais».

  «Sim?»

  «Tal preocupação não se estende aos humanos?»

  «Curiosamente, não.»

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