O Meia Leca, no Liceu da Guarda, estava a fazer oral de química, no 5º ano, com a tenebrosa Dr.ª Ofélia. Chumbo certo, por conseguinte.
Em cima da mesa estacionava a parafernália de tubos de ensaio e demais objectos das práticas de química.
Ao lado dos tubos de ensaio foi colocado um copo de vinho (“penalty”).
-O Sr. faça lá a destilação do vinho, diz, triunfante, a tenebrosa Ofélia, perante a iminente humilhação do aluno.
O Meia Leca passeou os olhos pela a floresta de tubos de ensaio, pelo apetitoso copo de vinho, meditou profundamente, olhou para a tenebrosa Ofélia e perguntou, desafiante:
– A destilação do vinho xôtora?
– Sim, a destilação do vinho, estamos todos à espera…
O bom do Meia Leca leva então o copo de vinho à boca, bebe o penalty de um trago, põe uma moeda de cinco tostões em cima da mesa, faz uma vénia, dá meia volta e abandona a sala.
Ao chegar à porta vira-se para a professora e diz-lhe:
– Xôtora, pode ter a certeza que daqui a meia hora tem a destilação feita…
O Meia Leca, no Liceu da Guarda, estava a fazer oral de química, no 5º ano, com a tenebrosa Dr.ª Ofélia. Chumbo certo, por conseguinte.
Em cima da mesa estacionava a parafernália de tubos de ensaio e demais objectos das práticas de química.
Ao lado dos tubos de ensaio foi colocado um copo de vinho (“penalty”).
-O Sr. faça lá a destilação do vinho, diz, triunfante, a tenebrosa Ofélia, perante a iminente humilhação do aluno.
O Meia Leca passeou os olhos pela a floresta de tubos de ensaio, pelo apetitoso copo de vinho, meditou profundamente, olhou para a tenebrosa Ofélia e perguntou, desafiante:
– A destilação do vinho xôtora?
– Sim, a destilação do vinho, estamos todos à espera…
O bom do Meia Leca leva então o copo de vinho à boca, bebe o penalty de um trago, põe uma moeda de cinco tostões em cima da mesa, faz uma vénia, dá meia volta e abandona a sala.
Ao chegar à porta vira-se para a professora e diz-lhe:
– Xôtora, pode ter a certeza que daqui a meia hora tem a destilação feita…
Nesse tempo não havia o termo xôtora. A fera era tratada por Senhora D. Ofélia como, aliás, todas as professoras. Sr. Dr. era reservado para os professores (só sexo masculino).
Sou amigo do Meia-Leca (que nunca reprovou no liceu, caso raro) e do irmão – «o Meia mais novo». Essa história que o Fernando Isidoro conta é-lhe atribuída e é falsa, mas tem muitas e não são piores.
Nesse tempo não havia o termo xôtora. A fera era tratada por Senhora D. Ofélia como, aliás, todas as professoras. Sr. Dr. era reservado para os professores (só sexo masculino).
Sou amigo do Meia-Leca (que nunca reprovou no liceu, caso raro) e do irmão – «o Meia mais novo». Essa história que o Fernando Isidoro conta é-lhe atribuída e é falsa, mas tem muitas e não são piores.
Obrigado pelas correcções.
De facto aqui pela Guarda ainda hoje se contam entre nós, com extremo prazer^e carinho, inúmeras histórias atribuídas ao Meia Leca, umas verdadeiras outras não e que têm a ver com o seu carácter de rebeldia e insubmissão e com a sua lendária vida boémia.
Eu nunca conheci o Meia Leca mas sempre foi uma referência incontornável, para mim e para para a minha geração, que terminou o 7º ano em 1974 no liceu da Guarda, que mais não fosse porque afrontava, em tempos de mordaça, certos professores/as, verdadeiros cromos e terrores, e afrontava-os e ao seu cizentismo e autoritarismo doentio e salazarento da forma que mais lhes doía: pelo sarcasmo, ironia e humor.
A história que conto, que acho deliciosa, sempre pensei ser da sua autoria e não foi sem alguma desilusão que descubro, no seu comentário, que afinal não é. É caso para dizer: não foi, mas poderia ter sido.
Terei de o dizer ao Dr. Craveiro, meu professor de História há mais de 35 anos ( foi anteontem, porra…) e hoje meu grande amigo e que nos encanta com as fantásticas histórias desses tempos e desses heróis.
Os meus parabéns pelo seu lindíssimo e excelente texto.
Obrigado pelas correcções.
De facto aqui pela Guarda ainda hoje se contam entre nós, com extremo prazer^e carinho, inúmeras histórias atribuídas ao Meia Leca, umas verdadeiras outras não e que têm a ver com o seu carácter de rebeldia e insubmissão e com a sua lendária vida boémia.
Eu nunca conheci o Meia Leca mas sempre foi uma referência incontornável, para mim e para para a minha geração, que terminou o 7º ano em 1974 no liceu da Guarda, que mais não fosse porque afrontava, em tempos de mordaça, certos professores/as, verdadeiros cromos e terrores, e afrontava-os e ao seu cizentismo e autoritarismo doentio e salazarento da forma que mais lhes doía: pelo sarcasmo, ironia e humor.
A história que conto, que acho deliciosa, sempre pensei ser da sua autoria e não foi sem alguma desilusão que descubro, no seu comentário, que afinal não é. É caso para dizer: não foi, mas poderia ter sido.
Terei de o dizer ao Dr. Craveiro, meu professor de História há mais de 35 anos ( foi anteontem, porra…) e hoje meu grande amigo e que nos encanta com as fantásticas histórias desses tempos e desses heróis.
Os meus parabéns pelo seu lindíssimo e excelente texto.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.
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14 thoughts on “Crónica da memória. Tempos pios”