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  • 17 de Janeiro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

O Papa, este papa…

Regresso à não visita do Papa, deste papa, à Universidade de La Sapienza, em Roma, como aqui foi referido pelo Ricardo Carvalho.

O Papa, este papa, impedido de fazer a conferência para que havia sido convidado pelo reitor de uma das mais prestigiadas Universidades italianas, sentiu a vergonha mas não sentiu na pele o que é a repressão a que a sua Igreja se acostumou.

O Papa, este Papa, que se dá mal com as citações, e dar-se-ia pior se citasse algumas passagens bíblicas, não foi coagido na liberdade de expressão pois tem todos os meios de comunicação a que a corte de súbditos e a sua influência política abrem as portas.

O Papa, este papa, sente-se justamente humilhado por ter sido afastado de um púlpito laico por motivos de higiene e para o fazer perceber, a ele e ao reitor que o convidou, que quem não respeita a liberdade deve ser privado dela nem que seja, como foi o caso, de forma simbólica.

Bento 16 nunca defendeu a liberdade de expressão e a única liberdade a que tem sido fiel é à de poder calar os adversários.

O Papa, este papa, era o prefeito do ex-Santo Ofício, quando o Vaticano, o arcebispo de Cantuária e o rabino supremo de Israel tomaram uma posição favorável ao aiatola que condenou Salmon Rushdie, na sequência da publicação de «Os Versículos Satânicos».

O Papa, este papa, esteve ao lado do odioso carrasco contra a vítima, contra o direito à apostasia, contra a liberdade de expressão, sem se insurgir contra a pena de morte.

O Papa, este papa, foi o ideólogo do seu antecessor JP2, que anatematizou os ateus, combateu o laicismo, silenciou teólogos, beatificou fascistas, actividades que agora prossegue, sem desfalecimento, por conta própria.

Quem pactuou com o seu antecessor na excomunhão do teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya, por ter posto em causa a virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; na perseguição ou redução ao silêncio de Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli e Jacques Gaillot; na marginalização de Hélder da Câmara e Oscar Romero e no apoio às ditaduras fascistas, não é digno de ser escutado por quem preserva a liberdade.

Eis a mensagem que professores e alunos da Universidade de La Sapienza lhe enviaram.

28 thoughts on “O Papa, este papa…”
  • elmano

    Excelente análise CE.
    Bem pode o Bernardo Motta (com 2 Ts, que o homem é fidalgo!) estrebuchar.
    Este senhor ficou ofendido porque os docentes e discentes desautorizaram o Reitor.
    Mas não o ofendeu que o Reitor fizesse convites sem ter em conta a sensibilidade daqueles.

  • elmano

    Excelente análise CE.
    Bem pode o Bernardo Motta (com 2 Ts, que o homem é fidalgo!) estrebuchar.
    Este senhor ficou ofendido porque os docentes e discentes desautorizaram o Reitor.
    Mas não o ofendeu que o Reitor fizesse convites sem ter em conta a sensibilidade daqueles.

  • Carlos Esperança

    elmano:

    O mal das religiõs e de qualquer outro sistema totalitário é confundirem a liberdade com os seus interesses.

  • Carlos Esperança

    elmano:

    O mal das religiõs e de qualquer outro sistema totalitário é confundirem a liberdade com os seus interesses.

  • Verissimo

    Carlos Esperança,

    Ainda bem que voltou a este tema, o seu artigo é esclarecedor e corresponde à verdade, mas se ler o Editorial do “Público” de hoje, escrito pelo José Manuel Fernandes, certamente que porá em duvida aquilo que v. escreveu.

    O JMF considera o papa um “dos grandes intelectuais europeus da actualidade” , “um cidadão de Roma e do mundo, um bispo que distinguiu como académico”. E clama : ” Mas que universidade é esta, que cidade é esta, que Europa é esta, que fecha as portas a alguém como Bento XVI, para mais com base numa manipulação? Não é seguramente a que celebra não apenas a tolerância, mas a divergência, a discussão em busca da verdade” etc, etc.

    Penso que o JMF ou está doente ou é mesmo manipulador. Já me havia decepcionado com a posição que tomou quanto à guerra contra o Iraque, ( e não só) , mas esta é mesmo demais ! O homem pensa como um crente completamente contaminado.

  • Verissimo

    Carlos Esperança,

    Ainda bem que voltou a este tema, o seu artigo é esclarecedor e corresponde à verdade, mas se ler o Editorial do “Público” de hoje, escrito pelo José Manuel Fernandes, certamente que porá em duvida aquilo que v. escreveu.

    O JMF considera o papa um “dos grandes intelectuais europeus da actualidade” , “um cidadão de Roma e do mundo, um bispo que distinguiu como académico”. E clama : ” Mas que universidade é esta, que cidade é esta, que Europa é esta, que fecha as portas a alguém como Bento XVI, para mais com base numa manipulação? Não é seguramente a que celebra não apenas a tolerância, mas a divergência, a discussão em busca da verdade” etc, etc.

    Penso que o JMF ou está doente ou é mesmo manipulador. Já me havia decepcionado com a posição que tomou quanto à guerra contra o Iraque, ( e não só) , mas esta é mesmo demais ! O homem pensa como um crente completamente contaminado.

  • Ateu comunista bolivariano

    tá na hora de outras universidades fazerem o mesmo… não ao papa Nazinger

  • Ateu comunista bolivariano

    tá na hora de outras universidades fazerem o mesmo… não ao papa Nazinger

  • elmano

    Veríssimo
    O JMF já me decepcionou à muito! Bem como outros escribas do Público!
    Como não se pode fazer “zaping” nem desligar (o que faço frequentemente na TV), só me restou uma opção: deixar de comprar.
    Definitivamente.
    Agora, passo às vezes pela edição digital.
    Não admito é ser agredido por quem não se sugeita ao contraditório.

  • elmano

    Veríssimo
    O JMF já me decepcionou à muito! Bem como outros escribas do Público!
    Como não se pode fazer “zaping” nem desligar (o que faço frequentemente na TV), só me restou uma opção: deixar de comprar.
    Definitivamente.
    Agora, passo às vezes pela edição digital.
    Não admito é ser agredido por quem não se sugeita ao contraditório.

  • Carlos Esperança

    Verissimo:

    JMF é um ex-maoista. Ele não é um crente, é um indivíduo de certezas. Apoiou Bush, sem poder votar, e tudo o que há de mais antagónico com o que já pensou.

    JMF é um talibã do liberalismo e um servidor do poder. Seja ele qual for.

  • Carlos Esperança

    Verissimo:

    JMF é um ex-maoista. Ele não é um crente, é um indivíduo de certezas. Apoiou Bush, sem poder votar, e tudo o que há de mais antagónico com o que já pensou.

    JMF é um talibã do liberalismo e um servidor do poder. Seja ele qual for.

  • Abrasivus

    Sou leitor diário do Público desde que nasceu e com efeito, depois de conseguir abafar a náusea com que em geral fico após a leitura dos rabiscos editoriais de JMF, sigo em frente pois há coisas mais importantes.
    Mas os rabiscos de hoje são fora do comum.
    Um estilo quase infantil de reverrência submissa a B16 arrasta-se ao longo do texto.

    Seria interessante que JMF tivesse substituido os elogios que fez pela referência às obras palpáveis para o desenvolvimento da Humanidade devidas ao «teólogo e o professor, unidos num só» como lhe chamou.
    Já agora, deste teólogo e de todos os outros, desde Agostinho e passando por Tomás de Aquino.
    Vendo bem, não chegaria a uma linha sequer…e um editorial não pode ser tão pequeno assim….

    Uma hipótese que se pode avançar, é que o B16 afinal até é bem intencionado, mas tem azar com as citações. E porquê?
    Porque em geral, cita-se – e frisando bem que se cita – argumentos ou teses que ao longo do nosso discurso iremos complementar e reforçar.
    O estilo dele é diferente. Aparentemente, pega nas citações que considera erradas, para depois as rebater, e no meio das eloquências discursivas onde o ouvinte se perde, e sem a indicação de início e de fim de citação, a ideia geral que passa é afinal contrária à que pretende.
    (E é a isto que JMF classifica como um grande professor?)

    Começamos a perceber que ideia das missas em latim possui um propósito prático – assim, pelo menos não existem más interpretações, pois não se percebe de todo!

    JMF também poderia ter explicado o que interessa e que é ao fim ao cabo o que se encontra no cerne da polémica:
    – Porque é que a ICAR absolveu (é preciso ter lata!) Galileu Galilei nos finais do séc.XX, e só aí ter reconhecido oficialmente que a Terra anda à volta do Sol (aqui já não é lata que é preciso, mas sim estupidez!).
    – Porque é que não apresentou desculpas públicas à Humanidade sobre o seu erro ao ter condicionado a natural evolução do conhecimento científico.
    – Tipificar o racionalismo inerente è condução e veridicto do processo.
    – E já agora, o que é que a ICAR e os seus “catedráticos” andaram a fazer durante esse tempo todo.

  • Abrasivus

    Sou leitor diário do Público desde que nasceu e com efeito, depois de conseguir abafar a náusea com que em geral fico após a leitura dos rabiscos editoriais de JMF, sigo em frente pois há coisas mais importantes.
    Mas os rabiscos de hoje são fora do comum.
    Um estilo quase infantil de reverrência submissa a B16 arrasta-se ao longo do texto.

    Seria interessante que JMF tivesse substituido os elogios que fez pela referência às obras palpáveis para o desenvolvimento da Humanidade devidas ao «teólogo e o professor, unidos num só» como lhe chamou.
    Já agora, deste teólogo e de todos os outros, desde Agostinho e passando por Tomás de Aquino.
    Vendo bem, não chegaria a uma linha sequer…e um editorial não pode ser tão pequeno assim….

    Uma hipótese que se pode avançar, é que o B16 afinal até é bem intencionado, mas tem azar com as citações. E porquê?
    Porque em geral, cita-se – e frisando bem que se cita – argumentos ou teses que ao longo do nosso discurso iremos complementar e reforçar.
    O estilo dele é diferente. Aparentemente, pega nas citações que considera erradas, para depois as rebater, e no meio das eloquências discursivas onde o ouvinte se perde, e sem a indicação de início e de fim de citação, a ideia geral que passa é afinal contrária à que pretende.
    (E é a isto que JMF classifica como um grande professor?)

    Começamos a perceber que ideia das missas em latim possui um propósito prático – assim, pelo menos não existem más interpretações, pois não se percebe de todo!

    JMF também poderia ter explicado o que interessa e que é ao fim ao cabo o que se encontra no cerne da polémica:
    – Porque é que a ICAR absolveu (é preciso ter lata!) Galileu Galilei nos finais do séc.XX, e só aí ter reconhecido oficialmente que a Terra anda à volta do Sol (aqui já não é lata que é preciso, mas sim estupidez!).
    – Porque é que não apresentou desculpas públicas à Humanidade sobre o seu erro ao ter condicionado a natural evolução do conhecimento científico.
    – Tipificar o racionalismo inerente è condução e veridicto do processo.
    – E já agora, o que é que a ICAR e os seus “catedráticos” andaram a fazer durante esse tempo todo.

  • Fantasma

    O Papa, este papa… este velho Ratnazinguer… hihihihihi!

  • Fantasma

    O Papa, este papa… este velho Ratnazinguer… hihihihihi!

  • Ateu comunista bolivariano

    papa nazinger

  • Ateu comunista bolivariano

    papa nazinger

  • RJ

    No seguimento dos comentários anteriores e dentro da mesma temática, gostaria de transcrever o seguinte texto, retirado da “Novíssima Cartilha Ilustrada”.

    “Na Páscoa, o Papa, pontífice e pastor, tem a pila parada, de pousio, ao pé da perna. A pila do Papa é pálida e pesada. Parece um pesa-papéis.
    A paz, o pão, a pila do Papa.”

    Fonte: “Novíssima Cartilha Ilustrada”; Monteiro, R.; Monteiro, P.; Cardoso, R. ; Pé de Página Editores, Lda; Coimbra; 2004.

  • RJ

    No seguimento dos comentários anteriores e dentro da mesma temática, gostaria de transcrever o seguinte texto, retirado da “Novíssima Cartilha Ilustrada”.

    “Na Páscoa, o Papa, pontífice e pastor, tem a pila parada, de pousio, ao pé da perna. A pila do Papa é pálida e pesada. Parece um pesa-papéis.
    A paz, o pão, a pila do Papa.”

    Fonte: “Novíssima Cartilha Ilustrada”; Monteiro, R.; Monteiro, P.; Cardoso, R. ; Pé de Página Editores, Lda; Coimbra; 2004.

  • Bernardo Motta

    O Carlos Esperança, nesta atitude intolerante, de dizer quem é que é digno ou não de ser escutado (toda a gente é digna de ser escutada, mesmo o Carlos), dá sinais de um certo tipo de atitude ditatorial e controleira…

    Repense melhor o que é, para si, liberdade.

  • Bernardo Motta

    O Carlos Esperança, nesta atitude intolerante, de dizer quem é que é digno ou não de ser escutado (toda a gente é digna de ser escutada, mesmo o Carlos), dá sinais de um certo tipo de atitude ditatorial e controleira…

    Repense melhor o que é, para si, liberdade.

  • kavkaz

    Não me parece que se deva condenar os 67 professores universitários por protestarem contra a visita do Papa. É um direito deles !

    Esse mesmo direito usufrui quem protesta quando o Primeiro-Ministro aparece em público contra aquilo que ele pensa, diz e faz.

    O Papa foi convidado pelo Reitor. A Universidade não pertence só ao Reitor. Os professores universitários não são “ovelhas”, como nas missas da ICAR. Eles manifestaram a sua oposição. Têm direito a fazê-lo ! Vive-se em Democracia !

    O Papa decidiu suspender a visita. Foi a decisão do Papa, deste Papa. Se fosse de “tomates” (desculpem-me o termo) tinha lá ido na mesma discursar com a protecção da Polícia… Sujeitava-se a ouvir uns “piropos”, como qualquer Primeiro-Ministro costuma ouvir.

    Mas não. Prefere vitimizar-se ! Como é costume e tradição na ICAR !

    É o Papa quem não compreende o funcionamento da Democracia ! Pensa, erradamente, que todos têm de se ajoelhar à sua passagem !

  • kavkaz

    Não me parece que se deva condenar os 67 professores universitários por protestarem contra a visita do Papa. É um direito deles !

    Esse mesmo direito usufrui quem protesta quando o Primeiro-Ministro aparece em público contra aquilo que ele pensa, diz e faz.

    O Papa foi convidado pelo Reitor. A Universidade não pertence só ao Reitor. Os professores universitários não são “ovelhas”, como nas missas da ICAR. Eles manifestaram a sua oposição. Têm direito a fazê-lo ! Vive-se em Democracia !

    O Papa decidiu suspender a visita. Foi a decisão do Papa, deste Papa. Se fosse de “tomates” (desculpem-me o termo) tinha lá ido na mesma discursar com a protecção da Polícia… Sujeitava-se a ouvir uns “piropos”, como qualquer Primeiro-Ministro costuma ouvir.

    Mas não. Prefere vitimizar-se ! Como é costume e tradição na ICAR !

    É o Papa quem não compreende o funcionamento da Democracia ! Pensa, erradamente, que todos têm de se ajoelhar à sua passagem !

  • Carlos Esperança

    Bernardo da Motta:

    Faz parte da democracia o direito de contestação. Acontece ao Sócrates que foi eleito democráticamente como líder do partido mais votado.

    Por que motivo não havia de acontecer o mesmo ao Papa que foi eleito por um grupo de cardeais e pela influência do Opus Dei?

    Acontece que o Papa é dos indivíduos com mais capacidade para se fazer ouvir. Podia dispensar as manifestações de solidariedade orquestradas.

  • Carlos Esperança

    Bernardo da Motta:

    Faz parte da democracia o direito de contestação. Acontece ao Sócrates que foi eleito democráticamente como líder do partido mais votado.

    Por que motivo não havia de acontecer o mesmo ao Papa que foi eleito por um grupo de cardeais e pela influência do Opus Dei?

    Acontece que o Papa é dos indivíduos com mais capacidade para se fazer ouvir. Podia dispensar as manifestações de solidariedade orquestradas.

  • Ateu comunista bolivariano

    hahahahahaha… o católico Bernardo vir aki falar de democracia….
    como c religioso tivesse moral pra isso.

  • Ateu comunista bolivariano

    hahahahahaha… o católico Bernardo vir aki falar de democracia….
    como c religioso tivesse moral pra isso.

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